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II SÉRIE-A — NÚMERO 53

Valboa, ao tempo, assinala a presença romana e o modo como era vista dos postos de vista geográfico, climático e da produção agrícola, porque se tratava de um vale bom, precisando melhor, de «um chão mimoso, saudável e fértil».

Com resquícios da época castreja, é a deslumbrante civilização do Lácio que impõe a sua cultura e o seu domínio, empurrando o pastor guerreiro para a planície aberta, estabilizando-se a agricultura à volta das «villae» que formam o embrião da maior parte das nossas freguesias rurais.

Desta forma, Vila Boa do Bispo integra um notável território-património, designadamente a sua arquitectura erudita. A igreja (monumento nacional) tipifica a evolução da arquitectura religiosa: obedecendo à estrutura românica, não necessita do gótico, mas insuflam--se-lhe os valores renascentistas e, de uma forma deslumbrante, os do barroco — talha dourada (estilo nacional, joanino e rococó) e azulejos do século xvm, não se encontrando, além da cidade do Porto, conjunto tão significativo. Anexo, o Mosteiro dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho é imóvel de interesse público, pertencendo a particulares, situação generalizada com o advento do Liberalismo. Ao túmulo, existente no seu interior, acrescentam-se-lhe mais três, na igreja, formando um quadro de extraordinário interesse da tu-lumária medieval.

Dos séculos xvu e xvm sobram alguns exemplares de casas solarengas: Alvelo, Lavandeira, Cavalhõesi-nhos, Bairral, Outeiro e Casal — perspectivando-se como potencial na área do turismo no espaço rural.

Sabendo-se que o espaço natural é um dos maiores dons que a Natureza nos prodigaliza, é mister utilizá--lo com parcimônia e senso. Considerado como património, o território em Vila Boa do Bispo ensaia um ordenamento que dignifica a terra.

Reafirmando-se a trilogia território-património--homem, repisemos a importância do último quando, atentamente, prossegue objectivos claros na reposição dos valores patrimoniais vilabonenses:

a) A arte sacra organiza-se no museu paroquial;

b) Outro museu monográfico, incidindo na etnografia, desenvolve-se na Casa do Povo.

2.4 — Desporto, cultura e tempos livres

A Casa do Povo contém um pavilhão gimnodesportivo, um rinque descoberto, uma biblioteca (com cerca de 4000 volumes) e uma sala de ténis de mesa. Praticam-se com regularidade o futebol de salão e o hóquei em patins, secção com quatro anos, constituída pelas escolas, infantis (ressaltando aqui duas classificações em 3.° lugar e uma no 1.° — a nível distrital; três dos seus jogadores integram-se na selecção do Norte) e iniciados, participando este ano, pela segunda vez, num torneio internacional de uma localidade de Barcelona; e num torneio quadrangular, a realizar em Lisboa, entre os primeiros classificados das regiões Norte e Sul. A patinagem artística e a equipa feminina de hóquei completam a secção. A ginástica e a pesca são actividades igualmente relevantes.

O seu grupo folclórico — com 10 anos de existência —, inscrito na Federação do Folclore Português e no INATEL, organiza o X Festival Internacional em Julho, tendo feito digressões a Espanha, França, Holanda, Bélgica, Itália, Finlândia e Açores.

Evidencie-se ainda uma escola de música da responsabilidade do pároco da freguesia. Confirmando a vitalidade cultural de Vila Boa do Bispo, comemorou--se, em 1990, o milénio da fundação do Mosteiro de Vila Boa do Bispo com um programa vasto — de Fevereiro a Dezembro —, onde se incluíram colóquios, conferências, exposições, saraus musicais e actividades desportivas. O bispo do Porto e o governador civil, entre outras individualidades, concederam-lhe a merecida honra.

3 — 0 homem

No sentido de dignificação e da qualidade do seu espaço, Vila Boa do Bispo possui uma forte identidade, poder de iniciativa, rico passado, grande esperança de futuro e um belo território-património, como atrás se mencionou.

Integrando-se na região Norte, região ímpar e das romarias, quiçá a mais mariana em toda esta «Terra de Santa Maria»; região dos domínios sacros do românico e do barroco, dos Mosteiros de São Bento e dos Femininos; região das antas, dos castros e dos castelos; região da família; região dos rios e das pontes (o resto do Pais terá tantos e tantas?); região das águas termais, do granito e do xisto; granito onde a castanha é «terra doce» e xisto onde a uva é «sol condensado». Que mais dizer desta região?

Ficaria incompleto o quadro se não traçássemos o perfil cultural do homem do norte: forte, corajoso e firme, tanto quanto sincero e leal, embora não de comunicação fácil e expedita; mais poeta que orador, ele é sacrificado e acolhedor; coração aberto, franco, dado — o coração nortenho!

Mais realizador que contemplativo, mais romeiro que místico, mais obreiro que artista, mais empresário que político — ele é um sonhador, realizador: ele é criativo e empreendedor. Multifacetado ou pluriprofissional, é extraordinariamente adaptável: tanto quanto laborioso e persistente. Liberal mas não liberalista; nacional mas não nacionalista, e será regional mas não regionalista. Extremamente solidário, mas igualmente cioso da sua independência.

Algumas figuras das artes e das letras pontificam nesta terra de Santa Maria. Gostaríamos, tão-só, de apontar alguns nomes da historiografia vilabonense:

a) D. Domingos de Pinho Brandão, referindo--se detalhadamente a Vila Boa do Bispo, na obra A Talha e Ensamblagem no Distrito do Porto;

b) Em plena actividade: P.e António Couto, com a obra Raízes Histérico-Culturáis de Vila Boa do Bispo e Aliança do Sinai — Núcleo Lógico--Teológico Central do Antigo Testamento, tese de doutoramento no Vaticano, que lhe confere a melhor classificação de sempre desde o dealbar da sua universidade;

c) João Ribeiro da Silva, com as obras Elementos Românicos da Igreja de Vila Boa do Bispo, Considerações acerca dos Antigos Limites do Couto do Mosteiro e dos Actuais Limites da Freguesia de Vila Boa do Bispo e Símbolos Apotropaicos e Siglas dos Moinhos de Quebradas e Bouça do Cubo (Vila Boa do Bispo).

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