O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Página 1

Segunda-feira, 1 de julho de 2013 II Série-A — Número 161

XII LEGISLATURA 2.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2012-2013)

S U M Á R I O

Ministério das Finanças e da Administração Pública (Conta Geral do Estado 2011):

— Relatório da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública e pareceres das Comissões Parlamentares, do Conselho Económico e Social e da Unidade Técnica de Apoio Orçamental.

Página 2

COMISSÃO DE ORÇAMENTO, FINANÇAS E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Conta Geral do Estado 2011

Relatório

Índice

PARTE I – CONSIDERANDOS

1.1. Introdução

1.2. Enquadramento macroeconómico em 2011

1.3. As previsões macroeconómicas para 2011 – do orçamento inicial ao valor efetivo

1.4. Políticas Económicas que influenciaram a execução orçamental em 2011

1.5. Conta das Administrações Públicas (ótica da contabilidade nacional)

1.6. Conta Consolidada das Administrações Públicas (ótica da contabilidade pública)

1.7. Conta Consolidada da Administração Central e Segurança Social

1.7.1. Subsetor Estado

1.7.2. Serviços e Fundos Autónomos

1.8. Investimento (PIDDAC)

1.9. Orçamento e Conta da Segurança Social

1.10. Dívida Pública

1.11. Fluxos Financeiros com a União Europeia

1.12. Fluxos Financeiros entre o Orçamento do Estado e o Sector Público Empresarial

1.13. Fluxos Financeiros com as Regiões Autónomas e com as Autarquias Locais

1.14. Condicionantes Estruturais das Finanças Públicas

PARTE II – OPINIÃO DO RELATOR

PARTE III – CONCLUSÕES

PARTE IV – PARECER

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

2

Página 3

PARTE I – CONSIDERANDOS

1.1. Introdução

A Conta Geral do Estado de 2011 (CGE2011) está organizada em conformidade com a Lei nº 91/2001, de 20

de agosto (LEO – Lei de Enquadramento Orçamental), que estabelece no seu artigo 1º, entre outras, as

regras relativas à organização, elaboração, apresentação, discussão e votação das contas do Estado,

incluindo a da segurança social.

Os artigos 73º e seguintes da referida Lei regulam, entre outros aspetos, o conteúdo, o prazo para

apresentação e a forma de publicação da Conta Geral do Estado. A CGE2011 deu entrada na Assembleia da

República em 2 de julho de 2012 (primeiro dia útil após a data limite estatuída por lei), em conformidade

com o estabelecido no nº 1 do artigo 73º desse diploma.

Nos termos do disposto na alínea d), do artigo 162º da Constituição da República Portuguesa, compete à

Assembleia da República, no exercício de funções de fiscalização, tomar as contas do Estado e das demais

entidades públicas que a lei determinar com o parecer do Tribunal de Contas. Também de acordo com a

alínea a) do nº 1 do artigo 214º da Constituição, compete ao Tribunal de Contas dar parecer sobre a Conta

Geral do Estado, incluindo a da Segurança Social.

O Parecer do Tribunal de Contas sobre a CGE2011 foi enviado à Comissão de Orçamento, Finanças e

Administração Pública (COFAP), para que esta se pronunciasse sobre matérias da sua competência em

conformidade como artigo 107º da Constituição e da alínea c) do nº 2 do artigo 206º do Regimento da

Assembleia da República.

A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública procedeu à audição do Tribunal de Contas no

dia 16 de janeiro de 2013. Nesta audição intervieram o senhor Conselheiro Presidente, Guilherme d’Oliveira

Martins, e, os Juízes Conselheiros Relatores José Luís Pinto Almeida, José de Castro de Mira Mendes,

António Manuel Fonseca da Silva e António Augusto dos Santos Carvalho.

Na referida audição o senhor Conselheiro Presidente salientou os seguintes aspetos:

1) Âmbito do Parecer

O Parecer incide sobre a atividade financeira do Estado, incluindo a Segurança social (no que respeita

aos domínios das receitas, das despesas, da tesouraria, da dívida pública e do património) e na

sustentabilidade das finanças públicas nacionais.

2) Elaboração do parecer

O parecer envolve quatro Conselheiros relatores, sendo um deles o coordenador. Implica um trabalho

permanente de acompanhamento da atividade financeira do Estado por parte do Tribunal. Beneficia dos

resultados de auditorias e de outras ações de controlo das diferentes áreas de responsabilidade do

Tribunal. É aprovado pelo Plenário Geral.

3) Acesso à informação

O acompanhamento da atividade financeira do Estado exige uma adequada disponibilização da

informação residente nos sistemas informáticos específicos da Administração pública, nomeadamente

os relativos a: i) Receitas; ii) Despesas; iii) PIDDAC; iv) Fundos comunitários; v) Segurança Social.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

3

Página 4

4) Aprovação

O parecer foi aprovado pelo Plenário Geral em 12 de dezembro de 2012, composto pelo conselheiro

Presidente e 18 Juízes Concelheiros. O Tribunal de Contas reitera a disponibilidade para antecipar a data

de emissão do seu parecer na mesma medida em que for antecipada a data de apresentação da Conta

pelo Governo.

5) Parecer sobre a CGE de 2011

i) O parecer sobre a CGE incide sobre as contas da Administração Central, na ótica da contabilidade

pública, e da Segurança Social, na ótica da contabilidade pública e da contabilidade patrimonial.

ii) Foram realizadas 3 auditorias pelo TC diretamente relacionadas com o Orçamento do Estado para

2011: Alienação de imóveis do Estado a empresas públicas (RA nº 41/12); Programa Operacional

Valorização do Território (RA nº 37/2012); 7º Programa Quadro de Investigação e Desenvolvimento

Tecnológico (RA nº 39/2012).

iii) O parecer é composto por um volume repartido por 4 partes principais, a saber: Enquadramento

macroeconómico, Conta Geral do Estado, Conta da Segurança Social e Conclusões, Recomendações e

Juízo sobre a Conta.

6) Aplicação do Plano Oficial de Contabilidade Pública na Administração Central (exceto estabelecimentos

de ensino não superior)

i) No final de 2011, registou-se uma melhoria na adoção do POCP ou plano sectorial (222 em 2010 para

258 em 2011).

ii) Num universo de 461 serviços da administração central, prevê-se que, em 2013, 459 disporão de

contabilidade patrimonial.

7) Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal (PAEF)

O TC acompanha as medidas de consolidação orçamental e o seu impacto no PIB e o estado de

implementação das principais medidas orçamentais estruturais previstas no PAEF para 2011. Neste

sentido, o TC aprovou a realização de uma ação plurianual, que abrange o período de 2012-2014, sobre

o acompanhamento dos mecanismos de assistência financeira a Portugal e o seu impacto nas contas da

administração central e da segurança social, cujos resultados constarão de relatórios periódicos.

8) Banco Português de Negócios (BPN)

O TC continuou o acompanhamento que vem fazendo desde o PCGE/2008 das consequências

orçamentais da intervenção do Estado no BPN.

9) Caixa Geral de aposentações (CGA)

O TC analisou em particular a situação financeira orçamental da CGA, considerando em especial:

i) o universo de aposentados e subscritores da CGA;

ii) as fontes de financiamento da CGA e sua evolução;

iii) a aplicação de recursos e o grau de cobertura das despesas com pensões.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

4

Página 5

10) Grau de Acolhimento das Recomendações

57,1% Das recomendações formuladas no parecer sobre a CGE de 2009 foram acolhidas.

11) Conclusões e Recomendações

Com vista a melhorar a fiabilidade e o rigor da CGE, o TC formulou 82 recomendações, sendo 47

dirigidas à administração Central e 35 no âmbito da Segurança Social.

11) Juízo sobre a CGE de 2011

O TC formula um juízo globalmente favorável sobre a legalidade da execução orçamental da

administração central, mas com enfases quanto ao cumprimento de certos princípios orçamentais.

Na conta da SS formula reservas pelo incumprimento de disposições legais no âmbito do processo de

reconhecimento automático de prescrição de dívida de contribuintes e pela ausência de instauração de

processos executivos de valores in devidamente pagos a beneficiários. O TC formula ainda reservas

quanto à correção financeira incluindo a da CSS.

Nos termos do disposto na alínea a) do nº 1 do artigo nº2 da Lei 108/91 de 17 de agosto, a COFAP solicitou ao Conselho Económico e Social (CES) parecer sobre a CGE de 2011. O Plenário do CES aprovou o parecer sobre a CGE/2011, em 26 de Setembro de 2012, inserindo-se o referido parecer no âmbito das suas competências próprias, nomeadamente das que estão associadas à sua natureza de órgão de consulta e concertação no domínio das políticas económicas e sociais. A COFAP ouviu o CES no dia 6 de fevereiro de 2013. Nesta audição intervieram o Presidente do CES, Dr. José

Silva Peneda, e o Relator Conselheiro Dr. João Ferreira do Amaral.

A COFAP ouviu também em audição o Senhor Secretário de Estado do Orçamento, Drº Luís Morais

Sarmento, no dia 3 de maio de 2013.

Emitiram ainda parecer sobre a CGE2011, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) e as Comissões

Parlamentares Permanentes.

A UTAO apresentou o parecer técnico, em 28 de dezembro de 2012, ao abrigo do artigo 10º-A da Resolução

da Assembleia da República nº 20/2004, de 16 de fevereiro, aditado pela Resolução nº 57/2010, de 23 de

julho, e no mandato expresso na atividade nº 7 do seu Plano de Atividades.

As várias Comissões Parlamentares respondendo à solicitação da COFAP, nos termos do artigo 205º do

Regimento da Assembleia da República, enviaram parecer sobre a CGE2011 relativamente às áreas da sua

competência que se encontram em anexo a este Relatório e são os seguintes:

Parecer da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. Deputada relatora:

Cecília Honório (BE);

Parecer da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas. Deputado relator: João

Ramos (PCP);

Parecer da Comissão de Defesa Nacional. Deputado relator: Marcos Perestrello (PS);

Parecer da Comissão de Assuntos Europeus. Deputados relatores: Honório Novo (PCP);

Parecer da Comissão de Economia e Obras Públicas. Deputado relator: Duarte Cordeiro (PS);

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

5

Página 6

Parecer da Comissão de Agricultura e Mar. Deputado relator: Fernando Jesus (PS);

Parecer da Comissão de Educação, Ciência e Cultura. Deputado relator: Michael Seufert (CDS-PP);

Parecer da Comissão de Saúde. Deputada relatora: Conceição Bessa Ruão (PSD);

Parecer da Comissão de Segurança Social e Trabalho. Deputado relator: Nuno Sá (PS);

Parecer da Comissão do Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local: Deputada relatora:

Margarida Neto (CDS-PP);

Parecer da Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação. Deputada relatora: Carla Cruz

(PCP).

O Orçamento do Estado para 2011 (OE2011), foi aprovado pela Lei nº 55-A/2010, de 31 de dezembro, e o

diploma que estabelece as normas para a sua execução é o Decreto-Lei nº 29-A/2011, de 1 de março.

A política orçamental do ano de 2011 traduz, em grande parte, o efeito das medidas marcadas pelo pedido

de assistência financeira a Portugal e subordinadas às obrigações decorrentes do Programa de Assistência

Económica e Financeira (PAEF) concretizados pela assinatura dos Memorandos em 17 de maio de 2011 com

a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu.

Durante o ano de 2011, foram aprovadas duas alterações à Lei do Orçamento do Estado. A primeira

alteração, através da Lei nº 48/2011, de 26 de Agosto, teve como objetivo o reforço da estabilidade

financeira. Aumentou para 35.000 M€ o limite máximo para a concessão extraordinária de garantias e para

12.000 M€ o limite do endividamento líquido direto a utilizar para fazer face a necessidades de

financiamento e disponibilização de liquidez nos mercados financeiros.

A segunda alteração consubstanciou-se através da Lei n.º 60-A/2011, de 30 de novembro, que aprovou um

conjunto de medidas adicionais com vista à consolidação orçamental.

Em termos legislativos, foram ainda relevantes para a execução orçamental de 2011 os seguintes diplomas:

Decreto-Lei nº 65-A/2011, de 17 de maio. Desenvolve e reforça deveres de prestação de informação

financeira necessários ao controlo da execução orçamental;

Lei nº 49/2011, de 7 de setembro. Aprova uma sobretaxa extraordinária sobre os rendimentos sujeitos a IRS auferidos no ano de 2011, alterando o Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30 de Novembro;

Lei nº 51-A/2011, de 30 de setembro. Elimina a taxa reduzida de IVA sobre a eletricidade e o gás natural, com a consequente sujeição destes bens à taxa normal;

Lei nº 12-A/2010, de 30 de junho. Aprova um conjunto de medidas adicionais de consolidação orçamental que visam reforçar e acelerar a redução de défice excessivo e o controlo do crescimento da dívida pública previstos no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC);

Resolução do Conselho de Ministros nº 101-A/2010, de 27 de dezembro. Concretiza medidas de consolidação orçamental previstas na lei do Orçamento do Estado para 2011 e no Programa de Estabilidade e Crescimento e implementa um sistema especial de controlo trimestral da despesa pública para o ano de 2011.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

6

Página 7

A atividade financeira do Estado encontra-se enquadrada pelo Regime da Administração Financeira do

Estado (RAFE), de que se destacam os seguintes diplomas:

Lei nº 8/90, de 20 de fevereiro. Lei de Bases da Contabilidade Pública;

Decreto-Lei nº 155/92, de 28 de julho. Estabelece o regime da administração financeira do Estado

(RAFE);

Decreto-Lei nº 191/99, de 5 de junho. Regime da Tesouraria do Estado;

Decreto-Lei nº 232/97, de 3 de setembro. Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP);

Decreto-Lei nº 26/2002, de 14 de fevereiro. Regime jurídico dos códigos de classificação económica das receitas e das despesas públicas e da estrutura das classificações orgânicas aplicáveis aos organismos da administração central.

O presente relatório analisa a CGE2011, tendo como base na sua elaboração o próprio relatório da CGE2011

e o parecer emitido pelo Tribunal de Contas. É também tido em atenção os pareceres do CES e da UTAO

bem como a apresentação realizada pelo Senhor Secretário de Estado do Orçamento aquando da audição

parlamentar.

1.2. Enquadramento macroeconómico em 2011

O ano de 2011 foi marcado pela agudização da crise das dívidas soberanas na área do euro, pelo processo

de desalavancagem do setor bancário, pelos efeitos de uma política orçamental restritiva, tendo o

financiamento externo à economia portuguesa, por via dos mercados da dívida, sido interrompido e

substituído pelo Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) da UE e do FMI a Portugal.

A nível internacional, em 2011, a economia mundial registou um crescimento de 4,0%, em recuperação face

à queda de 0,6% de 2009 (ano da maior crise desde a grande depressão), mas em desaceleração face ao

ano anterior (5,2%). Continuaram-se a registar grandes disparidades à escala global entre os ritmos de

crescimento. Assim, nas economias avançadas o PIB cresceu 1,6%, enquanto no conjunto das economias de

mercado emergentes e em desenvolvimento aumentou 6,2%. Os países asiáticos continuaram a revelar um

elevado dinamismo, assente sobretudo no crescimento robusto da China e da Índia, o qual foi em média de

8%. Nos EUA, a atividade economia cresceu 1,8% e no Japão decresceu 0,6% (associado aos efeitos do

terramoto ocorrido em março).

Na zona euro, o PIB cresceu 1,4%, em 2011, em desaceleração face ao ano anterior (2,0% em 2010), mas

igualmente em recuperação face a 2009 (-4,4%). No conjunto dos países da União Europeia, o crescimento

foi ligeiramente superior, de 1,6% mas igualmente em desaceleração face a 2010 (2,0%). (gráfico infra)

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

7

Página 8

Quanto a Portugal, em 2011, a atividade economia contraiu 1,6%, em contraciclo com o crescimento

verificado na maior parte das regiões economias descritas anteriormente. Após um crescimento económico

de 1,9%, em 2010, a economia portuguesa entra outra vez em recessão, em 2011, acompanhada apenas

pela Grécia, uma vez que os restantes Estados Membros da UE apresentaram crescimentos económicos

naquele ano como se pode constatar no gráfico seguinte.

A recessão económica em Portugal, em 2011, foi determinada pela queda da Procura Interna, (-5,8%),

associada sobretudo às quebras de 3,9% das Despesas de Consumo Final e de 10,7% do Investimento.

As Exportações, por seu lado, registaram uma evolução positiva de 7,2%, (Bens: 7,4%; Serviços: 6,7%),

atenuando assim a contribuição negativa das restantes componentes económicas.

Da conjugação das Exportações com as Importações, com esta última a cair 5,9%, observou-se uma

contribuição positiva da Procura Externa Líquida para o crescimento do PIB de 4,7 p.p. Em sentido contrário,

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

8

Página 9

o Consumo e o Investimento foram fatores negativos para o crescimento do PIB, com contribuições de -3,5

p.p. e -2,8 p.p., respetivamente. (quadro seguinte)

Deste modo, em 2011, verificou-se uma redução considerável do défice externo em resultado da quebra

das importações ter sido muito intensa, uma vez que as exportações mantiveram praticamente constante,

ao longo do ano, o seu ritmo de desempenho (gráfico abaixo). Observou-se, assim, uma correção do

desequilíbrio externo que permitiu a redução das necessidades líquidas de financiamento da economia

portuguesa (-5,6% do PIB em 2011; -9,0% do PIB em 2010) e por conseguinte a diminuição da sua

dependência ao financiamento externo.

A recessão económica em 2011, agravou-se ao longo do 2º semestre do ano, com o PIB a contrair mais do

triplo (2,5%) que o verificado no 1º semestre (0,7%). Todas as componentes do PIB registaram

comportamentos mais desfavoráveis na 2ª metade do ano (gráfico infra):

A procura interna baixou 7,6% no 2º semestre enquanto no 1º semestre a queda tinha sido de 4,0%. O

Consumo Privado, acabou por cair 5,0%, no 2º semestre, contra 2,7% na 1ª metade do ano. Também o

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

9

Página 10

Investimento, sofreu uma fortíssima quebra no 2º semestre atingindo os dois dígitos (-14,0%) enquanto se

tinha registado, no 1º semestre, uma quebra de 7,6%. Mesmo, as Exportações, o único fator positivo para a

variação do PIB, apresentaram um desempenho mais positivo na 1º metade do ano (8,4% e 6,2%, no 1º

semestre e no 2º semestre, respetivamente).

No que se refere ao mercado de trabalho, o emprego registou uma queda, em termos nominais, de 2,8% no

conjunto do ano de 2011 (correspondente a uma diminuição de 141,2 mil empregos), tendo-se verificado

uma queda muito brusca no último trimestre do ano (-4,3%).

A taxa de desemprego, no conjunto do ano de 2011, fixou-se em 12,7%, tendo atingido 14,0% no final do

ano. O número de desempregados fixou-se em 706,1 mil, aumentando 17,2% face ao ano transato (que

corresponde a um aumento de 103,5 mil).

Para o conjunto do ano, a taxa de desemprego juvenil (jovens entre 15 e 24 anos) situou-se em 30,1%,

intensificando-se bastante na 2ª metade do ano e acabando por atingir 35,4% no último trimestre. (gráfico

seguinte)

Em 2011, a remuneração por trabalhador registou uma diminuição que se terá situado em 0,8%. Esta

evolução refletiu em larga medida a diminuição das despesas com remunerações do setor das

Administrações Públicas (-8,2% em 2011). A diminuição da remuneração média determinou a continuação

da variação negativa dos custos unitários do trabalho em Portugal em 0,8% em 2011.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

10

Página 11

Após um período de forte desaceleração dos preços em Portugal, iniciado no final de 2008 e prolongado ao

longo do ano seguinte, que se traduziu numa taxa de inflação média anual negativa em 2009, a taxa de

inflação voltou a apresentar valores positivos a partir de 2010, mantendo-se acima de 3% ao longo de 2011.

Neste ano, a taxa de inflação em Portugal, medida pela variação média do Índice Harmonizado de Preços no

Consumidor (IHPC), situou-se em 3,6%, o que representou um acréscimo de 2,2 p.p. em relação a 2010.

A aceleração dos preços no consumidor foi essencialmente impulsionada por alterações fiscais e nos preços

administrativos de alguns bens e serviços, os transportes e a habitação, água e eletricidade foram no

período de 2010-2011 as categorias que mais contribuíram para o crescimento da inflação, sendo que são

categorias onde se verifica precisamente um forte impacto do preço dos produtos energéticos.

Comparando com a área do euro, os preços em Portugal subiram mais acentuadamente em 2011 (3,6% face

a 2,4% na EA17), aumentando o diferencial que se verificava em 2010 (0,4 p.p.). Assim, em 2011, o

diferencial medido pela IHPC, para 1,1 p.p., o que significa uma divergência de Portugal com o conjunto das

17 economias que compõem a área euro.

Fonte: INE, in Relatório CGE2011

1.3. As previsões macroeconómicas para 2011 – do orçamento inicial ao valor efetivo

O cenário macroeconómico apresentado no OE2011 apontava para o crescimento do PIB de 0,2%, assente

na evolução favorável das exportações, ainda que num contexto de desaceleração da procura externa

relevante para Portugal, e numa contração em todas as componentes da procura interna, com especial

incidência no consumo público. As projeções macroeconómicas reveladas pelo Ministério das Finanças (MF)

tiveram em conta o aumento da incerteza quanto às perspetivas de continuação da retoma económica

mundial e os custos de financiamento mais elevados. A análise do enquadramento internacional subjacente

à elaboração do OE indicava ainda uma subida das taxas de juro de curto prazo, um aumento ligeiro do

preço do petróleo, a depreciação do euro face ao dólar e o aumento da taxa de inflação na área do euro.

No 2º semestre de 2011, no Documento de Estratégia Orçamental de agosto, e já na sequência do pedido

de assistência financeira internacional, o Ministério das Finanças reviu em forte baixa a previsão do PIB (-2,4

p.p.), passando de um crescimento, embora tímido, de 0,2% para uma recessão na ordem dos 2,2%.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

11

Página 12

Em outubro, com a entrega do Orçamento do Estado para 2012 e com a 2ª alteração ao Orçamento do

Estado para 2011, o MF reviu em alta aquelas projeções do PIB para uma queda de 1,9%, essencialmente

provocada pelo melhor contributo da procura externa, com as importações a cair mais 0,9 p.p. e as

exportações a subir mais 0,5 p.p.. A projeção para o consumo público baixou (2,0 p.p.) mas mesmo assim

compensada pela queda do consumo privado que passou de -4,4% para -3,5%.

Quanto à evolução dos preços, a taxa de inflação medida pelo IPC ficou 1,5 p.p. acima da prevista no

OE2011. Assinale-se que a aceleração dos preços no consumidor registado em 2011 foi essencialmente

condicionada por alterações fiscais e nos preços administrados de alguns bens e serviços, nomeadamente

na sequência de um aumento do IVA. Os preços das matérias-primas nos mercados internacionais

continuaram a aumentar consideravelmente em 2011, após já terem subido de forma significativa no ano

transato. Para esta evolução, destacou-se o preço do petróleo com um aumento anual de 38,2%.

