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Quinta-feira, 9 de maio de 2013 II Série-A — Número 130
XII LEGISLATURA 2.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2012-2013)
S U M Á R I O
Decreto n.º 139/XII:
Procede à sétima alteração à lei de enquadramento orçamental, aprovada pela Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto, e transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva 2011/85/UE, do Conselho, de 8 de novembro, que estabelece requisitos aplicáveis aos quadros orçamentais dos Estados-membros.
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DECRETO N.º 139/XII
PROCEDE À SÉTIMA ALTERAÇÃO À LEI DE ENQUADRAMENTO ORÇAMENTAL, APROVADA PELA
LEI N.º 91/2001, DE 20 DE AGOSTO, E TRANSPÕE PARA A ORDEM JURÍDICA INTERNA A DIRETIVA
2011/85/UE, DO CONSELHO, DE 8 DE NOVEMBRO, QUE ESTABELECE REQUISITOS APLICÁVEIS AOS
QUADROS ORÇAMENTAIS DOS ESTADOS MEMBROS
A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1.º
Objeto
A presente lei procede à sétima alteração à lei de enquadramento orçamental, aprovada pela Lei n.º
91/2001, de 20 de agosto, alterada pela Lei Orgânica n.º 2/2002, de 28 de agosto, e pelas Leis n.os
23/2003,
de 2 de julho, 48/2004, de 24 de agosto, 48/2010, de 19 de outubro, 22/2011, de 20 de maio, e 52/2011, de 13
de outubro, transpõe, para a ordem jurídica interna, a Diretiva 2011/85/UE, do Conselho, de 8 de novembro,
que estabelece requisitos aplicáveis aos quadros orçamentais dos Estados membros, e dá cumprimento às
disposições do Tratado sobre a Estabilidade, a Coordenação e a Governação na União Económica e
Monetária.
Artigo 2.º
Alteração à Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto
Os artigos 12.º-C, 12.º-D, 36.º, e 68.º da Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto, alterada pela Lei Orgânica n.º
2/2002, de 28 de agosto, e pelas Leis n.os
23/2003, de 2 de julho, 48/2004, de 24 de agosto, 48/2010, de 19 de
outubro, 22/2011, de 20 de maio, e 52/2011, de 13 de outubro, passam a ter a seguinte redação:
“Artigo 12.º-C
Regra do saldo orçamental estrutural
1 - O objetivo orçamental de médio prazo é o definido no âmbito e de acordo com o Pacto de Estabilidade e
Crescimento.
2 - A trajetória de convergência anual para alcançar o objetivo de médio prazo consta do Programa de
Estabilidade e Crescimento.
3 - O saldo estrutural, que corresponde ao saldo orçamental das administrações públicas, definido de
acordo com o Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais, corrigido dos efeitos cíclicos e líquido de
medidas extraordinárias e temporárias, não pode ser inferior ao objetivo anualmente fixado no Programa de
Estabilidade e Crescimento.
4 - A metodologia para o apuramento do saldo estrutural é a definida no âmbito e de acordo com o Pacto
de Estabilidade e Crescimento.
5 - Sempre que a relação entre a dívida pública e o PIB a preços de mercado for significativamente inferior
a 60% e os riscos para a sustentabilidade a longo prazo das finanças públicas forem reduzidos, o limite para o
objetivo de médio prazo pode atingir um défice estrutural de, no máximo, 1 % do PIB.
6 - Enquanto não for atingido o objetivo de médio prazo, o ajustamento anual do saldo estrutural não pode
ser inferior a 0,5% do PIB e a taxa de crescimento da despesa pública, líquida de medidas extraordinárias,
temporárias ou discricionárias do lado da receita, não pode ser superior à taxa de referência de médio prazo
de crescimento do PIB potencial, conforme definido no Pacto de Estabilidade e Crescimento.
7 - Enquanto não for atingido o objetivo de médio prazo, as reduções discricionárias de elementos das
receitas públicas devem ser compensadas por reduções da despesa, por aumentos discricionários de outros
elementos das receitas públicas ou por ambos, conforme definido no Pacto de Estabilidade e Crescimento.
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8 - Para efeitos do disposto nos números anteriores, o agregado da despesa deve excluir as despesas com
juros, as despesas relativas a programas da União Europeia e as alterações não discricionárias nas despesas
com subsídios de desemprego.
9 - Para efeitos do disposto nos números anteriores, o excedente do crescimento da despesa em relação à
referência de médio prazo não é considerado um incumprimento do valor de referência na medida em que seja
totalmente compensado por aumentos de receita impostos por lei.
10 - A intensidade do ajustamento referido nos números anteriores tem em conta a posição cíclica da
economia.
Artigo 12.º-D
[…]
1 - O Governo apresenta à Assembleia da República, de harmonia com as Grandes Opções do Plano, uma
proposta de lei com o quadro plurianual de programação orçamental, o qual contém, nomeadamente:
a) Uma descrição das políticas previstas a médio prazo com impacto nas finanças das administrações
públicas, distribuídas pelas rubricas mais relevantes em termos de despesas e receitas, revelando a forma
como é realizado o ajustamento aos objetivos orçamentais a médio prazo em comparação com as projeções
baseadas em políticas que não sofreram alterações;
b) Uma avaliação do modo como, atendendo ao seu impacto direto a longo prazo sobre as finanças das
administrações públicas, as políticas previstas poderão afetar a sustentabilidade a longo prazo das finanças
públicas.
2 - …………………………………………………………………………………………………………………..
3 - ……………………………………………………………………………………………………………………
4 - …………………………………………………………………………….………………………………………
5 - …………………………………………………………………………………………………………………….
6 - O quadro plurianual de programação orçamental contém, também, as projeções de receitas gerais e
próprias dos organismos da administração central e do subsetor da segurança social para os quatro anos
seguintes.
7 - (Anterior n.º 6).
8 - (Anterior n.º 7).
9 - (Anterior n.º 8).
10 - (Anterior n.º 9).
11 - O desvio aos limites e previsões referidos no presente artigo, ou a alteração do quadro plurianual de
programação orçamental que modifique os valores dos referidos limites e previsões, são objeto de
comunicação por parte do Governo à Assembleia da República.
Artigo 36.º
[…]
1 - …………………………………………………………………………………………………………………….
2 - …………………………………………………………………………………………………………………….
3 - O relatório da proposta de lei do Orçamento do Estado inclui um mapa comparativo entre as previsões
macroeconómicas e orçamentais utilizadas e as previsões efetuadas por outros organismos, nomeadamente,
pela Comissão Europeia, devendo as diferenças significativas apuradas ser explicadas de forma
fundamentada.
4 - As previsões macroeconómicas e orçamentais constantes do relatório da proposta de lei do Orçamento
do Estado devem incidir sobre a trajetória das principais variáveis orçamentais a partir de diferentes
pressupostos de crescimento e taxas de juros.
5 - As variáveis utilizadas nas previsões macroeconómicas e orçamentais constantes do relatório devem ter
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presente os resultados dos anteriores desempenhos em matéria de previsões e os cenários de risco
pertinentes.
Artigo 68.º
[…]
…………………………………………………………………………………………………………………….………:
a) …………………………………………………………………………………………………………………….……
b) …………………………………………………………………………………………………………………….……
c) Informação sobre a execução orçamental, nomeadamente, os compromissos assumidos, os
processamentos efetuados e os montantes pagos, bem como a previsão atualizada da execução orçamental
para todo o ano e os balancetes que evidenciem as contas das classes de disponibilidades e de terceiros, com
regularidade mensal.”
Artigo 3.º
Aditamento à Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto
São aditados à Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto, alterada pela Lei Orgânica n.º 2/2002, de 28 de agosto, e
pelas Leis n.os
23/2003, de 2 de julho, 48/2004, de 24 de agosto, 48/2010, de 19 de outubro, 22/2011, de 20 de
maio, e 52/2011, de 13 de outubro, os artigos 10.º-D, 10.º-E, 10.º-F, 10.º-G, 72.º-B, 72.º-C e 72.º-D, com a
seguinte redação:
“Artigo 10.º-D
Princípio da sustentabilidade
1 - Os subsetores que constituem as administrações públicas, bem como os organismos e entidades que
os integram estão sujeitos ao princípio da sustentabilidade.
2 - Entende-se por sustentabilidade a capacidade de financiar todos os compromissos, assumidos ou a
assumir, com respeito pela regra do saldo orçamental estrutural e pelo limite da dívida pública, conforme
previsto na presente lei e na legislação europeia.
Artigo 10.º-E
Princípio da economia, eficiência e eficácia
1 - A assunção de compromissos e a realização de despesa pelas entidades pertencentes aos subsetores
que constituem as administrações públicas estão sujeitas ao princípio da economia, eficiência e eficácia.
2 - A economia, eficiência e eficácia consistem na utilização do mínimo de recursos que assegurem os
adequados padrões de qualidade do serviço público, na promoção do acréscimo de produtividade pelo alcance
de resultados semelhantes com menor despesa e na utilização dos recursos mais adequados para atingir o
resultado que se pretende alcançar.
Artigo 10.º-F
Princípio da responsabilidade
1 - Os subsetores que constituem as administrações públicas estão vinculados ao cumprimento dos
compromissos assumidos por Portugal nos termos da legislação europeia.
2 - Cada um dos subsetores que constituem as administrações públicas é responsável pelos compromissos
por si assumidos.
3 - Nas situações legalmente previstas pode uma entidade de um dos subsetores que constituem as
administrações públicas assumir ou garantir compromissos assumidos por outra entidade pertencente a outro
subsetor.
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Artigo 10.º-G
Limite da dívida pública
1 - Quando a relação entre a dívida pública e o produto interno bruto (PIB) exceder o valor de referência de
60%, o Governo está obrigado a reduzir o montante da dívida pública, na parte em excesso, a uma taxa de um
vigésimo por ano, como padrão de referência, tal como previsto no artigo 2.º do Regulamento (CE) n.º
1467/97, do Conselho, de 7 de julho, relativo à aceleração e clarificação da aplicação do procedimento relativo
aos défices excessivos, com a redação que lhe foi dada pelo Regulamento (UE) n.º 1177/2011, do Conselho,
de 8 de novembro.
2 - Para efeitos de determinação do valor da redução na dívida é considerada a influência do ciclo
económico, nos termos do Regulamento (UE) n.º 1177/2011, do Conselho, de 8 de novembro.
3 - A variação anual da dívida pública é corrigida dos efeitos decorrentes da alteração do perímetro das
administrações públicas efetuada pelas autoridades estatísticas, nos termos do n.º 5 do artigo 2.º.
Artigo 72.º-B
Desvio significativo
1 - A identificação de um desvio significativo face ao objetivo de médio prazo ou face ao saldo previsto na
trajetória de convergência constantes, respetivamente, dos n.os
1 e 2 do artigo 12.º-C é feita com base na
análise comparativa entre o valor verificado e o valor previsto.
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, o valor verificado é calculado com base nos dados
constantes da notificação do procedimento dos défices excessivos efetuada pelo Instituto Nacional de
Estatística.
3 - Estando em trajetória de convergência, o desvio é significativo quando se verifiquem cumulativamente
as seguintes situações:
a) O desvio apurado face ao saldo estrutural for, no mínimo, de 0,5% do PIB, num só ano, ou de pelo
menos 0,25% do PIB em média anual em dois anos consecutivos;
b) A taxa de crescimento anual da despesa líquida de medidas extraordinárias e temporárias do lado da
receita tiver um contributo negativo no saldo estrutural de, pelo menos, 0,5% do PIB, num só ano, ou
cumulativamente em dois anos consecutivos.
4 - Após se ter atingido o objetivo de médio prazo, o desvio é significativo quando se verifique a situação
prevista na alínea a) do número anterior.
5 - O desvio não é considerado significativo se o objetivo orçamental de médio prazo tiver sido
ultrapassado, tendo em conta a possibilidade de receitas extraordinárias significativas, e se os planos
orçamentais estabelecidos no programa de estabilidade não colocarem em risco aquele objetivo ao longo do
período de vigência do programa.
6 - O desvio não pode ser tido em consideração nos casos em que resulte de ocorrência excecional não
controlável, nos termos previstos no artigo 72.º-D, com impacto significativo nas finanças públicas ou, em caso
de recessão que afete Portugal, a área do euro ou a União Europeia, desde que tal não coloque em risco a
sustentabilidade orçamental a longo prazo.
7 - O reconhecimento da existência de um desvio significativo é da iniciativa do Governo, mediante prévia
consulta do Conselho das Finanças Públicas, ou do Conselho da União Europeia, mediante a apresentação de
recomendação dirigida ao Governo, nos termos do n.º 2 do artigo 6.º do Regulamento (CE) n.º 1466/97, do
Conselho, de 7 de julho, relativo ao reforço da supervisão das situações orçamentais e à supervisão e
coordenação das políticas económicas, na redação dada pelo Regulamento (UE) n.º 1175/2011, do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de novembro.
8 - Reconhecido o desvio significativo nos termos do número anterior é ativado o mecanismo de correção
constante do artigo seguinte.
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Artigo 72.º-C
Mecanismo de correção do desvio
1 - Quando se reconheça a situação prevista nos n.os
3 ou 4 do artigo anterior, deve o Governo apresentar
à Assembleia da República, no prazo de 30 dias, um plano com as medidas necessárias para garantir o
cumprimento dos objetivos constantes do artigo 12.º-C.
2 - A correção do desvio reconhecido nos termos do artigo anterior efetua-se mediante redução em pelo
menos, dois terços do desvio apurado, com o mínimo de 0,5% do PIB, a efetuar até ao final do ano
subsequente àquele em que foi reconhecido, devendo o remanescente do desvio ser corrigido no ano
seguinte, salvo se se verificarem circunstâncias excecionais, nos termos previstos no artigo 72.º-D.
3 - O ajustamento a efetuar nos termos do número anterior não pode, em qualquer caso, ser inferior ao
previsto no artigo 10.º-G.
4 - O plano de correção privilegia a adoção de medidas de redução da despesa pública, bem como a
distribuição do ajustamento entre os subsetores das administrações públicas em obediência aos princípios da
responsabilidade e da solidariedade constantes, respetivamente, dos artigos 10.º-B e 10.º-F.
5 - O plano de correção é submetido pelo Governo à apreciação do Conselho das Finanças Públicas.
Artigo 72.º-D
Situações excecionais
1 - A admissão de um desvio significativo face ao objetivo de médio prazo ou face ao saldo previsto na
trajetória de ajustamento constante, respetivamente, nos n.os
1 e 2 do artigo 12.º-C, apenas é permitida
temporariamente e em situações excecionais, não controláveis e desde que não coloquem em risco a
sustentabilidade orçamental no médio prazo, resultantes, nomeadamente:
a) De recessão económica profunda em Portugal, na área do euro ou em toda a União Europeia;
b) De catástrofes naturais ou outras situações excecionais com significativo impacto orçamental;
c) De reformas estruturais que tenham efeitos de longo prazo na atividade económica.
2 - O reconhecimento da situação de excecionalidade prevista no número anterior é objeto de proposta do
Governo e de apreciação pela Assembleia da República no Programa de Estabilidade e Crescimento.
3 - A correção do desvio é efetuada mediante a incorporação no Programa de Estabilidade e Crescimento
das medidas necessárias para garantir o cumprimento dos objetivos constantes do artigo 12.º-C, devendo ser
observado o disposto no artigo 72.º-C, e precedidas de parecer não vinculativo do Conselho das Finanças
Públicas.
4 - Do Programa de Estabilidade e Crescimento constam:
a) As propostas apresentadas pelo Conselho das Finanças Públicas;
b) A avaliação das recomendações apresentadas pelo Conselho das Finanças Públicas e a justificação da
sua eventual não consideração ou aceitação.
5 - Ocorrendo a situação prevista no n.º 1, a correção da trajetória de convergência deverá ser efetuada, no
máximo, nos quatro exercícios orçamentais subsequentes e de acordo com o previsto no n.º 3.”
