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2426 | II Série A - Número 076 | 18 de Julho de 2001

 

Sobre a origem da palavra Cete, há várias versões, tão dispares quão disparatadas.
O bibliógrafo e poeta António Moreira Cabral garantiu que Cete vinha de Seth, filho de Adão e Eva. Só faltou provar, na bíblica teoria, a relação entre Seth e a terra tão longínqua do paraíso.
As teorias mais credíveis são mesmo as de Pedro Ferreira e as do Dr. José do Barreiro. Para o primeiro, Cete é o nome de uma cidade do sul de França, da qual vieram frades que povoaram o seu Mosteiro. Para o segundo, Cete - antigamente Ceti - teria origem árabe.
Toda a história da freguesia de Cete - de início Lardosa - está inevitavelmente ligada à história do seu Mosteiro. Fundado em 844 por dois mouros convertidos à fé cristã, foi posteriormente arrasado em 963 pelos mouros da antiga guarnição de Vandoma.
D. Gonçalo Oveques, que tomou aos mouros esta praça, reconstruiu o Mosteiro em 976. Aqui terá construído o seu solar, onde está sepultado com sua mulher, D. Brites.
Depois da construção do mosteiro, Cete passou a ser couto dele até 1515. Concedeu-lhe tal privilégio o Conde D. Henrique, parente de D. Gonçalo, que estabeleceu aqui o seu primeiro solar.
A rainha D. Teresa, sua viúva, doou a este mosteiro todas as terras que pertenciam a este solar e abrangiam a vasta área de sete freguesias.
D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques, fez do Mosteiro de Cete residência, por muitas vezes. Aqui se hospedava quando fazia as suas visitas regulares às obras de construção do Mosteiro de Paço de Sousa, feitas as expensas de D. Egas Moniz.
Não é de admirar, por tudo isto, os privilégios de que Cete beneficiou ao longo dos tempos. Com couto, tinha justiça própria, na qual os juízes eram nomeados pelo povo e confirmados pelos frades do Mosteiro.
Em 1551 este foi unido ao Colégio da Nossa Senhora da Graça, de Coimbra, por mercê de D. João III. O reitor de Coimbra tomava o título de Abade de Cete e Conde do Areinho.
Pouco tempo antes, nos inícios do século, em virtude do crescimento verificado na freguesia, o Rei D. Manuel abriu o processo para a atribuição de Foral a Cete, mas nunca tal se verificaria. Aproveitou apenas o Foral o concelho de Aguiar de Sousa, em 1512.
Extinto o convento e as ordens religiosas, em 1834, todas as suas riquezas passaram a pertencer à Fazenda Nacional, e para a freguesia só ficou a Igreja, sem casa paroquial.
Situada em terras férteis, propícias à agricultura, a freguesia de Cete vê desenvolver-se actualmente diversas indústrias: moagem de cereais, serração de madeiras e indústria de manteiga.
Duas vezes por mês realiza-se (desde 1920) uma feira, onde se vende todo o tipo de artigos agrícolas e alimentares.
Património histórico-cultural:
- Mosteiro de Cete: Chamava-se Mosteiro de Lardosa até 1010. É uma reconstrução de um primitivo mosteiro edificado no século IX (ano 844 da era de Cristo). A destruição do Mosteiro foi feita pelos Mouros no ano de 963. Dele restava em 1920 a Igreja, a sala do capítulo e o claustro.
Obra românica iniciada nos finais do século X, e concluída nos inícios do século seguinte, foi reedificada por D. Gonçalo Oveques nos finais do século XI. A zona proto-românica consta das paredes laterais que vão da linha transversa posterior da torre à ombreira da porta ogival, incluindo as primeiras fiadas acima das frestas.
No século XIV sofre uma profunda transformação, operada no Consulado do Abade D. Estevão Pimentel, que se encontra sepultado na Capela-mor. Desta época são a torre ameada, o claustro actual, o gigante da fachada e outros pormenores.
A fisionomia semi-guerreira da igreja conventual, com a sua torre lateral ameada, e os seus muros espessos e o gigante que lhe flanqueia o portal, confere-lhe uma função religiosa e, ao mesmo tempo, defensiva.
No interior merece destaque a profundidade e altura da nave, a segurança e robustez da abóbada de granito da capela-mor. O claustro é de dois pisos e apresenta quatro galerias com arcadas redondas assentes em colunelos facetados.
O Mosteiro de Cete é monumento nacional, por decreto-lei de Junho de 1910. Dele resta hoje, após séculos de degradação, a Igreja, a sala do capítulo e o claustro. Tudo o resto se perdeu.
- Igreja de S. Pedro de Cete: é monumento nacional por decreto de 16 de Junho de 1910. Obra românica, foi iniciada no século X e concluída no princípio do século XI. É uma reconstrução de um primitivo Mosteiro Beneditino (Mosteiro de Lardosa) com a sua respectiva Igreja.
Da reconstrução resultaram o claustro, a torre ameada e o gigante da frontaria.
O pórtico, de quatro arquivoltas de arcas ogivais assentes em colunas decoradas nos ábacos e capiteis, é encimado por um brasão e uma rosácea.
O interior é de uma nave, com capela-mor e capela funerária, edificada no interior da torre e coberta por abóbada de artesãos cruzados.
- Capela de São Nicolau Tolentino: inserida dentro da Igreja de Cete, é onde funciona o baptistério, também chamado de capela funerária.
Foi descoberta esta capela que estava entaipada e achou-se a pedra de armas que servia de fecho à sua abóbada. Nesta capela encontra-se o túmulo de D. Gonçalo Oveques.
O escudo partido em pala tem no primeiro quartel as armas antigas dos descendentes de Gonçalo Oveques, e no segundo a dos Mendes (pelo casamento de D. Urraca Mendes, irmã de D. Fernando Mendes, o Braganção, com o filho de Gonçalo Oveques), ampliadas pelos Pimenteís de Castela.
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