No mercado de trabalho, nomeadamente no que concerne ao crescimento do emprego e à taxa de

desemprego registaram-se evoluções bastante mais desfavoráveis que as inicialmente previstas no OE 2011.

Com efeito, o emprego registou uma forte queda no conjunto do ano, de 1,5%, quando se previa

inicialmente uma quebra de 0,4%. Esta queda foi mais acentuada no final do ano, com o agravamento da

situação económica e com consequências ao nível da segurança social.

Quanto à taxa de desemprego, ficou acima de qualquer projeção feita pelo Governo ao atingir 12,7% no

ano, quando a projeção inicial apontava para 10,8% e as subsequentes para 12,5%.

O défice orçamental das Administrações Públicas acabou por se situar ligeiramente abaixo do inicialmente

previsto no OE 2011, em 4,4% do PIB (-0,2 p.p.), depois de ter sido revisto em alta no DEO e de acordo as

metas estabelecidas no PAEF, assinado em março desse ano, que fixou a nova meta para o défice em 5,9%

do PIB.

Para aquele resultado final de um défice de 4,4% do PIB, contribuiu em muito a transferência parcial das

responsabilidades com pensões do setor bancário para o sistema público de segurança social, no valor de

3,5% do PIB, e em menor escala a receita arrecadada com a sobretaxa de IRS, no valor de 0,5% do PIB.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

12

Página 13

Excluindo estas duas operações, o défice situar-se-ia em cerca de 8,4% do PIB. Segundo o Governo, “apesar

da importante contribuição da transferência dos fundos de pensões (no montante de 3,5% do PIB), o défice

estrutural reduziu-se em cerca de 2,3 p.p. do PIB”.1 No entanto, e como alerta o CES, “…na CGE, não se

encontra explicitado o valor do défice estrutural.2”

Quanto às projeções para a dívida pública foram sempre revistas em alta, desde o valor plasmado no

orçamento inicial, que apontava para um rácio no PIB de 94%, passando pelas projeções constantes no DEO

e no OE retificativo, de 100,8% e 101,9% do PIB respetivamente. A dívida pública acabou por situar-se em

108,3% do PIB em 2011, um acréscimo de 21,7 p.p. face ao inicialmente previsto; de 7,5 p.p. face ao DEO

(de agosto); ou de 6,4 p.p. face ao OE 2012 e OE Retificativo 2011 (de outubro).

1.4. Políticas Económicas que influenciaram a execução orçamental em 2011

No início de 2011, no contexto do agravamento da crise da dívida soberana na área do euro, os receios dos

investidores internacionais quanto à sustentabilidade das finanças públicas e à dinâmica da dívida externa

portuguesa avolumaram-se de forma significativa. A deterioração das condições de acesso aos mercados de

financiamento internacionais tornou necessário o recurso a assistência financeira externa, concretizado no

início de abril.

O processo orçamental de 2011 foi marcado pelo PAEF, o qual se consubstanciou na elaboração de um

programa de ajustamento visando a correção dos desequilíbrios estruturais da economia portuguesa,

incluindo um plano de consolidação das finanças públicas com o objetivo de assegurar uma trajetória de

evolução sustentável.

Esta consolidação baseou-se num aumento de receita, essencialmente proveniente de aumento de

impostos e, sobretudo, numa forte contração da despesa, em particular as despesas com pessoal e

investimento. A política orçamental assumiu assim um caráter fortemente restritivo, com recurso a

operações temporárias e a outros fatores especiais extraordinários (medidas “one-offs”).

Para tanto, assumiram relevância na execução orçamental de 2011 as as seguintes medidas:

Com incidência na despesa:

Cativações de parte das verbas previstas em diversas dotações orçamentais;

Redução dos salários dos trabalhadores em funções públicas, bem como medidas de congelamento

de admissões e redução do número de contratados;

Congelamento das pensões;

Redução da despesa no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (medicamentos, encargos com a

ADSE, planos de reestruturação de hospitais);

Redução das transferências para os municípios e as Regiões Autónomas;

Reorganização e racionalização do Setor Empresarial do Estado.

Redução das despesas de capital.

1Relatório da CGE, pág.I

2Parecer do CES à CGE2011, pág.8

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

13

Página 14

Com incidência na receita:

Aumento da taxa normal do IVA;

Reestruturação das listas dos bens e serviços que estavam sujeitos à taxa reduzida de 6% e

intermédia de 13% do IVA (listas I e II anexas ao Código do IVA);

Sujeição da eletricidade e do gás natural à taxa normal do IVA;

Revisão e limitação dos benefícios e deduções fiscais em sede de IRS e IRC;

Criação de uma contribuição sobre o setor bancário em sede de IRC;

Atualização dos impostos especiais sobre o consumo;

Aumento de 1 p.p. da contribuição dos trabalhadores para a Caixa Geral de Aposentações;

Transferência para o Estado da titularidade dos ativos dos fundos de pensões da banca (receita

adicional de 3.263,1 M€);

Sobretaxa extraordinária em sede de IRS (receita adicional de 781,4M€);

8.ª Fase do processo de reprivatização da EDP (receita adicional de 600 M€).

O quadro seguinte3 constante na CGE2011, identifica as principais medidas extraordinárias assim como as

alterações pontuais que não estavam previstas aquando da elaboração do OE e respetivo impacto no saldo

final das administrações públicas.

1.5. Conta das Administrações Públicas (ótica da contabilidade nacional)

Em 2011, a política orçamental da generalidade dos países da União Europeia (UE27) caracterizou-se pelo

prosseguimento do esforço da consolidação orçamental que se traduziu pela redução do défice orçamental

em 2,1 p.p., passando de um défice de 6,5% do PIB em 2010 para 4,4% do PIB em 2011.

No conjunto dos países da área euro (AE), o défice orçamental reduziu-se para 4,2% do PIB, em 2011 (-2,0

p.p.), tendo, no entanto, 11 dos 17 estados membros continuado a registar défice orçamentais acima de 3%

do PIB. Portugal registou um saldo orçamental de 4,4% do PIB, ligeiramente superior à média da área euro.

3Quadro retirado do relatório da CGE2011, pág.II

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

14

Página 15

“Considerando a variação do saldo global, 15 países da área euro melhoraram a sua posição orçamental e

Portugal registou o segundo ajustamento mais expressivo, a seguir à Irlanda”4.

Em sentido contrário, no que se refere à dívida Pública, Portugal registou o segundo aumento mais

expressivo, juntamente com a Irlanda e a seguir à Grécia. Na UE, o rácio da dívida pública no PIB aumentou

ligeiramente, tendo passado, de 80,0%, em 2010, para 82,5%, em 2011. Portugal apresentou o terceiro

maior valor da dívida pública da UE (108,3%), o que representou um aumento de 14,3 p.p. face ao registado

no final de 2010. Relativamente à AE, observou-se um agravamento de apenas 1,9 p.p., aumentando de

85,4%, no final de 2010, para 87,3% do PIB, em 2011. (gráficos seguintes)

Cumpre informar que o relatório da CGE2011 baseia-se nos valores constantes na base de dados AMECO e

que se reportam a dados conhecidos em meados de 2012. Entretanto os valores foram atualizados. Por

exemplo, no que se refere a Portugal, a 2ª notificação do PDE para 2012, elaborada pelo INE em de

setembro desse ano, reviu em alta a estimativa para o défice, para 2011, passando de 4,2% do PIB para

4,4%. Esta revisão foi “em cerca de 262,5 milhões de euros (0,14% do PIB) associada, essencialmente, à

incorporação de informação adicional. Os dados recebidos pelo INE da maior parte das entidades que

compõem as AP têm já a natureza de informação final.5

O slide seguinte6 identifica a informação adicional que está na base daquela alteração referente não só ao

défice público, como também à dívida (entre a CGE2011 e o PDE de abril2013).

Assim os valores dos quadros seguintes, referentes às Finanças Públicas na UE e à Conta das Administrações

Públicas (ótica da contabilidade nacional) revelam-se ligeiramente diferentes dos constantes nos quadros

do relatório da CGE 2011, por incorporarem dados mais recentes.

4Relatório CGE2011, pág. 19

5INE; Procedimento dos défices Excessivos – 2ª notificação de 2012, de 28 de setembro de 2012;

http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=107694175&DESTAQUESmodo=2 6Slide apresentado pelo Senhor Secretário de Estado do Orçamento aquando da audição sobre a CGE2011.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

15

Página 16

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

16

Página 17

Em Portugal, em 2011, a receita total das Administrações Públicas ascendeu a 76.934 M€, correspondente a

45% do PIB, e a despesa total a 84.477 M€ (49,4% do PIB). O défice orçamental atingiu 7.543 M€, o

equivalente a 4,4% do PIB.

A redução do défice orçamental em 5,4 p.p. do PIB traduz o aumento da receita em 3,4 p.p. e uma redução

da despesa em 2,1 p.p. A despesa primária reduziu-se mais acentuadamente, em 3,3 p.p. A receita

aumentou 6,9% e a despesa baixou 5,1%.

A receita fiscal subiu para 23,6% do PIB (+ 1,5 p.p.) traduzindo-se na adoção das medidas extraordinárias,

nomeadamente a introdução da sobretaxa extraordinária e da taxa de 45%, ambas em sede de IRS, a

limitação dos benefícios e deduções fiscais em sede de IRS e IRC, o aumento de 2 p.p. na taxa normal do IVA

e a atualização dos impostos específicos sobre o consumo.

Em relação às outras componentes da receita, as contribuições sociais aumentaram 0,1 p.p. do PIB, em

parte justificado pelo aumento, em 1 p.p., da quota para a Caixa Geral de Aposentações (CGA), pela

inclusão dos trabalhadores bancários no regime geral da Segurança Social e pela aplicação das disposições

do novo código contributivo da Segurança Social, bem como pelos resultados da cobrança coerciva e do

enquadramento oficioso de trabalhadores independentes. A evolução da receita de capital foi determinada

pela transferência de fundos de pensões, quer dos bancários, em 2011 (3,5% do PIB), quer da Portugal

Telecom, em 2010 (1,5% do PIB). Excluindo estas duas operações, a receita de capital registou uma quebra

de 0,2 p.p. do PIB.

No que se refere à despesa, as despesas com pessoal reduziram-se em 0,9 p.p. do PIB (-8,1%), refletindo o

corte médio de 5% na tabela salarial da administração pública, as fortes restrições às promoções e

progressões e ainda uma redução do número de efetivos que, segundo as estimativas preliminares do INE,

se cifrou em -2,7%, em termos médios. O consumo intermédio decresceu 0,5 p.p. do PIB (-10,1%) em

resultado do efeito base de aquisição de equipamento militar, em 2010, o qual foi parcialmente

compensado pela inclusão, em 2011, da despesa com comissões dos empréstimos recebidos ao abrigo do

PAEF.

A despesa de capital, baixou 1,9 p.p. do PIB, quer na componente do investimento público (-1,2 p.p.), quer

na da outra despesa de capital (-0,6 p.p.). Esta última foi bastante influenciada pelo efeito de medidas de

natureza temporária, quer em 2010 (classificação de duas entidades, relacionadas com o BPN, no perímetro

das AP e execução de garantias do BP.P.) quer em 2011 (recapitalização do BPN e assunção de dívidas de

uma empresa da Região Autónoma da Madeira, que só por si valem cerca de 1,3 milM€, o equivalente a 0,8

p.p. do PIB).

Apesar do forte aumento do desemprego, a despesa com prestações sociais registou um ligeiro decréscimo

de 0,9%, mantendo, no entanto, o seu peso no PIB (22,0%).

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

17

Página 18

O quadro seguinte permite comparar a conta consolidada das Administrações Públicas em 2010 e 2011 por

subsetor, do qual se destacam:

No subsetor Estado foi apurada uma necessidade de financiamento equivalente a 4,3% do PIB,

representando uma melhoria de 5,1 p.p. face ao valor registado em 2010. Para este resultado contribuiu a

transferência das responsabilidades com pensões do setor bancário para o sistema público de segurança

social, no valor de 5.993 M€ (3,5% do PIB).

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

18

Página 19

No subsetor da Administração Local e Regional apurou-se um défice de 0,4% do PIB, o que representa uma

melhoria de 0,4 p.p. do PIB face ao défice registado em 2010. Os Fundos da Segurança Social apresentaram

um saldo positivo de 0,3% do PIB, inferior em 0,2 p.p. do PIB relativamente ao valor registado em 2010.

1.6. Conta Consolidada das Administrações Públicas (ótica da contabilidade pública)

Na ótica da contabilidade pública, em 2011, o saldo global das Administrações Públicas situou-se em -3,4%

do PIB, representando uma evolução positiva de 3,3 p.p. do PIB face ao défice do ano anterior e de 1,9 p.p.

do PIB face ao valor orçamentado.

Este resultado reflete uma diminuição da despesa total de 0,2 p.p. do PIB e um aumento da receita total de

3,1 p.p. do PIB.

O quadro seguinte7 mostra a passagem da contabilidade pública a nacional e resume os principais

ajustamentos de passagem do saldo global, incluindo ativos financeiros numa ótica de contabilidade

pública, ao saldo em contabilidade nacional.

7Quadro retirado do Relatório da CGE2011, pág.61

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

19

Página 20

1.7. Conta Consolidada da Administração Central e Segurança Social

A conta da Administração Central e Segurança Social (na ótica da contabilidade pública) é uma conta

consolidada onde são eliminados os fluxos intra e intersetoriais. Sempre que se verificam divergências de

consolidação por comparação dos fluxos da receita de um subsetor e da despesa de outro, há necessidade

de se proceder a ajustamentos de consolidação.

Em 2011, o défice global da conta consolidada da Administração Central e Segurança Social cifrou-se em

6.058,5 M€ (3,5% do PIB), embora em termos ajustados (retirando as medidas temporárias e “one offs”) se

tenha situado em 10.580 M€ (6,2% do PIB).

O Quadro seguinte8, produzido pela UTAO, mostra a execução orçamental em 2011 face à registada em

2010 e face às metas traçadas no orçamento inicial de 2011. O quadro permite também analisar a execução

orçamental ajustada, isto é expurgando as diversas medidas temporárias e “one offs” que ocorreram

naqueles anos. Esse ajustamento diz respeito às seguintes medidas:

Do lado da receita:

Eliminação da transferência relativa aos fundos de pensões da Portugal Telecom para a CGA, no

valor de 1.882 M€, com impacte na receita de capital (“outras transferências de capital”) em 2010;

Exclusão da verba recebida em 2011 relativa à transferência dos fundos de pensões do setor

bancário, no valor de 3.263 M€, com impacte na receita de capital (“outras transferências de capital”) do

Estado.

Exclusão da verba contabilizada em 2011 pelos SFA no âmbito da transferência dos fundos de

pensões da Portugal Telecom para a CGA, com um impacte na receita de capital (“outras transferências de

capital”) de 621 M€. (*)

Exclusão da receita proveniente da sobretaxa extraordinária em sede de IRS, aplicada em 2011, com

impacte na receita do Estado proveniente de “impostos diretos”, no valor de 781,4 M€.

Do lado da despesa:

Exclusão do pagamento do material militar de sub-superfície, que ocorreu no final de 2010, o qual

teve um impacte na despesa de capital (“investimento”) do subsetor Estado que ascendeu a 1.001 M€;

O orçamento inicial de 2011 considerava uma dotação de 1.000 M€, a título de despesa de

capital (“outras transferências de capital”), destinada à regularização de responsabilidades

financeiras relacionadas com a aquisição de material militar de sub-superfície, cujo pagamento

ocorreu ainda no final de 2010; o ajustamento efetuado exclui esta dotação.

8UTAO - PARECER TÉCNICO N.º 7/2012; Análise da Conta Geral do Estado de 2011 (Ótica da Contabilidade Pública);

28.12.2012; pág.8

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

20

Página 21

A previsão de receita de capital (“outras transferências de capital”), no orçamento inicial de 2011,

considerava uma verba de 300 M€ relativa à transferência dos fundos de pensões da Portugal Telecom para

a CGA; o ajustamento efetuado exclui esta dotação.

Exclusão da despesa suportada em 2011 pelos SFA no âmbito da transferência dos fundos de

pensões da Portugal Telecom para a CGA, com um impacte na despesa de capital (“outras transferências de

capital”) de 144 M€ (*).

(*) Esta transferência ocorreu no âmbito de uma operação de cessão de créditos da CGA à Caixa Leasing

e Factoring, através da qual se obteve uma antecipação da respetiva receita relativa à transferência dos

fundos de pensões da Portugal Telecom para a CGA. Essa operação foi objeto de uma renegociação que

se traduziu num aumento dos níveis de receita e de despesa em 144,2 M€, face ao montante previsto na

alínea b) no n.º 2 do art. 2.º do Decreto-Lei n.º 140-B/2010, de 30 de Dezembro

Incluindo na Conta da Administração Central e Segurança Social estas medidas temporárias e “one offs”, o

saldo global (não ajustado) melhorou significativamente face a 2010, pese embora, essa melhoria tenha

sido menos expressiva excluindo aquelas medidas (não ajustado).

Com efeito, em 2011, o défice (não ajustado) da administração central e segurança social diminuiu cerca de

3,2 p.p. do PIB face ao ano anterior. Porém, em termos ajustados, esta melhoria homóloga foi de apenas 1

p.p. do PIB, a qual resulta em valor nominal da redução de 1.796M€, elevando-se para 5.436M€, em termos

não ajustados.

É principalmente pelo lado da receita que estes resultados são conseguidos e mesmo assim a receita

arrecadada fica aquém da inicialmente prevista no OE2011. Tal como a UTAO refere “ Este resultado deveu-

se sobretudo ao crescimento da receita efetiva [+2,8% face a 2010 (+1673 M€), dado que a despesa efetiva

registou uma redução de apenas 0,2% (-123 M€)]. Saliente-se que o crescimento da receita situou-se 3,7 p.p.

abaixo do inicialmente previsto no OE/2011.”9

Analisando a composição do saldo (não ajustado), salienta-se que, em 2011, o saldo corrente inverteu a

anterior trajetória de degradação, registando uma melhoria homóloga de 2 p.p. do PIB (1,5 p.p. do PIB em

termos ajustados). Por sua vez, o saldo de capital, influenciado pelo impacte orçamental das operações

temporárias e medidas “one-off”, melhorou 1,1 p.p. do PIB, registando em 2011 um excedente orçamental

de 0,5% do PIB. No entanto, expurgando os efeitos das referidas operações, o saldo de capital registou um

défice de 1,7 % do PIB em 2011, tendo-se degradado em 0,6 p.p. do PIB face a 2010.

9UTAO - PARECER TÉCNICO N.º 7/2012; Análise da Conta Geral do Estado de 2011 (Ótica da Contabilidade Pública);

28.12.2012; pág.9

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

21

Página 22

1.7.1. Subsetor Estado

O défice do Estado situou-se em 4,1% do PIB, em 2011, ao atingir 7.044 M€ , representando uma melhoria

de 4,2 p.p. do PIB face a 2010. Em termos ajustados, e conforme se pode observar no quadro anterior, o

défice deste subsetor atingiu 6,5% do PIB, melhorando 1,2 p.p do PIB face a 2010.

Face ao OE2011, o défice do Estado melhorou em 3.710 M€, contribuindo para este resultado o facto da

cobrança de receita efetiva ter sido superior à prevista (taxa de execução de 108,3%), conjugado com uma

realização de despesa efetiva inferior à prevista inicialmente (98,9%), sendo de ressalvar que na proposta

do OE2011 se encontrava inscrito o pagamento de material militar de sub-superfície (no valor de 1.000 M€),

o qual veio a ocorrer no final de 2010.

Receita

A receita efetiva do Subsetor Estado aumentou 14,9% em 2011 após ter crescido 4,5% em 2010. Para este

acréscimo contribuiu principalmente a receita de capital e a receita fiscal.

Face ao OE2011, a receita efetiva do Estado aumentou 8,3% e face à 2ª alteração ao OE2011 o aumento foi

de 5,9% (quadro seguinte) 10 . Para esta execução beneficiou, em muito, “a adoção das medidas

10

Quadro constante no Parecer da UTAO, pág. 14

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

22

Página 23

extraordinárias no 2º semestre de 2011. Excluindo o efeito destas medidas, as taxas de execução da receita

de capital e da receita fiscal, situar-se-iam em 32,8 e 100,1%, respetivamente, enquanto a da receita efetiva

situar-se-ia em 97,8% (o que representa uma receita inferior de cerca de 820 M€.”11

No que respeita à receita fiscal, aumentou 6,4%, contribuindo com 5,7 p.p. para aumento da receita efetiva.

A evolução da receita fiscal, foi determinada pelos impostos diretos (+10,9%), sendo de salientar o efeito da

conjugação dos seguintes fatores (quadro seguinte)12:

No caso do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (+10%), de referir o efeito

decorrente da aplicação da sobretaxa extraordinária de 3,5% incidente sobre os rendimentos do ano de

2011 e da retenção na fonte de 50% da parte do valor devido do subsídio de Natal ou da prestação adicional

correspondente ao 13.º mês.

Relativamente ao Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (+12,5%), de destacar o efeito

conjunto do aumento da receita bruta corrigida face ao valor acumulado de 2010, em paralelo com a

diminuição dos reembolsos.

11

Idem, 12

Quadro constante no Relatório CGE2011, pág.115

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

23

Página 24

“Salienta-se que a previsão orçamental de arrecadação do IRC foi largamente suplantada, apresentando um

grau de execução de 123,6%, face á previsão de 4.182,0 M€, que não sofreu alteração relativamente à

previsão inicial da Lei do Orçamento do Estado (OE) para 2011. Quanto ao IRS, a previsão inicial de

arrecadação foi de 9.580,0 M€, tendo sido reforçada em 840,0 M€ pela Lei n.º 60-A/2011, de 30 de

novembro (segunda alteração à Lei do OE), que contudo se viria a revelar uma previsão demasiado

ambiciosa.”13

O aumento da cobrança de impostos indiretos (+3,2%) foi justificado pela interação de comportamentos de

sentido contrário das principais categorias de imposto (quadro seguinte)14 :

O acréscimo da receita de Imposto sobre o Valor Acrescentado (+7,5%), decorrente, em grande

medida, do aumento da taxa normal de 21% para 23% e da tributação à taxa normal da eletricidade e do

gás natural a partir de 1 de outubro (deixando de beneficiar da taxa reduzida).

Verifica-se a redução na receita de outros impostos sobre o consumo e outros impostos indiretos,

com destaque para: i) - Imposto sobre Veículos (-22,6%), em resultado da contração na venda de veículos,

em particular, no segundo semestre de 2011; ii) - Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (-4,2%), refletindo

o impacto orçamental da contração do consumo verificada nas gasolinas e gasóleos; e iii) - Imposto do Selo

(-3,6%), resultante do decréscimo de operações financeiras realizadas em 2011.