Artigo 4.º
Alteração sistemática
É aditado ao título III-A da Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto, alterada pela Lei Orgânica n.º 2/2002, de 28 de
agosto, e pelas Leis n.os
23/2003, de 2 de julho, 48/2004, de 24 de agosto, 48/2010, de 19 de outubro,
22/2011, de 20 de maio, e 52/2011, de 13 de outubro, o capítulo IV, com a designação «Desvio significativo e
mecanismo de correção», que integra os artigos 72.º-B a 72.º-D.
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Artigo 5.º
Norma repristinatória
É repristinado o artigo 79.º da Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto, na sua redação originária, para ser
integrado no texto atual da lei de enquadramento orçamental como artigo 94.º.
Artigo 6.º
Republicação
É republicada, em anexo à presente lei, da qual faz parte integrante, a Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto,
com a redação atual.
Artigo 7.º
Entrada em vigor
A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
Aprovado em 19 de abril de 2013.
A Presidente da Assembleia da República, Maria da Assunção A. Esteves.
ANEXO
Republicação da Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto
(lei de enquadramento orçamental)
TÍTULO I
Objeto, âmbito e valor da lei
Artigo 1.º
Objeto
A presente lei estabelece:
a) As disposições gerais e comuns de enquadramento dos orçamentos e contas de todo o setor público
administrativo;
b) As regras e os procedimentos relativos à organização, elaboração, apresentação, discussão, votação,
alteração e execução do Orçamento do Estado, incluindo o da segurança social, e a correspondente
fiscalização e responsabilidade orçamental;
c) As regras relativas à organização, elaboração, apresentação, discussão e votação das contas do
Estado, incluindo a da segurança social.
Artigo 2.º
Âmbito
1 - A presente lei aplica-se ao Orçamento do Estado, que abrange, dentro do setor público administrativo,
os orçamentos do subsetor da administração central, incluindo os serviços e organismos que não dispõem de
autonomia administrativa e financeira, os serviços e fundos autónomos e a segurança social, bem como às
correspondentes contas.
2 - Os serviços do Estado que não disponham de autonomia administrativa e financeira são designados,
para efeitos da presente lei, por serviços integrados.
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3 - São serviços e fundos autónomos os que satisfaçam, cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) Não tenham natureza e forma de empresa, fundação ou associação públicas, mesmo se submetidos ao
regime de qualquer destas por outro diploma;
b) Tenham autonomia administrativa e financeira;
c) Disponham de receitas próprias para cobertura das suas despesas, nos termos da lei.
4 - Dentro do setor público administrativo, entende-se por «subsetor da segurança social» o sistema de
solidariedade e segurança social, constituído pelo conjunto dos subsistemas definidos na respetiva lei de
bases, as respetivas fontes de financiamento e os organismos responsáveis pela sua gestão.
5 - Para efeitos da presente lei, consideram-se integradas no setor público administrativo, como serviços e
fundos autónomos, nos respetivos subsetores da administração central, regional e local e da segurança social,
as entidades que, independentemente da sua natureza e forma, tenham sido incluídas em cada subsetor no
âmbito do Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais, nas últimas contas setoriais publicadas pela
autoridade estatística nacional, referentes ao ano anterior ao da apresentação do Orçamento.
6 - Sem prejuízo do princípio da independência orçamental estabelecido no n.º 2 do artigo 5.º, são
aplicáveis aos orçamentos dos subsetores regional e local os princípios e as regras contidos no título II, bem
como, com as devidas adaptações, o disposto no artigo 17.º, devendo as respetivas leis de enquadramento
conter as normas adequadas para o efeito.
Artigo 3.º
Valor reforçado
O disposto na presente lei prevalece, nos termos do n.º 3 do artigo 112.º da Constituição, sobre todas as
normas que estabeleçam regimes orçamentais particulares que a contrariem.
TÍTULO II
Princípios e regras orçamentais
Artigo 4.º
Anualidade e plurianualidade
1 - Os orçamentos dos organismos do setor público administrativo são anuais.
2 - A elaboração dos orçamentos é enquadrada num quadro plurianual de programação orçamental, que
tem em conta os princípios estabelecidos na presente lei e as obrigações referidas no artigo 17.º
3 - Os orçamentos integram os programas, medidas e projetos ou atividades que implicam encargos
plurianuais, os quais evidenciam a despesa total prevista para cada um, as parcelas desses encargos relativas
ao ano em causa e, com caráter indicativo, a, pelo menos, cada um dos três anos seguintes.
4 - O ano económico coincide com o ano civil.
5 - O disposto no número anterior não prejudica a possibilidade de existir um período complementar de
execução orçamental, nos termos previstos na lei.
Artigo 5.º
Unidade e universalidade
1 - O Orçamento do Estado é unitário e compreende todas as receitas e despesas dos serviços integrados,
dos serviços e fundos autónomos e do sistema de segurança social.
2 - Os orçamentos das regiões autónomas e das autarquias locais são independentes do Orçamento do
Estado e compreendem todas as receitas e despesas das administrações, regional e local, incluindo as de
todos os seus serviços e fundos autónomos.
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3 - O Orçamento do Estado e os orçamentos das regiões autónomas e das autarquias locais devem
apresentar, nos termos do artigo 32.º, o total das responsabilidades financeiras resultantes de compromissos
plurianuais, cuja natureza impeça a contabilização direta do respetivo montante total no ano em que os
compromissos são assumidos ou os bens em causa postos à disposição do Estado.
Artigo 6.º
Não compensação
1 - Todas as receitas são previstas pela importância integral em que foram avaliadas, sem dedução alguma
para encargos de cobrança ou de qualquer outra natureza.
2 - A importância integral das receitas tributárias corresponde à previsão dos montantes que, depois de
abatidas as estimativas das receitas cessantes em virtude de benefícios tributários e os montantes estimados
para reembolsos e restituições, serão efetivamente cobrados.
3 - Todas as despesas são inscritas pela sua importância integral, sem dedução de qualquer espécie.
4 - (Revogado).
5 - O disposto nos n.os
1 e 3 não se aplica aos ativos financeiros.
6 - As operações de gestão da dívida pública direta do Estado são inscritas nos correspondentes
orçamentos que integram o Orçamento do Estado nos seguintes termos:
a) As despesas decorrentes de operações de derivados financeiros são deduzidas das receitas obtidas
com as mesmas operações, sendo o respetivo saldo sempre inscrito em rubrica da despesa;
b) As receitas de juros resultantes de operações associadas à emissão e gestão da dívida pública direta do
Estado e ou à gestão da Tesouraria do Estado são abatidas às despesas da mesma natureza;
c) As receitas de juros resultantes das operações associadas à aplicação dos excedentes de Tesouraria
do Estado, assim como as associadas aos adiantamentos de tesouraria, são abatidas às despesas com juros
da dívida pública direta do Estado.
7 - O disposto nas alíneas do número anterior não dispensa o registo contabilístico individualizado de todos
os fluxos financeiros, ainda que meramente escriturais, associados às operações nelas referidas, nem a
apresentação de todos eles na Conta Geral do Estado.
8 - A inscrição orçamental dos fluxos financeiros decorrentes de operações associadas à gestão da carteira
de ativos dos fundos sob administração do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança
Social, IP, é efetuada de acordo com as seguintes regras:
a) As receitas obtidas em operações de derivados financeiros são deduzidas das despesas decorrentes
das mesmas operações, sendo o respetivo saldo sempre inscrito em rubrica de receita;
b) Os juros corridos recebidos nas vendas de valores representativos de dívida são deduzidos dos juros
corridos pagos na aquisição do mesmo género de valores, sendo o respetivo saldo sempre inscrito em rubrica
de receita.
Artigo 7.º
Não consignação
1 - Não pode afetar-se o produto de quaisquer receitas à cobertura de determinadas despesas.
2 - Excetuam-se do disposto no número anterior:
a) As receitas das reprivatizações;
b) As receitas relativas aos recursos próprios comunitários tradicionais;
c) As receitas afetas ao financiamento da segurança social e dos seus diferentes subsistemas, nos termos
legais;
d) As receitas que correspondam a transferências provenientes da União Europeia, de organizações
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internacionais ou de orçamentos de outras instituições do setor público administrativo que se destinem a
financiar, total ou parcialmente, determinadas despesas;
e) As receitas que correspondam a subsídios, donativos ou legados de particulares, que, por vontade
destes, devam ser afetados à cobertura de determinadas despesas;
f) As receitas que sejam, por razão especial, afetadas a determinadas despesas por expressa estatuição
legal ou contratual;
g) (Revogada).
3 - As normas que, nos termos da alínea f) do número anterior, consignem receitas a determinadas
despesas têm caráter excecional e temporário, em termos a definir em legislação complementar.
Artigo 8.º
Especificação
1 - As receitas previstas devem ser suficientemente especificadas de acordo com uma classificação
económica.
2 - As despesas são fixadas de acordo com uma classificação orgânica, económica e funcional, podendo
os níveis mais desagregados de especificação constar apenas dos desenvolvimentos, nos termos da presente
lei.
3 - As despesas são ainda estruturadas por programas.
4 - A especificação das receitas cessantes em virtude de benefícios fiscais é efetuada de acordo com os
códigos de classificação económica das receitas.
5 - No orçamento do Ministério das Finanças será inscrita uma dotação provisional destinada a fazer face a
despesas não previsíveis e inadiáveis.
6 - São nulos os créditos orçamentais que possibilitem a existência de dotações para utilização confidencial
ou para fundos secretos, sem prejuízo dos regimes especiais legalmente previstos de utilização de verbas que
excecionalmente se justifiquem por razões de segurança nacional, autorizados pela Assembleia da República,
sob proposta do Governo.
7 - A estrutura dos códigos da classificação económica das receitas e das classificações económica e
funcional das despesas é definida por decreto-lei, podendo a especificação desagregada do terceiro nível de
detalhe ser definida por portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças.
Artigo 9.º
Equilíbrio
1 - Os orçamentos dos organismos do setor público administrativo preveem as receitas necessárias para
cobrir todas as despesas, sem prejuízo do disposto nos artigos 23.º, 25.º e 28.º.
2 - As receitas e as despesas efetivas são as que alteram definitivamente o património financeiro líquido.
3 - O património financeiro líquido é constituído pelos ativos financeiros detidos, nomeadamente pelas
disponibilidades, pelos depósitos, pelos títulos, pelas ações e por outros valores mobiliários, subtraídos dos
passivos financeiros.
4 - A diferença entre as receitas efetivas e as despesas efetivas corresponde ao saldo global.
5 - A diferença entre as receitas efetivas e as despesas efetivas, deduzidas dos encargos com os juros da
dívida, corresponde ao saldo primário
Artigo 10.º
Equidade intergeracional
1 - O Orçamento do Estado subordina-se ao princípio da equidade na distribuição de benefícios e custos
entre gerações.
2 - A apreciação da equidade intergeracional incluirá necessariamente a incidência orçamental:
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a) Das medidas e ações incluídas no mapa XVII;
b) Do investimento público;
c) Do investimento em capacitação humana, cofinanciado pelo Estado;
d) Dos encargos com a dívida pública;
e) Das necessidades de financiamento do setor empresarial do Estado;
f) Das pensões de reforma ou de outro tipo.
Artigo 10.º-A
Estabilidade orçamental
1 - Os subsetores que constituem o setor público administrativo, bem como os organismos e entidades que
os integram, estão sujeitos, na aprovação e execução dos seus orçamentos, ao princípio da estabilidade
orçamental.
2 - A estabilidade orçamental consiste numa situação de equilíbrio ou excedente orçamental, calculada de
acordo com a definição constante do Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais, nas condições
estabelecidas para cada um dos subsetores.
Artigo 10.º-B
Solidariedade recíproca
1 - A aprovação e a execução dos orçamentos dos subsetores a que se refere o n.º 1 do artigo anterior
estão sujeitas ao princípio da solidariedade recíproca.
2 - O princípio da solidariedade recíproca obriga todos os subsetores, através dos seus organismos, a
contribuírem proporcionalmente para a realização do princípio da estabilidade orçamental de modo a evitar
situações de desigualdade.
3 - As medidas que venham a ser implementadas no âmbito do presente artigo devem constar da síntese
de execução orçamental do mês a que respeitam.
Artigo 10.º-C
Transparência orçamental
1 - A aprovação e a execução dos orçamentos dos subsetores a que se refere o n.º 1 do artigo 10.º-A estão
sujeitas ao princípio da transparência orçamental.
2 - O princípio da transparência implica a existência de um dever de informação entre todas as entidades
públicas.
3 - O princípio da transparência implica, designadamente, o dever de fornecimento de informação à
entidade encarregada de monitorar a execução orçamental, nos termos e prazos a definir no decreto-lei de
execução orçamental.
Artigo 10.º-D
Princípio da sustentabilidade
1 - Os subsetores que constituem as administrações públicas, bem como os organismos e entidades que
os integram estão sujeitos ao princípio da sustentabilidade.
2 - Entende-se por sustentabilidade a capacidade de financiar todos os compromissos, assumidos ou a
assumir, com respeito pela regra do saldo orçamental estrutural e pelo limite da dívida pública, conforme
previsto na presente lei e na legislação europeia.
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Artigo 10.º-E
Princípio da economia, eficiência e eficácia
1 - A assunção de compromissos e a realização de despesa pelas entidades pertencentes aos subsetores
que constituem as administrações públicas estão sujeitas ao princípio da economia, eficiência e eficácia.
2 - A economia, eficiência e eficácia consistem na utilização do mínimo de recursos que assegurem os
adequados padrões de qualidade do serviço público, na promoção do acréscimo de produtividade pelo alcance
de resultados semelhantes com menor despesa e na utilização dos recursos mais adequados para atingir o
resultado que se pretende alcançar.
Artigo 10.º-F
Princípio da responsabilidade
1 - Os subsetores que constituem as administrações públicas estão vinculados ao cumprimento dos
compromissos assumidos por Portugal nos termos da legislação europeia.
2 - Cada um dos subsetores que constituem as administrações públicas é responsável pelos compromissos
por si assumidos.
3 - Nas situações legalmente previstas pode uma entidade de um dos subsetores que constituem as
administrações públicas assumir ou garantir compromissos assumidos por outra entidade pertencente a outro
subsetor.
Artigo 10.º-G
Limite da dívida pública
1 - Quando a relação entre a dívida pública e o produto interno bruto (PIB) exceder o valor de referência de
60%, o Governo está obrigado a reduzir o montante da dívida pública, na parte em excesso, a uma taxa de um
vigésimo por ano, como padrão de referência, tal como previsto no artigo 2.º do Regulamento (CE) n.º
1467/97, do Conselho, de 7 de julho, relativo à aceleração e clarificação da aplicação do procedimento relativo
aos défices excessivos, com a redação que lhe foi dada pelo Regulamento (UE) n.º 1177/2011, do Conselho,
de 8 de novembro.
2 - Para efeitos de determinação do valor da redução na dívida é considerada a influência do ciclo
económico, nos termos do Regulamento (UE) n.º 1177/2011, do Conselho, de 8 de novembro.
3 - A variação anual da dívida pública é corrigida dos efeitos decorrentes da alteração do perímetro das
administrações públicas efetuada pelas autoridades estatísticas, nos termos do n.º 5 do artigo 2.º.
Artigo 11.º
Instrumentos de gestão
1 - Os organismos do setor público administrativo ficam sujeitos ao Plano Oficial de Contabilidade Pública,
podendo ainda dispor de outros instrumentos necessários à boa gestão e ao controlo dos dinheiros e outros
ativos públicos, nos termos previstos na lei.
