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60 | II Série A - Número: 010 | 20 de Julho de 2011

decisão), correspondentes a uma utilização média, no troço entre Valença e Vigo, de onze passageiros por cada uma das quatro viagens que diariamente unem o Porto a Vigo, duas em cada sentido. Neste contexto, e em consequência da inacção de responsáveis da CP e de sucessivos governos, só admira que o prejuízo anual com esta ligação internacional seja, (de acordo com a mesma fonte) de apenas de 235 mil euros por ano, por sinal bem menor que o que ocorre noutras ligações internacionais — Lisboa a Madrid e Lisboa a Hendaya — que a CP, (pelo menos por agora), não parece ter, felizmente, intenções de eliminar. O desprezo e o total abandono com que esta ligação ferroviária entre o Porto e Vigo tem sido há tanto tempo tratada, permitiria estimar até resultados bem mais negativos» O que a CP não pode, porém, omitir da opinião pública é que, já em 2005, a sua administração ensaiou uma outra tentativa de encerrar esta ligação internacional entre o Porto e Vigo, baseada nos mesmos exactos argumentos e pretextos com que agora ―volta a carga‖. O que a CP não pode omitir ç que foi a generalizada oposição das populações, de muitos agentes económicos e associações empresariais dos dois lados da fronteira, de muitos autarcas portugueses e galegos, que então determinaram a suspensão dessa lastimável decisão de encerrar esta ligação internacional centenária. O que as Administrações da CP e da REFER, tal como os responsáveis governamentais não podem fazer esquecer é que, antes e depois de 2005, não foi concretizado qualquer investimento na modernização e no conforto do material circulante nesta ligação, (recorde-se a anulação de um concurso de 450 milhões de euros para aquisição de novas unidades para a CP), não foi promovido qualquer investimento relevante na modernização das infra-estruturas e nos processos operacionais da linha do Minho para Norte da estação de Nine que permitissem a diminuição drástica dos tempos de viagem, não foi resolvida a articulação instrumental com a RENFE — operadora espanhola — para fiscalizar e rentabilizar a utilização real da ligação em território espanhol, muito menos foi pensado ou concretizado qualquer investimento na promoção generalizada da utilização desta ligação junto de potencias utilizadores, fosse para finalidades económicas ou turísticas, fosse para a eventual rentabilização da crescente utilização do Aeroporto do Porto por passageiros vindos da Galiza que desde há vários anos demandam o aquela infra-estrutura aeroportuária em valores próximos do meio milhão de utentes anuais.
Esta suma: a decisão agora anunciada pela CP de encerrar a ligação ferroviária entre o Porto e Vigo agrava os custos e as dificuldades de mobilidade da população de toda uma vasta região entre o Douro litoral e a Galiza, atingindo uma comunidade populacional transfronteiriça de vários milhões de pessoas, surge logo depois da introdução de portagens nas SCUT, designadamente na A28, e acrescenta, por isso, ainda mais obstáculos ao desenvolvimento económico desta região do Noroeste Peninsular. Esta decisão traduz ainda e de forma bem elucidativa a falta de perspectivas de desenvolvimento e o completo desprezo de sucessivos responsáveis governamentais pelas potencialidades que podem resultar para a economia regional e nacional da melhoria e construção de ligações ferroviárias internacionais de passageiros e mercadorias, rentabilizando infra-estruturas portuárias e aeroportuárias e potenciando as relações económicas entre a Galiza e o Norte de Portugal.
O PCP considera, contudo, que esta decisão anunciada há poucos dias pela Administração da CP de encerrar a ligação ferroviária entre o Porto e Vigo a partir do próximo dia 10 de Julho é reversível. Basta para isso que o novo Governo e os deputados eleitos em 5 de Junho estejam dispostos a honrar compromissos públicos e a levar à prática, de forma consequente e coerente, as posições assumidas em discursos pomposos e em declarações diversas e recorrentes, mormente os proferidos por autarcas e dirigentes partidários do PSD, do PS e do CDS-PP em defesa do Norte de Portugal e da euro-região do Noroeste Peninsular. Parece, por outro lado, mais que evidente que uma decisão desta natureza, com tão profundas implicações económicas e sociais, podendo ter como consequências a supressão de ligações internacionais ancestrais, e revestindo, por isso mesmo, aspectos que deverão (ou terão) que ser analisados no âmbito das relações políticas entre os Estados Português e Espanhol, ou no contexto de relações institucionais existentes entre o Governo Regional da Galiza e órgãos desconcentrados da Administração Central, ou entre autoridades galegas e representantes do Poder Local ou Metropolitano da Região Norte, não pode ser tomada de forma leviana e superficial por decisão unilateral da Administração da CP.
E tudo indica que esta decisão da CP tenha sido exactamente tomada desta forma unilateral sem cuidar de atender a todas as suas consequências económicas, sociais e políticas, mormente no âmbito das relações externas. Esta é mais uma razão que aconselha que a decisão da CP seja anulada e revertida, e que,