Comparando a evolução da receita fiscal com o OE2011 e com a 2ª alteração ao OE2011, constata-se que

aumenta 2,4% no 1º caso e diminui 0,2% no 2º.

Quanto à receita de capital aumentou 339% face a 2010, baixando para 56,6% se retirarmos a medida

extraordinária relativa à transferência parcial dos fundos de pensões do setor bancário.

A receita corrente não fiscal apresentou uma taxa de execução de 95,8%, não obstante o acréscimo das

contribuições para a ADSE resultante da contribuição patronal das entidades da administração central de

2,5% das remunerações sujeitas a descontos para a CGA, I. P. ou para a segurança social.

13

Relatório CGE pág. 116 14

Quadro retirado do Relatório CGE2011, pág.118

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

24

Página 25

No parecer à CGE2011, O TC aprecia a atividade financeira no domínio das receitas do Estado, examinando,

nomeadamente o cumprimento da Lei de Enquadramento Orçamental (LEO) e demais legislação relativa à

atividade financeira e compara as receitas orçamentadas com as efetivamente realizadas.

O quadro seguinte15 compara, por principais agregados, a execução das receitas orçamentais dos Serviços

Integrados registadas no SGR com as inscritas no orçamento inicial (Mapa I do OE de 2011) e no orçamento

final (com as alterações orçamentais da competência do Governo efetuadas através de créditos especiais e

as decorrentes das alterações orçamentais efetuadas pela 2ª alteração à Lei do OE2011). Quanto às

referidas comparações destacam-se do relatório do TC:

A execução da receita efetiva excede, em 4,8%, o orçamento inicial e, em 1,2%, o orçamento final.

Dos casos em que a execução excede as previsões, destaca-se a receita de:

Transferências de capital (com taxa de execução superior a 2.500%), por não ter sido prevista no

orçamento inicial nem nas alterações orçamentais subsequentes a transferência de fundos de pensões do

sector bancário para o Estado (€ 3.263 M) efetuada no final do ano;

IRC (com taxa de execução de 123,6%) que regista mais € 986 M que o previsto.

Dos casos em que a execução fica aquém do orçamento, realça-se a receita de:

ativos financeiros, com uma taxa de execução de 33,1%, menos 1.267 M€ do que o previsto devido,

essencialmente, à não concretização do valor orçamentado para a alienação de partes sociais de empresas,

tendo apenas sido contabilizada a receita proveniente do processo de reprivatização da EDP - Energias de

Portugal, SA, no valor de 600 M€;

O TC chama também a atenção para o papel desempenhado pelas receitas extraordinárias que têm sido

determinantes para cumprir os objetivos previstos no OE. Como mostra o gráfico seguinte16, entre 2008 e

2011 foram obtidos 7.280 M€ de receitas extraordinárias.

15

Quadro retirado do Parecer do TC à CGE2011, pág.61 16

Gráfico constante no Parecer do TC à CGE2011, pág.64

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

25

Página 26

Em 2008, as receitas extraordinárias representaram 3,6% da receita efetiva (1.476 M€) e provieram de

concessões hídricas (1.383 M€) e da venda de património imobiliário (93 M€).

Em 2009, a quebra na receita efetiva verificada deveu-se, sobretudo, ao decréscimo acentuado na receita

fiscal e nas receitas extraordinárias (foram obtidos 176 M€ com a venda de património imobiliário).

Em 2010, as receitas extraordinárias representaram 2,6% da receita efetiva (971 M€) e provieram das

privatizações da GALP e da Siderurgia Nacional (731 M€), além da venda de património imobiliário (167

M€).

Em 2011, as receitas extraordinárias tiveram o maior peso na receita efetiva (11%). A principal receita

extraordinária do Estado (com 70,1% do valor total) foi a contrapartida da transferência para a Segurança

Social das responsabilidades dos fundos de pensões do sector bancário, operação regulada pelo Decreto-Lei

n.º 127/2011, de 31 de dezembro. O artigo 1.º do referido diploma refere que as responsabilidades são

assumidas pela Segurança Social e o património dos fundos é transferido para o Estado. Note-se, no

entanto, que à Segurança Social caberá apenas o processamento das referidas pensões, sendo nulo o

impacto na execução orçamental deste subsector, uma vez que o Decreto-Lei n.º 127/2011 determina que

caberá ao Estado o financiamento das pensões em causa, devendo assegurar a transferência para a

Segurança Social dos respetivos montantes.

No que concerne à despesa fiscal, em 2011, ascendeu a 1.082,1 M€, (o equivalente a 0,6% do PIB) e

representando 3,1% da receita fiscal. Diminuiu 11,6% face a 2010, correspondente a menos 141,5 M€.

Como se pode constatar no quadro seguinte17, que analisa a evolução da despesa fiscal de 2009 a 2011,

este decréscimo deve-se maioritariamente ao IVA, IA/ISV e ISP, 11,4%, 48,9% e 44,8%.

17

Quadro retirado do relatório da CGE2011, pág. 151

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

26

Página 27

A redução da despesa fiscal com o IVA deve-se à contenção das despesas ao nível do investimento pelas

diferentes entidades beneficiárias e à redução dos benefícios fiscais decorrentes das alterações legislativas.

No caso do ISV, o fim do benefício dos veículos em fim de vida foi o principal fator responsável por esta

descida. Relativamente ao ISP são apontados três fatores responsáveis por esta descida: o decréscimo

significativo verificado na rubrica “biocombustíveis”, motivada pelo facto de, no final de 2010, ter

terminado a isenção parcial para os “grandes produtores de biocombustíveis”; o decréscimo verificado na

rubrica “Produção de eletricidade ou de eletricidade e calor (cogeração)”, influenciado pela menor

utilização de fuelóleo nas atividades do setor, pela contrapartida de uma maior utilização de gás natural,

não sujeito a ISP nestas atividades; e o decréscimo da rubrica “Aquecimento” motivada pelo aumento da

taxa do ISP aplicável ao gasóleo de aquecimento (Portaria n.º 99/2011 de 11 de março).

O TC chama a atenção para a recorrente subavaliação da despesa fiscal, enfatizando o facto dos “sistemas

de contabilização e controlo da DF continuam a não garantir a sua relevação integral e fiável na CGE,

designadamente quanto à despesa em IRC, IVA e Imposto do Selo (IS), a qual está manifestamente

subavaliada, além de inadequadamente discriminada por finalidade. Trata-se de uma insuficiência que já

não deveria subsistir face à informatização dos processos declarativos e de liquidação dos impostos e à

circunstância de os meios eletrónicos disponíveis permitirem obter informação de forma célere e económica,

dispondo a administração tributária”. 18

O TC diz também que o objetivo de reduzir a despesa fiscal em 0,4% do PIB não foi alcançado. “No Relatório

do OE para 2011 o objetivo da redução da DF em 0,4% do PIB é referido como uma das principais medidas

de consolidação orçamental visto que “o alcance da meta orçamental de 4,6% do PIB para o défice depende

também de medidas que promovam o aumento de receita, preferencialmente pela via da redução da

despesa fiscal (…) em termos que permitem reforçar a equidade do sistema fiscal português e a distribuir

com justiça os esforços inerentes ao processo de consolidação”. Porém, o próprio Relatório não é consistente

com esse objetivo prevendo, apenas, uma redução de € 142 M (-11,8%), inferior a 0,1% do PIB. A redução

18

Parecer do TC à CGE2011, pág. 209

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

27

Página 28

em 0,4% do PIB implicaria a eliminação de mais de metade da DF relevada na CGE pelo que, face à variação

verificada (-11,6%), o objetivo anunciado não foi alcançado.”

Despesa

No que diz respeito à despesa efetiva do subsetor Estado, registou um decréscimo de 3,7%, relativamente a

2010, tendo a redução da despesa primária sido mais acentuada (-6,4%).

Em termos ajustados, a despesa efetiva do Estado registou um decréscimo, mais modesto, de 1,7%

(equivalente a -865 M€), como mostra o quadro anterior elaborado pela UTAO.

A evolução das principais componentes, face a 2010, resultou dos seguintes fatores que podem ser

observados no quadro seguinte19:

19

Quadro retirado do relatório da CGE2011, pág.85

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

28

Página 29

As Despesas com pessoal baixaram 9,6%. No entanto, em termos comparáveis, ou seja,

considerando o efeito da reclassificação da despesa com saúde da ADSE em 2011, que passou a assumir a

natureza de “aquisição de bens e serviços correntes” (com a introdução da contribuição patronal para a

ADSE, por força da Lei do OE2011) a redução da despesa com pessoal seria de 5%, evolução suportada,

essencialmente, pela medida de redução remuneratória prevista no artigo 21.º da Lei do OE2011.

A Aquisição de bens e serviços correntes subiram 33,9%, face ao ano anterior. Em termos

comparáveis, a redução situar-se-ia em 4,3%, justificada pela diminuição das despesas de funcionamento

dos serviços da administração direta do Estado.

Os Juros e outros encargos cresceram 21,5% devido ao efeito-volume associado ao aumento do

stock da dívida (no montante de 736,2 M€), ao efeito preço, no montante de 288,9 M€, decorrente do

aumento da taxa de juro implícita (de 3,5% para 3,7%).

A Transferência corrente baixou 5,4%, sendo que para a Segurança Social decresceu 13%, no âmbito da respetiva lei de bases decorrente da necessidade de menor financiamento no âmbito da Lei de Bases da Segurança Social, em resultado das medidas de consolidação orçamental implementadas. Para o Serviço Nacional de Saúde baixou 5,1%, incluindo, em ambos os anos, o montante, de 150 M€, transferido visando a regularização de dívidas dos subsistemas públicos de saúde. Para a União Europeia, a transferência corrente baixou 2,3%, a título de contribuição financeira para o orçamento comunitário, em parte refletindo o efeito base associado aos encargos suportados em 2010, em resultado do ajustamento da contribuição financeira decorrente da atualização da base das Contas Nacionais Portuguesas e do consequente ajustamento dos valores dos recursos próprios do Rendimento Nacional Bruto e IVA do orçamento comunitário, relativos aos anos de 2006 a 2009. Para a Administração Local baixou 4,3%, com destaque para a que é processada no âmbito da Lei de Finanças Locais.

A despesa com os Subsídios decresceu 13,9% devido ao efeito de base associado aos apoios concedidos, em 2010, a título de comparticipação pelo Estado à instalação de painéis solares térmicos. Este decréscimo deve-se também à redução das indemnizações compensatórias atribuídas a empresas que prestam serviço público e à redução das verbas associadas à bonificação de juros à aquisição de habitação própria.

A rubrica outras despesas correntes aumentou 31,4% refletindo o maior número de projetos dos estabelecimentos de ensino não superior financiados pelo Fundo Social Europeu, no âmbito do Programa Operacional Potencial Humano.

A despesa de capital reduziu 21,1% em resultado da interação de fatores de sentido contrário, nomeadamente:

o Na aquisição de bens de capital (-71,3%), é relevante assinalar o efeito de base associado à

regularização, em dezembro de 2010, de responsabilidades financeiras do Estado decorrentes

da entrega equipamento militar no montante de 1.001 M€. Expurgando este efeito, a redução

da despesa com investimentos situar-se-ia em 14,4%, sendo esta variação determinada pelo

impacto, em termos orçamentais, do despacho do Ministro de Estado e das Finanças de 28

abril 2011, de interdição de novos compromissos no âmbito do Capítulo 50 - Investimentos do

Plano; 90 Conta Geral do Estado de 2011

o As transferências de capital (+9,5%), influenciadas pela componente destinada à regularização

de responsabilidades financeiras do Estado na área das concessões rodoviárias, cujos encargos

financeiros em 2011 ascenderam a 848,8 M€. Este efeito é parcialmente contrariado, pelo

efeito de base da transferência de capital para o Instituto de Apoio às PME e à Inovação, I.P. em

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

29

Página 30

2010 no âmbito do reforço das linhas PME INVEST e outros instrumentos financeiros de apoio

ao setor empresarial.

As aplicações financeiras líquidas de reembolsos relacionaram-se, na parte mais expressiva, com:

o Empréstimos de curto prazo (1.656,0 M€) e de médio e longo prazo (5.127,5 M€) para cobertura das necessidades de financiamento das empresas do Setor Empresarial do Estado;

o A dotação de capital do Banco Português de Negócios para pagamento de dívidas à Caixa Geral de Depósitos, no valor de 600 M€;

o A contribuição portuguesa para o empréstimo à Grécia, de 554,8 M€, enquadrado no âmbito da Iniciativa para o Reforço da Estabilidade Financeira determinada pela Lei n.º 8-A/2010, de 18 de maio.

O endividamento líquido registou uma diminuição, em 2011, de 3,1 mil M€, em resultado da

redução do défice do subsetor Estado em 7,2 mil M€ e da receita de alienação (600 M€, não transferidos

para o FRDP em 2011), que mais que superaram o acréscimo das aplicações financeiras líquidas em 4,8 mil

M€.

Face ao OE2011 inicial e ao OE final, a despesa efetiva reduziu-se em ambos os casos. Como se pode

constatar no quadro seguinte20, a despesa efetiva registou desvios favoráveis de 1.079,6 M€ (0,6 p.p. do

PIB) face ao OE inicial e de 1.682,7 (1,0 p.p do PIB) face OE final.

Face ao OE inicialmente proposto os desvios mais significativos entre a execução e aquele, dizem respeito às

“transferências de capital” (-847,9 M); “outras despesas correntes” (-680,2 M€); “Juros e outros encargos” (-

261,4 M€); “Despesas com o pessoal” (+676,4 M€) e “transferências correntes para a Administração

Central” (+578,0 M€).

O relatório da CGE2011 destaca ainda os desvios com “ativos financeiros” e com a “transferência para o

FRDP”, salientando que quanto “ao primeiro, a execução foi inferior ao orçamentado inicialmente em

2.680,2 M€, sobretudo pela não execução da verba destinada ao pagamento de dívidas do Banco Português

de Negócios à Caixa Geral de Depósitos; no que respeita às dotações destinadas à Iniciativa para Reforço da

Estabilidade Financeira (12 mil M€ no orçamento final19) apenas foram executados cerca de 554,8 M€

relativos à concessão de parte do empréstimo à Grécia; o remanescente refere-se a empréstimos ao Setor

Empresarial do Estado. Relativamente à transferência para o FRDP, de referir que, do valor inicialmente

previsto associado à alienação de partes sociais de empresas (1.870 M€), foram arrecadados 600 M€

respeitantes às receitas diretas do Estado associadas ao processo de privatização da EDP - Energias de

Portugal, S.A., mas que não foram transferidas, em 2011, para o Fundo de Regularização da Dívida

Pública”21.

20

Quadro retirado do Parecer da UTAO, pág. 18 21

Relatório CGE2011, pág.93

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

30

Página 31

Analisando a despesa efetiva do Estado por grandes Agregados, disponível no quadro seguinte22, podemos

verificar que face ao ano anterior:

Aumentaram os Juros e outros encargos da dívida pública (+1.067,7 M€) devido a:

o Aumento dos juros recebidos das aplicações, resultante de excedentes de tesouraria mais

elevados do que o antecipado; e

o Redução dos encargos com comissões devidas no âmbito do Programa de Assistência Económica

e Financeira, em resultado da substituição dos empréstimos do Fundo Europeu de Estabilização

Financeira (FEEF) por empréstimos no âmbito do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira

(MEEF), em setembro e outubro.

As Despesas no âmbito do Capítulo 60 - “Despesas excecionais” subiram 187,9 M€, refletindo,

essencialmente, o aumento da regularização de responsabilidades do Estado (+698,1).

O financiamento do subsistema de saúde da ADSE por receitas gerais reduziu-se em 225,1 M€, em

resultado da introdução da contribuição patronal para a ADSE, por força da Lei do OE/2011.

A redução da transferência para a Segurança Social (-1.005,6 M€) no âmbito da Lei de Bases foi

resultante, entre outros fatores, da entrada em vigor do Código Contributivo, da redução de encargos com o

abono de família e dos apoios concedidos no âmbito do Rendimento Social de Inserção.

O Decréscimo da transferência para o Serviço Nacional de Saúde em 446,9 M€, resultou da aplicação de medidas com impacto na redução de despesas com medicamentos e com meios complementares de diagnóstico.

O Funcionamento, em sentido estrito, decresce 302,1 M€, refletindo, em grande medida, a

aplicação do artigo 21.º da Lei n.º 55-A/2010, na qual é implementada, a partir de 1 de janeiro de 2011, a

redução remuneratória aos trabalhadores do setor público respeitante às remunerações totais ilíquidas

mensais de valor superior a 1500€.

22

Quadro retirado do relatório da CGE2011, pág. 96

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

31

Página 32

A Despesa com compensação em receita sobe 226,3 M€, resultante sobretudo do já referido efeito

da introdução da contribuição patronal para a ADSE que passou a ser receita própria daquele subsistema de

saúde.

Analisando a despesa efetiva do Estado por classificação funcional (quadro seguinte)23, Verifica-se que a

despesa executada com “funções sociais” diminuiu consideravelmente, face a 2010, ao atingir 28.862 M€,

uma redução na ordem dos 7% (- 1.981 M€),representando 59,2% do total da despesa efetiva.

23

Quadro retirado do relatório da CGE2011, pág. 99

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

32

Página 33

Face ao OE inicial, as “funções sociais” apresentaram um desvio de ligeiro de 84 m€, sendo que os maiores

desvios ocorreram com as “funções gerais de soberania” (-661 M€) e as “outras funções” (-665 M€).

Face ao OE final, o maior desvio ocorre com as “funções sociais” (-344 M€), particularmente com a

subfunção da “educação” onde a alteração foi de -344 M€ face à dotação corrigida, tendo ascendido a um

montante sensivelmente igual ao aprovado no OE inicial. “A justificação prende-se sobretudo com os

estabelecimentos de ensino não superior, que apresentaram um desvio favorável de 246 M€, dos quais cerca

de 160 M€ na rubrica “Outras despesas correntes –outras” das escolas básicas e secundárias.17 De acordo

com o relatório da CGE/2011, aquelas escolas beneficiaram de créditos especiais no valor de 232 M€,

relacionados com a “integração de receita proveniente do Fundo Social Europeu para pagamento a pessoal

contratado e outras despesas no âmbito de projetos elegíveis”. 24

O quadro seguinte25, permite a análise da despesa do Estado evidenciada anteriormente na ótica da

classificação orgânica:

24

Parecer da UTAO à CGE2011, pág.26 25

Quadro retirado do relatório da CGE2011, pág.111

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

33

Página 34

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

34

Página 35

1.7.2. Serviços e Fundos Autónomos

Em 2011, o universo do subsetor dos Serviços e Fundos Autónomos (SFA) alterou-se face ao ano anterior. As

principais alterações têm a ver com sete Hospitais que deixaram de fazer parte do Setor Público

Administrativo e passaram a integrar o Setor Empresarial do Estado, são eles: Hospital Nossa Senhora da

Conceição – Valongo, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra, Hospital Visconde de Salreu – Estarreja,

Hospital Distrital de Águeda, Hospital Cândido de Figueiredo – Tondela, Hospital de Pombal e o Hospital

Joaquim Urbano – Porto. Para além desta alteração também foi criado o Serviço de Ação Social do Instituto

Politécnico do Cávado e do Ave.

O quadro seguinte permite analisar a execução orçamental deste subsetor face ao inicialmente previsto e

face à 2ª alteração ao OE2011.26

Face ao saldo previsto na 2ª alteração ao OE2011, o saldo global de 2011 ficou aquém em 435,2 M€. Este

resultado é explicado pelo desvio negativo da receita efetiva (-1,2 %) e pelo nível mais elevado da despesa

efetiva (+0,6 %).

A variação negativa da receita efetiva advém do comportamento da receita corrente, justificado pelo menor

volume de transferências correntes provenientes da Segurança Social relativas à Taxa Social Única e das

verbas recebidas no âmbito do POPH – Programa Operacional Potencial Humano pelo IEFP, bem como pelo

desvio evidenciado nas vendas de bens e serviços do SNS e das instituições de Ensino Superior.

O desvio registado na despesa efetiva é maioritariamente justificado com aquisição de bens e serviços pelos

estabelecimentos de saúde do SNS, sobretudo pelo pagamento de despesas de anos anteriores pelas

Administrações Regionais de Saúde – ARS.

O desvio da despesa efetiva, face ao objetivo, é atenuado pela redução das despesas com pessoal, em

função das medidas de consolidação orçamental implementadas, com maior impacto no SNS e instituições

de Ensino Superior, assim como em subsídios atribuídos pelo IEFP no âmbito das políticas ativas de

emprego e formação profissional.

26

Quadro retirado do Relatório da CGE2011, pág.157

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

35

Página 36

Face a 2010, o saldo global deste subsetor registou uma deterioração de -1.548,8 M€, resultante sobretudo

da transmissão de responsabilidades respeitante ao Fundo de Pensões da PT para a CGA. A operação teve

um efeito significativo em 2010, influenciando a comparação homóloga, com impacto no saldo global de

2010 e 2011 em 1.882,1 M€ e 476,7 M€, respetivamente. (gráfico seguinte)27

Retirado o efeito daquele fundo de pensões, regista-se em 2011, em relação ao ano anterior, uma

degradação do saldo global de 143,5 M€, para o qual concorre uma redução da receita efetiva mais

acentuada (-2,9 %) que na despesa efetiva (-2,3%).

A variação negativa da receita (-712,8 M€) é justificada principalmente pela redução do volume de

transferências correntes e de capital provenientes do OE (-2,1 pp), principalmente as destinadas ao SNS e

IAPMEI, e das quotas e contribuições recebidas pela CGA (-1,0 pp).

O decréscimo em despesa resulta essencialmente do comportamento da aquisição de bens e serviços (-2,4

pp) com destaque no SNS e das despesas com o pessoal (-1,0 pp).

1.8. Investimento (PIDDAC)

A execução do Investimento, em 2011, totaliza 1.982 M€, concentrando-se 74% daquele valor em três

programas orçamentais: Agricultura e Pescas; Investigação e Ensino Superior; Economia, Inovação e

Desenvolvimento. (quadro seguinte)28

27

Gráfico retirado do relatório da CGE2011, pág.162 28

Quadro retirado do relatório da CGE2011, pág. 76

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

36

Página 37

Por fontes de financiamento, o financiamento nacional representa 49% do total executado, sendo que 87%

daquele valor tem origem no Capítulo 50-Investimentos do Plano, com especial relevo a execução das

transferências para os Serviços e Fundos Autónomos.

Relativamente ao financiamento comunitário, a execução foi de 1.013 M€, correspondendo a uma taxa de

comparticipação de 51%. Os projetos cofinanciados pesam 36% no total.

Verifica-se que 73% da execução em financiamento comunitário foi assegurada pelos Programas

Operacionais.

