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I SÉRIE — NÚMERO 17

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O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Olhamos para a direita e percebemos que o vazio é exatamente igual, porque a subserviência, a submissão ao mercado é a mesma.

Mas há uma novidade neste debate: de todas as invenções retóricas que a Iniciativa Liberal nos poderia ter trazido, aquela que é mais extraordinária é a explicação de quem é que eles estão aqui para defender. Qual é o suplício a que a Iniciativa Liberal quer pôr cobro? A quem é que quer responder? Palavras do Sr. Deputado Carlos Guimarães Pinto: queremos acabar com o suplício de quem constrói e de quem vende casas. Mas, então, não é acabar com o suplício de quem não tem acesso a casas para habitar, de quem não consegue pagar uma renda, porque a renda é especulativa, de quem não consegue comprar uma casa, porque as casas não estão para os seus salários?!… Não, o problema da Iniciativa Liberal é o negócio.

O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Não é isso! O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É o problema de quem compra e de quem vende casas. É este o suplício

com que a Iniciativa Liberal quer acabar. Veja-se lá!… Aplausos do BE. Mas não satisfeito, o Sr. Deputado ainda clarifica mais as ideias da Iniciativa Liberal e, depois, foi curioso ver

o Partido Social Democrata a dizer que sim a essas ideias. Dizia o Sr. Deputado: tenho aqui um anúncio — qual Remax da Assembleia da República ou da Era, na nova

era da Iniciativa Liberal — de uma moradia que está a um preço acessível. Onde? Em Idanha-a-Nova! Mas se não for boa esta, tenho uma outra em Valpaços! Tenho uma terceira em Mértola! E porque é que as pessoas não vão para lá? Porque é que não vão para Idanha-a-Nova? Porque é que não vão para Mértola? Porque é que não vão para Valpaços? Porque é que não saem das nossas cidades, que é para nós podermos, depois, dar espaço para os grandes investidores de Silicon Valley virem para Lisboa, virem para o Porto, esses grandes ativos da economia digital, os nómadas a quem nós queremos abrir as portas? Dito de outra forma: porque é que os jovens não saem das nossas cidades, para que aqueles que nós queremos, de facto, defender, os estrangeiros ricos da nova economia digital, as possam ocupar?

A Sr.ª Rita Matias (CH): — Nem os ricos nem os pobres! O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Ora, e porquê? A resposta é simples, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados

da Iniciativa Liberal, do Chega, do PSD: porque é onde há trabalho, porque é onde há emprego, porque é nas nossas cidades que, infelizmente, no modelo de País que temos, há uma hipótese de algum futuro,…

O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Exatamente o que eu disse! Só ouve o que quer!… O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … mas que está agora a ser negada porque o Partido Socialista está a

aplicar as vossas políticas. Quando o Partido Socialista dizia que há aqui uma escolha, a escolha é entre o PS e toda a direita que

defende o mercado ou quem defende a habitação contra os abusos do mercado. E termino, dizendo, Sr. Deputado Rui Tavares, que, relativamente à proposta de salvaguarda do direito

constitucional do acesso à habitação — que é algo fundamental que nós fazemos, quando vários estudos científicos, e o Sr. Deputado até é da Academia, demonstram que esse direito está a ser negado por ações económicas de investidores estrangeiros —, é extraordinário ver alguém aqui, que se diz de esquerda, dizer que isto agora é uma xenofobia de esquerda que está a ser promovida.

O Sr. Rui Tavares (L): — Esta é uma proposta! Mas não é nada disso! O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Deputado, o que é que vale mais: o direito à habitação ou o direito à

especulação? O que é que, para si, vale mais? O que é que para o Livre vale mais? É o direito à habitação ou o direito à especulação?

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