2 - Todos os serviços e fundos autónomos que ainda não apliquem o Plano Oficial de Contabilidade Pública
ou outro plano de substituição ficam sujeitos à disciplina financeira dos serviços integrados, sendo a estes
equiparados para todos os efeitos, sem prejuízo do regime especial de autonomia administrativa e financeira
que decorra de imperativo constitucional, da sua integração nas áreas do Serviço Nacional de Saúde, da
regulação e supervisão, bem como do facto de se tratar de organismos especialmente competentes para a
gestão dos fundos comunitários que tenham a autonomia indispensável à sua gestão.
3 - O disposto nos números anteriores não abrange as entidades que aplicam o sistema de normalização
contabilística ou que elaborem as suas contas em conformidade com as normas internacionais de
contabilidade.
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Artigo 12.º
Publicidade
1 - O Governo assegura a publicação de todos os documentos que se revelem necessários para assegurar
a adequada divulgação e transparência do Orçamento do Estado e da sua execução, recorrendo, sempre que
possível, aos mais avançados meios de comunicação existentes em cada momento.
2 - A obrigação prevista no número anterior é assegurada nas regiões autónomas e nas autarquias locais
pelos respetivos governos regionais e câmaras municipais.
Artigo 12.º-A
Endividamento das regiões autónomas e das autarquias locais
1 - As regiões autónomas não podem endividar-se para além dos valores inscritos no Orçamento do
Estado, nos termos das respetivas leis de financiamento, sem prejuízo do disposto no artigo 87.º.
2 - As autarquias locais só podem endividar-se nos termos das suas leis de financiamento, sem prejuízo do
disposto no artigo 87.º.
3 - O aumento do endividamento em violação dos números anteriores origina uma redução das
transferências do Orçamento do Estado devidas nos anos subsequentes, de acordo com os critérios
estabelecidos nas respetivas leis de financiamento.
TÍTULO II-A
Processo orçamental
Artigo 12.º-B
Programa de Estabilidade e Crescimento
1 - O processo orçamental inicia-se com a revisão anual do Programa de Estabilidade e Crescimento,
elaborada pelo Governo e efetuada de acordo com a regulamentação comunitária.
2 - O Programa de Estabilidade e Crescimento especifica as medidas de política económica e orçamental,
apresentando de forma suficiente os seus efeitos financeiros, devidamente justificados, e o respetivo
calendário de execução.
3 - A revisão anual do Programa de Estabilidade e Crescimento inclui um projeto de atualização do quadro
plurianual de programação orçamental, a que se refere o artigo 12.º-D, para os quatro anos seguintes.
4 - A Assembleia da República procede à apreciação do Programa de Estabilidade e Crescimento no prazo
de 10 dias úteis a contar da data da sua apresentação, pelo Governo.
5 - O Governo envia à Assembleia da República a revisão final do Programa de Estabilidade e Crescimento
antes de o entregar definitivamente ao Conselho Europeu e à Comissão Europeia.
6 - O disposto nos n.os
3 e 4 não prejudica a necessária aprovação do quadro plurianual de programação
orçamental nos termos do artigo 12.º-D.
Artigo 12.º-C
Regra do saldo orçamental estrutural
1- O objetivo orçamental de médio prazo é o definido no âmbito e de acordo com o Pacto de Estabilidade e
Crescimento.
2- A trajetória de convergência anual para alcançar o objetivo de médio prazo consta do Programa de
Estabilidade e Crescimento.
3- O saldo estrutural, que corresponde ao saldo orçamental das administrações públicas, definido de
acordo com o Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais, corrigido dos efeitos cíclicos e líquido de
medidas extraordinárias e temporárias, não pode ser inferior ao objetivo anualmente fixado no Programa de
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Estabilidade e Crescimento.
4- A metodologia para o apuramento do saldo estrutural é a definida no âmbito e de acordo com o Pacto
de Estabilidade e Crescimento.
5- Sempre que a relação entre a dívida pública e o PIB a preços de mercado for significativamente inferior
a 60% e os riscos para a sustentabilidade a longo prazo das finanças públicas forem reduzidos, o limite para o
objetivo de médio prazo pode atingir um défice estrutural de, no máximo, 1% do PIB.
6- Enquanto não for atingido o objetivo de médio prazo, o ajustamento anual do saldo estrutural não pode
ser inferior a 0,5% do PIB e a taxa de crescimento da despesa pública, líquida de medidas extraordinárias,
temporárias ou discricionárias do lado da receita, não pode ser superior à taxa de referência de médio prazo
de crescimento do PIB potencial, conforme definido no Pacto de Estabilidade e Crescimento.
7- Enquanto não for atingido o objetivo de médio prazo, as reduções discricionárias de elementos das
receitas públicas devem ser compensadas por reduções da despesa, por aumentos discricionários de outros
elementos das receitas públicas ou por ambos, conforme definido no Pacto de Estabilidade e Crescimento.
8- Para efeitos do disposto nos números anteriores, o agregado da despesa deve excluir as despesas com
juros, as despesas relativas a programas da União Europeia e as alterações não discricionárias nas despesas
com subsídios de desemprego.
9- Para efeitos do disposto nos números anteriores, o excedente do crescimento da despesa em relação à
referência de médio prazo não é considerado um incumprimento do valor de referência na medida em que seja
totalmente compensado por aumentos de receita impostos por lei.
10- A intensidade do ajustamento referido nos números anteriores tem em conta a posição cíclica da
economia.
Artigo 12.º-D
Quadro plurianual de programação orçamental
1 - O Governo apresenta à Assembleia da República, de harmonia com as Grandes Opções do Plano, uma
proposta de lei com o quadro plurianual de programação orçamental, o qual contém, nomeadamente:
a) Uma descrição das políticas previstas a médio prazo com impacto nas finanças das administrações
públicas, distribuídas pelas rubricas mais relevantes em termos de despesas e receitas, revelando a forma
como é realizado o ajustamento aos objetivos orçamentais a médio prazo em comparação com as projeções
baseadas em políticas que não sofreram alterações;
b) Uma avaliação do modo como, atendendo ao seu impacto direto a longo prazo sobre as finanças das
administrações públicas, as políticas previstas poderão afetar a sustentabilidade a longo prazo das finanças
públicas.
2 - A proposta referida no número anterior deve ser apresentada e debatida simultaneamente com a
primeira proposta de lei do Orçamento do Estado apresentada após tomada de posse do Governo.
3 - O quadro plurianual de programação orçamental é atualizado anualmente, para os quatro anos
seguintes, na lei do Orçamento do Estado, em consonância com os objetivos estabelecidos no Programa de
Estabilidade e Crescimento a que se refere o artigo 12.º-B.
4 - O quadro plurianual de programação orçamental define os limites da despesa da administração central
financiada por receitas gerais, em consonância com os objetivos estabelecidos no Programa de Estabilidade e
Crescimento.
5 - O quadro plurianual de programação orçamental define ainda os limites de despesa para cada programa
orçamental, para cada agrupamento de programas e para o conjunto de todos os programas, os quais são
vinculativos, respetivamente, para o primeiro, para o segundo e para os terceiro e quarto anos económicos
seguintes.
6 - O quadro plurianual de programação orçamental contém, também, as projeções de receitas gerais e
próprias dos organismos da administração central e do subsetor da segurança social para os quatro anos
seguintes.
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7 - As leis de programação financeira e as transferências efetuadas no âmbito da lei de financiamento da
segurança social ficam sujeitas aos limites resultantes da aplicação dos n.os
4 e 5.
8 - As despesas relativas a transferências resultantes da aplicação das leis de financiamento das regiões
autónomas e das autarquias locais, as transferências para a União Europeia e os encargos com a dívida
pública estão apenas sujeitos aos limites que resultam da aplicação do n.º 4.
9 - Os saldos apurados em cada ano nos programas orçamentais e o respetivo financiamento,
nomeadamente as autorizações de endividamento, podem transitar para os anos seguintes, de acordo com
regras a definir pelo Governo.
10 - A dotação provisional prevista no n.º 5 do artigo 8.º concorre para os limites a que se refere o n.º 4 e
pode destinar-se a despesas de qualquer programa.
11 - O desvio aos limites e previsões referidos no presente artigo, ou a alteração do quadro plurianual de
programação orçamental que modifique os valores dos referidos limites e previsões, são objeto de
comunicação por parte do Governo à Assembleia da República.
Artigo 12.º-E
Prazos de apresentação da proposta de lei do Orçamento do Estado
1 - O Governo apresenta à Assembleia da República, até 15 de outubro de cada ano, a proposta de lei do
Orçamento do Estado para o ano económico seguinte, acompanhada por todos os elementos a que se
referem os artigos 35.º a 37.º
2 - O prazo a que se refere o número anterior não se aplica nos casos em que:
a) O Governo em funções se encontre demitido em 15 de outubro;
b) A tomada de posse do novo Governo ocorra entre 15 de julho e 14 de outubro;
c) O termo da legislatura ocorra entre 15 de outubro e 31 de dezembro.
3 - Nos casos previstos no número anterior, a proposta de lei do Orçamento do Estado para o ano
económico seguinte, acompanhada pelos elementos a que se referem os artigos 35.º a 37.º, é apresentada,
pelo Governo, à Assembleia da República, no prazo de três meses a contar da data da sua posse.
Artigo 12.º-F
Discussão e votação
1 - A proposta de lei do Orçamento do Estado é discutida e votada nos termos do disposto na Constituição,
na presente lei e no Regimento da Assembleia da República.
2 - A votação da proposta de lei do Orçamento do Estado realiza-se no prazo de 45 dias após a data da
sua admissão pela Assembleia da República.
3 - O Plenário da Assembleia da República discute e vota, na generalidade, a proposta de lei do Orçamento
do Estado, nos termos e nos prazos estabelecidos no Regimento da Assembleia da República.
4 - O Plenário da Assembleia da República discute na especialidade a proposta de lei do Orçamento do
Estado, nos termos e prazos estabelecidos no Regimento da Assembleia da República.
5 - Com exceção das matérias votadas na especialidade pelo Plenário nos termos do n.º 4 do artigo 168.º
da Constituição, a votação na especialidade da proposta de lei do Orçamento do Estado decorre na comissão
parlamentar competente em matéria de apreciação da proposta de lei do Orçamento e tem por objeto o
articulado e os mapas orçamentais constantes daquela proposta de lei.
6 - Quaisquer matérias compreendidas na fase de votação na especialidade da proposta de lei do
Orçamento do Estado podem ser objeto de avocação pelo Plenário da Assembleia da República, nos termos
previstos no respetivo Regimento.
7 - No âmbito do exame e da discussão da proposta de lei do Orçamento do Estado, a Assembleia da
República pode realizar quaisquer audições nos termos gerais.
8 - Para efeitos do disposto no número anterior, pode, designadamente, a Assembleia da República
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convocar diretamente, a solicitação da comissão especializada permanente competente em matéria
orçamental, as entidades que não estejam submetidas ao poder de direção do Governo e cujo depoimento
considere relevante para o cabal esclarecimento da matéria em apreço.
Artigo 12.º-G
Publicação do conteúdo integral do Orçamento
O Governo assegura a publicação anual do conteúdo integral do Orçamento do Estado até ao final do
segundo mês após a entrada em vigor da lei do Orçamento do Estado.
Artigo 12.º-H
Prorrogação da vigência da lei do Orçamento
1 - A vigência da lei do Orçamento do Estado é prorrogada quando se verifique:
a) A rejeição da proposta de lei do Orçamento do Estado;
b) A tomada de posse do novo Governo, se esta tiver ocorrido entre 1 de julho e 30 de setembro;
c) A caducidade da proposta de lei do Orçamento do Estado em virtude da demissão do Governo
proponente ou de o Governo anterior não ter apresentado qualquer proposta;
d) A não votação parlamentar da proposta de lei do Orçamento do Estado.
2 - A prorrogação da vigência da lei do Orçamento do Estado abrange o respetivo articulado e os
correspondentes mapas orçamentais, bem como os seus desenvolvimentos e os decretos-leis de execução
orçamental.
3 - A prorrogação da vigência da lei do Orçamento do Estado não abrange:
a) As autorizações legislativas contidas no seu articulado que, de acordo com a Constituição ou os termos
em que foram concedidas, devam caducar no final do ano económico a que respeitava a lei;
b) A autorização para a cobrança das receitas cujos regimes se destinavam a vigorar apenas até ao final
do ano económico a que respeitava a lei;
c) A autorização para a realização das despesas relativas a serviços, programas e medidas plurianuais
que devam extinguir-se até ao final do ano económico a que respeitava aquela lei.
4 - Durante o período transitório em que se mantiver a prorrogação da vigência da lei do Orçamento do
Estado respeitante ao ano anterior, a execução do orçamento das despesas obedece ao princípio da utilização
por duodécimos das verbas fixadas nos mapas orçamentais que as especificam, de acordo com a
classificação orgânica, sem prejuízo das exceções previstas na alínea a) do n.º 5 do artigo 43.º.
5 - Durante o período transitório em que se mantiver a prorrogação da vigência da lei do Orçamento do
Estado respeitante ao ano anterior, o Governo e os serviços e fundos autónomos podem:
a) Emitir dívida pública fundada, nos termos previstos na respetiva legislação;
b) Conceder empréstimos e realizar outras operações ativas de crédito, até ao limite de um duodécimo do
montante máximo autorizado pela lei do Orçamento em cada mês em que ela vigore transitoriamente;
c) Conceder garantias pessoais, nos termos previstos na respetiva legislação.
6 - As operações de receita e de despesa executadas ao abrigo do regime transitório são imputadas às
contas respeitantes ao novo ano económico iniciado em 1 de janeiro.
7 - Para efeitos do disposto no número anterior, os decretos-leis de execução das leis do Orçamento do
Estado que entrem em vigor com atraso estabelecem os procedimentos a adotar nos casos em que nestas
deixem de constar dotações ou sejam modificadas designações de rubricas existentes no Orçamento anterior
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e por conta das quais tenham sido efetuadas despesas durante o período transitório.
8 - Durante o período transitório em que se mantiver a prorrogação da vigência da lei do Orçamento
respeitante ao ano anterior, o Governo pode aprovar, por decreto-lei, as normas de execução orçamental
necessárias para disciplinar a aplicação do regime estabelecido no presente capítulo.
Artigo 12.º-I
Conselho das finanças públicas
1 - É criado um órgão independente, o conselho das finanças públicas, cuja missão consiste em
pronunciar-se sobre os objetivos propostos relativamente aos cenários macroeconómico e orçamental, à
sustentabilidade de longo prazo das finanças públicas e ao cumprimento da regra sobre o saldo orçamental,
prevista no artigo 12.º-C, da regra da despesa da administração central, prevista no artigo 12.º-D, e das regras
de endividamento das regiões autónomas e das autarquias locais previstas nas respetivas leis de
financiamento.
2 - O conselho deve integrar personalidades de reconhecido mérito, com experiência nas áreas económica
e de finanças públicas.
3 - A composição, as competências, a organização e o funcionamento do conselho, bem como o estatuto
dos respetivos membros, são definidos por lei.
TÍTULO III
Conteúdo e estrutura do Orçamento do Estado
CAPÍTULO I
Conteúdo e estrutura
Artigo 13.º
Conteúdo formal e estrutura
1 - O Orçamento do Estado contém, relativamente ao período a que respeita, as dotações das despesas e
as previsões das receitas relativas aos organismos referidos no n.º 1 do artigo 2.º, devidamente quantificadas,
bem como as estimativas das receitas cessantes em virtude de benefícios tributários.
2 - As dotações, previsões e estimativas referidas no número anterior formam, respetivamente, o
orçamento do subsetor dos serviços integrados, adiante designado por orçamento dos serviços integrados, o
orçamento do subsetor dos serviços e fundos autónomos, incluindo os dos vários serviços e fundos, adiante
designado por orçamento dos serviços e fundos autónomos, e o orçamento do sistema de solidariedade e
segurança social, adiante designado por orçamento da segurança social.
