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28 DE OUTUBRO DE 2022

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Aplausos do BE.

Fica chateado, Sr. Primeiro-Ministro, quando comparamos as posições do Partido Socialista às da direita,

mas diz o povo que — e a frase é lapidar — «quem não quer ser lobo não lhe veste a pele».

A estabilidade e a previsibilidade deste Orçamento do Estado dizem uma única coisa: a única coisa

previsível é o empobrecimento. Não há estabilidade na pobreza, nas contas que se acumulam, no crédito que

dispara, nos salários que perdem valor, na especulação que é permitida aos supermercados e hipermercados,

nos jovens que deixam de estudar porque não têm dinheiro sequer para alugar um quarto. Não há estabilidade

da pobreza!…

Ódio ao PS, Sr. Primeiro-Ministro? Não quero interromper a sua conversa com os Srs. Ministros — com

certeza que o Conselho de Ministros não tem tempo suficiente para o efeito —, mas ódio ao PS nós não

temos. Nenhum! Nem ao PS nem ao Sr. Primeiro-Ministro. Mas sabemos que odiosas são as políticas, odioso

é o empobrecimento, odioso é entregar contas mentirosas ao Parlamento, odioso é fazer toda a chantagem

para impedir a perda de valor dos salários e pensões, enquanto os muito ricos vão ficando ainda mais ricos,

odioso é garantir borlas fiscais aos patrões e recusar baixar os impostos sobre quem trabalha, odioso é

permitir a especulação, o abuso e a gula dos grandes grupos económicos sobre quem vive do seu trabalho,

odioso é achar que o mercado tudo pode, impedindo até famílias de terem uma casa digna ou os jovens de

estudar, odioso é dizer, como a direita disse para atacar a segurança social, que cumprir a lei das pensões

pode colocar em causa o futuro da segurança social, odioso para com todos os pensionistas e reformados é

dizer que o pagamento no presente dos direitos que são seus e que a lei previa é uma benesse, o que serve

para justificar cortar os seus direitos no futuro. Isso é que é odioso.

Bem pode, Sr. Primeiro-Ministro, tratar o Bloco de Esquerda com desdém. Hoje, como no passado, é para

o lado que dormimos melhor — era de julgar que já tivesse aprendido a lição por esta altura —, mas sabemos

como as palavras podem ser cortantes e, por isso, as perguntas que nós fazemos ao Governo doem. Doem

porque são aquelas que fazem a diferença, que demonstram as incongruências e os truques de quem diz ter o

Orçamento mais à esquerda de sempre e, na prática, copia tantas das políticas da direita nas suas escolhas.

Sabemos, por isso, que da parte do Partido Socialista há uma expressão taxativa que o Sr. Ministro das

Finanças — mais uma vez lhe reconheço o crédito — pode aqui apresentar. Dizia ele: «O PS, em maioria

absoluta, é muito diferente.» Nós sabemos isso, reconhecemo-lo no passado. Nem o modelo do «animal

feroz» parece ser escrito de forma diferente daquilo que nós já conhecemos.

Mas não foi sempre assim. Houve um tempo em que até o PS achava que havia vida para lá do défice e

que as escolhas não estavam apenas e só reféns de Bruxelas. Mas hoje sabemos, Sr. Ministro das Finanças,

que o Governo do PS é bem diferente e sabemos como, nas escolhas fundamentais, prefere colocar-se ao

lado dos patrões, dos mais ricos, deixando para trás o combate às desigualdades e entregando os salários e

as pensões ao empobrecimento.

Da nossa parte, saiba o Governo, saiba o País que seremos a voz da oposição ao empobrecimento e às

desigualdades. Hoje, como no passado, sabemos que isso da inevitabilidade é uma construção dos de cima,

dos mais ricos, dos instalados, e cá estaremos para mostrar que a inevitabilidade tem pés de barro e que a

defesa dos salários e das pensões, a defesa do poder de compra das famílias é a defesa do futuro do nosso

País. A essa chamada, podem ter a certeza, não falharemos.

Aplausos do BE.

Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Adão Silva.

O Sr. Presidente: — Aproveito a oportunidade para cumprimentar o Sr. Primeiro-Ministro, os membros do

Governo, as Sr.as e os Srs. Deputados.

A Mesa regista uma inscrição para um pedido de esclarecimento ao Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do

Sr. Deputado do Grupo Parlamentar do PS Bruno Aragão, a quem dou, de imediato, a palavra.

O Sr. Bruno Aragão (PS): — Sr. Presidente, cumprimento-o, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do

Governo, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, inicio, exatamente, com a sua expressão:

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