O Programa de Desenvolvimento Rural do Continente (PDR) apresenta a maior execução, destacando-se a

contribuição do IFAP, via programa orçamental ”Agricultura e Pescas”. Segue-se o Programa Operacional

Fatores de Competitividade, com especial enfoque a execução do IAPMEI, através do programa orçamental

“Economia, Inovação e Desenvolvimento”. (gráfico seguinte)29

29

Idem, pág. 78

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

37

Página 38

De entre as 68 medidas incluídas nos Programas Orçamentais, a execução do Investimento concentrou-se

em 41 medidas, destacando-se: agricultura e pecuária (33% do total); investigação científica de carácter

geral (20%) e outras funções económicas-diversas não especificadas (18%). As referidas medidas totalizam

72% do total executado.

Por agrupamento económico e excluindo a despesa em ativos, a despesa de capital corresponde a 58% do

total executado. Dentro deste agregado, as transferências têm um peso significativo, em que as rubricas

tipificadas como “Outras” ascendem a 256 milhões de euros, assumindo as transferências para Instituições

sem fins lucrativos 51% daquele valor, com especial representatividade dos orçamentos do FCT e IFAP.

(quadro infra)30.

Quanto ao investimento regionalizado, a região Norte representa cerca de 25% do total executado, em

resultado, essencialmente, dos projetos da responsabilidade do IAPMEI com 40% e do IFAP com 42%,

enquadrados nos programas orçamentais P012-Economia, Inovação e Desenvolvimento e P013-Agricultura

e Pescas, respetivamente. (quadro infra)31

O TC conclui que “O PIDDAC inicial estimou-se em € 2.263 M1 e a sua execução totalizou € 1.982 M, menos

€ 215 M que em 2010, tendo-se registado uma taxa de execução de 75,8%, mais 9,5 p.p. face ao ano

anterior (66,3%). Continuou a apresentar uma percentagem significativa, 35,5%, de despesas correntes

quando, dada a natureza de investimento subjacente ao programa, se deveria concentrar em despesas de

capital.

O PIDDAC contemplou 1.485 projetos. No entanto, 42,0% destes projetos (624) não teve execução financeira

realçando-se que numa grande parte deles foram desencadeadas diversas alterações orçamentais com

consequências ao nível da morosidade do processo e do registo e acompanhamento dos indicadores físicos e

financeiros, sem consequências na execução efetiva”.32

30

Idem, pág.81 31

Idem, pág. 82 32

Parecer do TC à CGE2011, pág.412

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

38

Página 39

1.9. Orçamento e Conta da Segurança Social

Na continuação da política de consolidação orçamental, definida no PEC 2010-2013, de março 2010, o

OE2011 aplicou medidas legislativas, com implicações na execução do Orçamento da Segurança Social

(OSS). Dessas medidas, as principais, podem ser agrupadas em 3 grupos:

Medidas que se referem à contenção das remunerações dos trabalhadores da administração

pública, alargadas agora a entidades cuja atividade depende no todo ou maioritariamente de recursos

públicos, independentemente da sua natureza jurídica, passando a incluir empresas públicas, fundações,

associações e outras entidades cujo funcionamento se encontra enquadrado principalmente pelo direito

privado, mas cujo financiamento é maioritariamente público. Destas medidas, merecem destaque as que

afetam diretamente a execução do OSS, no que respeita às despesas de administração nas quais se incluem

as despesas com pessoal.

Medidas que se referem à redução das despesas com prestações sociais, através da reposição das

medidas de proteção social vigentes no momento anterior à crise financeira internacional e do

congelamento do Indexante de Apoios Sociais (IAS).

Medidas que se refletem na receita do OSS, as quais têm a ver com a entrada em vigor do Código

dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social.

O OSS para 2011 foi aprovado conjuntamente com o OE e publicado pela Lei n.º 55-A/2011, de 31 de

dezembro, e as disposições necessárias à sua execução constam do Decreto-Lei n.º 29-A/2011, de 1 de

março. Ao longo do ano de 2011, o OSS foi objeto de sucessivas alterações orçamentais, que podem ser

observadas no quadro seguinte33:

No orçamento inicial a previsão da despesa situava-se 1,2% abaixo da previsão da receita, apontando para

um saldo orçamental de 454 M€. No entanto, as alterações orçamentais introduzidas ao longo do exercício

traduziram-se num reforço da receita na ordem dos 0,4% e numa diminuição da despesa de 0,1%, situando-

se esta última 1,7% abaixo da previsão da receita, aumentando a previsão do saldo orçamental para cerca

de 650 M€.

33

Quadro retirado do Parecer do TC, pág. 285

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

39

Página 40

Contudo, na execução orçamental, a receita e despesa efetivas (deduzidas do valor do saldo do ano

anterior, dos ativos e passivos financeiros), evidenciam decréscimos, face a 2010, de 1,3%, e 0,3%,

respetivamente. (quadro seguinte)34

A receita efetiva ascendeu a 23.542,6 M€ e a despesa efetiva a 23.103,2 M€. O saldo foi de 439,4 M€

refletindo um decréscimo de 36,2% (-249,7 M€) face a 2010.

Do lado da receita, face a 2010, destacam-se:

Considerados os três grandes agregados de classificação económica da Receita –“Correntes”, de

“Capital” e “Outras” –, todos exibiram decréscimos face a 2010 (menos 1,5%; menos 24,6% e menos 7%,

respetivamente).35

O crescimento das contribuições (que incluem as receitas de cotizações dos trabalhadores

dependentes, dos trabalhadores independentes, do seguro social voluntário e as contribuições das

entidades empregadoras) em 263,0 M€ (+2%) totalizando 13.746,3 M€ e refletindo o impacto positivo do

enquadramento dos trabalhadores bancários no regime geral dos trabalhadores por conta de outrem e o

efeito da entrada em vigor do Código Contributivo.

As “Transferências correntes da Administração Central” baixaram 930,2 M€ (-11,8%), salientando-se

as transferências do MTSS, no valor de 6.721,3 M€, decorrente da necessidade de menor financiamento no 34

Quadro retirado do relatório da CGE2011, pág. 182 35Parecer do TC à CGE2011, pág. 290

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

40

Página 41

âmbito da Lei de Bases da Segurança Social, em resultado das medidas de consolidação orçamental

implementadas.

As “outras receitas correntes” cresceram 115,8 M€ (+13,9%) incluindo, designadamente, a recuperação de prestações sociais indevidamente pagas e outras receitas do Sistema e, ainda, as transferências da receita dos jogos sociais consignadas ao financiamento de programas de Ação Social, sendo que esta apresenta um crescimento homólogo de 14,5%. Do lado da despesa, face a 2010, merecem destaque:

A despesa paga em “Pensões”, cresce 3,1% (+436,8 M€), ascendendo a 14.448,7 M€. A este

propósito o TC chama a atenção ao facto de “Os gastos com pensões cresceram globalmente, não sendo

uniforme a evolução das três eventualidades, porquanto se registou um crescimento na eventualidade

velhice (4,9%) e decréscimos nas eventualidades sobrevivência (-3,6%) e invalidez (-0,9%). Decorre da

análise efetuada a uma amostra de processos de atribuição e pagamento de pensões do regime geral e de

pensões sociais que a informação relevante para efeitos de atribuição e cálculo de pensões não se encontra

totalmente inserida numa só aplicação informática, existindo discrepâncias entre os vários suportes

disponíveis”.36

Os encargos com o “Abono de família”, sofrem um decréscimo de 30,4% (-293,8 M€), refletindo o

efeito das políticas implementadas a partir do 2.º semestre de 2010 e em 2011, nomeadamente, a

alteração das condições de acesso a esta prestação (condição de recursos), a extinção do

pagamento do montante adicional a partir do 1.º escalão, a revogação do aumento extraordinário

de 25% ao 1.º e 2.º escalões e a cessação do pagamento de abono de família correspondente aos

4.º e 5.º escalões de rendimento e, ainda, a redução para metade do valor associado às bolsas de

estudo.

As despesas com “subsídio de desemprego e apoio ao emprego”, descem 5,3%, e per capita, em relação ao número de desempregados, reduziram-se 23,6%. Este decréscimo é justificado, em grande medida, pelas alterações às regras de atribuição das prestações, pela eliminação de regimes temporários e excecionais de reforço desta tipologia de apoios praticados ao longo de 2010, e ainda, pela aplicação das novas regras de acesso às prestações sociais não contributivas, patente também na redução significativa da despesa com o “Subsídio social de desemprego”. Segundo o TC, “O total de desempregados subsidiados ronda os 590 mil, menos 37 mil que em 2010. No total dos beneficiários das prestações de desemprego, o subsídio de desemprego cobre 76,8%, registando um crescimento de 6,7% face a 2010. No que respeita ao volume financeiro das prestações de desemprego, o subsídio de desemprego regista um valor de € 1.566 M, seguido do subsídio social de desemprego, com € 278 M”.37

A despesa com o Rendimento Social de Inserção (RSI) sofre uma queda de 20,3% (-105,5 M€),

explicado pela entrada em vigor do Decreto-Lei 70/2010, de 16 de junho, contemplando a revogação dos

apoios especiais e complementares, a revisão das regras de cálculo da prestação e a aplicação de regras de

elegibilidade mais restritivas.

As “Ações de formação profissional com suporte no FSE”, crescem 18,1% (+177,1 M€), resultando,

sobretudo, do crescimento da despesa em “Subsídios de formação profissional” com suporte no Quadro de

36

Relatório do TC À CGE2011, pág.VII 37

Idem

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

41

Página 42

Referência Estratégica Nacional (QREN) do Fundo Social Europeu (FSE) relativo essencialmente ao Programa

Operacional de Potencial Humano (POPH).

As despesas com a “Administração”, no montante de 337,6 M€, diminuem 10,1% (38,0 M€), sendo

que para tal concorre a queda nas “Despesas com pessoal” em 8,6% (-22,7 M€), em resultado das medidas

introduzidas no OE2011, designadamente as reduções de remunerações e de trabalhadores. Também as

“Aquisições de bens e serviços” evidenciam uma contração de 12,0%) (-10,4 M€).

Em síntese, no ano de 2011, o saldo orçamental, na ótica da Contabilidade Pública, apresenta o seguinte

desdobramento por Sistemas38:

Quanto aos fluxos financeiros de despesa orçamentados e executados do OSS para a Administração

Regional e a Administração Local, é à primeira que cabe a maior parcela (84,9% do total da executada para

as Administrações Regional e Local), com uma execução de 89,0%, face ao orçamento ajustado. Face a

2010, verifica-se que apesar da verba orçamentada final ter sofrido um decréscimo na ordem dos 3,1% (de

129,4 M€ em 2010, para 125,3 M€ em 2011), o montante despendido com as Administrações Regional e

Local aumentou cerca de 6,3% (103,4 M€ em 2010, para 110,5 M€ em 2011), sem alcançar, todavia, a verba

orçamentada.

O TC elabora, no seu Parecer, uma análise ao comportamento de longo prazo da receita e despesa da SS

desde 2003, e retirou as seguintes conclusões39:

O “crescimento da receita efetiva apenas superou claramente o da despesa efetiva entre 2006 e

2008 (em 2010 foi superior em apenas 4 décimas). A desaceleração do crescimento da despesa a partir de

2010, que culminou na primeira diminuição em 2011, foi acompanhada por uma desaceleração na receita,

que em 2011 acabou por cair um ponto percentual mais que a despesa2. Por outro lado, ambas têm

apresentado um ritmo de crescimento superior ao do PIB (exceto em 2007), que nos últimos cinco anos

cresceu 1,2% em média. Em 2011, a receita efetiva teve uma quebra mais acentuada que o PIB (+0,3 p.p.)”.

A“desaceleração sistemática do crescimento da despesa com Pensões (depois do máximo de 9,1%

em 2004) efetuou-se sempre a um nível acima da evolução das Contribuições (exceto em 2007), registando

38

Gráfico retirado do Parecer do TC, pág. 303 39

Parecer do TC à CGE2011, pág.310

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

42

Página 43

uma taxa de crescimento médio de 4,8% nos últimos cinco anos, 1,3 p.p. acima das Contribuições no mesmo

período (3,5%).”

“Na receita, a quebra de 11,2% nas Transferências Correntes da Administração Central em 2011 fez

com que o crescimento médio dos últimos 5 anos baixasse de 9,1% em 2010 para 3,8% em 2011, invertendo

uma tendência de reforço do contributo do Estado no financiamento da Segurança Social. As Contribuições

cresceram 2,0% em 2011, atenuando o crescimento médio dos últimos 5 anos de 4,1% para 3,5%.”

“Na despesa, verifica-se uma redução do crescimento médio das Pensões nos últimos 5 anos, de

7,5% em 2007 para 4,8% em 2011 (de 7,7% para 5,4% nas pensões do sistema previdencial).”

“Quando consideradas em percentagem do PIB … as Contribuições refletem uma tendência de

crescimento (depois de uma quebra em 2004, para 7,0%) fixando-se nos 8,1% em 2011. As transferências

correntes da administração central subiram de 2,4% do PIB em 2002 para 5,0% em 2010, caindo para 4,5%

em 2011. As Transferências da UE oscilaram entre um mínimo de 0,2% em 2007 e um máximo de 0,7% em

2011 e os Rendimentos progrediram para 0,3% do PIB em 2011.”

“O pagamento de Pensões é largamente preponderante na despesa e tem apresentado um

crescimento sistemático, de 6,0% do PIB em 2002 para 8,5% em 2011 (as pensões do sistema previdencial

progrediram de 4,4% para 6,3%). As despesas com Desemprego e apoio ao emprego, com Ação social e com

Formação profissional e PAE apresentam valores em torno do 1% do PIB e uma certa estabilidade durante o

período analisado, enquanto as relativas ao Abono de Família, normalmente em torno dos 0,4% do PIB,

atingiram os 0,6% em 2009 e 20104. A despesa efetiva em percentagem do PIB progrediu de 10,2% em 2002

para 13,5% em 2011”.

“Em 2011, a despesa com pensões do sistema previdencial foi superior à verificada em 2002 em €

4.705,3 M (76,8%), enquanto as contribuições foram superiores em € 3.591,8 M (35,3%), mesmo existindo

menos 300.300 empregos na economia que em 2002 (menos 5,8%). A diferença entre a receita de

contribuições e as pensões pagas passou de € 4.045,0 M em 2002 para € 2.931,5 M em 2011 (ou de €

4.963,4 M para € 2.165,9 M se acrescentarmos a valorização anual do FEFSS), uma quebra de 27,5%.”

“Face ao efeito estrutural do envelhecimento da população, a desaceleração do crescimento das

pensões verificada nos últimos anos, com origem em alterações legislativas motivadas por preocupações de

sustentabilidade desta despesa, podem não ser suficientes para reequilibrar o sistema, principalmente se

não se reconduzir a economia para uma tendência de crescimento do produto que se reflita na criação

líquida de emprego e no aumento da massa salarial. A análise do período mostra que as receitas de

contribuições cresceram sistematicamente abaixo da despesa com pensões, apesar do valor da contribuição

por empregado ter aumentado 43,7% de 2002 para 2011”.

Balanço

A evolução da situação patrimonial da segurança social no período 2009 a 2011, traduzida na evolução de

cada membro do balanço, é a que se evidencia no quadro seguinte40:

40

Quadro retirado do Parecer do TC à CGE2011, pág.313

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

43

Página 44

“O ativo da segurança social é composto maioritariamente por disponibilidades e por dívidas de terceiros

que representam, em 2011, cerca de 53,2% e 42,3% do ativo bruto, respetivamente. As provisões para

cobrança duvidosa absorvem 45,6% do valor em dívida e o imobilizado encontra-se

amortizado/provisionado em 49,6%, reduzindo o ativo líquido a cerca de 78,6% do valor do ativo bruto. O

segundo membro do balanço é constituído na quase totalidade por “Fundos próprios”, 92,7%.”

Dívida de terceiros

O Quadro seguinte41 espelha as dívidas de terceiros em termos brutos e em termos líquidos no triénio de

2009 a 2011.

“Em 2011, em termos brutos, as dívidas de terceiros de médio e longo prazo ascendem a € 4.106,4 M (€

5.739,6 M em 2010) e as de curto prazo a € 4.396,7 M (€ 1.530,5 M em 2010). “Cerca de 49,7% (€ 4.230 M)

do total destas dívidas estão registadas em dívidas de cobrança duvidosa. As provisões acumuladas de

cobrança duvidosa ascendem a € 3.873,4 M (91,6%), o que representa uma dívida em termos líquidos de €

356,6 M. A evolução no triénio de 2009 a 2011 das dívidas de terceiros, em termos brutos, tem sido em

41

Idem , pág.316

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

44

Página 45

crescendo, acentuado em 2011 (17%), relativamente ao período homólogo anterior (em 2010 cresceu 9,7%).

Também em termos líquidos se regista um exponencial aumento em 2011 (152,6%, mais € 2.797,2 M),

relativamente ao período homólogo anterior, situação contrária à que ocorreu de 2009 para 2010, em que o

valor líquido decresceu 11,3% (menos € 234 M).”

As dívidas com maior expressão financeira referem-se a “Contribuintes”, manifestando acréscimos de 18,6%

e de 19%, em termos brutos, e de 16,9% e de 294,3%, em termos líquidos, comparando 2010 com 2009 e

2011 com 2010, respetivamente. A conta que releva as “Prestações sociais a repor” pelos beneficiários

também manifesta crescimentos ao longo do triénio, em termos brutos. No entanto, em valor líquido, as

quantias em dívida são cada vez menores, o que denota uma maior dificuldade na sua cobrança. Os

“Clientes” e os “Outros devedores” revelam variações significativas em 2010, fruto de alterações de registo

contabilístico.”

Demonstração de Resultados

O Quadro seguinte42 “reflete os proveitos e ganhos, os custos e perdas provenientes da atividade

desenvolvida pelas entidades incluídas no perímetro de consolidação ao longo do triénio 2009/2011, bem

como o valor dos respetivos resultados operacionais, financeiros, extraordinários e líquidos.

“Em 2011, todos os resultados se apresentavam positivos, com exceção dos resultados financeiros, sendo os

extraordinários os mais representativos, seguindo-se os operacionais, que culminaram num resultado

líquido bastante inferior ao registado no ano anterior, representando apenas 17,0% do valor apurado em

2009 e 9,2% do valor apurado em 2010.”

42

Idem , pág.342

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

45

Página 46

Resultado líquido do exercício

“O Resultado líquido do exercício ao longo do triénio apresenta sempre montantes positivos, registando o

valor máximo no ano de 2010 (€ 1.232 M) e o valor mínimo em 2011 (€ 113 M), espelhando uma variação

negativa de 90,8% em relação ao período homólogo anterior. Se fossem utilizados critérios e metodologias

homogéneos, relativamente à constituição de provisões para cobrança duvidosa de contribuintes, à

anulação de provisões para dívidas de contribuintes já constituídas, à imputação dos juros vincendos ao

exercício e à correção dos registos acolhidos na conta 7977 –“Correções de exercício anteriores –

Contribuições”, haveria lugar a impactos nos resultados, em geral, e, consequentemente, no resultado

líquido do exercício”43.

Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS)

O FEFSS foi criado em 1989, com uma dotação inicial de 216 M€. Em 2011, atingiu 8.872,4 M€, decrescendo

cerca de 8% face ao ano anterior. (quadro infra)44

No Gráfico seguinte45“apresenta-se a evolução da taxa de rendibilidade do FEFSS entre 2000 e 2011. Em

2000, a taxa de rendibilidade nominal do FEFSS foi de 3,8%, descendo para um mínimo relativo de 2,1% em

2002, período de queda nos mercados de ações. Nos três anos seguintes registaram-se rendibilidades mais

elevadas, atingindo o valor mais alto em 2005, com 6,8%. Em 2006, a rendibilidade caiu para 5,2% e, em

2007, para 4,1%. Em 2008, a magnitude da quebra das cotações de ações, a que agora se encontrava mais

exposto, levou à primeira rendibilidade negativa da sua história (- 3,9%). Em 2009, as cotações recuperaram

parte da quebra anterior e o FEFSS obteve uma rendibilidade positiva de 6,3% mas, em 2010, a crise em

torno das dívidas soberanas afetou a rendibilidade, que se ficou pelos 0,08%. Em 2011, a variação negativa

das valias potenciais, essencialmente em dívida pública portuguesa, originou uma rendibilidade negativa

inédita de 11,0%.”

“O desempenho mais recente do Fundo tem afetado substancialmente as suas rendibilidades históricas.

Desde a constituição em 1989, o FEFSS apresenta uma rendibilidade média anual de 2,22%3, caindo para

1,46% nos últimos 10 anos e para 0,37% nos últimos 7 anos. Nos últimos 5 e 3 anos a rendibilidade nominal

já vem negativa, de 1,31% e 1,92%, respetivamente.”

43

Idem, pag.347 44

Idem, pág.362 45

Idem, pág.366

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

46

Página 47

“O FEFSS encontra-se valorizado a 31 de Dezembro em € 8.872 M (5,2% do PIB) – o que representa uma

desvalorização de € 766 M face a 2010 –, suficientes para pagar 9,8 meses de pensões do sistema

previdencial ou 7,4 meses do total de pensões. Da gestão do Fundo resultaram perdas de € 1.063 M, em

consequência da variação negativa das valias potenciais, tendo-se registado uma rendibilidade de - 11%.

Desde a sua constituição, os rendimentos e valias gerados ascendem a € 1.530 M, traduzindo uma

rendibilidade média anual de 2,2%, afetada pelos resultados dos períodos mais recentes”

1.10. Dívida Pública

As dificuldades de recurso aos mercados de dívida pública, que crescentemente se fizeram sentir desde o

início de 2011, levaram à celebração do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal com a

União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional e, consequentemente, à

substituição de parte substancial do previsto financiamento de médio e longo prazo através do recurso ao

mercado de dívida, por empréstimos concedidos pelo MEEF, pelo FEEF e pelo FMI. O limite para o

acréscimo de endividamento líquido foi, no decurso do ano, aumentado para € 22.479 M, na 2º alteração

ao OE2011. Segundo o TC, “…o programa de financiamento não foi cumprido nem formalmente revisto. Em

sede de contraditório o IGCP refere que o programa de financiamento foi cumprido em relação ao valor

total de financiamento.”46

No final de 2011, a dívida direta do Estado ascendeu a 174,9 mil M€, o que representou um acréscimo de

23,1 mil M€ relativamente ao final de 2010. Esse acréscimo é justificado sobretudo pelo financiamento do

défice público, pela aquisição líquida de ativos financeiros e pela constituição de depósitos ao abrigo do

PAEF. Com o pedido de assistência internacional, a República Portuguesa deixou de emitir instrumentos de

dívida de médio e longo prazo no mercado. Os instrumentos de curto prazo também reduziram a sua

importância no stock da dívida, sendo de destacar a diminuição do peso dos Bilhetes do Tesouro, de 12,7%

para 7,1%.