Artigo 14.º
Harmonização com os planos
O Orçamento do Estado é desenvolvido de harmonia com as Grandes Opções e demais planos elaborados
nos termos e para os efeitos previstos no título II da parte II da Constituição da República Portuguesa,
designadamente mediante a gestão por objetivos a que se refere o artigo seguinte.
Artigo 15.º
Gestão por objetivos
1 - Os orçamentos e contas dos organismos a que se refere o n.º 1 do artigo 2.º devem ser objeto de uma
sistematização por objetivos, compatibilizada com os objetivos previstos nas Grandes Opções do Plano,
considerando a definição das atividades a desenvolver por cada organismo e respetivos centros de custos e
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tendo em conta a totalidade dos recursos envolvidos, incluindo os de capital, visando fundamentar as decisões
sobre a reorientação e o controlo da despesa pública:
a) No conhecimento da missão, objetivos e estratégia do organismo;
b) Na correta articulação de cada área de atividade em relação aos objetivos;
c) Na responsabilização dos agentes empenhados na gestão das atividades pela concretização dos
objetivos e bom uso dos recursos que lhes estão afetos;
d) Na identificação de atividades redundantes na cadeia de valor do organismo a justificada reafectação
dos recursos nelas consumidos.
2 - Os desenvolvimentos orçamentais referidos no n.º 1 obedecem à estruturação por programas prevista
na presente lei.
Artigo 16.º
Despesas obrigatórias
1 - No Orçamento do Estado serão inscritas obrigatoriamente:
a) As dotações necessárias para o cumprimento das obrigações decorrentes de lei ou de contrato;
b) As dotações destinadas ao pagamento de encargos resultantes de sentenças de quaisquer tribunais;
c) Outras dotações determinadas por lei.
2 - As dotações correspondentes a despesas obrigatórias de montante certo, conhecidas à data da
apresentação da proposta de lei do Orçamento do Estado, serão devidamente evidenciadas nessa proposta.
Artigo 16.º-A
Financiamento do Estado
1 - Para fazer face às necessidades de financiamento decorrentes da sua execução, incluindo os serviços e
fundos autónomos, o Orçamento do Estado estabelece a variação máxima do endividamento líquido global
direto do Estado.
2 - Em acréscimo à variação máxima do endividamento líquido global direto referida no número anterior, o
Estado pode financiar-se antecipadamente até ao limite de 50% das amortizações previstas de dívida pública
fundada a realizar no ano orçamental subsequente.
3 - Caso seja efetuado financiamento antecipado num determinado ano orçamental, o limite de
endividamento do ano subsequente é reduzido pelo financiamento antecipado efetuado, mas pode ser
aumentado até 50% das amortizações de dívida pública fundada a realizar no ano orçamental subsequente.
Artigo 17.º
Vinculações externas
Os orçamentos que integram o Orçamento do Estado são elaborados, aprovados e executados por forma
que:
a) Contenham as dotações necessárias para a realização das despesas obrigatórias a que se refere o
artigo anterior;
b) Respeitem as obrigações decorrentes do Tratado da União Europeia;
c) Tenham em conta as grandes opções em matéria de planeamento e a programação financeira
plurianual elaborada pelo Governo
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SECÇÃO I
Orçamento por programas
Artigo 18.º
Regime
1 - Sem prejuízo da sua especificação de acordo com as classificações orgânica, funcional e económica, as
despesas inscritas nos orçamentos que integram o Orçamento do Estado estruturam-se por programas, nos
termos previstos na presente lei.
2 - Revogado.
3 - Revogado.
Artigo 19.º
Programas orçamentais
1 - O programa orçamental inclui as despesas correspondentes a um conjunto de medidas que concorrem,
de forma articulada e complementar, para a concretização de um ou vários objetivos específicos, relativos a
uma ou mais políticas públicas, dele fazendo necessariamente parte integrante um conjunto de indicadores
que permitam avaliar a economia, a eficiência e a eficácia da sua realização.
2 - A avaliação da economia, da eficiência e da eficácia de programas com recurso a parcerias dos setores
público e privado tomará como base um programa alternativo visando a obtenção dos mesmos objetivos com
exclusão de financiamentos ou de exploração a cargo de entidades privadas, devendo incluir, sempre que
possível, a estimativa da sua incidência orçamental líquida.
3 - O Governo define agrupamentos de programas de acordo com as respetivas áreas de atuação.
4 - O programa orçamental pode ser executado por uma ou várias entidades pertencentes:
a) Ao mesmo título;
b) Ao mesmo ou a diferentes subsetores da administração central.
5 - Cada programa orçamental divide-se em medidas, podendo existir programas com uma única medida.
6 - Os programas orçamentais com financiamento comunitário devem identificar os programas comunitários
que lhes estão associados.
Artigo 20.º
Medidas
1 - A medida compreende despesas de um programa orçamental correspondente a projetos ou atividades,
bem especificados e caracterizados, que se articulam e complementam entre si e concorrem para a
concretização dos objetivos do programa em que se inserem.
2 - A medida pode ser executada por uma ou várias entidades pertencentes ao mesmo ou a diferentes
subsetores da administração central.
3 - Cada medida divide-se em projetos ou atividades, podendo existir medidas com um único projeto ou
atividade.
4 - O projeto ou atividade correspondem a unidades básicas de realização da medida, com orçamento e
calendarização rigorosamente definidos.
5 - As medidas, projetos ou atividades podem ser criados no decurso da execução do Orçamento do
Estado.
6 - As alterações decorrentes da criação de medidas, nos termos do número anterior, devem constar
expressamente do relatório informativo sobre a execução orçamental a publicar mensalmente.
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Artigo 21.º
Legislação complementar
As regras relativas ao modo e à forma de definição concreta dos programas e medidas a inscrever no
Orçamento do Estado e das respetivas estruturas, bem como à sua especificação nos desenvolvimentos
orçamentais e à respetiva execução, serão estabelecidas por decreto-lei.
SECÇÃO II
Orçamentação de base zero
Artigo 21.º-A
Processo de orçamentação de base zero
1 - Sem prejuízo dos princípios e das regras orçamentais constantes da presente lei de enquadramento
orçamental, a organização e a elaboração do Orçamento do Estado comporta os seguintes procedimentos:
a) A sistematização de objetivos referida no n.º 1 do artigo 15.º obriga a que cada um dos organismos a
que se refere o n.º 1 do artigo 2.º justifique detalhadamente todas as dotações de despesa que pretende
inscrever no orçamento, com base na análise de custo de estrutura e de cada uma das atividades que
pretende desenvolver;
b) Obrigatoriedade de indicação de alternativas para a concretização de cada uma das atividades a
desenvolver;
c) Análise das propostas de despesa e das alternativas apresentadas, em função do seu enquadramento
nas atividades programadas;
d) Avaliação e decisão sobre as propostas e as alternativas apresentadas.
2 - As regras previstas no número anterior devem preferencialmente ser aplicadas na organização e na
elaboração do segundo ou terceiro Orçamento do Estado após o início de uma nova legislatura.
3 - Compete ao Governo, mediante proposta do Ministro das Finanças, definir quais os organismos e
programas incluídos no processo de orçamentação de base zero, com prioridade para os programas
orçamentais em situação de défice orçamental.
Artigo 21.º-B
Análise e avaliação da orçamentação de base zero
1 - A análise das propostas e das alternativas apresentadas pelos organismos e serviços integrados em
ministérios será feita no âmbito do respetivo Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações
Internacionais ou pela Direção-Geral do Orçamento.
2 - A análise das propostas e das alternativas apresentadas pelos restantes organismos e serviços será
feita pelo Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais, do Ministério das
Finanças e da Administração Pública, ou pela Direção-Geral do Orçamento.
3 - A avaliação das propostas e das alternativas engloba poderes de correção de deficiências ou excessos
de orçamentação, com fundamento no critério da adequação dos meios aos fins definidos.
4 - Compete ao Ministro das Finanças, que pode delegar, efetuar a análise final das propostas e das
alternativas apresentadas pelos organismos referidos nos números anteriores.
Artigo 21.º-C
Aplicação da orçamentação de base zero às empresas públicas
1 - No âmbito dos poderes relativos ao exercício da função acionista nas empresas públicas, previstos no
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artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 558/99, de 17 de dezembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 300/2007, de 23 de
agosto, e pelas Leis n.os
64-A/2008, de 31 de dezembro, e 55-A/2010, de 31 de dezembro, o Governo incluirá
nas orientações estratégicas a necessidade de observância pelas empresas públicas do processo de
orçamentação de base zero na elaboração dos respetivos orçamentos, orientadas no sentido de contribuir
para o equilíbrio económico e financeiro do conjunto do setor público e para a obtenção de níveis adequados
de satisfação das necessidades da coletividade.
2 - Compete ao Ministro das Finanças e ao ministro responsável pelo respetivo setor, que podem delegar, a
verificação do cumprimento das orientações previstas no número anterior, podendo emitir diretivas para a sua
aplicação.
Artigo 21.º-D
Adoção da orçamentação de base zero pelos institutos públicos e pelas entidades públicas
empresariais
1 - No âmbito dos poderes de tutela e superintendência sobre os institutos públicos, elencados nos artigos
41.º e 42.º da Lei n.º 3/2004, de 15 de janeiro, na redação dada pela Lei n.º 64-A/2008, de 31 de dezembro, e
pelo Decreto-Lei n.º 5/2012, de 17 de janeiro, e dos poderes de tutela económica e financeira das entidades
públicas empresariais, elencados no artigo 29.º do Decreto-Lei n.º 558/99, de 17 de dezembro, alterado pelo
Decreto-Lei n.º 300/2007, de 23 de agosto, e pelas Leis n.os
64-A/2008, de 31 de dezembro, e 55-A/2010, de
31 de dezembro, o Governo aprovará:
a) As orientações estratégicas e as diretrizes necessárias para a observância pelos institutos públicos e
entidades públicas empresariais de orçamentação de base zero na elaboração dos respetivos orçamentos;
b) Os critérios a observar no processo tutelar de aprovação dos orçamentos dos institutos públicos para
avaliação da sua conformidade às orientações referidas na alínea anterior.
2 - Compete ao Ministro das Finanças e ao ministro responsável pelo respetivo setor, que podem delegar, a
verificação do cumprimento das orientações previstas no número anterior.
Artigo 21.º-E
Enquadramento orçamental da orçamentação de base zero
Para além dos elementos informativos referidos no artigo 37.º da presente lei de enquadramento
orçamental, nos anos em que o orçamento de base zero seja aplicado, o Governo deve incluir na proposta de
lei do Orçamento do Estado as informações relevantes relacionadas com a apresentação de cada programa
sujeito a esta regra orçamental.
SECÇÃO III
Orçamento dos serviços integrados
Artigo 22.º
Especificação
1 - A especificação das despesas do orçamento dos serviços integrados, de acordo com a classificação
orgânica, subordina-se aos critérios gerais previstos nos números seguintes.
2 - A classificação orgânica agrupa as despesas em títulos, divididos em capítulos, podendo estes dividir-se
em um ou mais níveis de desagregação, conforme se revele necessário para uma adequada especificação
das despesas.
3 - Sem prejuízo do disposto no número seguinte, cada título corresponde a um ministério, abrangendo as
secretarias de Estado e os serviços nele inseridos, nos termos da respetiva Lei Orgânica.
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4 - São inscritos em título próprio os encargos gerais do Estado correspondentes às despesas:
a) Dos órgãos de soberania que não disponham de autonomia administrativa e financeira, bem como dos
serviços e outros organismos seus dependentes;
b) Dos restantes serviços e outros organismos que não disponham de autonomia administrativa e
financeira não integrados em ministérios;
c) Das transferências para os orçamentos dos órgãos de soberania e outros organismos não integrados
em ministérios que disponham de autonomia administrativa e financeira;
d) Das transferências para os orçamentos das regiões autónomas;
e) Das transferências para as autarquias locais.
5 - Em cada capítulo são agrupadas todas as despesas que concorram para uma mesma finalidade e,
designadamente, as despesas de uma direção-geral, inspeção-geral ou serviço equivalente, incluindo as
despesas de todos os serviços que lhe estiverem subordinados.
6 - No mesmo capítulo podem agrupar-se as despesas de duas ou mais direções-gerais, inspeções-gerais
ou serviços equivalentes desde que os serviços em causa desenvolvam atividades afins.
7 - Em casos excecionais, devidamente justificados nos elementos complementares da proposta de lei do
Orçamento do Estado, podem ser inscritos na classificação orgânica capítulos especiais.
Artigo 23.º
Saldo primário dos serviços integrados
1 - Os serviços integrados têm de apresentar saldo primário positivo, salvo se a conjuntura do período a
que se refere o orçamento justificadamente o não permitir.
2 - Os relatórios da proposta de lei do Orçamento do Estado e da Conta Geral do Estado apresentam a
justificação a que se refere a parte final do número anterior.
3 - (Revogado).
SECÇÃO IV
Orçamento dos serviços e fundos autónomos
Artigo 24.º
Especificação
1 - No orçamento do subsetor dos serviços e fundos autónomos, incluindo o de cada um destes serviços e
fundos, as receitas e despesas especificam-se do seguinte modo:
a) As receitas globais do subsetor especificam-se de acordo com as classificações orgânica e económica;
b) As despesas globais do subsetor especificam-se de acordo com as classificações orgânica, económica
e funcional;
c) As receitas cessantes do subsetor, em virtude de benefícios tributários, especificam-se de acordo com a
classificação económica das receitas;
d) As receitas de cada serviço e fundo autónomo especificam-se de acordo com a classificação
económica;
e) As despesas de cada serviço e fundo autónomo especificam-se de acordo com as classificações
económica e funcional.
2 - No orçamento do subsetor dos serviços e fundos autónomos, incluindo o de cada um destes serviços e
fundos, as respetivas despesas estruturam-se ainda por programas, nos termos do disposto nos artigos 18.º a
21.º.
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Artigo 25.º
Equilíbrio
1 - O orçamento de cada serviço ou fundo autónomo é elaborado, aprovado e executado por forma a
apresentar saldo global nulo ou positivo.
2 - Para efeitos do cômputo do saldo referido no número anterior, não são consideradas as receitas
provenientes de ativos e passivos financeiros, bem como do saldo da gerência anterior, nem as despesas
relativas a ativos e passivos financeiros.
3 - Nos casos em que, durante o ano a que respeitam os orçamentos a que se refere o
n.º 1, a execução orçamental do conjunto das instituições do setor público administrativo o permitir, poderá o
Governo, através do Ministro das Finanças, dispensar, em situações excecionais, a aplicação da regra de
equilíbrio estabelecida no mesmo número.
4 - Nos casos em que seja dispensada a aplicação da regra de equilíbrio, nos termos do número anterior, o
Governo:
a) Aprovará as correspondentes alterações orçamentais que sejam da sua competência;
b) Proporá à Assembleia da República as correspondentes alterações orçamentais que sejam da
competência deste órgão.
Artigo 26.º
Recurso ao crédito
1 - É vedado o recurso ao crédito pelos serviços e fundos autónomos.
2 - Excetua-se do disposto no número anterior a contração de empréstimos que deem origem:
a) A dívida flutuante, nos termos do disposto na alínea a) do artigo 3.º da Lei n.º 7/98, de 3 de fevereiro;
b) A dívida fundada, nos termos do disposto na alínea b) do artigo 3.º da Lei n.º 7/98, de 3 de fevereiro,
desde que se verifique a situação prevista no n.º 3 e na alínea b) do n.º 4 do artigo anterior e que o
correspondente endividamento líquido seja autorizado pela Assembleia da República.
3 - Apenas podem contrair os empréstimos a que se refere a alínea b) do número anterior os serviços e
fundos autónomos cujas leis orgânicas permitam que os mesmos disponham dessas receitas.
4 - Nos casos previstos nos n.os
2 e 3, os serviços e fundos autónomos recorrerão prioritariamente a
financiamento junto do Tesouro.
