O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 90

46

E foi este caldo de contradição continuada e sistemática que alimentou o vale tudo: o «fecha, fecha» quando

se abria, seguido do «abre, abre», quando a preservação da saúde obrigava a encerrar; que deu cobertura à

irresponsabilidade, como quando ouvi aqui, no Parlamento, ser dito que «a variante britânica não determina o

encerramento das escolas, a variante britânica é uma desculpa do Primeiro-Ministro.» Pasme-se! Ouvimos isto

aqui!

O ataque à Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia teve o seu momento pífio quando uma

Eurodeputada do PSD comparou Portugal à Hungria de Orban, escrevendo que «em matéria de regime político,

parece ser cada vez mais o que nos aproxima do que o que nos separa.» Orban saiu do PPE a custo, mas, pelo

visto, o estilo ficou.

Aplausos do PS.

Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, numa democracia, o estado da Nação é também o estado da

oposição. Uma oposição negativista, sem uma visão para a recuperação, é uma oposição que falha ao País.

Quanto a isso, nada podemos fazer, mas temos feito a parte que nos toca.

Antes da pandemia, estávamos a crescer acima da média europeia e tínhamos excedente orçamental, antes

da pandemia, a nossa agenda progressista já estava em marcha: a aposta no digital, aplicado na saúde ou na

educação, por exemplo, não a descobrimos na pandemia, o combate às desigualdades e à pobreza, a aposta

na habitação, no emprego digno, nos serviços públicos, numa transição climática justa, na mobilidade

sustentável, na coesão territorial, na descentralização. Não esperámos pela pandemia para avançar em nenhum

destes domínios e a nossa agenda anterior à pandemia preparou o País para a extraordinária resposta que os

portugueses deram a este desafio.

Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, estamos prontos para o futuro e queremos partilhar a

responsabilidade de juntar as forças de todos aqueles que, nos últimos anos, foram construindo um caminho de

progresso, onde Portugal só pode estar bem se os portugueses estiverem melhor.

Aplausos do PS.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.

Faça favor, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Nos últimos anos e, em particular, nos últimos meses, está a bater-nos à porta a realidade

brutal para a qual cientistas e ativistas climáticos alertam desde há muito.

Aquilo que os negacionistas disseram ser ficção científica depressa entrou pelas nossas casas em

reportagens de Telejornal. Aquilo que ontem parecia ser apenas um retrato de um qualquer território distante

entra hoje pelas nossas vidas como uma realidade cada vez mais perigosa e cada vez mais próxima. Aquilo a

que as notícias ainda tratam como «catástrofes naturais», de natural têm mesmo muito pouco.

O sistema económico assente no extrativismo desenfreado e na irresponsabilidade climática colhe hoje as

suas dramáticas consequências. Isto é apenas o início de um mundo novo que o capitalismo criou e essas

consequências são pagas ao longo do tempo por todos nós, em particular pelos mais pobres do mundo e pelos

mais pobres dentro de cada país.

No deserto do Mojave, na Califórnia, os termómetros registaram este mês mais de 50 graus. Pela primeira

vez, a Amazónia emite mais dióxido de carbono do que aquele que absorve. No centro da Europa, em particular

na Bélgica e na Alemanha, as violentas cheias levaram nos últimos dias mais de 200 vidas e destruíram milhares

de habitações. No sul da Europa e aqui mesmo em Portugal, os incêndios são uma aflição que se agudiza com

o aproximar de cada verão.

A catástrofe climática não é uma opinião, é um facto. Não podemos gastar tempo, que já não temos, a debater

com negacionistas. O debate do nosso tempo é, sim, sobre as medidas de que precisamos para enfrentar as

alterações climáticas.

Páginas Relacionadas
Página 0047:
22 DE JULHO DE 2021 47 Não faltará quem faça juras de combate às alterações climáti
Pág.Página 47
Página 0048:
I SÉRIE — NÚMERO 90 48 É certo que houve milhares de trabalhadores em toda a
Pág.Página 48