Verificou-se ainda uma redução significativa do stock de Certificados de Aforro de 4,1 mil M€, que foi só

parcialmente compensada por um aumento dos Certificados do Tesouro, pelo que o peso destes

instrumentos na dívida direta do Estado diminuiu de 10,7 para 7,2%. Os empréstimos concedidos ao abrigo

46

Parecer do TC à CGE2011, pág. 118

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

47

Página 48

do PAEF ascenderam, ao valor nominal, a um total de 35,9 mil M€, representando mais de 20% do stock

total de dívida. (gráfico infra)47

O TC chama a atenção para o facto de o mapa XXIX constante na CGE “…apenas abranger a dívida gerida

pelo IGCP, sendo nele apresentados, por instrumento de dívida, o valor nominal no início e no final do ano e

os movimentos ocorridos no ano resultantes de emissões, amortizações e outras variações, tais como

capitalização de juros e variação cambial. Assim, a informação da CGE quanto ao stock da dívida pública

direta é incompleta, por omitir a dívida dos SFA e as operações de derivados financeiros”.48

Considerando a informação constante no Mapa XXIX da CGE e a relativa à dívida pública direta gerida pela

DGTF e por seis SFA49, obteve-se a evolução, em 2011, do stock da dívida pública Direta da administração

central evidenciada no quadro seguinte50 :

Em conclusão, verifica-se que o stock da dívida pública direta, resultante de operações de financiamento,

está subavaliado em 201,1 M€, em 31 de dezembro de 2011, e em 197, 6 em 31 de dezembro de 2010.

47

Quadro retirado da CGE2011, pág.189 48

Parecer do TC à CGE2011, pág.118 49

Caixa Geral de Aposentações (CGA), Manutenção Militar (MM), Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento (OGFE), Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), Cofre de Previdência da P.S.P. (CPSP) e Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) 50

Quadro retirado no Parecer do TC, pág.129

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

48

Página 49

Garantias do Estado

Foram concedidas garantias pessoais do Estado a operações de financiamento no montante total de

13.133,7 M€, compreendendo 951,3 M€ de garantias concedidas ao abrigo do regime geral, 10.825 M€ de

garantias prestadas no âmbito do sistema financeiro, 1.000 M€ de uma nova garantia concedida ao BPN,

157,4 M€ por garantias prestadas no âmbito do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e 200 M€ de

garantias ao crédito de ajuda a países destinatários da cooperação portuguesa. Foram emitidas garantias do

Estado a seguros de crédito e similares no montante total de 1.646,6 M€, referentes, na sua maioria, a

operações de seguro da COSEC.

O quadro seguinte51 mostra a posição no final do ano e respetivas variações face a 31/12/2010 das

responsabilidades do Estado por garantias prestadas, tanto a operações de financiamento como a seguros

de crédito e similares. Nele se pode constatar que “No final de 2011 as responsabilidades do Estado por

garantias prestadas ascendiam a cerca de € 36.460,1 M, compreendendo € 34.852,8 M de garantias a

operações de financiamento (95,6%) e € 1.607,3 M a seguros de crédito e similares (4,4%). De 2010 para

2011, as responsabilidades do Estado aumentaram € 11.546 M (46,3%), quando de 2009 para 2010 o

acréscimo foi de apenas € 1.478,5 M (6,3%).”52

As responsabilidades assumidas pelo Estado por garantias pessoais prestadas totalizavam cerca de 34.852,8

M€, aumentando € 10.714,1 M (44,4%) face ao ano anterior, conforme se constata no quadro seguinte53.

Este aumento fica sobretudo a dever-se ao acréscimo das garantias concedidas no âmbito do sistema

financeiro (9.575 M€) e também pela garantia concedida ao BPN (1.000 M€).

51

Quadro retirado do Parecer do TC, pág.145 52

Parecer do TC à CGE2011, pág.145 53

Quadro retirado do Parecer do TC, pág.152

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

49

Página 50

Por seu lado, as responsabilidades efetivas54 do Estado por garantias pessoais prestadas “totalizavam no

final do ano cerca de € 32.795,8 M, aumentando € 11.329 M (52,8%) face ao ano anterior, que registara

responsabilidades no total de € 21.466,9 M. Porém, a DGTF apenas registava responsabilidades efetivas no

montante de € 32.781,8 M, encontrando-se subavaliadas em cerca de € 14 M2, pois não englobavam a

totalidade das utilizações ocorridas em 2011 no âmbito das linhas de crédito de ajuda a países destinatários

da cooperação portuguesa, conforme informação transmitida pelas respetivas instituições de crédito à

própria DGTF.”55

O quadro seguinte56 permite observar a evolução das responsabilidades do Estado nos últimos anos, no

qual se pode constatar que “as responsabilidades mais do que triplicaram nos últimos cinco anos,

registando-se neste período uma taxa anual média de crescimento de 29%. Os aumentos mais significativos

ocorreram nos anos de 2008 e 2009 e, mais recentemente, em 2011, não só por causa de aumentos

expressivos das garantias concedidas ao abrigo do regime geral, mas também em consequência das

garantias concedidas no âmbito do sistema financeiro e ao BPN.

Quanto à diferença entre as responsabilidades assumidas e as responsabilidades efetivas do Estado, decorre

essencialmente do reduzido grau de utilização que registavam as linhas de crédito de ajuda a países

destinatários da cooperação portuguesa e, também, devido à utilização faseada por algumas empresas do

financiamento que dispõem junto do BEI.”

Pagamento em execução de garantias

O Estado efetuou o pagamento em execução de garantias no montante total de cerca de 161 M€,

envolvendo a Casa do Douro, o EUROPARQUE, a PARVLOREM e PARUPS e as responsabilidades decorrentes

das Convenções de Lomé e cotonou, como se apresenta no quadro seguinte57:

54

As responsabilidades assumidas correspondem aos montantes garantidos pelo Estado, enquanto as efetivas são apuradas a partir das utilizações que os beneficiários efetuam daqueles montantes. 55

Parecer do TC, pág. 152 56

Quadro retirado do Parecer do TC, pág.153 57

Quadro retirado do Parecer do TC à CGE2011, pág.154

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

50

Página 51

Em suma, a dívida direta global do Estado (SI + SFA) em 31 de dezembro de 2011, ascendia a 175.096,4 M€

e as responsabilidades do Estado por garantias prestadas a operações de financiamento e a seguros de

crédito totalizavam 36.460,1 M€.

A dívida efetiva ascendia a 158.722,4 M€, aumentando 16,6%. A dívida direta do Estado subiu mais (15,2%)

do que o valor dos títulos da dívida pública detida pelos vários subsetores do Estado (3,4%), destacando-se,

no entanto, os títulos de dívida pública detidos pela Segurança Social que cresceram 20,8%, como se

evidencia no quadro seguinte58.

Os rácios da dívida direta e da dívida efetiva do Estado em relação ao PIB, no final do ano, situavam--se em

102,5% e em 92,9%, respetivamente.

Se em 2012 e em 2013 os aumentos líquidos do endividamento previstos nas respetivas propostas de

Orçamento e se o comportamento do PIB evoluir da forma como foi prevista pelo Governo em relação ao

último valor de 2011 (OE2013), a relação entre a dívida direta do Estado e o PIB, em contabilidade pública,

será a que se apresenta no gráfico seguinte59, ou seja, no final de 2013 aquela dívida representará já 129,4%

do PIB, contra os 102,5% verificados no final de 2011.

Por fim, o endividamento global líquido do Estado (dívida efetiva deduzida dos empréstimos) aumentou

16.601,8 M€ em 2011, ou seja, cresceu menos do que a dívida efetiva, uma vez que ocorreu um grande

aumento dos créditos por empréstimos no subsector dos SI. (Quadro seguinte)60

58

Quadro retirado do Parecer do TC à CGE2011, pág.163 59

Idem, pág.164 60

Idem, pág.165

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

51

Página 52

1.11. Fluxos Financeiros com a União Europeia

Como se pode observar no quadro seguinte61 o “Saldo global” das transferências financeiras entre Portugal

e a UE, ascendeu a 2.758,8M€, observando-se um aumento de 369,4M€ (+15,4%) devido, em grande parte,

ao comportamento das transferências provenientes da União Europeia (+7,6%).

Para este resultado contribuiu essencialmente o aumento significativo das transferências a título do atual

Quadro de Programação Financeira, nomeadamente, no que se refere ao PRODER e FSE. Estes compensam

o facto de não ter ocorrido o encerramento da totalidade dos programas do QCAIII, conforme se previa,

com especial relevo para o PO AGRO e o programa das pescas referente.

Fluxos financeiros para a União EuropeiaA contribuição líquida de Portugal para o financiamento do orçamento da União Europeia, em 2011,

ascendeu 1.750,5 M€, verificando-se um decréscimo de 2,9% (-51,5M€) face a 2010. O recurso que mais

contribuiu para este resultado foram as transferências relativas ao recurso próprio com base no RNB,

acompanhando a tendência verificada no Rendimento Nacional Bruto em Portugal, no ano em causa. A

referenciar ainda a descida ocorrida nas Restituições e Reembolsos, a título de ajustamentos dos montantes

dos recursos próprios pagos em anos anteriores, em cerca de 39,3 M€.

Segundo o TC a contribuição líquida de Portugal para o financiamento do orçamento da União Europeia, em

2011, ascendeu a cerca de 1.757,1 M€. Este valor diverge do constante na errata da CGE2011 (1.750,5 M€)

em 6,6 M€ e “…deve-se, por um lado, ao facto de não terem sido abatidas correções feitas pela UE a

61

DGO, Errata ao Relatório da CGE2011, publicada em 9 de novembro de 2012

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

52

Página 53

pagamentos do ano, no valor de € 0,75 M, e, por outro, de terem sido abatidas duplamente restituições de

valores de anos anteriores, no montante de € 7,37 M”. (quadro seguinte)62

Fluxos financeiros da União Europeia para PortugalQuanto às transferências da UE para Portugal, em 2011, ascenderam a 4.509,3 M€, verificando-se um

aumento de 7,6% (+317,9M€) face a 2010.

O TC diz que de uma forma geral, existe correspondência entre aquele montante e os valores obtidos junto

das Autoridades de Certificação/Pagamento dos fundos comunitários, com algumas exceções, como se

constata no quadro seguinte63:

A divergência mais significativa apurada nos fundos estruturais e agrícolas/pescas é uma transferência

relativa ao Fundo de Coesão II, de cerca de € 10,1 M5, que não transitou pela conta da Comissão Europeia

no IGCP, segundo informação da Autoridade de Certificação/Pagamento. No entanto, em relação ao item

“Diversos”, cuja fonte de informação principal foi a prestada por diversos organismos públicos à DGO,

apuraram-se várias divergências, não estando refletidas naquele quadro da CGE transferências recebidas

por várias entidades das Administrações Públicas. O total apurado em falta, incluindo apenas os valores

superiores a € 1 M, cifra-se em € 28,4 M64.

62

Parecer do TC à CGE2011, pág. 182 63

Quadro retirado do Parecer do TC À CGE2011, pág. 184 64

Idem

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

53

Página 54

“De acordo com a informação publicada pela Comissão Europeia, foram transferidos para Portugal €

4.715,3 M, o que representa 3,9% das transferências financeiras para os 27 Estados-Membros (€ 117.336,9

M).

“Considerando o valor constante da CGE (€ 4.509,3 M) subsiste uma diferença em relação ao montante

referido pela Comissão Europeia de € 206,0 M. Para este total contribuem integralmente os montantes

registados na execução do orçamento comunitário nas dotações relativas a “Administração” (€ 28,1 M), ao

“Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência” (€ 15,2 M) à “Agência Europeia da Segurança

Marítima” (€ 47,0 M), às Redes Transeuropeias (€ 3,9 M) e ao Programa Energético Europeu para o

Relançamento (€ 32,5 M).”65

O TC procede não só à análise dos fluxos financeiros entre Portugal e a União Europeia, bem como à

avaliação da execução financeira dos instrumentos que em Portugal concretizam a aplicação dos fundos

comunitários no âmbito do QREN, da garantia agrícola, dos programas de desenvolvimento rural e das

pescas e de outros instrumentos.

Assim quanto à execução do QREN

Estava programada, para 2011, a execução de despesa comunitária no valor de 3.219,8 M€, dos quais

1.707,1 M€ do FEDER, 1.067,2 M€ do FSE e 445,5 M€ do Fundo de Coesão. A despesa comunitária validada,

em 2011, foi de 3.275,2 M€, ou seja, correspondeu a uma taxa de execução anual de 101,7%, superior à

verificada em 2010 (98,8%).

Face ao valor total da despesa pública executada em 2011 (4.166,4 M€), o cofinanciamento comunitário

representou 78,6%, contra 76,3% em 2010.

As transferências oriundas da União Europeia no ano de 2011 totalizaram € 2.722,9 M, devido sobretudo

aos reembolsos de FEDER (1.509,2 M€) e de FSE (€ 1.139,2 M€) para os respetivos PO, fruto dos bons níveis

de execução acima referidos.

Em termos absolutos a despesa pública acumulada validada no âmbito do QREN ascendeu a

€ 11.477,7 M. Deste valor € 8.738,0 M respeitam a financiamento comunitário, representando taxas de

execução1 de 43,8% para a despesa pública e de 40,8% para a despesa comunitária.

65

Idem, pág. 186

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

54

Página 55

O FSE foi o que mais contribuiu para este grau de execução financeira da despesa comunitária, com uma

taxa de execução de 54,0%, em virtude dos bons níveis de execução dos PO por si financiados,

nomeadamente do POPH. Já em relação ao FEDER e ao Fundo de Coesão, as taxas situaram-se em 38,2% e

21,0%, respetivamente.

Na execução do QREN os três PO Temáticos (Fatores de Competitividade, Valorização do Território e

Potencial Humano) foram responsáveis por 69,5% da execução comunitária, destacando-se o POPH com a

melhor taxa de execução (53,7%). Confrontando as taxas de execução anuais e acumuladas verificam-se

duas realidades distintas pois o conjunto dos Programas Operacionais financiados pelo FSE e pelo FEDER

apresentaram em 2011 taxas de execução superiores a 100%, (107,1% e 104,8%, respetivamente) o que

significa que, tal como em 2010, estão a ser recuperadas as execuções inferiores registadas no período

2007-2009. No entanto, a taxa de execução anual do Fundo de Coesão, que financia exclusivamente o

Programa Operacional Valorização do Território, registou em 2011, 73,8%, o que permite concluir que

transitaram para anos subsequentes montantes previstos para 2011, a acrescer aos dos anos anteriores.

Quanto à execução dos Programas Operacionais financiados pelo FEADER e FEP

Os quatro programas operacionais cofinanciados pelo FEADER receberam, em 2011, da União

Europeia , 487,5 M€. O montante mais significativo destinou-se ao PRODER (407,0 M€), sendo os restantes

montantes muito inferiores: 47,9 M€ transferidos para o PRORURAL e 32,1 M€ para o PRODERAM. O PRRN

foi destinatário de 482,5 m€. No mesmo período foi registada a entrada de 19,2 M€ com destino ao

PROMAR, no âmbito do FEP.

Estes programas operacionais atingiram, em 2011, níveis de execução próximos do montante anual

previsto, tendo o PRORURAL conseguido mesmo uma taxa de execução da despesa comunitária de 132,7%

(52,4 M€). No mesmo período verificaram-se taxas de execução de 99,7% (509,0 M€) no PRODER e 92,9%

(24,3 M€) no PRODERAM e de 71,2% ( 25,5 M€) no PROMAR. O PRRN registou uma taxa de execução de

27,4% ( 0,5 M€).

1.12. Fluxos Financeiros entre o Orçamento do Estado e o Sector Público Empresarial

Os fluxos financeiros entre o OE e o SPE foram, em 2011, os que constam, de forma resumida, no quadro

seguinte66:

66

Quadro retirado do Parecer do TC à CGE2011, pág.193

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

55

Página 56

Fluxos financeiros da administração central para o SPE O montante total dos fluxos para o SPE é de € 8.400 M, sendo que 97,5% (8.187 M€) são provenientes dos

serviços integrados e 2,5% (213 M€) dizem respeito aos serviços e fundos autónomos.

“As principais operações respeitam a ativos financeiros, com € 7.684 M (90,9%) e onde se destacam os

empréstimos a médio e longo prazos (€ 5.151 M). Destes o subsector dos serviços integrados concedeu €

5.128 M (à REFER € 2.063 M, à Estradas de Portugal € 1.705 M, ao Metropolitano de Lisboa € 614 M, ao

Metro do Porto € 593 M, à RTP € 150 M e à Vianapolis € 3 M) e o subsector dos serviços e fundos

autónomos € 23 M (à AICEP € 11 M, à Investimentos Habitacionais da Madeira € 6 M, à Lisboa Ocidental € 3

M, à Povoainvest € 2 M e à ENATUR € 1 M).”67

Fluxos financeiros do SPE para a administração central

Como se constata no quadro seguinte68, o total dos fluxos de entidades pertencentes ao SPE para a

administração central é de 1.797 M€, essencialmente receita do orçamento dos serviços integrados (1.792

M€, 99,7%). De salientar que estes valores divergem dos valores representados no quadro anterior porque a

CGE apenas especifica, dadas as limitações do classificador económico, os fluxos de juros e de

transferências correntes com origem em “sociedades não financeiras públicas”.

As principais rubricas dizem respeito a ativos financeiros com 1.521 M€ (84,6% do total) de recebimentos,

devido sobretudo aos 1.518 M€ de reembolso de “empréstimos a curto prazo a empresas públicas”

concedidos em 2011. A este propósito deve salientar-se que não foram reembolsados 125 M€ do

empréstimo concedido à REFER e a totalidade (13 M€) do empréstimo aos Estaleiros Navais de Viana do

Castelo, pelo que se verificou um saldo desfavorável à administração central de 138 M€.

67

Parecer do TC à CGE2011, pág.194 68

Quadro retirado do Parecer do TC à CGE2011, pág.197

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

56

Página 57

Os dividendos e participação nos lucros em bancos e outras instituições financeiras ascenderam a 159 M€,

verba referente na totalidade ao Banco de Portugal. Esta rubrica registou uma quebra, face a 2010, de 181

M€2 (-53,2%).

1.13. Fluxos Financeiros com as Regiões Autónomas e com as Autarquias Locais

Regiões Autónomas

De acordo com o Mapa XVIII do OE inicial, as transferências para a administração regional foram de 604 M€

(251 M€ para a Madeira e 353 ME para os Açores), valor este que não incluía os fluxos transferidos pela

segurança social (82 M€) e os ativos financeiros (5 M€). O valor global inicial de 691 M€ sofreu alterações

orçamentais que derivaram de reforços ocorridos, em especial nos subsectores da segurança social (23 M€)

e do Estado (14 M€ em ativos financeiros destinados à Madeira), ascendendo, a final, a 730 M€. A execução

foi de € 716 M (incluindo € 94 M da segurança social), menos 60 M€ que em 2010, conforme se pode

observar no quadro seguinte.69

“Dos € 716 M executados por operações orçamentais, 76,8% (€ 550 M) decorreram da aplicação da Lei das

Finanças Regionais (Açores –€ 350 M e Madeira –€ 200 M). Do valor remanescente (€ 166 M) destacam-se

€ 94 M respeitantes à segurança social (Açores –€ 51 M e Madeira –€ 43 M), € 50 M resultantes da

aplicação da Lei de Meios ao Apoio à Reconstrução da Ilha da Madeira na sequência da intempérie de

fevereiro de 2010 e € 19 M do desembolso do contrato de empréstimo intercalar, assinado em 30 de

dezembro de 2011, no âmbito Programa de Assistência Económica e Financeira à RAM.

A despesa extraorçamental totalizou € 298 M, mais € 11 M do que no ano anterior, dos quais € 212 M

destinaram-se aos Açores e € 86 M à Madeira. De acordo com a informação recolhida junto das entidades

executoras, estes fluxos corresponderam à execução de fundos comunitários, maioritariamente do FEDER e

do Fundo de Coesão no âmbito do QREN”70.

69

Quadro retirado do Parecer do TC à CGE2011, pág.202 70

Parecer do TC à CGE2011, pág.202

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

57

Página 58

Quanto aos fluxos financeiros das regiões autónomas para a Administração Central, “do valor executado em

2011 (€ 15,8 M), € 12,6 M referiram-se a receita proveniente dos Açores e € 3,2 M da Madeira. Destaca-se,

à semelhança do ano anterior, o subsector dos SFA, designadamente o IFAP, que recebeu € 13,5 M, dos quais

€ 10,5 M provieram da RAA e € 3,0 M da RAM, relativos à contrapartida nacional destinada ao

financiamento de projetos nas áreas da agricultura e das pescas cofinanciados por fundos comunitários

(FEADER e FEP). Os valores remanescentes respeitam a fluxos destinados a entidades da administração

central sedeadas nas regiões autónomas, designadamente as Universidades dos Açores (€ 2,1 M) e da

Madeira (€ 270,1 m).”71

Autarquias Locais

Os Mapas XIX e XX do OE, referentes à “Participação dos Municípios nos Impostos do Estado” e à

“Participação das Freguesias nos Impostos do Estado”, previam as transferências de 2.398 M€ e de 194 M€,

respetivamente.

Daquele valor das transferências para os municípios, 2.235 M€ destinava-se às autarquias do continente, 97

M€ às dos Açores e 66 M€ às da Madeira, incluindo o Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF), o Fundo Social

Municipal (FSM) e a participação variável no IRS.

71

Idem, pág.203

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

58

Página 59

Dos 194 M€ de transferências inscritos no mapa XX (“Participação das Freguesias nos Impostos do Estado”),

184 M€ diziam respeito às freguesias do continente, 4 M€ às da Madeira e 6 M€ às dos Açores,

correspondentes ao Fundo de Financiamento das Freguesias (FFF). À semelhança do ano anterior, previram-

se outras transferências.

A execução dos fluxos financeiros destinados à Administração Local constam no quadro seguinte72 e

conforme se pode observar, “dos € 2.791 M executados, 80,9% (€ 2.259 M) foram processados pela DGAL,

dos quais € 2.054 M destinados aos municípios, € 199 M às freguesias e € 6 M às áreas metropolitanas e

comunidades intermunicipais, que comparam com € 2.387 M € pagos no ano de 2010 registando-se as

diminuições mais significativas no FEF (€ -104 M) e no FFF (€ -19 M).”73

Quanto aos fluxos orçamentais da administração local para a administração central, salienta-se, que face ao

ano anterior, ”… registou-se em 2011 um acréscimo de € 32 M, essencialmente no subsector dos SFA

derivado da receita de € 35 M proveniente dos municípios, das freguesias e das áreas metropolitanas e

comunidades intermunicipais para a ACSS. Nos SI relevam € 25 M destinados à Direção-Geral de

Planeamento e Gestão Financeira do Ministério da Educação e Ciência para financiamento do apoio

pedagógico aos alunos do 1.º ciclo, da manutenção e conservação das instalações do 1.º ciclo, de projetos

especiais, entre outras despesas.”74

72

Idem, pág.204 73

Idem 74

Idem, pág.206

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

59

Página 60

1.14. Condicionantes Estruturais das Finanças Públicas

O Parecer do TC identifica quatro grandes áreas como condicionantes estruturais das finanças públicas e

que poderão influenciar a sua consolidação, a saber: as projeções de natureza económicas e demográficas,

por um lado, e, por outro os encargos assumidos e o seu impacto financeiro, nomeadamente os encargos

com as PPPs e com o equipamento militar.