SECÇÃO V
Orçamento da segurança social
Artigo 27.º
Especificação
1 - No orçamento da segurança social, as receitas e despesas especificam-se da seguinte forma:
a) As receitas globais do sistema especificam-se de acordo com a respetiva classificação económica;
b) As despesas globais do sistema especificam-se de acordo com a classificação económica e funcional;
c) As receitas de cada subsistema especificam-se de acordo com a respetiva classificação económica;
d) As despesas de cada subsistema especificam-se de acordo com a respetiva classificação económica e
funcional.
2 - O orçamento da segurança social pode ser estruturado por programas.
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3 - As despesas do orçamento da segurança social serão estruturadas por classificação orgânica a definir
por decreto-lei.
Artigo 28.º
Equilíbrio
1 - As receitas efetivas do orçamento da segurança social têm de ser, pelo menos, iguais às despesas
efetivas do mesmo orçamento.
2 - Os saldos anuais do subsistema previdencial revertem a favor do Fundo de Estabilização Financeira da
Segurança Social, nos termos da Lei de Bases da Segurança Social.
3 - Para efeitos do disposto no n.º 1, não são consideradas as receitas provenientes de ativos e passivos
financeiros, bem como do saldo da gerência anterior, nem das despesas relativas a ativos e passivos
financeiros.
Artigo 29.º
Recurso ao crédito
O recurso ao crédito no âmbito do sistema de segurança social só é permitido ao Instituto de Gestão
Financeira da Segurança Social e desde que não dê origem a dívida fundada.
CAPÍTULO II
Lei do Orçamento do Estado
Artigo 30.º
Conteúdo formal e estrutura
A lei do Orçamento do Estado contém o articulado e os mapas orçamentais.
Artigo 31.º
Articulado
1 - O articulado da lei do Orçamento do Estado contém, designadamente:
a) A aprovação dos mapas orçamentais;
b) As normas necessárias para orientar a execução orçamental;
c) A indicação do destino a dar aos fundos resultantes dos eventuais excedentes dos orçamentos dos
serviços integrados e dos serviços e fundos autónomos;
d) A eventual indicação das verbas inscritas no orçamento que, para assegurar a consecução de objetivos
de política orçamental, ficam cativas até o Governo autorizar a sua utilização, total ou parcial, nos casos em
que a evolução da execução orçamental o permita;
e) A determinação do montante máximo do acréscimo de endividamento líquido e as demais condições
gerais a que se deve subordinar a emissão de dívida pública fundada pelo Estado, através do Governo, e
pelos serviços e fundos autónomos, durante o ano económico;
f) A determinação dos montantes suplementares ao acréscimo de endividamento líquido autorizado, nos
casos em que se preveja o recurso ao crédito para financiar as despesas com as operações a que se refere a
antecedente alínea d) ou os programas de ação conjuntural;
g) A determinação das condições gerais a que se devem subordinar as operações de gestão da dívida
pública legalmente previstas;
h) A determinação do limite máximo das garantias pessoais a conceder pelo Estado, através do Governo,
e pelos serviços e fundos autónomos, durante o ano económico;
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i) A determinação do limite máximo dos empréstimos a conceder e de outras operações de crédito ativas,
cujo prazo de reembolso exceda o final do ano económico, a realizar pelo Estado, através do Governo, e pelos
serviços e fundos autónomos;
j) A determinação do limite máximo das antecipações a efetuar, nos termos da legislação aplicável;
l) A determinação do limite máximo de eventuais compromissos a assumir com contratos de prestação de
serviços em regime de financiamento privado ou outra forma de parceria dos setores público e privado;
m) A determinação dos limites máximos do endividamento das regiões autónomas, nos termos previstos na
respetiva lei de finanças;
n) A eventual atualização dos valores abaixo dos quais os atos, contratos e outros instrumentos geradores
de despesa ou representativos de responsabilidades financeiras diretas ou indiretas ficam isentos de
fiscalização prévia pelo Tribunal de Contas;
o) O montante global máximo de autorização financeira ao Governo para satisfação de encargos com as
prestações a liquidar referentes a contratos de investimento público no âmbito da Lei de Programação Militar,
sob a forma de locação;
p) As demais medidas que se revelem indispensáveis à correta gestão financeira dos serviços integrados,
dos serviços e fundos autónomos e do sistema de segurança social no ano económico a que respeita a lei do
Orçamento.
2 - As disposições constantes do articulado da lei do Orçamento do Estado devem limitar-se ao
estritamente necessário para a execução da política orçamental e financeira.
Artigo 32.º
Mapas orçamentais
Os mapas a que se refere a alínea a) do n.º 1 do artigo anterior são os seguintes:
Mapa I, «Receitas dos serviços integrados, por classificação económica»;
Mapa II, «Despesas dos serviços integrados, por classificação orgânica, especificadas por capítulos»;
Mapa III, «Despesas dos serviços integrados, por classificação funcional»;
Mapa IV, «Despesas dos serviços integrados, por classificação económica»;
Mapa V, «Receitas dos serviços e fundos autónomos, por classificação orgânica, com especificação das
receitas globais de cada serviço e fundo»;
Mapa VI, «Receitas dos serviços e fundos autónomos, por classificação económica»;
Mapa VII, «Despesas dos serviços e fundos autónomos, por classificação orgânica, com especificação das
despesas globais de cada serviço e fundo»;
Mapa VIII, «Despesas dos serviços e fundos autónomos, por classificação funcional»;
Mapa IX, «Despesas dos serviços e fundos autónomos, por classificação económica»;
Mapa X, «Receitas da segurança social, por classificação económica»;
Mapa XI, «Despesas da segurança social, por classificação funcional»;
Mapa XII, «Despesas da segurança social, por classificação económica»;
Mapa XIII, «Receitas de cada subsistema, por classificação económica»;
Mapa XIV, «Despesas de cada subsistema, por classificação económica»;
Mapa XV, «Despesas correspondentes a programas»;
Mapa XVI, «Repartição regionalizada dos programas e medidas, de apresentação obrigatória, mas não
sujeito a votação»;
Mapa XVII, «Responsabilidades contratuais plurianuais dos serviços integrados e dos serviços e fundos
autónomos, agrupadas por ministérios»;
Mapa XVIII, «Transferências para as regiões autónomas»;
Mapa XIX, «Transferências para os municípios»;
Mapa XX, «Transferências para as freguesias»;
Mapa XXI, «Receitas tributárias cessantes dos serviços integrados, dos serviços e fundos autónomos e da
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segurança social».
Artigo 33.º
Espécies de mapas orçamentais
(Revogado)
Artigo 34.º
Proposta de lei
1 - A proposta de lei do Orçamento do Estado tem uma estrutura e um conteúdo formal idênticos aos da lei
do Orçamento.
2 - A proposta de lei do Orçamento é acompanhada pelos desenvolvimentos orçamentais, pelo respetivo
relatório e pelos elementos informativos previstos na presente secção, bem como por todos os demais
elementos necessários à justificação das decisões e das políticas orçamental e financeira apresentadas.
3 - Os elementos informativos a que se refere o número anterior podem ser apresentados sob a forma de
anexos autónomos ou de elementos integrados no relatório que acompanham a proposta de lei.
Artigo 35.º
Desenvolvimentos orçamentais
1 - Os desenvolvimentos orçamentais que acompanham a proposta de lei do Orçamento do Estado
compreendem:
a) O desenvolvimento das receitas e das despesas dos serviços integrados;
b) Os orçamentos dos serviços e fundos autónomos;
c) O orçamento da segurança social.
2 - O desenvolvimento das receitas dos serviços integrados integra um quadro de observações que
indicam, designadamente, as principais características de cada rubrica de receitas e as respetivas bases
legais.
3 - Os desenvolvimentos das despesas dos serviços integrados organizam-se por ministérios e apresentam
as despesas de cada um dos respetivos serviços, especificadas, até aos níveis máximos de desagregação, de
acordo com as classificações económica e funcional.
4 - O orçamento de cada serviço e fundo autónomo apresenta as respetivas receitas e despesas
especificadas, até aos níveis máximos de desagregação, de acordo com as classificações económica e
funcional.
5 - Os desenvolvimentos orçamentais dos serviços integrados, o orçamento de cada serviço e fundo
autónomo e o orçamento da segurança social evidenciam as despesas relativas aos programas e medidas a
cargo da respetiva entidade gestora.
Artigo 36.º
Conteúdo do relatório
1 - O relatório da proposta de lei do Orçamento do Estado contém a apresentação e a justificação da
política orçamental proposta.
2 - O relatório referido no número anterior inclui a análise dos principais elementos relativos aos seguintes
aspetos:
a) Evolução e projeções dos principais agregados macroeconómicos com influência no Orçamento do
Estado;
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b) Evolução da situação financeira do setor público administrativo e, em particular, do Estado, incluindo
serviços integrados, serviços e fundos autónomos e sistema de solidariedade e segurança social;
c) Linhas gerais da política orçamental;
d) Adequação da política orçamental proposta às obrigações decorrentes do Tratado da União Europeia e
da União Económica e Monetária;
e) Impacte orçamental das decisões relativas às políticas públicas;
f) Medidas de racionalização da gestão dos dinheiros e outros valores públicos;
g) Outras matérias relevantes para a apresentação e justificação das principais decisões e políticas
orçamentais propostas.
3 - O relatório da proposta de lei do Orçamento do Estado inclui um mapa comparativo entre as previsões
macroeconómicas e orçamentais utilizadas e as previsões efetuadas por outros organismos, nomeadamente,
pela Comissão Europeia, devendo as diferenças significativas apuradas ser explicadas de forma
fundamentada.
4 - As previsões macroeconómicas e orçamentais constantes do relatório da proposta de lei do Orçamento
do Estado devem incidir sobre a trajetória das principais variáveis orçamentais a partir de diferentes
pressupostos de crescimento e taxas de juros.
5 - As variáveis utilizadas nas previsões macroeconómicas e orçamentais constantes do relatório devem ter
presente os resultados dos anteriores desempenhos em matéria de previsões e os cenários de risco
pertinentes.
Artigo 37.º
Elementos informativos
1 - A proposta de lei do Orçamento do Estado é acompanhada, pelo menos, pelos seguintes elementos
informativos:
a) Indicadores financeiros de médio e longo prazos;
b) Programação financeira plurianual;
c) Memória descritiva das razões que justificam o recurso a parcerias dos setores público e privado face a
um programa alternativo elaborado nos termos do n.º 2 do artigo 19.º;
d) Informação individualizada sobre despesas anuais e plurianuais com parcerias público-privadas;
e) Estimativa do orçamento consolidado do setor público administrativo, na ótica da contabilidade pública e
da contabilidade nacional;
f) Memória descritiva das razões que justificam as diferenças entre os valores apurados, na ótica da
contabilidade pública e da contabilidade nacional;
g) Orçamento consolidado dos serviços integrados e dos serviços e fundos autónomos e orçamento
consolidado do Estado, incluindo o da segurança social;
h) Situação do endividamento global do conjunto das administrações públicas e das empresas públicas,
das empresas de capitais públicos, das parcerias público-privadas, das empresas regionais e das empresas
municipais;
i) Situação da dívida pública, das operações de tesouraria e das contas do Tesouro;
j) Situação financeira e patrimonial do subsetor dos serviços integrados;
l) Situação financeira e patrimonial do subsetor dos serviços e fundos autónomos;
m) Situação financeira e patrimonial do sistema de solidariedade e de segurança social;
n) Transferências financeiras entre Portugal e o exterior com incidência na proposta de orçamento;
o) Transferências orçamentais para as regiões autónomas;
p) Transferências orçamentais para os municípios e freguesias;
q) Transferências orçamentais para as empresas públicas e outras instituições não integradas no setor
público administrativo;
r) Elementos informativos sobre os programas orçamentais;
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s) Justificação das previsões das receitas fiscais, com discriminação da situação dos principais impostos;
t) Benefícios tributários, estimativas das receitas cessantes e sua justificação económica e social;
u) Despesas cruzadas pelas diversas classificações orçamentais;
v) Identificação de medidas destinadas à cobertura da receita cessante que resulte da criação ou
alargamento de quaisquer benefícios fiscais.
2 - A apresentação dos elementos informativos sobre a situação patrimonial dos serviços e fundos
autónomos depende da aplicação a cada um do Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP).
Artigo 38.º
Prazos de apresentação
(Revogado)
Artigo 39.º
Discussão e votação
(Revogado)
Artigo 40.º
Publicação do conteúdo integral do Orçamento
(Revogado)
Artigo 41.º
Prorrogação da vigência da lei do Orçamento
(Revogado)
TÍTULO III-A
Execução orçamental
CAPÍTULO I
Execução orçamental
Artigo 42.º
Princípios
1 - As operações de execução do orçamento das receitas e das despesas obedecem ao princípio da
segregação das funções de liquidação e de cobrança, quanto às primeiras, e de autorização da despesa, de
autorização de pagamento e de pagamento, quanto às segundas.
2 - A segregação de funções a que se refere o número anterior pode estabelecer-se entre diferentes
serviços ou entre diferentes agentes do mesmo serviço.
3 - Nenhuma receita pode ser liquidada ou cobrada, mesmo que seja legal, sem que, cumulativamente:
a) Tenha sido objeto de correta inscrição orçamental;
b) Esteja adequadamente classificada.
4 - A liquidação e a cobrança podem, todavia, ser efetuadas para além dos valores previstos na respetiva
inscrição orçamental.
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5 - As dotações constantes do orçamento das despesas constituem o limite máximo a utilizar na realização
destas.
6 - Nenhuma despesa pode ser autorizada ou paga sem que, cumulativamente:
a) O facto gerador da obrigação de despesa respeite as normas legais aplicáveis;
b) A despesa em causa disponha de inscrição orçamental, tenha cabimento na correspondente dotação,
esteja adequadamente classificada e obedeça ao princípio da execução do orçamento por duodécimos,
salvas, nesta última matéria, as exceções previstas na lei;
c) A despesa em causa satisfaça o princípio da economia, eficiência e eficácia.
7 - Salvo disposição legal em contrário, o cabimento a que se refere a alínea b) do número anterior afere-se
pelas rubricas do nível mais desagregado da classificação económica e respeitando, se aplicável, o cabimento
no programa, projeto ou atividade.
8 - O respeito pelos princípios da economia, eficiência e eficácia, a que se refere a
alínea c) do n.º 6, deverá ser verificado, em particular, em relação às despesas que, pelo seu elevado
montante, pela sua continuidade no tempo, uma vez iniciadas, ou por qualquer outro motivo envolvam um
dispêndio significativo de dinheiros públicos.
9 - Para além dos requisitos exigíveis, a realização de qualquer despesa à qual esteja consignada
determinada receita fica também condicionada à cobrança desta receita em igual montante.
Artigo 43.º
Competência
1 - O Governo define, por decreto-lei, as operações de execução orçamental da competência dos membros
do Governo e dos dirigentes dos serviços sob sua direção ou tutela.
2 - Em cada ano, o Governo estabelece, por decreto-lei, as disposições necessárias à execução da lei do
Orçamento do Estado, incluindo o da segurança social respeitante ao ano em causa, sem prejuízo da
aplicação imediata das normas desta lei que sejam exequíveis por si mesmas.
3 - Para efeitos do disposto no número anterior, o Governo deve aprovar num único decreto-lei as normas
de execução do Orçamento do Estado, incluindo as relativas ao orçamento dos serviços integrados, aos
orçamentos dos serviços e fundos autónomos e ao orçamento da segurança social.
4 - O disposto no número anterior não impede que, durante o ano económico, sejam aprovados outros
decretos-leis de execução orçamental, sempre que tal se justifique.
