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I SÉRIE — NÚMERO 106

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A Sr.ª Secretária (Maria da Luz Rosinha): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o projeto de voto é do

seguinte teor:

«Faleceu, no dia 19 de março, Rui Nabeiro, extraordinário empresário, dotado de uma invulgar

sensibilidade social, que granjeou o respeito e a admiração dos portugueses.

Manuel Rui Azinhais Nabeiro nasceu a 28 de março de 1931, em Campo Maior, tendo vindo a falecer em

Lisboa, aos 91 anos. Entre estes dois eventos, e com apenas o ensino primário concluído, Rui Nabeiro

construiu um dos negócios mais bem-sucedidos em Portugal — a Delta Cafés —, fortemente implantado na

sua terra natal. Já isto seria suficiente motivo de reconhecimento público. Mas Rui Nabeiro era muito mais do

que um tradicional homem de negócios. Era alguém que tinha uma genuína consciência social e que entendia

(e praticava) a atividade empresarial como um esforço pelo bem comum.

Rui Nabeiro foi um grande empregador, amigo dos seus trabalhadores, autarca, foi presidente da Câmara

Municipal de Campo Maior, e um cidadão exemplar. Uma figura cujo percurso de vida é, desde há muito,

motivo de admiração, que a todos deve inspirar.

Assumia-se socialista, em grande parte por ter crescido numa região, o Alentejo da sua infância, onde,

dizia, “as pessoas sentiam que não existia futuro para os filhos”. Isto moldou o seu perfil humanista e solidário,

a sua preocupação pelo próximo, em particular pelos filhos da sua terra, que serviu como empresário, autarca

e cidadão.

Como foi público e notório desde a notícia da sua morte, Rui Nabeiro deixa saudades junto de tantos os

que tiveram o privilégio de o conhecer e de ser tocados pelo seu profissionalismo e generosidade.

O reconhecimento da sua atividade empresarial e cívica revela-se em múltiplas distinções públicas, como

na atribuição, em 1995, pelo Presidente da República Mário Soares, do grau de Comendador da Ordem Civil

do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial Classe Industrial, ou, em 2006, pelo Presidente Jorge Sampaio, do

grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Também foi distinguido com o Doutoramento Honoris

Causa pela Universidade de Évora, pela Universidade Lusófona e, mais recentemente, pela Universidade de

Coimbra.

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, expressa o seu pesar pelo falecimento de Rui

Nabeiro, recordando a figura ímpar como empresário e cidadão, e endereçando à sua família, amigos, bem

como às gentes de Campo Maior, as mais sentidas condolências.»

É tudo, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: — Ao abrigo do artigo 75.º do Regimento da Assembleia da República, há dois grupos

parlamentares que desejam tomar da palavra neste projeto de voto.

Dou a palavra ao Sr. Deputado Ricardo Pinheiro, pelo Grupo Parlamentar do PS, pedindo que não exceda

os dois minutos do Regimento.

O Sr. Ricardo Pinheiro (PS): — Agradeço o voto ao Sr. Presidente da Assembleia da República e

cumprimento todas as Sr.as Deputadas, os Srs. Deputados e família.

O Comendador Rui Nabeiro era um homem único, que tinha a capacidade de interpretar atentamente a

vida, o meio onde estava inserido e as pessoas com quem trabalhava.

Adorava encontrar pessoas na vida que acrescentassem, aquele tipo de pessoas que transmitem, no olhar,

a honestidade, a simplicidade e uma vontade inabalável de mudar o mundo, e quando estas se cruzavam no

seu dia a dia, acontecia o dia perfeito. Hoje, chamamos «capital de risco»; para ele, era valorizar o talento,

investir no ser humano e aplicar este valor na sua empresa e na sociedade.

O Comendador tinha esta capacidade de tocar, de inspirar as pessoas. Aconteceu assim comigo e com

muitos da minha geração e de muitas outras antes da minha. Inspirava os amigos, os colaboradores, inspirou

Portugal.

O Comendador tinha esta capacidade de inspirar as pessoas. Tinha uma paixão enorme pelo interior de

Portugal, por valorizar cada terra, cada aldeia, cada lugar.

Vender café era importante, mas mais relevante era a atitude com que cada colaborador fazia esta missão.

O Sr. Rui e a sua Delta transmitiam humanismo.

Portugal e os portugueses, ao longo dos anos, consideraram que o Comendador Rui Nabeiro e a Delta

eram nossos, eram uma parte de Portugal. Apesar do sucesso, do muito sucesso, dos reconhecimentos

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