I SÉRIE — NÚMERO 84

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Sr. Deputado, deixe-me dizer-lhe uma coisa: o Sr. Deputado não pode, à luz do caso que quer tratar, afirmar

que quem comete crimes tem a porta da rua aberta, Sr. Deputado, porque não está minimamente comprovada

sequer a suspeita do cometimento do crime, Sr. Deputado, pelas autoridades de investigação. Ó Sr. Deputado,

tem de ser sério!

Protestos de Deputados do CH.

Repare, se eu fosse como o Sr. Deputado, responder-lhe-ia assim: «Olhe, por essa ordem de razão, a porta

estava aberta para si, que já foi acusado e até condenado.»

Aplausos do PSD, do CDS-PP e do Deputado do L Rui Tavares.

Risos do PSD, do BE, do PCP e do L.

Protestos do CH.

É, Sr. Deputado! Mas eu não sou como o Sr. Deputado. Eu não sou como o Sr. Deputado. Eu sei valorar as

coisas. Eu sei distinguir as situações.

Protestos do CH.

Eu sei olhar para um caso concreto e extrair as conclusões.

O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Muito bem!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Por isso é que eu não faço as afirmações gratuitas que o Sr. Deputado faz.

O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Muito bem!

O Sr. Primeiro-Ministro: — E deixe-me dizer-lhe uma coisa: sobre a criação de duas empresas, ou a participação em duas empresas que foram criadas, é verdade, Sr. Deputado, foi uma imprudência do Sr.

Secretário de Estado. Claro que foi!

Vozes do CH: — Ah!

O Sr. Primeiro-Ministro: — E foi por isso que ele assumiu a dimensão política dessa ação. Agora, Sr. Deputado, não fale em incompatibilidades, não fale em negócios. Sabe porquê? Porque a atividade

dessas empresas foi zero.

A Sr.ª Marta Martins da Silva (CH): — Ainda! Isso é passar um atestado de estupidez às pessoas!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Não há nada que possa ser imputado no âmbito dessa atividade, Sr. Deputado.

Protestos do CH.

O Sr. Deputado tem de ser sério, tem de ser sério para ser respeitado, tem de ser sério para poder aqui

representar condignamente a vontade popular daqueles que acreditaram em si.

O Sr. André Ventura (CH): — O Sr. Primeiro-Ministro é que tem de ser sério!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Aqueles que acreditaram em si não querem esse tipo de conversa de café, Sr. Deputado.