5 - O decreto-lei relativo à execução do orçamento dos serviços integrados, dos serviços e fundos
autónomos e do orçamento da segurança social contém:
a) A indicação das dotações orçamentais em relação às quais não será aplicável o regime dos
duodécimos;
b) A indicação das dotações orçamentais que ficam cativas e das condições a que fica condicionada a sua
utilização, total ou parcial;
c) A indicação das despesas ou pagamentos cuja autorização depende da intervenção dos serviços
centrais incumbidos de coordenar e controlar globalmente a execução do orçamento dos serviços integrados e
dos orçamentos dos serviços e fundos autónomos e a do orçamento da segurança social;
d) Os prazos para autorização de despesas;
e) As demais normas necessárias para execução do Orçamento do Estado e de cada um dos orçamentos
por ele abrangidos.
6 - O decreto-lei a que se referem os n.os
2 e 5 é publicado até ao final do mês seguinte ao da entrada em
vigor da lei do Orçamento do Estado.
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Artigo 44.º
Regimes de execução
1 - A execução do orçamento das despesas subordina-se ao regime:
a) De autonomia administrativa, na parte respeitante ao orçamento dos serviços integrados;
b) De autonomia administrativa e financeira, na parte respeitante aos orçamentos dos serviços e fundos
autónomos;
c) Especial de execução do orçamento da segurança social.
2 - O disposto no presente capítulo é aplicável a todos os regimes de execução orçamental a que se refere
o número anterior.
3 - A Lei de Bases da Contabilidade Pública estabelece as bases dos regimes de execução orçamental, de
acordo com o disposto na presente lei.
Artigo 45.º
Assunção de compromissos
1 - Apenas podem ser assumidos compromissos de despesa após os competentes serviços de
contabilidade exararem informação prévia de cabimento no documento de autorização da despesa em causa.
2 - Os compromissos que deem origem a encargos plurianuais apenas podem ser assumidos mediante
prévia autorização, a conceder por portaria conjunta dos Ministros das Finanças e da tutela, salvo se,
alternativamente:
a) Respeitarem a programas, medidas, projetos ou atividades constantes do mapa XV da lei do Orçamento
do Estado que sejam consistentes com o quadro plurianual de programação orçamental a que se refere o
artigo 12.º-D;
b) Os respetivos montantes não excederem, em cada um dos anos económicos seguintes, os limites e
prazos estabelecidos, para este efeito, na lei.
3 - O primeiro ano da execução das despesas respeitantes aos compromissos plurianuais deve
corresponder àquele em que é assumido o compromisso em causa, com as exceções legalmente previstas.
Artigo 46.º
Execução do orçamento dos serviços integrados
1 - A execução do orçamento dos serviços integrados é assegurada:
a) Na parte respeitante às receitas, pelos serviços que as liquidam e que zelam pela sua cobrança, bem
como pela rede de cobranças do Tesouro;
b) Na parte respeitante às despesas, pelos membros do Governo e pelos dirigentes dos serviços, bem
como pelo sistema de pagamentos do Tesouro.
2 - A lei define, em função das suas características ou montantes, as operações de execução orçamental,
designadamente as autorizações de despesa que incumbem aos membros do Governo.
3 - No âmbito da gestão corrente dos serviços integrados, incumbem aos respetivos dirigentes e
responsáveis pelos serviços de contabilidade as operações de execução orçamental, cabendo especialmente
aos dirigentes a prática dos atos de autorização de despesa e de autorização de pagamento.
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Artigo 47.º
Execução do orçamento dos serviços e fundos autónomos
1 - A execução dos orçamentos dos serviços e fundos autónomos incumbe aos respetivos dirigentes, sem
prejuízo das autorizações de despesas que, nos termos da lei, devam ser concedidas pelos membros do
Governo.
2 - A realização das despesas com a aquisição de bens e serviços ou a realização de empreitadas pelos
serviços e fundos autónomos fica sujeita ao regime da contratação pública, salvas as exceções previstas nas
normas comunitárias e na lei.
3 - Os serviços e fundos autónomos utilizam prioritariamente as suas receitas próprias não consignadas por
lei a fins específicos para a cobertura das respetivas despesas.
4 - Só nos casos em que as receitas próprias a que se refere o número anterior se revelem insuficientes, os
fundos e serviços autónomos procederão à cobertura das respetivas despesas através das transferências que
recebam do orçamento dos serviços integrados ou dos orçamentos de outros serviços ou fundos autónomos.
Artigo 48.º
Execução do orçamento da segurança social
1 - Incumbe ao Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social a gestão global da execução do
orçamento da segurança social, no respeito pelo disposto na presente lei e nas normas especificamente
aplicáveis no âmbito do sistema.
2 - O Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social só pode realizar operações de financiamento
mediante autorização do Governo, a conceder através de despacho conjunto dos Ministros das Finanças e do
Trabalho e da Solidariedade.
3 - Os saldos de gerência do orçamento da segurança social serão utilizados mediante prévia autorização a
conceder pelo Governo, através de despacho conjunto dos Ministros das Finanças e do Trabalho e da
Solidariedade.
4 - As cobranças das receitas e os pagamentos das despesas do sistema de segurança social são
efetuados pelo Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, que assume as competências de
tesouraria única do sistema de segurança social em articulação com a Tesouraria do Estado.
5 - A execução do orçamento do sistema de segurança social tem por base os respetivos planos de
tesouraria, elaborados pelo Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social.
6 - As entradas e saídas de fundos do sistema de segurança social são efetuadas através do Instituto de
Gestão Financeira da Segurança Social, diretamente ou por intermédio de entidades colaboradoras, onde se
mantêm depositados os seus excedentes e disponibilidades de tesouraria.
CAPÍTULO II
Alterações orçamentais
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 49.º
Regime geral
1 - As alterações ao Orçamento do Estado obedecem ao disposto no presente capítulo.
2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, o articulado da lei do Orçamento do Estado pode
estabelecer as regras complementares a que se subordinarão as alterações do orçamento em causa.
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Artigo 50.º
Leis de alteração orçamental
1 - A estrutura e o conteúdo das leis de alteração orçamental obedecem ao disposto no capítulo II do título
III, cujas normas são aplicáveis com as necessárias adaptações.
2 - O Governo poderá definir por decreto-lei as regras que entender necessárias à aplicação do disposto no
número anterior.
3 - As leis de alteração orçamental entram em vigor na data da sua publicação, salvo disposição em
contrário delas constante.
Artigo 50.º-A
Alterações orçamentais da competência da Assembleia da República
Competem à Assembleia da República as alterações orçamentais que:
a) Consistam na inscrição de novos programas;
b) Consistam num aumento do montante total das despesas de cada programa aprovadas no mapa XV da
lei do Orçamento;
c) Consistam em transferências de verbas entre programas;
d) Consistam numa alteração do orçamento das receitas dos serviços integrados, do orçamento dos
serviços ou fundos autónomos ou da segurança social determinadas por alterações dos respetivos orçamentos
das despesas, da competência da Assembleia da República;
e) Envolvam um acréscimo dos respetivos limites do endividamento líquido fixados na lei do Orçamento do
Estado;
f) Consistam num aumento do montante total das despesas do orçamento da segurança social, com
exceção das referidas a prestações que constituam direitos dos beneficiários do sistema de segurança social;
g) Envolvam transferências de verbas do orçamento da segurança social entre diferentes grandes funções
ou funções no respeito pela adequação seletiva das fontes de financiamento consagradas na Lei de Bases do
Sistema de Segurança Social.
Artigo 51.º
Alterações orçamentais da competência do Governo
1 - No âmbito da execução dos programas orçamentais, competem ao Governo as alterações orçamentais
não referidas no artigo anterior.
2 - Competem ao Governo as alterações orçamentais que consistam num aumento do montante total das
despesas de cada programa aprovadas no mapa XV da lei do Orçamento do Estado quando as mesmas
resultem:
a) De saldos de gerência ou dotações de anos anteriores cuja utilização seja permitida por lei;
b) Da dotação provisional;
c) De aumento de receitas efetivas próprias ou consignadas, contabilizadas como receita pública do
próprio ano;
d) De reforço de receitas de transferências provenientes dos orçamentos dos serviços e fundos autónomos
ou do orçamento da segurança social, à exceção de transferências dos saldos anuais e das receitas
resultantes do sistema previdencial da segurança social.
3 - As alterações efetuadas nos termos do número anterior devem constar do relatório de execução dos
programas a que se refere o artigo 72.º-A.
4 - (Revogado)
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Artigo 52.º
Publicação das alterações orçamentais
Nos casos em que a respetiva publicidade não seja assegurada através da obrigatoriedade da publicação
no Diário da República dos atos que as aprovam, as alterações orçamentais e os mapas da lei do Orçamento
do Estado modificados em virtude das alterações neles introduzidas durante o trimestre em causa são
divulgadas na página eletrónica da entidade encarregue do acompanhamento da execução orçamental:
a) Até ao final do mês seguinte a cada trimestre, no caso dos três primeiros trimestres do ano económico;
b) Até final do mês de fevereiro, no caso do 4.º trimestre.
Artigo 53.º
Alterações do orçamento das receitas
(Revogado)
Artigo 54.º
Orçamento por programas
(Revogado)
Artigo 55.º
Orçamento dos serviços integrados
(Revogado)
Artigo 56.º
Orçamento dos serviços e fundos autónomos
(Revogado)
Artigo 57.º
Orçamento da segurança social
(Revogado)
CAPÍTULO III
Controlo orçamental e responsabilidade financeira
Artigo 58.º
Controlo orçamental
1 - A execução do Orçamento do Estado fica sujeita a controlo, nos termos da presente lei e da demais
legislação aplicável, o qual tem por objeto a verificação da legalidade e da regularidade financeira das receitas
e das despesas públicas, bem como a apreciação da boa gestão dos dinheiros e outros ativos públicos e da
dívida pública.
2 - A execução do Orçamento do Estado é objeto de controlo administrativo, jurisdicional e político.
3 - O controlo orçamental efetua-se prévia, concomitante e sucessivamente à realização das operações de
execução orçamental.
4 - O controlo administrativo compete ao próprio serviço ou instituição responsável pela respetiva
execução, aos respetivos serviços de orçamento e de contabilidade pública, às entidades hierarquicamente
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superiores, de superintendência ou de tutela e aos serviços gerais de inspeção e de controlo da Administração
Pública.
5 - Os serviços ou instituições responsáveis pela execução orçamental e os respetivos serviços de
orçamento e de contabilidade pública elaboram, organizam e mantêm em funcionamento sistemas e
procedimentos de controlo interno das operações de execução do Orçamento, os quais poderão envolver, nos
casos em que tal se justifique, o recurso a serviços de empresas de auditoria.
6 - O controlo jurisdicional da execução do Orçamento do Estado compete ao Tribunal de Contas e é
efetuado nos termos da respetiva legislação.
7 - O controlo jurisdicional de atos de execução do Orçamento e a efetivação das responsabilidades não
financeiras deles emergentes incumbem também aos demais tribunais, designadamente aos tribunais
administrativos e fiscais e aos tribunais judiciais, no âmbito das respetivas competências.
8 - A execução do orçamento da segurança social está sujeita ao controlo orçamental previsto para o
Orçamento do Estado, do qual faz parte integrante.
Artigo 59.º
Controlo político
1 - A Assembleia da República exerce o controlo político sobre a execução do Orçamento do Estado e
efetiva as correspondentes responsabilidades políticas, nos termos do disposto na Constituição, no Regimento
da Assembleia da República, na presente lei e na demais legislação aplicável.
2 - No exercício das suas funções de controlo da execução do Orçamento do Estado, compete à
Assembleia da República, designadamente, tomar a Conta do Estado e acompanhar a execução orçamental,
nos termos do disposto na presente lei.
3 - O Governo envia tempestivamente à Assembleia da República todos os elementos informativos
necessários para a habilitar a acompanhar e controlar, de modo efetivo, a execução do Orçamento do Estado,
designadamente relatórios sobre:
a) A execução do Orçamento do Estado, incluindo o da segurança social;
b) A utilização da dotação provisional;
c) A execução do orçamento consolidado das instituições do setor público administrativo;
d) As alterações orçamentais aprovadas pelo Governo;
e) As operações de gestão da dívida pública, o recurso ao crédito público e as condições específicas dos
empréstimos públicos celebrados nos termos previstos na lei do Orçamento do Estado e na legislação relativa
à emissão e gestão da dívida pública;
f) Os empréstimos concedidos e outras operações ativas de crédito realizadas nos termos previstos na lei
do Orçamento do Estado;
g) As garantias pessoais concedidas pelo Estado nos termos previstos na lei do Orçamento do Estado e na
legislação aplicável, incluindo a relação nominal dos beneficiários dos avales e fianças concedidas pelo
Estado, com explicitação individual dos respetivos valores, bem como do montante global em vigor;
h) Os fluxos financeiros entre Portugal e a União Europeia.
4 - Os elementos informativos a que se referem as alíneas a) e b) do número anterior são enviados, pelo
Governo, à Assembleia da República mensalmente e os restantes trimestralmente, devendo, em qualquer
caso, o respetivo envio efetuar-se nos 60 dias seguintes ao período a que respeitam.
5 - O Tribunal de Contas envia à Assembleia da República os relatórios finais referentes ao exercício das
suas competências de controlo orçamental.
6 - A Assembleia da República pode solicitar ao Governo, nos termos previstos na Constituição e no
Regimento da Assembleia da República, a prestação de quaisquer informações suplementares sobre a
execução do Orçamento do Estado, para além das previstas no n.º 1, devendo essas informações ser
prestadas em prazo não superior a 60 dias.
7 - A Assembleia da República pode solicitar ao Tribunal de Contas:
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a) Informações relacionadas com as respetivas funções de controlo financeiro, a prestar, nomeadamente,
mediante a presença do presidente do Tribunal de Contas ou de relatores em sessões de comissão,
nomeadamente de inquérito, ou pela colaboração técnica de pessoal dos serviços de apoio do tribunal;
b) Relatórios intercalares sobre os resultados do controlo da execução do Orçamento do Estado ao longo
do ano;
c) Quaisquer esclarecimentos necessários à apreciação do Orçamento do Estado e do parecer sobre a
Conta Geral do Estado.
8 - Sempre que se justifique, o Tribunal de Contas pode comunicar à Assembleia da República as
informações por ele obtidas no exercício das suas competências de controlo da execução orçamental.
Artigo 60.º
Orientação da política orçamental
(Revogado)
Artigo 61.º
Apreciação da revisão do Programa de Estabilidade e Crescimento
(Revogado)
Artigo 62.º
Controlo da despesa pública
1 - As despesas dos organismos referidos no n.º 1 do artigo 2.º deverão ser sujeitas a auditoria externa,
pelo menos de oito em oito anos, abrangendo a avaliação da missão e objetivos do organismo, bem como a
economia, eficiência e eficácia da despesa correspondente.
2 - O sistema e os procedimentos de controlo interno das operações de execução do Orçamento a que se
refere o n.º 5 do artigo 58.º devem ser sujeitos a auditoria no quadro do funcionamento do Sistema de Controlo
Interno (SCI), à luz dos respetivos princípios de coordenação e tendo presentes os princípios de auditoria
internacionalmente consagrados.
3 - O Governo informará a Assembleia da República dos programas de auditorias que promoverá por sua
iniciativa no ano em curso, para efeitos de cumprimento do disposto nos n.os
1 e 2, acompanhados dos
respetivos termos de referência.
4 - Em acréscimo ao disposto no número anterior, a Assembleia da República determinará em cada ano ao
Governo duas auditorias suplementares para os efeitos previstos no n.º 1 e solicitará ao Tribunal de Contas a
auditoria de dois organismos do Sistema de Controlo Interno (SCI) para os efeitos previstos no n.º 2.
5 - Os resultados das auditorias a que se referem os n.os
3 e 4 devem ser enviados à Assembleia da
República no prazo de um ano, prorrogável até 18 meses, por razões devidamente justificadas.
6 - O Governo responde em 60 dias às recomendações da Assembleia da República que incidirem sobre
as auditorias referidas nos n.os
4 e 5.