Previsões de natureza económica: Previsões do Programa de Assistência Económica e Financeira

Quanto às projeções do PAEF, o TC chama a atenção para o facto de terem sido revistas em alta da 4ª para a

5ª avaliação. Se em julho de 2012, (4ª avaliação) a estratégia de consolidação orçamental definida assumia

que, em 2013, o défice orçamental e a dívida pública se situavam em 3% e 118% do PIB, respetivamente,

em outubro seguinte (5ª avaliação) estes objetivos já assumiam outros valores. Estes novos valores

apontam para um défice público de 5% do PIB, em 2012, e de 4,5%, em 2013, tendo como motivo o facto

de as receitas orçamentais para 2012 serem inferiores às estimadas no orçamento. Por sua vez, a dívida

pública para 2013 foi revista de 118,6% para 123,7% do PIB, em resultado do ritmo mais lento do

ajustamento orçamental, da previsão de um prolongamento da recessão até 2013 e de projeções mais

conservadoras para as receitas de privatizações.

Segundo o TC, “estas projeções apresentam como principais riscos para a consolidação orçamental os

pagamentos em atraso, principalmente dos hospitais e da Região Autónoma da Madeira, o endividamento

das empresas públicas e os encargos com parcerias público-privadas.”75

Impacto da evolução demográfica nas Contas Públicas

O envelhecimento da população implica desafios económicos, orçamentais e sociais para um conjunto

significativo de países, no qual Portugal se inclui, designadamente ao nível da sustentabilidades das finanças

públicas, mormente da segurança social.

No contexto dos países da UE, o relatório elaborado pela Comissão Europeia76 projeta um aumento médio

na despesa pública de cerca de 4,7 p.p. do PIB até 2060 resultante do efeito do envelhecimento.

Este acréscimo decorre essencialmente da evolução projetada para as despesas em pensões, cuidados de

saúde e cuidados continuados em percentagem do PIB, enquanto os rácios das despesas em educação e

subsídios de desemprego no PIB apresentam uma variação ligeiramente negativa.

Para Portugal, bem como para os restantes países da UE, prevê-se que a estrutura etária da população se

altere fortemente nas próximas décadas, devido à tendência de redução da fertilidade, ao aumento da

esperança média de vida e às variações nas taxas de migração.

De acordo com as projeções demográficas do Eurostat, o rácio de dependência económica da terceira idade

está projetado para aumentar de forma significativa, de cerca de 39% em 2010 para 71% em 2060 na UE. Na

área do euro, um aumento semelhante é projetado, de 42% em 2010 para 72% em 2060. Para Portugal,

seguindo a tendência da média europeia, as projeções da CE identificam um crescimento deste rácio de

37% para 73% entre 2010 e 2060.

75

Parece do TC à CGE2011, pág. 41 76

Comissão Europeia, “2012 Ageing Report: Economic and budgetary projections for the 27 EU Member States (2010-2060)”, Versão provisória.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

60

Página 61

Parcerias público-privadas (PPP)O universo de parcerias público-privadas (PPP) abrangia, em 31/12/2011, 35 projetos, 24 em fase de

exploração e 11 em fase de construção, com a seguinte distribuição por sector: 24 no sector dos transportes

(22 rodoviárias e 2 ferroviárias), 10 no sector da saúde e 1 no sector da segurança e emergência, no valor

total de 17.999 M€. O sector rodoviário continua a representar a maior parcela dos investimentos

realizados, com um peso de 86% no universo das parcerias em questão. (quadro infra)77

77

Quadro retirado do Parecer do TC à CGE2011, pág.38

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

61

Página 62

Ao longo de 2011, as PPP envolveram pagamentos líquidos que totalizaram 1.822,6 M€ e representaram

125% dos montantes orçamentados, verificando-se um acréscimo de 25% face ao previsto para o respetivo

período. Este aumento resultou, em parte, do pagamento de pedidos de reposição do equilíbrio financeiro

ou investimentos resultantes dos acordos celebrados com algumas concessionárias, em virtude de

alterações das condições contratuais inicialmente estabelecidas.

Apenas os encargos com as concessões ferroviárias ficaram aquém (40%) do que estava orçamentado, em

virtude de ter sido excluído o valor previsto com a alta velocidade ferroviária.

Face ao ano anterior, assistiu-se a um acréscimo global de 62%, devido ao impacto de investimentos pagos

pelo Estado, reposições de reequilíbrio financeiro, mas também aos desenvolvimentos verificados nas novas

parcerias na saúde.

O valor atualizado dos encargos brutos futuros do Estado em resultado dos contratos estabelecidos com os

parceiros privados é estimado em 24.407 M€ até 2040, o que representa cerca de 14,6% do PIB previsto

para 2012. Após considerar o valor dos proveitos previstos, o valor atualizado dos encargos líquidos é de

13.353 M€, aproximadamente 8% do PIB para o corrente ano.

Estes valores poderão ser alterados em resultado das renegociações de contratos em curso.

Equipamento militar

No âmbito do fornecimento de equipamento militar, os compromissos assumidos, para o período 2012-

2029, ascendem a 1.130 M€, dos quais 838 M€ para pagamento dos contratos relativos às aeronaves C-295

e aos helicópteros EH-101. Porém, este montante está subavaliado uma vez que, quanto ao Exército, inclui

apenas os assumidos para 2012 e, quanto ao EMGFA, não inclui quaisquer valores.

PARTE II – OPINIÃO DO RELATOR

O signatário do presente relatório exime-se, nesta sede, de manifestar a sua opinião sobre a Conta Geral do

Estado 2011, reservando-a para o debate em Plenário.

PARTE III – CONCLUSÕES

A Assembleia da República é o órgão competente para aprovar a Conta Geral do Estado incluindo a da

Segurança Social, suportando a sua apreciação pelo parecer emitido pelo Tribunal de contas.

A Assembleia da República, no exercício do seu poder de fiscalização e controlo político da execução do

Orçamento do Estado e da Segurança Social, procedeu às audições do Tribunal de Contas e do Conselho

Económico e Social, após a entrega dos respetivos pareceres.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

62

Página 63

Foram ainda recebidos os pareceres da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) e das Comissões

Parlamentares Permanentes, em função das suas áreas de competência.

Considerando a extensão, a abrangência e o desenvolvimento da análise efetuada e as recomendações

formuladas no Parecer elaborado pelo Tribunal de Contas, conclui-se que o juízo sobre a Conta é acolhido

nos seguintes termos:

Quanto à legalidade

Na Conta da Administração Central (Estado + SFA), o juízo é globalmente favorável sobre a execução

orçamental, mas com ênfase quanto à observância dos princípios da anualidade, da universalidade, da

não compensação, da especificação, do cabimento prévio e da unidade de tesouraria. Referência

também para a não aplicação integral da reforma da contabilização das receitas;

Na Conta da Segurança Social formulam-se reservas pelo incumprimento de disposições legais, com

impacto nos valores registados na conta, no âmbito do procedimento de reconhecimento automático

de prescrição de dívida de contribuintes e na ausência de instauração de processos executivos de

valores indevidamente pagos a beneficiários.

Quanto à correção financeira, tanto na Conta da Administração Central como na da Segurança Social o TC

apresenta reservas:

Na Conta da Administração Central as reservas prendem-se com a fiabilidade e integralidade dos

valores inscritos na CGE nos seguintes aspetos: não foi possível confirmar o valor global da receita e da

despesa; a contribuição de serviço rodoviário, a participação variável dos municípios no IRS e o IVA

social, são tratados à margem do orçamento quando deveriam ter expressão na previsão e execução

orçamental; a despesa fiscal está manifestamente subvalorizada; a receita encontra-se subvalorizada

por omissões e erros; não inclui a despesa de todos os serviços integrados e serviços e fundos

autónomos (ou não inclui a despesa final); a despesa encontra-se sobrevalorizada; a informação sobre

a dívida pública direta do estado não inclui a dos SFA; devido a erros de classificação a despesa

associada à emissão e gestão da dívida pública está subvalorizada nas amortizações e nos juros; a

informação sobre os fluxos financeiros para as autarquias locais não é fidedigna nem completa; não

contempla a totalidade dos recursos comunitários transferidos para Portugal; não reflete de forma

verdadeira e apropriada as receitas e despesas relativas às operações imobiliárias; não releva os fundos

movimentados por serviços da administração central ou por empresas públicas fora da tesouraria do

estado, cujos rendimentos devem reverter para o Estado.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

63

Página 64

Na Conta da Segurança social, e no âmbito da contabilidade orçamental, as reservas formuladas dizem

respeito ao valor das contribuições cobradas não se encontrar imputado às diferentes classificações

económicas e respetivas desagregações em função da sua origem; o valor de prestações sociais

registado como pago inclui, indevidamente, prestações devolvidas à segurança social no exercício; e os

saldos apurados são influenciados por movimentos ocorridos nas contas bancárias que se encontram

há largos anos “por reconciliar”.

Também na contabilidade patrimonial, há reservas quanto aos valores relevados no Balanço e na

Demonstração de Resultados relativos: ao imobilizado; às dívidas de terceiros (com especial relevância

para as dívidas de contribuintes, respetivas prescrições, e dívidas de prestações sociais a repor); às

disponibilidades; aos proveitos diferidos; às reservas; aos resultados transitados, operacionais,

financeiros, extraordinários; e ao resultado líquido.

PARTE IV – PARECER

A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública considera estarem reunidas as condições

constitucionais e regimentais para a discussão e votação na generalidade em Plenário do presente

Relatório sobre a Conta Geral do Estado de 2011, reservando-se cada Grupo Parlamentar as suas

posições finais para o debate a ter lugar em Plenário.

Palácio de S. Bento, 17 de junho de 2013.

O Deputado Relator, João Galamba — O Presidente da Comissão, Eduardo Cabrita.

Nota: O parecer foi aprovado, com os votos favoráveis do PS e BE e a abstenção do PSD e CDS-PP,

registando-se a ausência do PCP.

Anexam-se os pareceres das Comissões Parlamentares, o parecer do Conselho Económico e Social e o

parecer da Unidade Técnica de Apoio Orçamental.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

64

Página 65

COMISSÃO DE ASSUNTOS CONSTITUCIONAIS, DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS

Parecer

Parte I – Considerandos

I. a) Nota Introdutória

A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu à Comissão de Assuntos

Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, nos termos legais e regimentais, a Conta Geral do Estado

relativa ao ano económico de 2011, com vista à elaboração do respetivo Parecer.

Neste contexto, o presente Parecer, tendo por objeto Conta Geral do Estado relativa ao ano económico de

2011, incidirá sobre os indicadores de execução orçamental relativos às áreas da Administração Interna e da

Justiça, uma vez que a reconhecida transversalidade da área da Igualdade não permite a aferição dos seus

níveis de execução.

O presente Parecer sustenta-se no documento “Conta Geral do Estado – ano 2011”, bem como nos

Pareceres do Tribunal de Contas e da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).

O Orçamento do Estado de 2011 foi aprovado pela Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro. A 1.ª alteração

ao OE/2011 foi efetuada pela Lei n.º 48/2011, de 26 de agosto, teve como objetivo elevar a dotação dos ativos

financeiros destinada à capitalização das instituições de crédito em 2.853,8 milhões de euros (de 9.146

milhões de euros para 12.000 milhões de euros), no âmbito da Iniciativa de Reforço da Solidez Financeira das

Instituições de Crédito. A 2.ª alteração ao OE/2011 (Lei n.º 60-A/ 2011, de 30 de novembro) destinou-se à

cobertura de desvios orçamentais identificados no decurso da execução orçamental.

I. b) Análise sectorial:

Administração Interna

1 – No ano de 2011, o Ministério da Administração Interna apresentou um Orçamento inicial de 1822,9

milhões de euros.

2 – Acresceram ao orçamento inicial créditos especiais no total de 69,8 milhões de euros, dos quais:

– Direção-Geral de Infraestruturas e Equipamentos (15,6 milhões de euros): a receita, maioritariamente

proveniente da integração de saldos dos Governos Civis, destinou-se a fazer face aos encargos com o

Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança em Portugal (SIRESP) e regularização de

pagamentos dos encargos com Rede Nacional de Segurança Interna (RNSI). Foi ainda integrada receita

comunitária relativa ao projeto do sistema integrado de vigilância, comando e controlo da costa portuguesa

(SIVICC);

– Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (13,3 milhões de euros): integração de valores do saldo da

gerência anterior que foram transferidos para a PSP e GNR para pagamento de dívidas à CGA, transferência

para a DGIE e pagamento de dívidas do ano anterior;

– Polícia de Segurança Pública (12,7 milhões de euros): integração de saldos da ANSR para pagamento de

dívidas à CGA e de saldo da própria PSP para pagamento de serviços de segurança remunerados, prestados

a entidades externas, aos agentes que desempenharam essas funções;

– Guarda Nacional Republicana (5,6 milhões de euros): integração de saldos provenientes dos Governos

Civis e da ANSR para pagamento de dívidas à CGA e ainda de saldo de receita consignada da GNR,

essencialmente para pagamento de encargos relativos a Assistência na Doença aos Militares da Guarda

(ADMG).

3 – Em 2011 foi atribuído um reforço com contrapartida na dotação provisional do MAI, no valor de 239,1

milhões de euros. Os valores dos reforços atribuídos a este ministério destinaram-se em boa parte a encargos

com remunerações das forças de segurança. De referir ainda o reforço do orçamento da Direção-Geral de

Infraestruturas do MAI, no âmbito do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

65

Página 66

(SIRESP) e da Direção-Geral da Administração Interna para fazer face às despesas relativas a eleições

legislativas antecipadas.

Classificação orgânica Total (ME)

Ministério da Administração Interna 239,1

Polícia de Segurança Pública 95,7

Guarda Nacional Republicana 83,7

Direção-Geral de Infraestruturas e Equipamentos 26

Direção-Geral da Administração Interna 21,3

Autoridade Nacional de Proteção Civil 8

Serviços de Estrangeiros e Fronteiras 4,4

Fonte: Quadro 45, CGE 2011, p. 108

4 – Em 2011, no que respeita aos serviços integrados, o MAI apresentou uma execução orçamental de

2.014,9 milhões de euros, dos quais 2,8 milhões de euros para o gabinete dos membros do governo, 58,9

milhões de euros para os serviços gerais de apoio, estudos, coordenação, cooperação e controlo, 104,6

milhões de euros para os serviços de proteção civil e segurança rodoviária, 1.737 milhões de euros para os

serviços de investigação e forças de segurança e respetivos serviços sociais, 35,8 milhões de euros para a

representação distrital do Governo e 75,8 milhões de euros para investimentos do plano – ver Mapa II, relativo

às ‘Despesas dos serviços integrados, por classificação orgânica, especificadas por capítulos’, CGE 2011,

página 380.

5 – De acordo com o mapa V da CGE 2011, página 385, relativo às ‘Receitas dos serviços e fundos

autónomos do Ministério da Administração Interna, com especificação das receitas globais de cada serviço e

fundo autónomo’, constata-se que, em 2011, o MAI apresentou uma execução orçamental de 193,4 milhões de

euros na receita.

6 – De acordo com o mapa VII da CGE 2011, página 396, relativo às ‘Despesas dos serviços e fundos

autónomos, por classificação orgânica, com especificação das despesas globais de cada serviço e fundo’,

constata-se que, em 2011, o MAI apresentou uma execução orçamental de 157,8 milhões de euros na

despesa.

7 – Em 2011, o MAI apresentou 11,8 milhões de euros de responsabilidades contratuais plurianuais, dos

quais 11,6 milhões de euros nos Serviços Integrados e 0,2 milhões de euros nos Serviços e Fundos

Autónomos, segundo o mapa XVII da CGE 2011, página 429.

8 – Relativamente ao PIDDAC, o MAI investiu 63 milhões de euros, representando 3,4% do montante total

investido ao abrigo do PIDDAC, respeitante a P009 – Segurança Interna; e 23 milhões de euros,

representando 1,3% do montante total investido ao abrigo do PIDDAC, respeitantes ao P010 – Lei de

Programação das Instalações e Equipamentos das Forças de Segurança – ver quadro 27 relativo a “PIDDAC

por Ministério/PO em 2011, na página 109 do Parecer do Tribunal de Contas sobre a CGE 2011.

Justiça

1 – O Ministério da Justiça teve um orçamento inicial de 1346,3 milhões de euros.

2 – Ao montante inicial foram acrescidos, no ano de 2011, os créditos especiais no valor de 53,9 milhões

de euros, dos quais:

– Secretaria Geral – subsistema da saúde da Justiça – (23,9 milhões de euros): Reforço de verbas com

base em transferência de receitas consignadas ao Ministério provenientes do IGFIJ, IP, para pagamento de

encargos de Segurança Social relacionados com a Saúde;

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

66

Página 67

– Direção-Geral dos Serviços Prisionais (13,1 milhões de euros): Reforço de verbas por via das

transferências, do IGFIJ, IP, com aplicação em pagamentos de bens e serviços;

– Magistratura do Ministério Público e Magistratura Judicial (16,1 milhões de euros): Reforço de verbas por

via de transferência do IGFIJ, IP, para pagamento de despesas com pessoal.

3 – No ano de 2011 foi atribuído um reforço com contrapartida na dotação provisional de 312,3 milhões de

euros para a Secretaria-Geral do Ministério da Justiça, para viabilizar o financiamento do sistema de justiça

afetado pelo desvio verificado na cobrança de receita face ao valor previsto, em boa parte justificada pela

contração da economia (para cobertura de despesas de funcionamento nomeadamente a liquidação de

encargos com mais de 90 dias e de encargos com remunerações).

4 – Em 2011, no que respeita aos serviços integrados, o MJ apresentou uma execução orçamental de

1.615,3 milhões de euros, dos quais 2,7 milhões de euros para o gabinete dos membros do governo, 380

milhões de euros para os serviços gerais de apoio, estudos, coordenação, cooperação e controlo, 851,2

milhões de euros para órgãos e serviços do sistema judiciário e registos, 368 milhões de euros para serviços

de investigação, prisionais e de reinserção e 13,4 milhões de euros para investimentos do plano. – ver Mapa II,

relativo às ‘Despesas dos serviços integrados, por classificação orgânica, especificadas por capítulos’, CGE

2011, página 380.

5 – De acordo com o mapa V da CGE 2011, página 385, relativo às ‘Receitas dos serviços e fundos

autónomos do Ministério da Justiça, com especificação das receitas globais de cada serviço e fundo’,

constata-se que, em 2011, o MJ apresentou uma execução orçamental de 892,4 milhões de euros na receita.

6 – De acordo com o mapa VII da CGE 2011, página 396, relativo às ‘Despesas dos serviços e fundos

autónomos, por classificação orgânica, com especificação das despesas globais de cada serviço e fundo’,

constata-se que, em 2011, o MJ apresentou uma execução orçamental de 772,6 milhões de euros na

despesa.

7 – Em 2011, o MJ apresentou 3128 milhões de euros de responsabilidades contratuais plurianuais, dos

quais 27,8 milhões de euros nos Serviços Integrados e 3,4 milhões de euros nos Serviços e Fundos

Autónomos, segundo o mapa XVII da CGE 2011, página 429.

8 – Relativamente ao PIDDAC, o MJ investiu 38 milhões de euros, representando 2,1% do montante total

investido ao abrigo do PIDDAC, respeitante a P011 – Justiça – ver quadro 27 relativo a “PIDDAC por

Ministério/PO em 2011, na página 109 do Parecer do Tribunal de Contas sobre a CGE 2011.

Parte II – Opinião do Relator

A signatária do presente relatório exime-se, nesta sede, de manifestar a sua opinião política sobre a Conta

Geral do Estado – ano de 2011.

Parte III – Conclusões

1 – A Comissão de Orçamento e Finanças remeteu, nos termos legais e regimentais aplicáveis, à

Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, a Conta Geral do Estado relativa ao

ano económico de 2011, acompanhada dos Pareceres do Tribunal de Contas e da UTAO, a fim de esta

elaborar o competente parecer.

2 – Salienta-se que o presente parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2011 incide exclusivamente

sobre os indicadores de execução orçamental que compreendem os sectores da Administração Interna e da

Justiça. Assim,

3 – O Ministério da Administração Interna teve um orçamento inicial de 1.822,9 milhões de euros. A esse

montante foram acrescidos 69,8 milhões de euros em créditos especiais, 239,1 milhões de euros em dotações

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

67

Página 68

provisionais, 2,8 milhões de euros relativos a outras alterações, pelo que o orçamento final cifrou-se nos

2134,6 milhões de euros. Foram executados 2.030,7 milhões de euros.

4 – O Ministério da Justiça teve um orçamento inicial de 1346,3 milhões de euros. A esse montante foram

acrescidos 53,9 milhões de euros de créditos especiais e de 312,3 milhões de euros na dotação provisional,

pelo que o orçamento final cifrou-se nos 1712,6 milhões de euros. Foram executados 1501,1 milhões de

euros.

5 – Face ao exposto, a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos e Liberdades e Garantias é de

parecer que o presente relatório deve ser remetido à Comissão do Orçamento, Finanças e Administração

Pública, nos termos do disposto na alínea c) do n.º1 do artigo 206º do Regimento da Assembleia da República.

Parte IV – ANEXOS

Nada a anexar.

Palácio de S. Bento, 26 de Fevereiro de 2013

A Deputada Relatora, Cecília Honório — O Presidente da Comissão, Fernando Negrão.

———

COMISSÃO DE NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E COMUNIDADES PORTUGUESAS

Parecer

Índice

Parte I – Considerandos

Parte II – Opinião do Relator

Parte III – Parecer da Comissão

Parte I – Considerandos

1. Introdução

No respeito pelo disposto no n.º 3 do artigo 205.º do Regimento da Assembleia da República, a Comissão

de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas (CNECP), foi chamada a emitir parecer relativo à

Conta Geral do Estado de 2011, apresentada pelo Governo à Assembleia da República em final de Junho de

2012.

À CNECP compete emitir parecer, dirigido à Comissão de Orçamento e Finanças (COF), relativo aos

impactos das finanças públicas sobre a política e a atividade económica em 2011.

O Parecer do Tribunal de Contas à Conta Geral do Estado de 2011 e o Parecer Técnico n.º 7/2012, Análise

da conta Geral do Estado de 2011, da responsabilidade da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO),

serviram de apoio à elaboração do presente parecer.

O Orçamento de Estado para 2011 foi aprovado pela Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro e teve duas

alterações subsequentes pela Lei n.º 48/2011, de 26 de agosto, e a Lei n.º 60-A/2011, de 30 de novembro.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

68

Página 69

2. Enquadramento macroeconómico

A Conta Geral do Estado assume que a execução orçamental de 2011 é condicionada pelo Programa de

Assistência Económica e Financeira (PAEF) assinado entre o PS, o PSD e o CDS e a Comissão Europeia, o

Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional.

