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I SÉRIE — NÚMERO 20

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Há muito onde podemos e devemos trabalhar em conjunto, como parceiros ativos da comunidade

internacional. A nível bilateral, fazemo-lo através do diálogo institucional e do intercâmbio de visitas oficiais,

como foi, em setembro, a visita do nosso Primeiro-Ministro, António Costa, tão bem sucedida. Fazemo-lo no

comércio — todos estamos cientes da importância do mercado angolano para os nossos exportadores, para os

nossos investidores. O reverso aplica-se igualmente: é significativa a posição de Angola no investimento direto,

em Portugal, e nas nossas importações.

A estruturar o nosso relacionamento, contamos com uma ampla rede de instrumentos. Neste particular, faço

votos para que o Programa Estratégico de Cooperação, assinado em setembro e que tem como horizonte

temporal 2022, seja coroado de êxito. É um Programa que, pela sua abrangência, diz muito da nossa ambição

comum e do propósito de melhorar a vida das populações.

A cooperação luso-angolana tem igualmente uma vertente parlamentar, que remonta a 1987. O Programa

de Cooperação Parlamentar que prosseguimos com a Assembleia Nacional de Angola vigora até ao final de

2018, estando fortemente orientado para as tecnologias de informação e para o desenvolvimento das

ferramentas que melhorem a visibilidade do trabalho parlamentar pelos cidadãos. Faço, assim, votos para que

o programa a preparar para o próximo biénio seja ambicioso e alcance taxas de execução elevadas.

Sr. Presidente João Lourenço, Sr. Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, Sr.as e Srs. Deputados: Falar do

relacionamento luso-angolano é falar, antes de mais, do relacionamento entre as pessoas, de todas aquelas e

aqueles que, no seu dia a dia, o sustentam.

Em Angola residem e trabalham cerca de 135 000 portugueses, que ali refizeram as suas vidas, constituindo

família e construindo o futuro. O seu trabalho e o seu dinamismo são contributos relevantes para o progresso e

o desenvolvimento de Angola, nação que tanto sofreu com uma guerra civil de décadas, que tantas vidas ceifou,

depois da guerra colonial. É também um elo indissolúvel do relacionamento luso-angolano. E há os cerca de 17

000 angolanos que estudam e trabalham em Portugal, assim enriquecendo o nosso tecido social e cultural.

Sr. Presidente João Lourenço, Sr. Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, Sr.as e Srs. Deputados: Aqui

chegamos a um outro laço que nos congrega, a língua portuguesa. A literatura de Agostinho Neto, de José

Luandino Vieira (Prémio Camões, em 2006), de José Eduardo Agualusa, de Pepetela, mas também a que circula

nos meios de comunicação social, faz com que as sete horas de voo de Lisboa a Luanda sejam segundos na

internet.

Uma excelente ilustração no ensino é a Escola Portuguesa de Luanda, aberta em 1986 e que é sinónimo de

qualidade.

Expressão mais larga da língua portuguesa é a nossa pertença comum e o nosso empenho na CPLP. Esta

organização, espaço privilegiado de diálogo, de cooperação e de ação entre os seus membros, tem sido fecunda

na adoção de instrumentos que facilitam a vida dos nossos cidadãos: é o caso das matérias do âmbito consular,

do cinema, do combate à malária, do ensino superior ou ainda da juventude e do desporto.

Há muito ainda por fazer mas, hoje, a CPLP é uma realidade reconhecida pela comunidade internacional.

Tem uma capacidade multiplicadora, que é do nosso interesse promover: a de nos projetar na comunidade

internacional com uma voz e interesses próprios.

Podemos fazê-lo a nível dos governos, mas também entre parlamentos. No que à Assembleia da República

respeita, constatamos, com grande satisfação, o relacionamento estreito entre colegas portugueses e angolanos

na União Interparlamentar e reiteramos o nosso pleno apoio a que Luanda seja a sede do Secretariado da

Assembleia Parlamentar da CPLP.

Sr. Presidente João Lourenço, Sr. Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, Sr.as e Srs. Deputados: A sua

presença e intervenção nesta Sessão Solene de Boas-Vindas, Sr. Presidente João Lourenço, simboliza o muito

que Portugal e Angola, os portugueses e angolanos, temos em comum e o que podemos fazer mais pelo

estreitamento desta relação de países amigos e irmãos.

Não quero terminar sem o saudar pessoalmente pela sua coragem e determinação em afirmar em Angola

um Estado Democrático de Direito.

Como Presidente da República de Angola, desejamos-lhe as maiores felicidades.

Num dos seus poemas, Luandino Vieira questiona: A pergunta no ar/ No mar/ Na boca de todos nós:/ Luanda,

onde está?

A esta pergunta respondo: Luanda está nos nossos corações. Angola está nos nossos corações.

Muito obrigado.