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1655 | II Série A - Número 030 | 22 de Janeiro de 2004

 

Ao longo da sua formação, Pardilhó esteve sempre em ligação directa com a Ria de Aveiro, através dos seus inúmeros esteiros, entre os quais podemos referir como mais importantes o da Ribeira da Aldeia, do Nancinho, das Bulhas e das Teixugueiras.
A Ribeira de Aldeia, como o próprio nome indica, constitui o mais amplo e central miradouro e porta de acesso à Ria, com um largo horizonte como cenário aos inúmeros barcos que a preenchem, num quadro de rara beleza, rodeado por um velho estaleiro de madeira.
Esta ligação à água fez com que se tenha desenvolvido nesta freguesia a indústria da construção naval, de cujos estaleiros saíram bacalhoeiros e ainda hoje os moliceiros, que, sulcando as águas com toda a elegância e magnificência, cumpriram a tarefa única da apanha do moliço.
Parece não haver muitas dúvidas de que Pardilhó assenta em areias que a pouco e pouco foram arrebatadas à Ria, o que pode ajudar acerca da proveniência do topónimo Pardilhó.
A versão mais popular é referida por Egas Moniz numa carta datada de 5 de Outubro de 1914, a de "Pardo ilhote", embora não seja de desprezar a opinião do Monsenhor Miguel de Oliveira, prestigiado historiador regional, que diz ter como origem "Paredelho" alusão às paredes das antigas marinhas de Sal.
Paralela é a explicação do Prof. Jaime Vilar, ilustre Marinhão, que defende a origem do nome pela derivação do Latim pariete, numa referência aos pardieiros, pequenas cabanas dos pescadores que naturalmente existiam nesta zona.
Já o Dr. José Tavares, nas suas Notas Marinhoas avança com outra versão mais elaborada, também usada para Pardelhas, que tem raízes no adjectivo "Pardo", clara alusão à cor parda das terras lavradias a projectar-se nos brancos das marinhas.
Popular é a expressão atribuída aos barqueiros passando no Rio largo "a par da ilha ó".

2 - O brasão

O Brasão de Pardilhó, aprovado em 2001, tem as seguintes características:
Sobre bandeira amarela, tem no escudo que é vermelho, dois tapetes (o artesanato), duas chaves (do padroeiro S. Pedro) e um moliceiro (evocando a construção naval) sobre as águas (a umbilical ligação à Ria).

3 - Património histórico-cultural

Igreja Matriz (S. Pedro):
Construída no século XIX (1812), substituiu a primeira igreja da freguesia, edificada durante o domínio filipino (1638). Todo o seu estilo manifesta uma obra de construtores rurais do século XIX, inspirados nos modelos da região, sem pureza de formas. É uma igreja vasta e robusta.
São cinco os retábulos, de inspiração dos temas setecentistas. As numerosas esculturas de madeira datam dos séculos XVIII, XIX e XX.
Foi recentemente iluminada, realçando o seu volume monumental e coroando o amplo Largo Prof. Dr. Egas Moniz ou Largo da Igreja.
Capela de Nossa Senhora dos Remédios:
Construída no século XVIII (1717), será hoje a mais antiga da freguesia.
Trata-se duma capela semi-pública, de tipo corrente, de pequeno âmbito, tendo em cantaria a porta e dois altos postigos e de argamassa os outros elementos e, por isso, bastante renovados. Retábulo do século XIX, em estilo neo-clássico. A escultura de madeira, da Virgem com o Menino, este em engraçada atitude (dos Remédios) é obra corrente, da época da fundação.
Encontra-se em fase de restauro.
Cruzeiro:
Alto e destacado no largo fronteiro à igreja. Pedestal datado de 1897 e Cruz de grandes braços rectangulares. Renovado em 1940.
Casa das Palmeiras:
Edifício do principio do século XX, hoje totalmente recuperado, evidenciado o seu carácter abastado e de casa de quinta.
Casa da Quinta do Rezende ou do Salgueiro :
Trata-se de um exemplo da casa de Brasileiro, do princípio do século XX, hoje em recuperação com a traça que a caracterizou.
Fonte da Samaritana:
No início do século, era uma simples fonte pública, situada ao poente de Pardilhó, junto ao moinho da Mázia. Os trabalhos de reforma efectuados pela Câmara Municipal de Estarreja, iniciaram-se a 10 de Junho de 1910.

4 - Breve caracterização geográfica e demográfica

A freguesia de Pardilhó tem uma área de 15,9 km2 e, segundo os censos de 2001, tem 4175 habitantes. Localiza-se no norte do concelho de Estarreja, dista 7 Km da sede, e faz fronteira com dois outros municípios: Ovar e Murtosa.
É banhada a poente e a norte pela ria de Aveiro, uma das maiores referências a ter em conta na formulação da sua identidade cultural, a par do isolamento geográfico. A população pardilhoense assumiu-se historicamente, como gente da Ria - na apanha do moliço, na pesca e na construção naval -, e da terra na agricultura -, desenvolvendo uma personalidade cultural muito própria e bastante acentuada.
Pardilhó assenta em terras baixas, inferiores em média a 10 metros acima do nível das águas do mar, e que lhe foram conquistadas ao longo dos séculos, através de um lento, mas progressivo assoreamento, acompanhando a formação da Ria de Aveiro.

5 - Actividade económica

A freguesia tem pouca indústria e a que existe tem características familiares, como abate de aves, carpintarias e serralharias.
A construção civil constitui um dos maiores empregadores da população de Pardilhó e com larga história e fama regional.
E a agricultura desenvolveu-se consideravelmente devido à apanha do moliço, importante fertilizante cuja apanha na ria era característica das populações ribeirinhas, vindo naturalmente a perder importância.
Os barcos moliceiros - verdadeiros ex-libris das gentes ribeirinhas e que encerram na sua construção técnicas milenares --têm em Pardilhó o seu "núcleo" de produção. Os seus estaleiros activos são dos raros que na região ainda se dedicam à construção de barcos da Ria, da arte xávega, para a pesca artesanal no vizinho mar.
Esta habilidade dos pardilhoenses valeu-lhes em ser a freguesia a capital da construção naval, tendo sido aqui a sede nacional do Sindicato dos Construtores Navais.
Pela imigração, muitos dos seus profissionais engrossaram na grande Lisboa a arte e a classe dos fragateiros.

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