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21 DE DEZEMBRO DE 1989

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ção privilegiada para o intercambio entre a Terra Fría e a Terra Quente Transmontana.

Por força do seu afastamento de centros populacionais maiores, a povoação de Carrazedo de Montenegro granjeou desde tempos imemoriais o relevante papel de cabeça e centro de toda a antiga terra de Montenegro, fazendo gravitar em seu redor um numeroso conjunto de aldeias, cujas gentes àquela povoação acorrem, para aqui resolverem os seus problemas económicos e satisfazer necessidades de carácter social, sanitário e cultural, porquanto Carrazedo de Montenegro dispõe das necessárias infra-estruturas de resposta àquelas necessidades.

Carrazedo de Montenegro, graças à sua localização, é centro obrigatório de passagem para quem, vindo de Bragança, pretende atingir a zona têxtil e o Alto Minho, ou para os que, provindos do Noroeste Transmontano, querem passar para a região duriense.

Ai se cruzam, efectivamente, as estradas de ligação de Bragança a Viana do Castelo, de Chaves à Régua e de Valpaços a Vila Real.

A sua elevação a vila não contende, por isso, com quaisquer interesses paralelos de outras povoações que já tenham essa categoria, designadamente com os da sede do concelho, uma vez que Carrazedo de Montenegro se situa nas proximidades da extrema sudoeste do concelho e, como se disse, a dezena e meia de quilómetros da vila de Valpaços.

C) Razões de ordem histórica.

Carrazedo de Montenegro foi um primitivo povoado pré-romano, possivelmente de origem castreja, de que ainda existem hoje resquícios toponímicos e as ruínas de um castro.

A mais antiga noticia conhecida referente a esta freguesia é de 1155, relativa a uma doação feita por Pedro Fernandes ao arcebispo de Braga, D. Pedro Peculiar (v. Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura).

Teve duas vezes foral, consoante nos relata Veloso Martins na obra citada, transcrevendo, por seu turno, extractos da Enciclopédia Portuguesa a Brasileira. Diz--se ali que a primeira carta de foral foi passada em 12 de Agosto do ano de 1301, por D. Dinis, o qual, nesse ano, «mandou que todo o povo de Montenegro fosse chamado por um régio porteiro [...] a fim de tomar conhecimento da resolução do monarca, já que o povo havia solicitado, superiormente, que na terra de Montenegro se edificasse Vila [...] e que lhe fosse dado o nome de Vila Boa de Montenegro, abrangendo todo o termo da terra de Montenegro»!

Este foral foi renovado pelo mesmo soberano por carta de 20 de Março de 1303 (ob. cit.), caindo posteriormente a terra de Montenegro, de novo, na alçada do concelho de Chaves, de que veio a autonomizar-se já no século xvii, em razão (segundo se crê) do senhorio e jurisdição da Casa de Bragança, integrando aldeias e freguesias, hoje dispersas pelos concelhos de Valpaços, Chaves e Murça (loc., cit., Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura).

Posteriormente a 1820 foi elevada à categoria de vila e cabeça de um julgado (v. Joaquim de Castro Lopo, in Valbel, p. 17, de que segue cópia), integrada na comarca de Chaves.

Em 31 de Dezembro de 1853, ao que se crê por razões de represália política, Passos Manuel extingue o concelho de Montenegro, com sede em Carrazedo de

Montenegro, anexando-o ao concelho de Valpaços, que havia sido criado em 1836 e com o qual coexistira o de Carrazedo de Montenegro durante quase duas décadas.

Carrazedo de Montenegro Número de eleitores (1976-1988) Variação (percentagem)

"VER DIÁRIO ORIGINAL"

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Anote-se que, apesar de ter deixado de existir o concelho de Montenegro, não se sabe de nenhum diploma que haja baixado a categoria de Carrazedo de Montenegro de vila para aldeia.

Em suma: pujantes razões de ordem histórica impõem, seguramente, que se atribua à povoação de Carrazedo de Montenegro a categoria de vila, a que, aliás, ascendeu depois de 1820 e que, em boa verdade, não chegou a perder, pois a sua extinção como sede de concelho, em 31 de Dezembro de 1853, não acarretou necessariamente a perda da sua categoria de vila.

D) Razões de ordem demográfica.

A povoação de Carrazedo de Montenegro tem vindo a crescer a ritmo superior à média verificada em Portugal; efectivamente, pelo ano de 1950 teria cerca de 1500 habitantes, enquanto, por sua vez, a Enciclopé-

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