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2424 | II Série A - Número 076 | 18 de Julho de 2001

 

a ajuda de alguns barqueiros que os ajudaram a atravessar o Rio Douro. Graças ao nevoeiro, os primeiros destacamentos subiram a monte e surpreenderam as vigilâncias francesas. A situação era de tal forma irreversível que Soult decidiu bater em retirada, largando em enfermarias improvisadas o meio milhar de feridos registados nas batalhas contra os portugueses. Eram nessa altura uns 12 000 homens, que fugiam de forma desordenada pela chamada estrada de Amarante. O destino da fuga era incerto. Soult ainda não decidira, porque todas as soluções tinham os seus inconvenientes. Sant'Anna Dionísio, em "Ares de Trás-os-Montes", descreveu superiormente esses momentos em que Soult ansiava por uma solução ideal:
"O problema a resolver, nessa marcha apressada, não podia ser mais grave. Sentindo a superioridade das forças atacantes, Soult reconhecera a necessidade de evitar a todo o transe um confronto regular, pois não só conhecia o grau de fadiga das suas tropas, acossadas pouco antes da linha do Vouga, como não podia esquecer a grande falta de municiamento com que lutava, devida à ruptura de comunicações tanto para os lados da Galiza, como de Salamanca.
Aquele maldito Trant, com as suas incansáveis guerrilhas, e aquele amaldiçoado Silveira, com as suas astúcias e pertinácias de transmontano, haviam lhe estragado todos os planos. Agora, que fazer? Seguir, para onde e por onde? Para o Douro ou para o Marão? Para Barroso ou para Vila Pouca?
A decisão impunha se com extrema urgência para o silencioso e narigudo cabo de guerra, ainda há poucas horas tão bem instalado na moradia apalaçada dos Carrancas e agora à testa daquela melancólica centopeia, de soldados bigodosos, de solípedes mal tratados, de carripanas com bagagens de toda a sorte, algumas carretas de artilharia bastante cambada e sem munições. Desde Valongo até Penafiel (enquanto Wellesley terminaria o almoço que lhe deixara e beberia, aos tragos lentos, alguma garrafa de velho Porto oferecido pela Feitoria) era preciso decidir. A ponte de Amarante, embora um pouco escalavrada pelas recentes refregas aí travadas dia e noite entre os soldados franceses e os milicianos de Silveira, estava livre. Mas como seria a subida ou a transposição da montanha? Onde estaria Silveira, com os seus duros destacamentos saídos de Chaves, mancomunados com os não menos duros guerrilheiros, armados de fundas, chuços e bacamartes?"
Ainda indeciso, tomou Soult uma decisão inesperada: depois de todos os destacamentos se juntarem, partiram pela estrada de Margaride, para as bandas da serra da Cabreira. Chegados ao cume da encosta de Baltar, Soult ordenou que ali fossem abandonadas todas as bagagens pesadas e destruídas as carripanas. A própria artilharia seria sacrificada.
Saíram os franceses da estrada para Amarante e foram por atalhos, verdadeiros "caminhos de cabras", só frequentados "pelos porqueiros que iam ou vinham das feiras".
De Baltar até à Galiza percorreram vinte léguas, ao longo de 80 horas, conseguindo, assim, escapar à perseguição lusitana. Baltar foi ponto fulcral da estratégia francesa, que, embora de forma humilhante, logrou a fuga vitoriosa de Portugal.
Património histórico cultural:
- Dólmen do padrão: monumento megalítico com motivos ondulados ou serpentiformes, onde se pode ver também uma figura antropomórfica estilizada com braços e pernas arqueados. A decoração apresenta se bicolor, vermelha e negra, ao contrário de outros dólmens encontrados noutras regiões.
- Cruzeiro: localizado na Serra de Baltar, foi construído em 1940 com o objectivo de comemorar o centenário da independência de Portugal.
- Igreja paroquial: a data de construção é de 1745. A frontaria foi totalmente revestida a azulejo, inclusivamente a torre sineira. Um painel também de azulejo, acima do portal, representa o orajo da freguesia, São Miguel.
Capelas:
- Capela da Quinta: restaurada recentemente, é uma pequena ermida românica de evocação de Nossa Senhora da Piedade. Originalmente românica, foi modificada no século XVII. Toda a pequena nave e a fachada, com a sua sineira mantêm, no entanto, a sua traça original. No interior salva se o arco triunfal, ainda de volta redonda, assente em pés direitos com impostas decoradas. Tem de vão 2,55 metros e de altura 2,85 metros. A espessura do arco é de 65 centímetros.
Solares:
- Casa do Areal: foi construída em 1769, é brasonada e nela esteve hospedado o Rei D. José I. Foi saqueada e incendiada pelos franceses em 1810, sendo posteriormente reedificada.
- Casa do Foral: actual escola primária, onde funcionaram reuniões importantes para o futuro de Baltar.
- Solar dos Coelho Pereira: foi construído em 1776 e encontra se localizado no lugar do Outeiro.
- Solar de Ernesto Leão.

II - Breve caracterização geográfica e demográfica

A freguesia de Baltar, situada na zona norte do concelho de Paredes, ocupa uma área de 7,70 km2.
Confronta com as freguesias de Cete, Parada de Todeia, Vandoma, Mouriz e Vila Cova de Carros e com a vila de Gandra.
Em termos de acessibilidades, situa se perto do nó da A4 e é atravessada pela EN 15, sendo, portanto, bem servida em termos de transportes públicos.
Analisando a evolução demográfica de Baltar nos últimos anos, é notório o acentuado crescimento.
Os dados registados pelo Instituto Nacional de Estatística informam que, em 1991, a população residente de ambos os sexos era de 4023 e, de acordo com os dados provisórios dos Censos 2001, perfaz, neste momento, o número de

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