O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 90

16

resultante de doença incurável, fatal e terminal: é algo que consideramos absolutamente chocante, passamos a

vida a temê-lo e é sempre assustador.

A morte é mais temível do que o sofrimento totalmente atroz decorrente de doença fatal? A resposta

dependerá de cada pessoa em concreto e é essa liberdade de uma pessoa, e só dessa pessoa, decidir sobre o

que suporta ou não suporta num limite de vida, em condições muito específicas de doença terminal, que Os

Verdes entendem que o Estado tem o dever de garantir.

O Partido Ecologista «Os Verdes» apresenta este projeto de lei como um contributo concreto para a reflexão

que se impõe materializar, mas também para que se decida, em termos perfeitamente delimitados, sobre as

situações extremas em que pode ocorrer a morte medicamente assistida.

A iniciativa legislativa de Os Verdes é um contributo para a reflexão e para a decisão. Não se trata da

atribuição horrível, hedionda e impensável de um direito de alguém tirar a vida a outrem. Do que se trata é do

direito de alguém poder decidir sobre o termo da sua própria vida, de forma abreviada e indolor, e poder pedir a

ajuda de um médico para o fazer, por não suportar que o sofrimento intolerável e atroz seja a única realidade

que conhecerá até ao final da sua vida.

É de dignidade da pessoa humana, é de autodeterminação da pessoa humana, que falamos no projeto de

lei de Os Verdes que agora apresentei.

Aplausos de Os Verdes e do PS.

O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto, do CDS-PP.

A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O debate sobre a legalização

da eutanásia é complexo e emotivo. Envolve, claramente, questões de vida e de morte e todas as ponderações

se impõem.

Em matéria de homicídio a pedido, o CDS tem uma posição que é clara: somos contra a eutanásia.

Defendemos a proteção da vida e a promoção da dignidade e da liberdade, de que não temos medo. A dignidade

é um valor intrínseco do ser humano e, independentemente das circunstâncias, não há vidas que valem a pena

ser vividas e outras não.

A eutanásia não confere dignidade nem à vida, nem à morte. Defendemos uma vida digna e uma morte

dignificada, através da prestação de bons cuidados de saúde.

O sofrimento destrutivo em fim de vida não é aceitável, é tratável, mas é desumano considerar que para se

acabar com esse sofrimento se tem de eliminar aquele que sofre. Os bons fins nunca justificaram maus meios.

Não se pode falar de um pretenso direito a morrer — isso é um absurdo, a morte é uma inevitabilidade —,

mas do que verdadeiramente estamos a falar é do direito a ser morto por outrem, direito que não existe.

Não se pode argumentar que se trata de uma liberdade individual nem que não se impõe uma decisão a

outros ou não tem consequências sobre eles. Estarão envolvidos terceiros que são verdadeiramente quem vai

decidir sobre um qualquer pedido e quem executa a morte.

Sr.as e Srs. Deputados: Que estranha liberdade esta que exige contributos decisivos de terceiros e que

compromete um Estado que se mobiliza e organiza para permitir essa decisão — e por isso falamos de

legalização?!

A pretensa liberdade de escolha não pode ser liberdade de causar danos a terceiros, nomeadamente aos

mais vulneráveis, quando as leis são más e não têm limites que assegurem a proteção de todos.

Essa visão distorcida da liberdade, associada a uma pseudomodernidade, é um tributo à matriz individualista

que hoje mina a visão solidária que queremos para uma sociedade verdadeiramente moderna, que cuida e não

deixa os mais vulneráveis para trás.

Trata-se de criar uma permissão para médicos ou enfermeiros anteciparem a morte, eles que,

reiteradamente, como coletivo e em posições públicas, nos dizem que esta atuação viola os seus princípios e

que a execução de um homicídio a pedido não é um tratamento médico.

Sr.as e Srs. Deputados: Não é a autonomia das pessoas doentes que se reforça, é o poder de terceiros sobre

a vida de outrem que aumenta, facto inegavelmente perigoso.

Dignidade e liberdade têm, sim, de ser valorizadas, mas nunca em oposição à proteção da vida humana, o

valor central nos direitos humanos.