No enquadramento do PAEF, o Estado Português comprometeu-se a consolidar as contas públicas,

através da introdução de melhorias na execução orçamental e da promoção da eficiência na prestação dos

serviços públicos. A execução orçamental assumiu um caracter altamente restrito, tendo inclusivamente

contado com medidas extraordinárias para da consolidação orçamental, através a aplicação de uma sobretaxa

em sede de IRS e da transferência de ativos de fundos de pensões. Estas medidas permitiram que se

atingissem os objetivos orçamentais com um défice de 4,2% do PIB, isto é abaixo dos 5,9% impostos pelo

PAEF.

A execução orçamental, no enquadramento atrás descrito, foi acompanhada de uma contração da atividade

económica que resultou numa diminuição de 1,6% do PIB, assumindo a CGE que, ficou contudo abaixo da

previsão inicial do PAEF. De acordo com as Contas Nacionais Trimestrais do INE, nos três primeiros

trimestres de 2011, o PIB registou uma queda acumulada em termos homólogos de 1,1%. Esta situação traduz

uma queda generalizada das componentes da procura interna, paralelamente a um crescimento significativo

das exportações no período (cerca de 8%). No mesmo período, entretanto, o consumo privado caiu 3%, e a

FBCF contraiu cerca de 10% face ao período homólogo de 2010. A “magnitude” da redução do consumo

público ocorre, saliente-se, após anos consecutivos de aumento expressivo.

No que respeita ao aumento das exportações, saliente-se que a redução da procura interna se traduziu

numa queda da procura agregada, induzindo uma significativa redução das importações de bens e serviços,

“em particular devido ao elevado conteúdo importado das componentes da procura que registaram quedas

mais expressivas”.

De acordo com a informação disponível, utilizando como fonte o Boletim Económico de Inverno de 2011,

manteve-se o quadro recessivo que caracterizou a economia portuguesa ao longo de 2011, no contexto do

ajustamento dos desequilíbrios macroeconómicos que a marcaram ao longo da última década.

O défice das administrações públicas ficou nos 4,2% do PIB, muito abaixo dos 9,8% atingidos em 2010. A

dívida pública atingiu o rácio de 107,8%, sendo que, o principal contributo para o seu aumento em 2011 foram

os ajustamentos défice-dívida.

O saldo geral do Estado atingiu um défice de 4,1% do PIB, para isto concorreu uma cobrança da receita

acima do previsto no orçamento (108,3%) e a concretização de uma despesa abaixo do previsto (98,9%).

Em 2011, os encargos com as parcerias publico privado aumentaram 62%, por responsabilidade pelas

parcerias rodoviárias, ficando acima do previsto com um desvio de 25%.

A governação orçamental foi marcada por “alterações importantes, envolvendo, em particular, a definição

de regras orçamentais, a fixação de um quadro orçamental de médio prazo assente num Quadro Plurianual de

Programação Orçamental e a criação de um conselho de finanças públicas independente.”

3. O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE)

O MNE teve um orçamento inicial de 363,4M€, foi posteriormente feito um reforço orçamental de 18,7M€,

passando a dispor de um orçamento de 382,1M€.

No âmbito dos créditos especiais o MNE contou com 20,9M€, dos quais: Fundo da Língua Portuguesa

9,8M€; Secretaria Geral 4,7M€; Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, I.P 1,9M€; e Cimeira Nato

1,6M€.

Em termos de despesa, ela está patente no quadro que se segue:

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

69

Página 70

Quanto às despesas dos serviços integrados, por classificação orgânica, especificadas por capítulos:

04 - Negócios Estrangeiros

01 Gabinetes dos membros do governo 3 795 300,87

02 Serviços gerais apoio, estudos, coordenação e representação

190 974 130,26

03 Cooperação e relações externas 150 468 976,73

50 Investimentos do plano 6 178 754,44

Quanto a receitas e despesas dos serviços e fundos autónomos é notório que as receitas suplantaram em

muito as despesas, sendo no caso do FRI as despesas com o fundo atingiram apenas os 27% da receita

obtida.

Receitas dos serviços

e fundos autónomos

Despesas dos serviços e fundos autónomos

Fundo para as relações internacionais, IP – orçamento privativo – funcionamento

53 769 496,73 14 672 326,32

Instituto camões, IP – orçamento privativo – funcionamento

42 650 894,26 40 806 965,58

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

70

Página 71

A execução orçamental em Serviços Integrados foi de 94,4%, depois de 10M€ de cativação e os SFA uma

execução de 90,8%, depois de 2M€ de cativação.

Em termos de PIDDAC, o programa orçamental P003 – Representação externa com um orçamento final de

14M€, teve uma execução de 42,3%. O programa orçamental P021 – Cooperação para o Desenvolvimento,

com uma dotação final de 1M€, do qual não houve qualquer execução.

O investimento por Medidas e programas, disponibilizou 5M€ de investimento nacional o que representa

0,3% da estrutura total de Programas e Medidas.

Em termos de saldo, o MNE, abriu o ano 13.617.831,80€. No decorrer do ano as transações financeiras

verificadas foram: em Ativo, 179.280.481,11€; e em Passivo 184.985.768,33€. O ano fechou com um saldo de

19.323.119,02€.

No âmbito da política orçamental, o MNE promoveu o “Controlo das despesas de capital da Direção-Geral

de Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas” e “Auditorias financeiras aos serviços externos”.

No âmbito da área da Administração Central auditadas a CGE refere a auditoria realizada a um Fundo na

área dos negócios estrangeiros, de que se salientaram as seguintes conclusões:

“• Ausência de estratégia formal do fundo e de avaliação dos resultados (v.g. não aprovação dos planos

anuais e plurianuais e relatórios de atividades);

• Autorização de despesas do Fundo pelo Presidente do Fundo sem homologação prévia do membro do

Governo da tutela (M€ 15,9 em 2009/2010);

• Projetos aprovados superiores em m€ 663 à dotação do Fundo (M€ 30);

• Adiantamento de verbas da entidade gestora para pagamento de despesas do fundo em 2010 (M€ 1,7);

• Não prestação de contas e despesas não elegíveis nalguns projetos.

Neste último caso, foi efetuada comunicação ao Tribunal de Contas por haver indícios de ilícitos

financeiros.”

Foram ainda realizadas outras auditorias a estruturas do MNE:

a) Despesas de capital da Direção-Geral de Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas

(DGACCP)

Das auditorias às despesas de capital inscritas no PIDDAC nos anos de 2009 e 2010, relativos à

continuidade do programa “modernização da rede consular” destacam-se como principais conclusões:

Sendo o ajuste direto utilizado como regra de contratação, recomendou-se como conveniente a consulta

a pelo menos três entidades:

Deficiente planeamento financeiro de projetos de PIDDAC, porquanto apesar de ser a DGACCP que

acompanha a execução dos projetos de financiamento é o Departamento Geral de Administração que

acompanha a contratação e os pagamentos. Recomendou-se melhor articulação.

b) Auditorias Financeiras aos Serviços Externos do MNE

Em 2011 foram concluídos quatro relatórios, dos quais são destacadas as seguintes recomendações,

sendo uma parte delas dirigida aos serviços da Secretaria-Geral:

“Controlo Interno:

– Inexistência de um sistema informático de registo contabilístico aliada a deficiente formação do pessoal

nessa matéria, encontrando-se registos avulsos que não garantem os requisitos legais nem as funções de

apoio à gestão orçamental;

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

71

Página 72

– Concentração de funções incompatíveis na área financeira motivada pela absoluta escassez ou

inexistência de pessoal em muitos serviços externos, não estando coberta a eventual substituição em caso de

baixa, férias ou reforma;

– Procedimentos não formalizados na autorização das despesas e deficiente informação de suporte ao

controlo e gestão financeira, recomendando-se instruções com os procedimentos a seguir, incluindo

formulários;

– Deficiências no controlo de caixa, com ausência de registos, recomendando-se regras para a constituição

desses fundos de caixa e sua integração no sistema contabilístico;

– Ausência de um sistema eficaz de controlo nas devoluções do IVA a entregar ao Estado para

consignação às despesas de funcionamento dos serviços, constatando-se vários riscos associados ao circuito

de recebimento dessas devoluções.

Prestação de contas:

– Incumprimento de normas relativas à especialização das contas bancárias dificultando as conciliações;

– Incorreções na conciliação bancária dos saldos contabilísticos apurados, motivando desequilíbrios,

défices ou saldos por explicar, bem como uma deficiente prestação de contas;

– Falta de inscrição das operações extraorçamentais na Conta de Gerência, não sendo apresentados

extratos nem conciliações das respetivas contas bancárias.

Despesas de Pessoal:

– Incumprimento, dificuldades e incorreções nas obrigações com a Segurança Social local, que

aconselham ao processamento nos Serviços Centrais, com regras a indicar por cada Posto;

– Subavaliação dos custos de contratação de pessoal através de empresas de prestação de serviços,

implicando o pagamento de despesas extras sem cabimento nas dotações orçamentais;

– Pagamentos ao Pessoal por valores inferiores aos enviados com a utilização dos saldos em outras

rubricas;

– Incumprimento da RCM n.º 112/2002 que limita a despesa elegível em telemóveis;

– Ausência de um modelo da informação a prestar nas deslocações dos Chefes de Missão, ocorrendo

inconformidades entre a autorização e a despesa realizada.

Controlo patrimonial:

– Desatualizações e insuficiências nos inventários, falta de datas, valores e elementos de identificação,

havendo discrepâncias com listagens de bens financiados;

– Falta de inscrição na Conta de Gerência das aquisições de bens de capital, recomendando-se que nas

novas instruções seja determinada a inscrição dos bens adquiridos ou recebidos de qualquer entidade

financiadora;

– Insuficiências no controlo patrimonial do MNE que afetam o apoio à decisão nas novas aquisições; falta

de integração da informação entre várias entidades financiadoras, como a relativa a equipamentos instalados

na Informatização Consular.

Receita Consular:

– Ineficácia no controlo da receita consular pela inexistente articulação entre o sistema que gere a

cobrança (SGC) e os vários sistemas que processam os atos (alguns exteriores ao MNE), recomendando-se

que os Serviços Centrais implementem um funcionamento que garanta a cobrança da receita associada à

prestação dos respetivos atos;

– Atrasos na efetiva entrega das receitas de Estado ao IGCP, por vezes justificados pela relação entre

montantes e encargos.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

72

Página 73

Redes Informáticas:

– Conflitos entre as redes informáticas da área consular e da contabilidade, inviabilizando a

operacionalização de sistemas de prestação eletrónica de contas ao DGA e ao Tribunal de Contas. “

4. Apreciação do Tribunal de Contas

Das considerações iniciais produzidas no Parecer, retiram-se as seguintes que se reputam de particular

relevo pela concisão e objetividade: “O OE inicial, aprovado pela Assembleia da República, foi alterado ao

longo do ano, tendo a receita global passado de € 210.374 M para € 229.653 M e a despesa global de €

209.657 M para € 227.733 M.”

Para o Tribunal de Contas (TC), o “rigor, a integralidade e a transparência da CGE continuam afetados

dado o desrespeito de princípios orçamentais (anualidade, universalidade, especificação, etc.), o

incumprimento de disposições legais que regulam a execução e a contabilização das receitas e das despesas,

e as deficiências detetadas nos procedimentos aplicados. Por isso, não foi possível confirmar os valores

globais da receita e da despesa constantes na CGE de 2011”.

Analisando a receita contabilizada da administração central depois de consolidada (51.045 M€), o TC

evidencia que “aumentou € 3.607 M (7,6%) devido, sobretudo, à duplicação das principais receitas

extraordinárias para € 5.265 M (€ 2.613 M em 2010), obtidas com € 3.884 M de transferências de fundos de

pensões (€ 1.882 M em 2010), € 600 M de privatizações (€ 731 M em 2010) e € 781 M de sobretaxa em IRS”.

O Orçamento de Estado para 2011 fixou o défice em 4,6% do PIB, que foi depois revisto pelo programa

para 5,9%. Esse défice foi alcançado mas com recurso à transferência de fundos de pensões da banca que

representam 3,5% do PIB.

Sublinhando a necessidade de combate à fraude, o TC destaca que a CGE “não releva a receita

proveniente do combate à fraude e à evasão fiscais e, não obstante a norma de consolidação orçamental que

o determina, o relatório do Governo sobre a matéria continua sem discriminar as coletas recuperadas por

imposto e sem avaliar a adequação dos instrumentos jurídicos utilizados nesse combate. A AT cobrou menos

de 10% do valor das liquidações resultantes de inspeções aos grandes contribuintes, menos de 1% da

cobrança voluntária proveniente desses contribuintes”.

A importância que o PAEF acarretou para a consideração dos instrumentos de recurso à dívida - por via do

qual foi concedido um empréstimo a Portugal no valor de 78.000M€, utilizável até maio de 2014 -, é salientada

pelo TC, que destaca os empréstimos como o principal instrumento de recursos à divida.

O TC destaca, igualmente, intervenção do Estado no BPN: “Em 2011 foram pagos 747M€ devido a 600M€

a título de prestações acessórias e 147M€ em execução de garantias prestadas às sociedades veículo

PARVALOREM e PARUPS). Em 31 de Dezembro de 2011 o valor das garantias prestadas pelo Estado ao

BPN e sociedades veículo ascendia a 4500M€”.

Merecem realce, ainda, os apoios financeiros pagos pela administração central “ascenderam a 4.595M€

(7,1% da sua despesa consolidada), onde assumiu maior peso a área dos “transportes e infraestruturas

rodoviárias”, 1249M€ (27,2%), devido sobretudo ao pagamento de 849M€ a título de regularização de

responsabilidades em PPP do sector rodoviário e de 326M€ de indemnizações compensatórias no sector dos

transportes”.

O TC alerta, particularmente, para o facto de a CGE continuar a não evidenciar, de forma agregada e

global, a execução dos fundos comunitários e de não contemplar a totalidade dos recursos comunitários

transferidos para Portugal. “Alguns Programas Operacionais do QREN e dos Planos Estratégicos Nacionais

para o Desenvolvimento Rural e para as Pescas - frisa o TC - mantêm níveis de execução que podem

comprometer a utilização integral dos recursos comunitários postos à disposição de Portugal”.

Relativamente ao Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central

(PIDDAC) o Tribunal de Contas, no que respeita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, evidencia um grau

de execução 0% para o P021 – Cooperação para o Desenvolvimento e de apenas 42,3% para o P003 –

Representação Externa.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

73

Página 74

O TC evidencia ainda que o ano de 2011 caraterizou-se pela contração da atividade económica, que

determinou uma queda do PIB de 1,7%, que foi menos acentuada porque as exportações e o consumo interno

tiveram um a evolução acima do esperado.

Parte II – Opinião do Relator

O ano de 2011 foi marcado pelo estabelecimento do chamado Programa de Assistência Económica e

Financeira, acordado entre o PS, então no governo, e o PSD e O CDS-PP, então na oposição, com a

Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional. Hoje é cada vez mais claro

que estamos, acima de tudo, perante um programa ideológico de reconfiguração do Estado.

A evolução profundamente negativa da situação económica do país, com a destruição do tecido produtivo,

a contração do mercado interno, a rutura das cadeias de pagamento, a asfixia e ruína das micro, pequenas e

médias empresas e o agravamento da dependência externa e dos défices estruturais, demonstra o efeito

devastador de uma política submetida aos interesses dos grupos monopolistas e dos grandes grupos

económicos é bem o espelho das implicações que essa reconfiguração tem na vida dos portugueses.

As implicações do PAEF foram visíveis imediatamente a seguir ao início da sua implementação. No 2º

semestre de 2011, o consumo de bens duradouros pelas famílias caiu 24,4%, o consumo de bens alimentares

caiu pela primeira vez desde 1996 (primeiro ano da informação apresentada por trimestre) e o investimento

das empresas caiu 18,9%.

Os dados económicos e sociais do País são altamente preocupantes e elucidativos: quebras brutais no

primeiro semestre – menos 3,4% no consumo público, menos 4,5% no privado e menos 12,5% no

investimento –, um retrocesso da produção para índices idênticos a 1995, na indústria, construção e

agricultura, milhares de empresas encerradas e um milhão de desempregados reais. Tais dados antecipam o

impacto económico desta política: uma profunda recessão económica, expressa numa significativa contração

do PIB. Este é um rumo que afunda o país e que tem como uma das faces mais visíveis e com maiores

implicações na vida da generalidade dos portugueses, o desemprego, que, só no último trimestre de 2011 foi

aumentado com a perda de 132 000 empregos.

Mas, os problemas económicos e financeiros que se agravaram a partir de 2011 com a ingerência de

entidades externas a troco da prestação de empréstimos financeiros, tem a sua génese muito atrás, ancorada

em opções políticas que têm promovido a concentração da riqueza produzida no país. A receita aplicada a

partir de 2011 tem agravado os problemas, como temos oportunidade de analisar já na presente apreciação da

Conta Geral do Estado.

Parte III – Parecer da Comissão

A Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas é de parecer que o

presente Relatório, sobre a Conta Geral do Estado de 2011, deverá ser remetido à Comissão Parlamentar de

Orçamento e Finanças, em conformidade com o artigo 206.º, n.º 1, alínea c), do Regimento da Assembleia da

República, reservando os grupos parlamentares as suas posições para o debate em Plenário.

Palácio de São Bento, 5 de março de 2013.

O Deputado Relator, João Ramos — O Presidente da Comissão, Alberto Martins.

———

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

74

Página 75

COMISSÃO DE DEFESA NACIONAL

Índice

PARTE I - CONSIDERANDOS

PARTE II - OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO PARECER

PARTE III - CONCLUSÕES

PARTE I – CONSIDERANDOS

1 – Introdução

O artigo 205.º, n.º 3, do Regimento da Assembleia da República, determina que a Conta Geral do Estado é

remetida “à comissão parlamentar competente em razão da matéria para emissão de relatório e às restantes

comissões parlamentares permanentes, para efeitos de emissão de parecer”.

Em conformidade, a Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública solicitou à Comissão de

Defesa Nacional o envio de Parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2011, no que respeita às suas áreas de

competência, a fim de que este possa vir a ser incluído no Relatório Final daquela Comissão sobre o tema em

epígrafe.

Para este fim, foi tido em conta o Parecer do Tribunal de Contas emitido nos termos do artigo 107.º da

Constituição da República Portuguesa.

Por outro lado, a Assembleia da República, através da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO),

disponibilizou o Parecer Técnico n.º 7/2012, intitulado «Análise da Conta Geral do Estado de 2011 – Óptica da

Contabilidade Pública», com o objetivo de dotar a Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública

da informação técnica necessária para proceder à sua apreciação.

Mais uma vez, o Parecer emitido pelo Conselho Económico e Social (CES) sobre a Conta Geral do Estado

é omisso relativamente aos sectores da Defesa Nacional.

Assim, é emitido o presente parecer à Conta Geral do Estado de 2011, que incide exclusivamente sobre os

sectores da Defesa Nacional para o qual foram tidos em conta o documento CGE/2011, bem como os

Pareceres do Tribunal de Contas e da UTAO, acima referidos.

2 – Enquadramento Macroeconómico

A política orçamental do ano 2011 traduz, em grande medida, o efeito do Programa de Assistência

Económica e Financeira (PAEF), acordado em Maio de 2011 com a Comissão Europeia (CE), o Fundo

Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE), ainda no decorrer da XII legislatura.

O défice das Administrações Públicas situou-se em 4,2% do PIB. O défice estrutural reduziu-se em cerca

de 2,3 p.p. do Produto Interno Bruto. Nestes dados temos de pesar a contribuição da transferência dos fundos

de pensões (no montante de 3,5% do PIB).

A consolidação orçamental acima descrita levou a uma contração da atividade económica que, contudo, se

revelou menor do que a prevista inicialmente. O PIB diminui 1,6% em 2011.

Ao comparar a composição do crescimento do PIB em 2011 com a previsão constante no OE/2011

verificamos que ao nível da procura interna, que a formação bruta de capital fixo e o consumo privado

diminuíram, respetivamente, 11,1 e 3,3 p.p. acima do previsto no Orçamento de Estado de 2011. A forte

redução do rendimento disponível real das famílias e a redução do acesso ao crédito bancário e as

dificuldades do mercado são as razões.

A queda dos dados das importações, a par de um crescimento sustentado das exportações, veio a traduzir-

se numa melhoria dos dados comerciais externos. Deste modo, em 2011, verificou-se uma redução

considerável do défice externo (equivalente a 3,6 p.p. do PIB), traduzindo-se numa redução das necessidades

líquidas de financiamento externo da economia portuguesa. Este ajustamento foi bastante relevante, na

medida em que a correção do desequilíbrio externo permitiu diminuir a dependência do financiamento externo.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

75

Página 76

A quebra do consumo público foi consideravelmente menos acentuada do que aquela que se encontrava

prevista no OE/2011. Apesar do OE/2011 ter subjacente uma redução, em termos reais, de 8,8% no consumo

público, esta variável registou uma diminuição de 4,3%, o que representa um desvio de 4,5 p.p. face ao

inicialmente previsto.

A nível de gestão pública o ano de 2011 foi marcado, ainda, pela introdução de novas regras orçamentais,

a fixação de um quadro orçamental de médio prazo assente num Quadro Plurianual de Programação

Orçamental e a criação de um conselho de finanças públicas independente.

O quadro recessivo da economia portuguesa traduziu-se em variações desfavoráveis, particularmente

acentuadas, do emprego e da taxa de desemprego, muito distantes das previstas no OE/2011.

A situação económica e financeira pode ser analisada pelo quadro macroeconómico que o relatório da

UTAO nos coloca, assim como as diferentes previsões e os erros das mesmas.

Quadro 1 – Resumo da situação macroeconómica e previsões

Fonte: UTAO

No plano internacional, em 2011, assistiu-se a nível internacional a uma desaceleração da economia

mundial, tendo o crescimento do PIB sido de 1,6%, enquanto no ano anterior estávamos nos 3,2%. As quedas

resultaram dos maus desempenhos da economia europeia, americana e japonesa.

A generalidade dos países da zona euro foi especialmente afetada pela crise das dívidas soberanas. As

economias dos denominados países emergentes também desaceleraram, apesar da China e da Índia

continuarem a crescer na casa dos 8%.

Relativamente à área do euro, o abrandamento foi devido à queda das exportações e do consumo privado.

A zona euro cresceu assim 1,5%, enquanto em 2010 tinha crescido 1,9%. O desemprego na zona euro

chegou aos 10,2%.

A situação Grega no ano de 2011 começou a tornar-se preocupante com o agravar da contração

económica.

