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I SÉRIE — NÚMERO 136

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Sr.as e Srs. Deputados, o barranquenho existe e dá um grande contributo à nossa cultura. Sempre que se

ecoam os cânticos que juntam gerações, quer seja para celebrar o Natal ou uma outra celebração, presta um

grande serviço à cultura.

Infelizmente, não poderei brindá-los com um destes cânticos em barranquenho, o que muito queria fazer.

Lembro-me, por exemplo, do que seria cantar aqui a Linda sambombita, pois tal seria, sem dúvida, uma tortura

para VV. Ex.as e certamente ficariam todos catrapiados.

O Sr. Pedro Pinto (CH): — Canta, Pedro, canta!

O Sr. Pedro do Carmo (PS): — Mas concluo dizendo que todos os barranquenhos desejam que VV Ex.as

tenham repixuxi para defender as línguas minoritárias.

Aplausos do PS, do PCP e do L.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Muito obrigada, Sr. Deputado. Ficamos à espera de que venha alguém

também ainda hoje defender o minderico.

Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Gabriel Mithá Ribeiro, do Grupo Parlamentar do Chega.

O Sr. Gabriel Mithá Ribeiro (CH): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Partido Chega não hesita

na defesa do mirandês ou do barranquenho, mas isso não justifica validar, como está, a Carta Europeia das

Línguas Regionais ou Minoritárias.

A Carta esgota-se na lógica globalista-progressista de apenas valorizar as diferenças identitárias naquilo em

que elas possam fragilizar, instabilizar ou destruir as identidades nacionais europeias, respetivos Estados e

fronteiras territoriais. Estamos perante uma ambição política descarada de aprofundamento da fragmentação

linguística que ataca a Europa das Nações e atropela o civismo.

Gabriel Almond e Sidney Verba consideraram que a cultura cívica só existe onde e quando a modernidade

não rompe com as tradições, antes as respeita e incorpora-as em novos contextos. Na Europa, o civismo apenas

se desenvolve suportado no respeito pelas heranças culturais multisseculares que estão muitíssimo longe de se

esgotarem na diversidade linguística e naquilo que divide os europeus.

O que une por excelência as identidades europeias é a matriz judaico-cristã, no campo religioso, e a matriz

greco-romana, no campo filosófico ou intelectual. Ao dissociar a política da língua dessas heranças, a Carta não

respeita o multissecular consenso europeu em torno da autorresponsabilidade. Esta impõe que o sujeito

individual e o sujeito coletivo sejam os primeiros e principais responsáveis pelo seu destino.

Isso deve ensinar-se desde a infância na família e, sobretudo, na escola. Séculos e séculos de história nunca

geraram outra possibilidade de desenvolver a consciência individual, a consciência coletiva ou o civismo. É a

esse nível que a nossa sociedade, cultura e democracia estão em rotura. A causa é a hegemonia cultural de

uma esquerda globalista em rota de colisão permanente com as origens identitárias europeias.

Como se não bastasse a crise de atitudes e comportamentos sociais, que martiriza professores e polícias,

ou a epidemia de burnout, acrescenta-se agora mais uma engenharia linguística de desregulação interna das

sociedades e Estados europeus.

Ser de esquerda é conferir legitimidade moral ao sujeito que remete as responsabilidades pelo seu destino

para fora de si mesmo. Essa subversão da moral social significa o abandono da ideia de Portugal, da ideia de

Europa, da ideia de civismo.

Se sou pobre, a culpa é do rico. Se fui colonizado, o colonizador é o eterno culpado. Se sou negro, a culpa

é do branco. Se sou do terceiro-mundo, a culpa é do Ocidente. Se sou de uma minoria, a culpa é da maioria. Se

morro irresponsavelmente no Mediterrâneo, a culpa é de quem não me salva.

O Sr. Pedro do Carmo (PS): — É mesmo um discurso do Chega!

O Sr. Gabriel Mithá Ribeiro (CH): — Se sou socialista, a culpa será eternamente do Salazar, do Cavaco, do

Passos ou do Ventura e por aí adiante.

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