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3 DE NOVEMBRO DE 2021

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«empreendedores», que também têm muito que se lhe diga, para que venham para cá porque não vão pagar

impostos. Não me parece que seja esse o modelo de crescimento que queremos.

Também não se tem falado, por exemplo, das consequências da «uberização» da economia e do trabalho,

e isso, sim, seria uma parte muito importante da sua intervenção, que, espero, possa agora aprofundar um

pouco. Estamos a falar da degradação de relações laborais que apenas têm, como consequência de longo

prazo, mais precariedade e não o contrário.

Portanto, pelo menos uma vez por ano, falamos deste tema — a Web Summit — e este ano fala-se muito

de «unicórnios», promessas vãs sobre a economia, que, na verdade, acabam por ignorar, deliberadamente, as

consequências que este tipo de modelo de desenvolvimento económico tem para as economias, mas, acima

de tudo, para os trabalhadores.

A pergunta que lhe deixo é a seguinte: se queremos falar de economia e do seu crescimento, não

considera que temos de falar de trabalho, falar das leis laborais, falar da necessidade de aumentar os salários

e não apenas de borlas fiscais e vendas de promessas de que, se formos todos o nosso próprio patrão, vamos

conseguir singrar na vida?

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.

A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Vou terminar, Sr.ª Presidente, com outra pergunta: o PS quer uma economia de Web Summit e de promessas ou quer um modelo alternativo, que era aquele que estava a ser feito, mas

relativamente ao qual tem sido intransigente?

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Moniz.

O Sr. Paulo Moniz (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Miguel Matos, começo por lhe dizer que raras vezes vi, na minha já longa vida profissional ligada ao digital, tamanha virtualização da realidade, que foi o que

V. Ex.ª fez. E, realmente, já levo muitos anos desta atividade.

Deixe-me recordar que, em matéria de conectividade, em matéria de novas tecnologias e de Web Summit,

por exemplo, no caso de Portugal poder ser um hub para todos os cabos submarinos que agora começam a

surgir no Atlântico e a interligar a Europa aquilo que tem sido feito é: nada!

Sr. Deputado, não ponha as mãos na cabeça. Vou demonstrar o que estou a dizer.

O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr. Deputado Miguel Matos, oiça quem sabe! Oiça quem sabe!

O Sr. Paulo Moniz (PSD): — Sobre a oportunidade de o País aproveitar o anel de fibra ótica submarina (CAM), que era porta de entrada avançada na Europa e que se firma numa amarração nos Açores e na

Madeira, sabe o que é que o seu Governo fez durante seis anos? Zero! Completamente zero!

Mas digo-lhe mais: sabe o que é que as grandes empresas da área tecnológica dizem quanto a vir para

Portugal? Dizem que há três problemas: burocracia, fiscalidade e falta de capacidade do País em oferecer

condições de conectividade.

Recordo, por exemplo, que só na semana passada é que se resolveu o impasse do 5G. O Sr. Deputado

está esquecido de que somos o último País da Europa a ter 5G? Acha que isso é normal? Acha que foi

necessário o Sr. Primeiro-Ministro vir puxar as orelhas à entidade reguladora?

Repare: o seu PRR, para esta área que tanto apregoou, dá uma dotação de cerca de 60% para a

Administração Pública, 20% para as empresas e 19% para a escola digital. Esta é a vossa aposta numa

geração de economia digital e numa geração de futuro.

E mais: apenas 26% dos trabalhadores portugueses têm competências digitais na ótica do utilizador e só

12% têm competências aprofundadas. São estas as opções políticas que os senhores querem para fomentar

uma geração digital e vencer numa economia que não passa, na sua interpretação, de uma virtualização?

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