Páginas Relacionadas
Página 0002:
I SÉRIE — NÚMERO 90 2 O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, Sr.
Pág.Página 2
Página 0003:
30 DE MAIO DE 2018 3 clinicamente reconhecida como irreversível e cuj
Pág.Página 3
Página 0004:
I SÉRIE — NÚMERO 90 4 Sr. Deputado, estamos de acordo que se debata a
Pág.Página 4
Página 0005:
30 DE MAIO DE 2018 5 Dizia Fernando Pessoa, pela mão do seu heterónim
Pág.Página 5
Página 0006:
I SÉRIE — NÚMERO 90 6 Vozes do BE: — Muito bem! O Sr. J
Pág.Página 6
Página 0007:
30 DE MAIO DE 2018 7 Aplausos do BE e do PS. Esses que,
Pág.Página 7
Página 0008:
I SÉRIE — NÚMERO 90 8 indeterminados e imprecisos, porque não são obj
Pág.Página 8
Página 0009:
30 DE MAIO DE 2018 9 O Sr. Alexandre Quintanilha (PS): — Por todas es
Pág.Página 9
Página 0010:
I SÉRIE — NÚMERO 90 10 O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Finalmente, n
Pág.Página 10
Página 0011:
30 DE MAIO DE 2018 11 Não sendo, como dizia, um tema fácil, agradeço
Pág.Página 11
Página 0012:
I SÉRIE — NÚMERO 90 12 ainda são médicos: considera-se que as leges a
Pág.Página 12
Página 0013:
30 DE MAIO DE 2018 13 O projeto do Partido Ecologista «Os Verdes» vis
Pág.Página 13
Página 0014:
I SÉRIE — NÚMERO 90 14 É por isso, então, necessário perceber o conju
Pág.Página 14
Página 0015:
30 DE MAIO DE 2018 15 Sublinhamos, então, alguns dos pressupostos exi
Pág.Página 15
Página 0017:
30 DE MAIO DE 2018 17 Os projetos a favor da legalização da eutanásia
Pág.Página 17
Página 0018:
I SÉRIE — NÚMERO 90 18 A pergunta a que temos de responder, Srs. Depu
Pág.Página 18
Página 0019:
30 DE MAIO DE 2018 19 A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — Muit
Pág.Página 19
Página 0020:
I SÉRIE — NÚMERO 90 20 O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos
Pág.Página 20
Página 0021:
30 DE MAIO DE 2018 21 Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
Pág.Página 21
Página 0022:
I SÉRIE — NÚMERO 90 22 O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para
Pág.Página 22
Página 0023:
30 DE MAIO DE 2018 23 mas, sim, a do progresso social, no sentido de
Pág.Página 23
Página 0024:
I SÉRIE — NÚMERO 90 24 ou, pelo menos, uma incapacidade grave. Tudo p
Pág.Página 24
Página 0025:
30 DE MAIO DE 2018 25 O Sr. Presidente: — Tem, então, a palavra para
Pág.Página 25
Página 0026:
I SÉRIE — NÚMERO 90 26 O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): —
Pág.Página 26
Página 0027:
30 DE MAIO DE 2018 27 O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Sr. Presidente,
Pág.Página 27
Página 0028:
I SÉRIE — NÚMERO 90 28 É, no mínimo, presunçoso querer arrogar
Pág.Página 28
Página 0029:
30 DE MAIO DE 2018 29 O Sr. Fernando Anastácio (PS): — Sr. Pre
Pág.Página 29
Página 0030:
I SÉRIE — NÚMERO 90 30 O Sr. Fernando Negrão (PSD): — E o que acontec
Pág.Página 30
Página 0031:
30 DE MAIO DE 2018 31 Várias dúvidas se colocam aqui, neste contexto
Pág.Página 31
Página 0032:
I SÉRIE — NÚMERO 90 32 Aplausos do PSD e da Deputada do CDS-PP
Pág.Página 32
Página 0033:
30 DE MAIO DE 2018 33 Contudo, há uma coisa que temos, efetivamente,
Pág.Página 33
Página 0034:
I SÉRIE — NÚMERO 90 34 O movimento favorável à morte assistida, nasci
Pág.Página 34
Página 0035:
30 DE MAIO DE 2018 35 Da parte do Bloco de Esquerda, já foi respondid
Pág.Página 35
Página 0036:
I SÉRIE — NÚMERO 90 36 Sabemos da proposta do CDS, que defende um Est
Pág.Página 36