Artigo 63.º
Sistemas e procedimentos do controlo interno
O Governo envia à Assembleia da República, acompanhando o relatório da Conta Geral do Estado, uma
informação sobre os resultados do funcionamento do sistema e dos procedimentos do controlo interno das
operações de execução do orçamento a que se refere o n.º 5 do artigo 58.º, especificando o respetivo impacte
financeiro.
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Artigo 64.º
Gestão por objetivos
1 - Os orçamentos e contas dos organismos a que se refere o n.º 1 do artigo 2.º devem ser objeto de uma
sistematização complementar por objetivos, considerando a definição das atividades a desenvolver por cada
organismo e respetivos centros de custos e tendo em conta a totalidade dos recursos envolvidos, incluindo os
de capital, visando fundamentar as decisões sobre a reorientação e o controlo da despesa pública:
a) No conhecimento da missão, objetivos e estratégia do organismo;
b) Na correta articulação de cada área de atividade em relação aos objetivos;
c) Na responsabilização dos agentes empenhados na gestão das atividades pela concretização dos
objetivos e bom uso dos recursos que lhes estão afetos;
d) Na identificação de atividades redundantes na cadeia de valor do organismo a justificada reafectação
dos recursos nelas consumidos.
2 - Os desenvolvimentos por objetivo devem ser introduzidos faseadamente, acompanhando a proposta de
lei do Orçamento do Estado e a Conta Geral do Estado a título informativo, enquanto a lei não dispuser de
outro modo.
3 - Os trabalhos preparatórios e os progressos registados na aplicação da sistematização por objetivos
devem ser objeto de especial menção no momento da apresentação do quadro plurianual de programação
orçamental a que se refere o artigo 12.º-D.
Artigo 65.º
Cooperação entre as instâncias de controlo
Sem prejuízo das respetivas competências fixadas na Constituição e na lei, os órgãos e serviços
encarregados do controlo interno e externo da execução do Orçamento do Estado cooperam entre si tendo em
vista o melhor desempenho das suas funções.
Artigo 66.º
Controlo cruzado
1 - As instâncias de controlo, a que se refere o artigo 58.º, dispõem de poderes de controlo sobre quaisquer
entidades, públicas ou privadas, nos casos em que estas beneficiem de subvenções ou outros auxílios
financeiros concedidos através do Orçamento do Estado ou aqueles poderes se mostrem imprescindíveis ao
controlo, por via indireta e cruzada, da execução orçamental.
2 - O controlo cruzado será efetuado apenas nos casos em que se revele indispensável e na medida
estritamente necessária ao controlo da execução orçamental e à fiscalização da legalidade, regularidade e
correção económica e financeira da aplicação dos dinheiros e outros ativos públicos.
Artigo 67.º
Informação a prestar pelos serviços e fundos autónomos
1 - Com o objetivo de permitir uma informação consolidada do conjunto do setor público administrativo, os
serviços e fundos autónomos devem remeter ao Ministério das Finanças, nos termos e com a periodicidade a
definir no decreto-lei de execução orçamental, os seguintes elementos:
a) Informação completa sobre os saldos de depósitos ou de outras aplicações financeiras e respetivas
remunerações;
b) Informação completa sobre as operações de financiamento, nomeadamente empréstimos e
amortizações efetuados, bem como as previstas até ao final de cada ano;
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c) Contas da sua execução orçamental, donde constem os compromissos assumidos, os processamentos
efetuados e os montantes pagos, bem como a previsão atualizada da execução orçamental para todo o ano e
os balancetes que evidenciem as contas das classes de disponibilidades e de terceiros, no caso de
organismos que utilizem a contabilidade patrimonial;
d) Relatório de execução orçamental;
e) Dados referentes à situação da dívida e dos ativos expressos em títulos de dívida pública;
f) Documentos de prestação de contas.
2 - Nos termos a estabelecer pelo diploma referido no número anterior, podem ser solicitados a todo o
tempo aos serviços e fundos autónomos outros elementos de informação não referidos neste artigo destinados
ao acompanhamento da respetiva gestão orçamental.
Artigo 67.º-A
Informação a prestar por outras entidades pertencentes ao setor público administrativo
As entidades referidas no n.º 5 do artigo 2.º remetem ao Ministério das Finanças os elementos informativos
definidos no decreto-lei de execução orçamental.
Artigo 68.º
Informação a prestar pelos municípios e regiões autónomas
Com o objetivo de permitir uma informação consolidada do conjunto do setor público administrativo, os
municípios e as regiões autónomas devem remeter ao Ministério das Finanças, nos termos e com a
periodicidade a definir no decreto-lei de execução orçamental, os seguintes elementos:
a) Orçamentos e contas trimestrais e contas anuais;
b) Informação sobre a dívida contraída e sobre os ativos expressos em títulos da dívida pública;
c) Informação sobre a execução orçamental, nomeadamente, os compromissos assumidos, os
processamentos efetuados e os montantes pagos, bem como a previsão atualizada da execução orçamental
para todo o ano e os balancetes que evidenciem as contas das classes de disponibilidades e de terceiros, com
regularidade mensal.
Artigo 69.º
Informação a prestar pelo Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social
Com o objetivo de permitir uma informação consolidada do conjunto do setor público administrativo, o
Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social deve remeter ao Ministério das Finanças, nos termos e
com a periodicidade a definir no decreto-lei de execução orçamental, os elementos sobre a execução do
orçamento da segurança social.
Artigo 70.º
Responsabilidade pela execução orçamental
1 - Os titulares de cargos políticos respondem política, financeira, civil e criminalmente pelos atos e
omissões que pratiquem no âmbito do exercício das suas funções de execução orçamental, nos termos da
Constituição e demais legislação aplicável, a qual tipifica as infrações criminais e financeiras, bem como as
respetivas sanções, conforme sejam ou não cometidas com dolo.
2 - Os funcionários e agentes são responsáveis disciplinar, financeira, civil e criminalmente pelos seus atos
e omissões de que resulte violação das normas de execução orçamental, nos termos do artigo 271.º da
Constituição e da legislação aplicável.
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Artigo 71.º
Responsabilidade financeira
Sem prejuízo das formas próprias de efetivação das restantes modalidades de responsabilidade a que se
refere o artigo anterior, a responsabilidade financeira é efetivada pelo Tribunal de Contas, nos termos da
respetiva legislação.
Artigo 72.º
Remessa do parecer do Tribunal de Contas
Para efeitos da efetivação de eventuais responsabilidades financeiras ou criminais decorrentes da
execução do Orçamento do Estado, o Plenário da Assembleia da República pode deliberar remeter às
entidades competentes o parecer do Tribunal de Contas sobre a Conta Geral do Estado, quer esta seja ou não
aprovada.
Artigo 72.º-A
Relatório com indicadores de resultados
O Governo envia à Assembleia da República, até 31 de março, um relatório da execução dos programas
orçamentais do ano anterior, explicitando os resultados obtidos e os recursos utilizados.
CAPÍTULO IV
Desvio significativo e mecanismo de correção
Artigo 72.º-B
Desvio significativo
1 - A identificação de um desvio significativo face ao objetivo de médio prazo ou face ao saldo previsto na
trajetória de convergência constantes, respetivamente, dos n.os
1 e 2 do artigo 12.º-C é feita com base na
análise comparativa entre o valor verificado e o valor previsto.
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, o valor verificado é calculado com base nos dados
constantes da notificação do procedimento dos défices excessivos efetuada pelo Instituto Nacional de
Estatística.
3 - Estando em trajetória de convergência, o desvio é significativo quando se verifiquem cumulativamente
as seguintes situações:
a) O desvio apurado face ao saldo estrutural for, no mínimo, de 0,5% do PIB, num só ano, ou de pelo
menos 0,25% do PIB em média anual em dois anos consecutivos;
b) A taxa de crescimento anual da despesa líquida de medidas extraordinárias e temporárias do lado da
receita tiver um contributo negativo no saldo estrutural de, pelo menos, 0,5% do PIB, num só ano, ou
cumulativamente em dois anos consecutivos.
4 - Após se ter atingido o objetivo de médio prazo, o desvio é significativo quando se verifique a situação
prevista na alínea a) do número anterior.
5 - O desvio não é considerado significativo se o objetivo orçamental de médio prazo tiver sido
ultrapassado, tendo em conta a possibilidade de receitas extraordinárias significativas, e se os planos
orçamentais estabelecidos no programa de estabilidade não colocarem em risco aquele objetivo ao longo do
período de vigência do programa.
6 - O desvio não pode ser tido em consideração nos casos em que resulte de ocorrência excecional não
controlável, nos termos previstos no artigo 72.º-D, com impacto significativo nas finanças públicas ou, em caso
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de recessão que afete Portugal, a área do euro ou a União Europeia, desde que tal não coloque em risco a
sustentabilidade orçamental a longo prazo.
7 - O reconhecimento da existência de um desvio significativo é da iniciativa do Governo, mediante prévia
consulta do Conselho das Finanças Públicas, ou do Conselho da União Europeia, mediante a apresentação de
recomendação dirigida ao Governo, nos termos do n.º 2 do artigo 6.º do Regulamento (CE) n.º 1466/97, do
Conselho, de 7 de julho, relativo ao reforço da supervisão das situações orçamentais e à supervisão e
coordenação das políticas económicas, na redação dada pelo Regulamento (UE) n.º 1175/2011, do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de novembro.
8 - Reconhecido o desvio significativo nos termos do número anterior é ativado o mecanismo de correção
constante do artigo seguinte.
Artigo 72.º-C
Mecanismo de correção do desvio
1 - Quando se reconheça a situação prevista nos n.os
3 ou 4 do artigo anterior, deve o Governo apresentar
à Assembleia da República, no prazo de 30 dias, um plano com as medidas necessárias para garantir o
cumprimento dos objetivos constantes do artigo 12.º-C.
2 - A correção do desvio reconhecido nos termos do artigo anterior efetua-se mediante redução em pelo
menos, dois terços do desvio apurado, com o mínimo de 0,5% do PIB, a efetuar até ao final do ano
subsequente àquele em que foi reconhecido, devendo o remanescente do desvio ser corrigido no ano
seguinte, salvo se se verificarem circunstâncias excecionais, nos termos previstos no artigo 72.º-D.
3 - O ajustamento a efetuar nos termos do número anterior não pode, em qualquer caso, ser inferior ao
previsto no artigo 10.º-G.
4 - O plano de correção privilegia a adoção de medidas de redução da despesa pública, bem como a
distribuição do ajustamento entre os subsetores das administrações públicas em obediência aos princípios da
responsabilidade e da solidariedade constantes, respetivamente, dos artigos 10.º-B e 10.º-F.
5 - O plano de correção é submetido pelo Governo à apreciação do Conselho das Finanças Públicas.
Artigo 72.º-D
Situações excecionais
1 - A admissão de um desvio significativo face ao objetivo de médio prazo ou face ao saldo previsto na
trajetória de ajustamento constante, respetivamente, nos n.os
1 e 2 do artigo 12.º-C, apenas é permitida
temporariamente e em situações excecionais, não controláveis e desde que não coloquem em risco a
sustentabilidade orçamental no médio prazo, resultantes, nomeadamente:
a) De recessão económica profunda em Portugal, na área do euro ou em toda a União Europeia;
b) De catástrofes naturais ou outras situações excecionais com significativo impacto orçamental;
c) De reformas estruturais que tenham efeitos de longo prazo na atividade económica.
2 - O reconhecimento da situação de excecionalidade prevista no número anterior é objeto de proposta do
Governo e de apreciação pela Assembleia da República no Programa de Estabilidade e Crescimento.
3 - A correção do desvio é efetuada mediante a incorporação no Programa de Estabilidade e Crescimento
das medidas necessárias para garantir o cumprimento dos objetivos constantes do artigo 12.º-C, devendo ser
observado o disposto no artigo 72.º-C, e precedidas de parecer não vinculativo do Conselho das Finanças
Públicas.
4 - Do Programa de Estabilidade e Crescimento constam:
a) As propostas apresentadas pelo Conselho das Finanças Públicas;
b) A avaliação das recomendações apresentadas pelo Conselho das Finanças Públicas e a justificação da
sua eventual não consideração ou aceitação.
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5 - Ocorrendo a situação prevista no n.º 1, a correção da trajetória de convergência deverá ser efetuada, no
máximo, nos quatro exercícios orçamentais subsequentes e de acordo com o previsto no n.º 3.
TÍTULO IV
Contas
Artigo 73.º
Conta Geral do Estado
1 - O Governo apresenta à Assembleia da República a Conta Geral do Estado, incluindo a da segurança
social, até 30 de junho do ano seguinte àquele a que respeite.
2 - A Assembleia da República aprecia e aprova a Conta Geral do Estado, incluindo a da segurança social,
precedendo parecer do Tribunal de Contas, até 31 de dezembro seguinte e, no caso de não aprovação,
determina, se a isso houver lugar, a efetivação da correspondente responsabilidade.
3 - O parecer do Tribunal de Contas será acompanhado das respostas dos serviços e organismos às
questões que esse órgão lhes formular.
4 - A Conta Geral do Estado inclui o relatório, os mapas contabilísticos e os elementos informativos.
Artigo 74.º
Relatório
O relatório contém a apresentação da Conta Geral do Estado e a análise dos principais elementos relativos
aos seguintes aspetos:
a) Evolução dos principais agregados macroeconómicos durante o período da execução orçamental;
b) Evolução da situação financeira do Estado, incluindo a dos serviços e fundos autónomos e a da
segurança social;
c) Execução e alterações do Orçamento do Estado, incluindo o da segurança social;
d) Outras matérias relevantes para a apresentação e justificação da Conta Geral do Estado.
Artigo 75.º
Mapas contabilísticos gerais
1 - A Conta Geral do Estado compreende mapas contabilísticos gerais referentes à:
a) Execução orçamental;
b) Situação de tesouraria;
c) Situação patrimonial;
d) Conta dos fluxos financeiros do Estado.
2 - Os mapas referentes à execução orçamental são os seguintes:
Mapas I a XIX - de acordo com o disposto no n.º 7;
Mapa XX - contas das receitas e das despesas do subsetor dos serviços integrados;
Mapa XXI - conta consolidada das receitas e das despesas dos serviços e fundos autónomos;
Mapa XXII - conta consolidada das receitas e das despesas do sistema de segurança social;
Mapa XXIII - conta consolidada do Estado, incluindo a do sistema de segurança social.
3 - Os mapas referentes à situação de tesouraria são os seguintes:
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Mapa XXIV - cobranças e pagamentos orçamentais;
Mapa XXV - reposições abatidas nos pagamentos;
Mapa XXVI - movimentos e saldos das contas na Tesouraria do Estado;
Mapa XXVI-A - movimentos e saldos das contas na tesouraria do sistema de segurança social;
Mapa XXVII - movimentos e saldos nas caixas da Tesouraria do Estado;
Mapa XXVII-A - movimentos e saldos nas caixas da tesouraria do sistema de segurança social.
4 - Os mapas referentes à situação patrimonial são os seguintes:
Mapa XXVIII - aplicação do produto de empréstimos;
Mapa XXIX - movimento da dívida pública;
Mapa XXX - balanço e demonstração de resultados do subsetor dos serviços integrados;
Mapa XXXI - balanço e demonstração de resultados dos serviços e fundos autónomos;
Mapa XXXII - balanço e demonstração de resultados do sistema de solidariedade e segurança social.
5 - O mapa XXXIII é referente à conta dos fluxos financeiros dos serviços integrados do Estado.
6 - A apresentação dos mapas XXX a XXXI, previstos no n.º 4, apenas será obrigatória quando todos os
serviços a que se referem tiverem adotado o Plano Oficial de Contabilidade Pública, devendo os balanços
apresentados nos mapas XXX a XXXII distinguir o património dos serviços e instituições abrangidos do
património afeto por ou a outros serviços e instituições.
7 - Sem prejuízo do que o Governo estabelecer quanto ao conteúdo mínimo dos mapas contabilísticos
gerais, a estrutura dos mapas I a XIX será idêntica à dos correspondentes mapas orçamentais, devendo o seu
conteúdo, bem como o dos restantes mapas, evidenciar, conforme os casos, as principais regras
contabilísticas utilizadas na execução das receitas e das despesas, nomeadamente as que se referem a
exceções à regra da não compensação e da não consignação.
Artigo 76.º
Elementos informativos
1 - A Conta Geral do Estado compreende elementos informativos, apresentados sob a forma de mapas,
referentes:
a) Em comum, às contas dos subsetores dos serviços integrados, dos serviços e fundos autónomos e do
sistema de segurança social;
b) À conta do subsetor dos serviços integrados;
c) À conta do subsetor dos serviços e fundos autónomos;
d) À conta do sistema de segurança social.
2 - Os elementos informativos referentes, em comum, às contas do subsetor dos serviços integrados, do
subsetor dos serviços e fundos autónomos e do sistema de segurança social são os seguintes:
a) Identificação das garantias pessoais do Estado, dos serviços e fundos autónomos e do sistema de
segurança social;
b) Montante global das transferências e dos subsídios para entidades privadas exteriores ao setor público
administrativo;
c) Montante global das indemnizações pagas a entidades privadas exteriores ao setor público
administrativo;
d) Créditos satisfeitos por dação em pagamento ou por compensação;
e) Créditos objeto de consolidação, alienação, conversão em capital ou qualquer outra forma de
mobilização;
f) Créditos extintos por confusão;
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g) Créditos extintos por prescrição;
h) Créditos anulados por força de decisão judicial ou por qualquer outra razão.
3 - Os elementos informativos referentes à conta do subsetor dos serviços integrados são os seguintes:
a) Alterações orçamentais;
b) Desdobramento das coberturas em receita das alterações orçamentais;
c) Receitas cobradas, especificadas de acordo com a classificação económica, comparadas com as
orçamentadas e com as cobradas no ano económico anterior;
d) Despesas pagas, especificadas de acordo com a classificação económica, comparadas com as do ano
económico anterior;
e) Despesas pagas, especificadas de acordo com a classificação funcional, comparadas com as do ano
económico anterior;
f) Despesas sem receita consignada, comparadas com as do ano económico anterior;
g) Despesas com receita consignada, comparadas com as do ano económico anterior;
h) Despesas cruzadas pelas diversas classificações orçamentais;
i) Desenvolvimentos das despesas;
j) Mapa dos compromissos assumidos.
4 - Os elementos informativos referentes à conta do subsetor dos serviços e fundos autónomos são os
seguintes:
a) Alterações orçamentais;
b) Receitas cobradas, especificadas de acordo com a classificação económica, comparadas com as
orçamentadas e com as cobradas no ano económico anterior;
c) Despesas pagas, especificadas de acordo com a classificação económica, comparadas com as do ano
económico anterior;
d) Despesas pagas, especificadas de acordo com a classificação funcional, comparadas com as do ano
económico anterior;
e) Despesas cruzadas pelas diversas classificações orçamentais;
f) Discriminação das receitas e das despesas dos serviços e fundos autónomos;
g) Mapa dos compromissos assumidos.
5 - Os elementos informativos referentes à conta do sistema de segurança social são os seguintes:
a) Alterações orçamentais;
b) Receitas cobradas, especificadas de acordo com a classificação económica, comparadas com as
orçamentadas e com as cobradas no ano económico anterior;
c) Despesas pagas, especificadas de acordo com a classificação económica, comparadas com as do ano
económico anterior;
d) Despesas pagas, especificadas de acordo com a classificação funcional, comparadas com as do ano
económico anterior;
e) Despesas cruzadas pelas diversas classificações orçamentais;
f) Mapa dos compromissos assumidos.
6 - Os elementos informativos relativos aos programas orçamentais concluídos no ano evidenciam a
despesa orçamental paga relativa a cada programa, medida e projeto.
7 - Para além dos elementos informativos previstos nos números anteriores, a Conta Geral do Estado
deverá conter todos os demais elementos que se mostrem adequados a uma prestação clara e completa das
contas públicas.
8 - (Revogado).
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9 - O Governo definirá, por decreto-lei, o conteúdo mínimo dos elementos informativos.
Artigo 77.º
Apresentação das contas
1 - As contas dos serviços integrados e dos serviços e fundos autónomos são prestadas, até 30 de abril do
ano seguinte àquele a que respeitam, ao membro do Governo responsável pela área das finanças e ao
respetivo ministro da tutela.
2 - A falta injustificada da prestação de contas a que se refere o número anterior constitui:
a) Infração financeira, punível com multa de valor igual ao previsto nos n.os
2, 4 e 5 do artigo 65.º da Lei n.º
98/97, de 26 de agosto, alterado pelas Leis n.os
35/2007, de 13 de agosto, e 61/2011, de 7 de dezembro, pela
qual são responsáveis os dirigentes dos serviços em causa;
b) Fundamento de recusa dos pedidos de requisição de fundos, de libertação de créditos, de autorização
de pagamentos e de transferências relativamente ao orçamento em execução enquanto permanecer a
situação de atraso.
Artigo 78.º
Conta da Assembleia da República
1 - O relatório e a conta da Assembleia da República são elaborados pelo conselho de administração, até
31 de março do ano seguinte àquele a que respeitam.
2 - A conta da Assembleia da República é enviada, até 30 de abril do ano seguinte àquele a que respeita,
ao Governo, para efeitos da sua integração na Conta Geral do Estado.
Artigo 79.º
Conta do Tribunal de Contas
Depois de aprovada, a conta do Tribunal de Contas é remetida, até 30 de abril do ano seguinte àquele a
que respeita, à Assembleia da República, para informação, e ao Governo, para efeitos da sua integração na
Conta Geral do Estado.
Artigo 80.º
Publicação
Depois de aprovada pela Assembleia da República, a Conta Geral do Estado é publicada no Diário da
República, nos termos a definir pelo Governo, que definirá igualmente o regime de publicação das contas
próprias e dos elementos informativos, bem como a informação suscetível de ser publicada apenas em
suporte informático.
Artigo 81.º
Contas provisórias
1 - O Governo faz publicar, no Diário da República, no prazo de 45 dias após o final de cada trimestre,
contas provisórias respeitantes aos trimestres decorridos.
2 - As contas a que se refere o número anterior contêm, pelo menos, os seguintes elementos:
a) Mapas correspondentes aos mapas XXVI e XXVIII;
b) Resumos dos mapas XXVI e XXVIII;
c) Mapa correspondente ao mapa I;
d) Mapa apresentando a comparação, até ao nível dos artigos da classificação económica, entre as
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receitas do conjunto dos serviços integrados liquidadas e cobradas no período em causa e no período
homólogo do ano anterior;
e) Mapas das despesas do subsetor dos serviços integrados, especificadas por título da classificação
orgânica, indicando os respetivos montantes dos duodécimos, das autorizações de pagamento e dos
pagamentos;
f) Mapa do desenvolvimento das despesas do subsetor dos serviços integrados, especificadas por
capítulo da classificação orgânica, comparando os montantes dos respetivos duodécimos com os das
correspondentes autorizações de pagamento expedidas no período em causa;
g) Mapas correspondentes aos mapas XXI e XXII.
TÍTULO V
Estabilidade orçamental
CAPÍTULO I
Objeto e âmbito
Artigo 82.º
Objeto
1 - O presente título contém os princípios e os procedimentos específicos a que devem obedecer a
aprovação e execução dos orçamentos de todo o setor público administrativo em matéria de estabilidade
orçamental.
2 - No âmbito da estabilidade orçamental, o presente título destina-se a cumprir as obrigações decorrentes
do artigo 126.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia e do Pacto de Estabilidade e
Crescimento, até à plena realização deste, e concretiza o disposto na parte final do n.º 6 do artigo 2.º, no n.º 2
do artigo 4.º e na alínea b) do artigo 17.º.
Artigo 83.º
Âmbito
O presente título aplica-se ao Orçamento do Estado e aos orçamentos das regiões autónomas e das
autarquias locais, sem prejuízo do princípio da independência orçamental estabelecido no n.º 2 do artigo 5.º.
CAPÍTULO II
Estabilidade orçamental
Artigo 84.º
Princípios da estabilidade orçamental, de solidariedade recíproca e de transparência orçamental
(Revogado)
Artigo 85.º
Conselho de coordenação financeira do setor público administrativo
(Revogado)
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Artigo 86.º
Objetivos e medidas de estabilidade orçamental
1 - A aprovação e a execução dos orçamentos de todos os organismos do setor público administrativo são
obrigatoriamente efetuadas de acordo com as medidas de estabilidade orçamental a inserir na lei do
Orçamento, em conformidade com objetivos devidamente identificados para cada um dos subsetores, para
cumprimento do Programa de Estabilidade e Crescimento.
2 - Os objetivos e medidas a que se refere o número anterior são integrados no elemento informativo
previsto na alínea b) do n.º 1 do artigo 37.º, o qual constitui um instrumento de gestão previsional que contém
a programação financeira plurianual necessária para garantir a estabilidade orçamental.
3 - As medidas de estabilidade devem incluir a fixação dos limites de endividamento e do montante das
transferências, nos termos dos artigos 87.º e 88.º.
4 - A justificação das medidas de estabilidade consta do relatório da proposta de lei do Orçamento e inclui,
designadamente, a justificação do cumprimento do Programa de Estabilidade e Crescimento e a sua
repercussão nos orçamentos do setor público administrativo.
Artigo 87.º
Equilíbrio orçamental e limites de endividamento
1 - Em cumprimento das obrigações de estabilidade orçamental decorrentes do Programa de Estabilidade e
Crescimento, a lei do Orçamento estabelece limites específicos de endividamento anual da administração
central do Estado, das regiões autónomas e das autarquias locais compatíveis com o saldo orçamental
calculado para o conjunto do setor público administrativo.
2 - Os limites de endividamento a que se refere o número anterior podem ser inferiores aos que resultariam
das leis financeiras especialmente aplicáveis a cada subsetor.
Artigo 88.º
Transferências do Orçamento do Estado
1 - Para assegurar o estrito cumprimento dos princípios da estabilidade orçamental e da solidariedade
recíproca, decorrentes do artigo 126.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia e do Pacto de
Estabilidade e Crescimento, a lei do Orçamento pode determinar transferências do Orçamento do Estado de
montante inferior àquele que resultaria das leis financeiras especialmente aplicáveis a cada subsetor, sem
prejuízo dos compromissos assumidos pelo Estado no âmbito do sistema de solidariedade e de segurança
social.
2 - A possibilidade de redução prevista no número anterior depende sempre da verificação de
circunstâncias excecionais imperiosamente exigidas pela rigorosa observância das obrigações decorrentes do
Programa de Estabilidade e Crescimento e dos princípios da proporcionalidade, não arbítrio e solidariedade
recíproca e carece de audição prévia dos órgãos constitucional e legalmente competentes dos subsetores
envolvidos.
Artigo 89.º
Prestação de informação
O Governo presta à Assembleia da República toda a informação necessária ao acompanhamento e
fiscalização da execução orçamental e, bem assim, toda a informação que se revele justificada para a fixação
na lei do Orçamento do Estado dos limites específicos de endividamento anual da administração central, das
regiões autónomas e das autarquias locais.
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CAPÍTULO III
Garantias da estabilidade orçamental
Artigo 90.º
Verificação do cumprimento do princípio da estabilidade orçamental
1 - A verificação do cumprimento das exigências da estabilidade orçamental é feita pelos órgãos
competentes para o controlo orçamental, nos termos da presente lei.
2 - O Governo apresentará, no relatório da proposta de lei do Orçamento do Estado, as informações
necessárias sobre a concretização das medidas de estabilidade orçamental respeitantes ao ano económico
anterior, em cumprimento do Programa de Estabilidade e Crescimento.
Artigo 91.º
Dever de informação
1 - O Ministro das Finanças pode exigir dos organismos que integram o setor público administrativo uma
informação pormenorizada e justificada da observância das medidas e procedimentos que têm de cumprir nos
termos da presente lei.
2 - Sempre que se verifique qualquer circunstância que envolva o perigo de ocorrência, no orçamento de
qualquer dos organismos que integram o setor público administrativo, de uma situação orçamental
incompatível com o cumprimento das medidas de estabilidade a que se refere o artigo 86.º, o respetivo
organismo deve remeter imediatamente ao Ministério das Finanças uma informação pormenorizada e
justificada acerca do ocorrido, identificando as receitas e despesas que as originaram, e uma proposta de
regularização da situação verificada.
3 - O Ministro das Finanças pode solicitar ao Banco de Portugal e a todas as instituições de crédito e
sociedades financeiras toda a informação que recaia sobre qualquer organismo do setor público administrativo
e que considere pertinente para a verificação do cumprimento da presente lei.
Artigo 92.º
Incumprimento das normas do presente título
1 - O incumprimento das regras e procedimentos previstos no presente título constitui sempre uma
circunstância agravante da inerente responsabilidade financeira.
2 - A verificação do incumprimento a que se refere o número anterior é comunicada de imediato ao Tribunal
de Contas.
3 - Tendo em vista o estrito cumprimento das obrigações decorrentes do artigo 126.º do Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia e do Pacto de Estabilidade e Crescimento em matéria de estabilidade
orçamental, pode suspender -se a efetivação das transferências do Orçamento do Estado em caso de
incumprimento do dever de informação estabelecido no artigo anterior e até que a situação criada tenha sido
devidamente sanada.
4 - (Revogado).
TÍTULO VI
Disposições finais
Artigo 93.º
Serviços e fundos autónomos
(Revogado)
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Artigo 94.º
Autonomia administrativa e financeira das universidades e dos institutos politécnicos
O disposto na presente lei não prejudica a possibilidade de as universidades e os institutos politécnicos,
bem como as suas unidades orgânicas, disporem de um regime especial de autonomia administrativa e
financeira, nos termos estabelecidos nas respetivas leis de autonomia e legislação complementar.
Artigo 95.º
Legislação complementar
(Revogado)
Artigo 96.º
Norma revogatória
São revogadas a Lei n.º 6/91, de 20 de fevereiro, e todas as normas, ainda que de caráter especial, que
contrariem o disposto na presente lei, sem prejuízo do disposto no artigo seguinte.
Artigo 97.º
Disposição transitória
1 - Os processos de organização, elaboração, apresentação, discussão, votação, alteração e execução da
fiscalização e responsabilidade orçamental relativos aos Orçamentos do Estado e contas anteriores aos de
2003 continuam a reger-se pela legislação a que se refere o artigo 96.º.
2 - O disposto no número anterior é igualmente aplicável durante o período em que o Orçamento do
Estado, incluindo o da segurança social, respeitante ao ano económico em curso vigore no ano de 2003, por a
sua vigência ter sido prorrogada nos termos da legislação a que se refere o artigo 96.º.
3 - Não são de aplicação obrigatória à preparação, elaboração e apresentação do Orçamento do Estado
para 2003 as disposições dos artigos 18.º a 20.º.
4 - O disposto no título V aplica-se aos orçamentos para 2003 e vigora até à plena realização do Pacto de
Estabilidade e Crescimento.
Artigo 98.º
Regulamentação da orçamentação de base zero
Para efeitos do previsto nos artigos 21.º-A e seguintes, compete ao Governo definir:
a) A adaptação ao processo de orçamentação de base zero das regras relativas ao modo e à forma de
definição concreta dos programas e medidas a inscrever no Orçamento do Estado e das respetivas estruturas;
b) O modo de aplicação do processo de orçamentação de base zero na organização e
elaboração dos orçamentos dos serviços e fundos autónomos, no orçamento da segurança social,
bem como no âmbito dos programas plurianuais dos serviços públicos nas áreas da saúde,
educação, segurança social, justiça e segurança pública.
A Divisão de Redação e Apoio Audiovisual.