Em resumo, do ponto de vista internacional viveu-se um ano de crise que afetou os vários países,

designadamente os da zona euro.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

76

Página 77

4 – Execução Orçamental Defesa Nacional

Com um Orçamento inicial de 2.068,1 milhões de euros, o Orçamento Final da Defesa Nacional ascendeu

a 2.242,1 milhões de euros, por força dos acréscimos resultantes dos créditos especiais e do recurso à

dotação provisional, o que corresponde a mais € 174 m e a uma variação percentual de 8,4%. O reforço da

dotação inicial destinou-se a satisfazer despesas com pessoal.

Quadro 2 – correspondente À tabela 11 do Parecer da UTAO, com o Título Alterações Orçamentais,

por classificação Orgânica em 2011

No quadro seguinte, que compara os orçamentos dos diferentes Ministérios e as respetivas execuções

orçamentais, constatamos que a Defesa Nacional teve uma execução orçamental nos serviços integrados de

93,9% e no que se refere aos serviços e fundos autónomos de 78,9%.

Quadro 3 – Comparação da Despesa Orçamenta com a Executada, por Ministério, Serviços

Integrados e SFA

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

77

Página 78

Os encargos globais com pessoal assumem um peso muito significativo no quadro global da despesa do

Estado pelo que merecem uma atenção especial, considerando que a redução destas teve um contributo

importante para o resultado final da execução orçamental.

Em 2011, as despesas com pessoal reduziram 1.089,8 M€, face a 2010, por força sobretudo da redução

remuneratória. O Ministério da Defesa Nacional foi um dos que mais contribuiu para essa diminuição (44,6

milhões de euros), merecendo por isso destaque no Parecer do Tribunal de Contas.

Quadro 4 – Extrato do Quadro 18 (pág. 84) do Parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2011, do

Tribunal de Contas, elativo à evolução da despesa orçamental dos serviços integrados (2010-2011), por

classificação económica

Merece também destaque a diminuição de 1.073,7 milhões de euros na rubrica 07 - Aquisição de bens de

capital, por força do item Submarinos, cuja contabilização foi feita ainda em 2010, aliviando assim a execução

de 2011.

Quadro 5 – Extrato do Quadro 18 (pág. 84) do Parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2011, do

Tribunal de Contas, elativo à evolução da despesa orçamental dos serviços integrados (2010-2011), por

classificação económica

A análise da despesa da Defesa Nacional por classificação económica permite-nos concluir que a despesa

final com pessoal (1.389,4 milhões de euros) correspondeu em 2011 a 63% da despesa total (2.203,6 milhões

de euros) e 71,8% da despesa corrente (1.934,4 milhões de euros).

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

78

Página 79

Quadro 6 – MDN – Despesa por Classificação Económica, retirado da CGE 2011 (quadro 129)

No que se refere ao PIDDAC (Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração

Central) por ministério, a taxa de execução do MDN foi de 52,3%, o que coloca o respetivo Programa

Orçamental (PO06) abaixo da taxa média de execução do PIDDAC, que foi de 75,8%. Note-se que apenas

cinco PO apresentaram níveis superiores à taxa média.

Quadro 7 – Comparação do PIDDAC

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

79

Página 80

Não considerando as despesas com pessoal e PIDDAC, a despesa com a Defesa Nacional em 2011

agregou-se em quatro capítulos:

Lei da Programação Militar – 279,6 milhões de euros

Encargos com saúde – 58,5 milhões de euros

Pensões de reserva – 108,1 milhões de euros

Forças Nacionais Destacadas – 75 milhões de euros

5 – Compromissos em equipamento de Defesa

No âmbito do fornecimento de equipamento militar, os compromissos assumidos para o período 2012-2029

ascendem a € 1.130 M, dos quais € 838 M para pagamento dos contratos relativos aos aviões C-295 e aos

helicópteros EH-101.

O Tribunal de Contas considera estes encargos subavaliados, na medida em que, no que respeita ao

Exército, inclui apenas os compromissos assumidos para 2012 e quanto ao Estado-Maior-General das Forças

Armadas (EMGFA) não inclui quaisquer valores.

O Tribunal de Contas alerta para o peso destas despesas na execução orçamental que, aliado às baixas

margens de crescimento das receitas públicas, coloca desafios ao desenvolvimento de um quadro orçamental

realista e promotor da credibilidade do ajustamento orçamental.

6 – Auditorias às Funções de Soberania/Defesa

A auditoria mais relevante foi realizada pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF), por despacho de 10 de

fevereiro de 2011 dos Ministros de Estado e das Finanças e da Defesa Nacional. Visava a execução de várias

ações no MDN, especificamente nos três ramos das Forças Armadas e também em nove serviços de suporte

deste ministério, na sequência de desvios significativos na execução da despesa com pessoal no primeiro

trimestre do ano.

O referido despacho identificava detalhadamente os diversos objetivos das auditorias; mas cumpre

salientar os referentes às remunerações e suplementos remuneratórios decorrentes da transição para a nova

tabela remuneratória.

O despacho MEF/MDN n.º 12713/2011, de 27 de setembro, determinou aos ramos das Forças Armadas a

reconstituição casuística das situações identificadas, bem como a constituição de um grupo de

acompanhamento integrado pela IGF, pela Secretaria-Geral e Direção de Pessoal do MDN.

Também o Instituto da Defesa Nacional (IDN) foi auditado, nos termos da Lei de Enquadramento

Orçamental (LEO), detetando-se deficiências várias na sua gestão financeira.

As estruturas de missão para os Assuntos do Mar e para a Extensão da Plataforma Continental denotaram,

também, deficiências no seu funcionamento e boa gestão.

7 – Conclusões do Tribunal de Contas sobre a CGE/2011

Analisada a Conta Geral do Estado de 2011, o Tribunal de Contas formula um juízo “globalmente favorável”

sobre a legalidade da execução orçamental da administração central. Enfatiza, porém, a necessidade do

cumprimento de “certos princípios orçamentais”.

Concretizando, o Tribunal de Contas no seu Parecer “formula reservas quanto à correção financeira da

Conta Geral do Estado” e “82 recomendações, tendo em vista a correção dos erros e deficiências assinalados

e a melhoria da fiabilidade e do rigor da CGE”, acrescentado que o faz na “convicção do seu acolhimento pela

Assembleia da República e pelo Governo”.

O Tribunal de Contas congratula-se pelo facto de 57,1% das recomendações formuladas no seu Parecer

sobre a CGE/2009 terem sido acolhidas pela Assembleia da República e pelo Governo.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

80

Página 81

A sua mais recorrente crítica às sucessivas contas gerais do Estado prende-se com a aplicação muito

parcial do Plano Oficial de Contabilidade Pública (POCP), que o Tribunal considera já devia ter sido aplicado

generalizadamente, o que permitiria uma melhor “legibilidade” das contas do Estado.

Especificamente, em relação à Defesa Nacional, o Tribunal de Contas dirige a recomendação 11

PGE/2011.

«O Programa Pagar a Tempo e Horas não prevê exceções na divulgação do prazo médio de pagamento

praticado por entidades públicas. Porém, essa divulgação continua a não abranger serviços ligados a órgãos

de soberania e à defesa e segurança nacionais», pelo que recomenda o alargamento a todos os organismos

da obrigação da divulgação do prazo médio de pagamento.

PARTE II – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO PARECER

O signatário exime-se de manifestar a sua opinião sobre a Conta Geral do Estado, nos termos do n.º 3 do

artigo 137.º do Regimento da Assembleia da República, que confere à Parte II do Parecer o carácter de

“elaboração facultativa”.

PARTE III – CONCLUSÕES

1. O presente Parecer da Comissão de Defesa Nacional assume um carácter acessório e parcial em

relação ao Relatório global cuja elaboração compete à Comissão de Orçamento, Finanças e Administração

Pública.

2. Este Parecer foi elaborado nos termos e para os efeitos previstos no Regimento da Assembleia da

República.

3. A Comissão de Defesa Nacional é de Parecer que as recomendações produzidas pelo Tribunal de

Contas devem ser objeto de ponderação.

4. A Comissão de Defesa Nacional considera que o presente Parecer deve ser remetido à Comissão de

Orçamento, Finanças e Administração Pública, reservando os grupos parlamentares as suas posições para o

debate em Plenário.

Palácio de S. Bento, 26 de fevereiro de 2013.

O Deputado Autor do Parecer, Marcos Perestrello — O Presidente da Comissão, José de Matos Correia.

———

COMISSÃO DE ASSUNTOS EUROPEUS

Parecer

Índice

1. Nota introdutória

2. Enquadramento macroeconómico

3. Fluxos financeiros com a União Europeia. Recomendações do Tribunal de Contas

4. Execução dos Fundos do QREN, do FEADER e do FEP

5. Opinião do Relator

6. Conclusões

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

81

Página 82

1. Nota introdutória

Nos termos do n.º 1 do artigo 73.º da Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto, Lei do Enquadramento Orçamental,

na redação introduzida pelas alterações resultantes da Lei Orgânica n.º 2/2002, de 28 de agosto, das Leis n.os

23/2003, de 2 de julho, 48/2004, de 24 de agosto, 48/2010, de 19 de outubro, 22/2011, de 20 de maio, e

52/2011, de 13 de outubro, e do Decreto da Assembleia da República n.º 139/XII, de 9 de maio de 2013, o

Governo remete à Assembleia da República a Conta Geral do Estado, incluindo a da Segurança Social, “até

30 de junho do ano seguinte àquele a que respeite”.

O Tribunal de Contas, e ainda nos termos do n.º 2 do mesmo atrás citado artigo da Lei de Enquadramento

Orçamental, elabora e aprova, até 31 de dezembro do ano seguinte a que respeite, o seu Parecer sobre a

Conta Geral do Estado, parecer esse que é remetido à Assembleia da República. No caso da CGE relativa ao

ano económico de 2011, o parecer do Tribunal de Contas foi aprovado no plenário geral deste Tribunal

realizado no dia 12 de dezembro de 2012.

Por seu turno, a Assembleia da República aprova a Conta Geral do Estado depois de proceder a uma vasta

apreciação do documento feita nos termos do n.º 3 do artigo 205.º do Regimento da Assembleia da República,

desenvolvida pela Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Publica, que aprova o respetivo

relatório precedido pela análise efetuada pelas restantes comissões parlamentares permanentes, que emitem

parecer em razão da matéria respetiva.

A apreciação da Conta Geral do Estado implicou a audição do Tribunal de Contas – realizada pela COFAP

em 16 de janeiro de 2013 – e a audição do Governo – realizada igualmente na COFAP, com a presença do

Secretário de Estado do Orçamento, em 3 de maio de 2013 – e utilizou também o documento de análise da

Conta Geral do Estado elaborado pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).

É neste contexto que a Comissão de Assuntos Europeus elabora o presente parecer, incidindo

fundamentalmente sobre as relações financeiras entre a União Europeia e Portugal, para a elaboração do qual

foi nomeado o deputado Honório Novo, do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, em reunião

ordinária da CAE realizada em 23 de janeiro de 2013.

2. Enquadramento macroeconómico

O Orçamento do Estado para 2011, que na sua versão inicial resultou de uma proposta de lei apresentada

pelo Governo presidido por José Sócrates, foi aprovado pela Lei n.º 55-A/2010, de 31 de Dezembro, tendo

sido objeto de duas alterações, ambas após as eleições legislativas realizadas em 2011 das quais resultou a

formação de um novo Governo sustentado pela maioria PSD/CDS.

A primeira alteração à Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro, foi aprovada pela Lei n.º 48/2011, de 26 de

agosto, a segunda alteração foi aprovada pela Lei n.º 60-A/2010, de 30 de novembro.

Entretanto, em maio de 2011, o Governo demissionário negociou com a União Europeia, o Banco Central

Europeu (BCE) e o Fundo Monetário internacional (FMI), um Programa de Assistência Económica e Financeira

(PAEF), cujo conteúdo acabou por também ser subscrito pelo PSD e pelo CDS/PP, partidos que, a partir de

Junho, passaram a ser responsáveis pelo Governo saído das eleições legislativas então realizadas. Por via do

PAEF, o Estado Português passou a poder utilizar, até maio de 2014, um empréstimo global no valor global de

€78 000 M, concedido pela Troica, isto é, pelas três instituições com quem o Governo de então negociou o

PAEF.

Este “Programa de Assistência” integra um Memorando de Entendimento (MoU), comummente designado

por Memorando da Troica, que prevê a realização de avaliações periódicas do seu conteúdo e do

cumprimentos das respetivas medidas, a levar a efeito entre maio de 2011 e maio de 2014, das quais as

primeiras duas se realizaram logo durante o ano de 2011, em setembro e Dezembro de 2011. A primeira

destas duas avaliações teve influência direta na elaboração do quadro macroeconómico adotado em

Novembro de 2011, no segundo Orçamento do Estado Retificativo (Lei n.º 60-A/2011, de 30 de novembro,

atrás referida) e, igualmente na definição do enquadramento macroeconómico estabelecido em Outubro de

2011 para o Orçamento do Estado relativo ao ano de 2012.

No quadro seguinte, indica-se a evolução das previsões dos principais elementos do quadro

macroeconómico durante o ano de 2011, desde a estimativa incluída no relatório do Orçamento do Estado

inicial (Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro), passando pelos valores inscritos no MoU (de Maio de 2011), na

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

82

Página 83

1.ª Avaliação do Memorando da Troica (em setembro de 2011), na 2.ª Avaliação do MoU (em dezembro de

2011) e, finalmente, dos números concretos verificados que constam da Conta Geral do Estado de 2011, em

análise neste parecer.

OE2011 MoU(Mai) 1.ª Aval.MoU 2.ª Aval.MoU CGE2011

PIB 0,2 -2,2 -2,2 -1,6 -1,7

Consumo privado -0,5 -4,4 -4.6 -3,9 -4,0

Consumo público -8,8 -6,1 -4,0 -3,7 -3,8

FBCF -2,7 -9,9 -11,4 -11,2 -11,3

Exportações 7,3 6,2 6,6 6,8 7,5

Importações -1,7 -5,3 -4,9 -4,8 -5,3

Inflação 2,2 3,4 3,4 3,6 3,7

Desemprego 10,8 12,2 12,2 12,4 12,7

Saldo orçamental -4,6 -5,9 -5,9 -5,9 -4,41

Divida pública 86,6 101,7 106,0 107,2 108,1

Relativamente ao enquadramento macroeconómico e á evolução constante do quadro da página anterior,

não surpreende a conclusão estabelecida no Parecer do Tribunal de Contas, segundo a qual “os pressupostos

macroeconómicos subjacentes ao OE2011 apresentaram desvios significativos face ao verificado, revelando

menor rigor na sua projeção. Já as estimativas feitas no DEO foram mais aproximadas da realidade”.

Na sequência desta constatação, o Tribunal de Contas recomenda ao Governo que “o planeamento e a

elaboração do OE devem basear-se em previsões realistas de natureza macroeconómica”.

No que respeita à evolução da despesa da Administração Central (incluindo serviços integrados e serviços

e fundos autónomos), assinala-se uma diminuição nas despesas com pessoal (13 157 milhões de euros, em

2011, contra 14 480 milhões de euros, em 2010), uma quase estabilização da despesa com aquisição de bens

e serviços correntes (em torno dos 10250 milhões de euros), uma diminuição das transferências correntes (22

573 milhões de euros contra 23 763 milhões de euros em 2010) e um aumento da despesa com juros (de 5551

milhões de euros em 2010 para 6667 milhões de euros em 2011).

Relativamente ao empréstimo global disponibilizado pela troica ao abrigo do MoU, no valor de 78 000

milhões, o valor desembolsado até final de Dezembro havia sido de 36 232 milhões de euros. Não obstante as

avaliações feitas pela Troica em Setembro e em Dezembro de 2011, e apesar do OE e do PAEF estimarem o

impacto orçamental das mediadas de consolidação inscritas no MoU, o Tribunal de Contas constatou que a

Conta Geral do Estado não apresenta os resultados obtidos, “o que impede o exercício da sua avaliação e

afeta a transparência e publicidade que devem presidir á apresentação das contas públicas”. Neste contexto, o

Tribunal de Contas recomenda precisamente que “a CGE passe a incluir informação respeitante ao impacto

orçamental da execução das medidas de consolidação previstas no PAEF e com expressão no OE”.

3. Fluxos financeiros com a União Europeia. Recomendações do Tribunal de Contas

3.1. O volume de transferências financeiras da UE para Portugal em 2011 ascendeu a € 4509,3M (€

4194,8M em 2010). Por seu turno o volume de transferências de Portugal para a UE foi de € 1750,5M, valor

inferior ao transferido pelo País em 2010 (€1802,0M).

1 Valor reportado pelo INE, resultado da introdução de algumas medidas extraordinárias não previstas nas situações anteriores,

designadamente a receita resultante da transferência do fundo de pensões da banca

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

83

Página 84

Em resultado desta evolução, o saldo permaneceu positivo, com um valor favorável a Portugal no valor de

€2758,8M, um acréscimo de €366M relativamente a 2010, correspondente a uma subida do saldo de 15,3%,

face ao ano anterior.

3.2. No que concerne ao montante total transferido de Portugal para a UE em 2011, no valor de €1750,5M,

ele resulta das contribuições proporcionais ao rendimento nacional bruto (RNB) do País (69,7% do total), das

contribuições resultantes dos recursos próprios IVA (17,1% do valor total das transferências), das

contribuições resultantes da cobrança de direitos aduaneiros (7,7% do total), da contribuição nacional para

compensar o Reino Unido (4,9% do total das transferências feitas por Portugal para a UE) e ainda de outras

origens diversas (0,7% do total transferido).

No final de 2011 permaneciam por liquidar à União Europeia €102,4M, de recursos próprios IVA e RNB, a

que acrescem juros, por causa de insuficiência de dotações orçamentais.

Na audição que a COFAP realizou em 3 de Maio de 2013 com o Secretário de Estado do Orçamento, sobre

a Conta Geral do Estado de 2011, este membro do Governo confirmou a situação retratada no Parecer do

Tribunal de Contas, informando, todavia que a questão foi inteiramente regularizada logo no início do ano

seguinte, incluindo o pagamento dos correspondentes juros.

3.3. Relativamente aos reflexos na Conta Geral do Estado de 2011 dos fluxos financeiros com a União

Europeia, destacam-se diversas observações elaboradas no Parecer do Tribunal de Contas das quais

algumas devem ser sublinhadas no contexto deste Parecer da CAE.

O Tribunal de Contas enfatiza o facto de não haver “um critério uniforme na contabilização das verbas

relacionadas com os recursos próprios tradicionais …”. Neste contexto o Tribunal emitiu uma recomendação,

já antes formulada, de que relativamente ”a execução orçamental dos recursos próprios comunitários deve ser

respeitado o princípio do orçamento bruto”.

Noutro plano, o Tribunal de Contas assinala que, relativamente aos Serviços e Fundos Autónomos, o

apuramento global da execução orçamental de despesa objeto de financiamento comunitário não indica os

fundos comunitários que estão na origem desse financiamento, razão pela qual recupera uma anterior

recomendação na qual insiste em que a “CGE deve incluir os dados relativos à execução orçamental das

despesas objeto de financiamento comunitário, com a necessária discriminação dos fundos comunitários

envolvidos, de forma a permitir o apuramento global da participação desses fundos na execução do OE”.

Finalmente, entende o relator que deve ser também sublinhado o facto do Tribunal de Contas informar que

a CGE de 2011 continua a não evidenciar (quadro 110) a totalidade dos recursos da UE, como aliás resulta da

comparação com os dados correspondentes publicados pela Comissão Europeia. Admitindo o TC que uma tal

diferença resulte de parte dos fluxos comunitários serem recebidos por entidades exteriores à Administração

Pública, a verdade é que, diz ainda o TC, a esmagadora maioria desses fluxos é destinada a entidades

sujeitas a disciplina orçamental, nomeadamente ao princípio da unidade de tesouraria e ao dever de

informação sobre as verbas diretamente recebidas da UE. Neste contexto, o Tribunal de Contas volta a fazer a

recomendação de que “a Direção Geral do Orçamento deve promover o cumprimento pelas diversas entidades

públicas abrangidas, nos termos legais, do princípio da unidade de tesouraria e do dever de informação sobre

os recursos financeiros comunitários recebidos diretamente da União Europeia”.

4. Execução dos fundos do QREN, do FEADER e do FEP

No que respeita ao FEADER – Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural, a execução financeira

acumulada no final de 2011, relativamente ao período de 2007 a 2011 é de € 1721M, face a um volume

financeiro programado de € 4039,0M, correspondente a uma taxa de execução de 42,6%.

Por seu turno, o FEP – Fundo Europeu das Pescas, assinala uma execução acumulada no período de

2007-2011 de € 72M face a uma programação total de € 246,5 M, correspondente a uma taxa de execução de

29,3%.

Perante as taxas de execução acumuladas verificadas no final do ano de 2011 no FEADER e no FEP – e

em especial neste último -, o Tribunal de Contas assinala, em termos gerais, que os programas operacionais

dos respetivos Planos Estratégicos (respetivamente para o desenvolvimento rural e para as pescas) “estão a

sobrecarregar os exercícios futuros, podendo, eventualmente, comprometer a utilização integral dos recursos

comunitários postos à disposição de Portugal”.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

84

Página 85

O Programa para a Rede Rural Nacional (PRRN), refere ainda o Tribunal de Contas a título de exemplo,

não conseguiu (até ao final de 2011) apresentar pedidos de reembolso em montante suficiente para executar a

totalidade da autorização orçamental comunitária para 2008 e 2009, tendo ficado sujeito a anulação

automática de cerca de € 2,5M!

Quanto à execução do QREN (2007-2013), os três Programas Operacionais Temáticos – Programa

Operacional Fatores de Competitividade, Programa Operacional Valorização do Território e Programa

Operacional Potencial Humano – foram responsáveis por 69,5% da execução comunitária, destacando-se o

POPH que registou a melhor taxa de execução, no valor de 53,7%.

Quanto aos fundos, verifica-se que no ano de 2011, os Programas Operacionais financiados pelo FSE –

Fundo Social Europeu – e pelo FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional – apresentaram taxas

de execução superiores a 100% (107,1% e 104,8%, respetivamente), facto que demonstra que neste ano de

2011, tal como aliás já havia sucedido no ano anterior, estão a ser recuperadas as execuções inferiores

registadas nos três primeiros anos do QREN, entre 2007 e 2009.

A exceção tem a ver com a taxa de execução do Fundo de Coesão – que financia de forma exclusiva o

Programa Operacional de Valorização do Território - no ano de 2011, cujo valor se limitou a 73,8%, facto que,

de acordo com o Parecer do Tribunal de Contas “permite concluir que transitaram para anos subsequentes

montantes previstos para 2011, a acrescer aos dos anos anteriores”.

Confrontado com algumas das situações atrás referidas e relativas às baixas taxas de execução da

utilização de alguns dos fundos comunitários colocados à disposição do País no presente período de

programação orçamental que, aliás, termina no ano de 2013, em particular com as situações que respeitam à

execução do FEADER, do FEP e do Fundo de Coesão, o Secretário de Estado do Orçamento reportou-se, na

audição realizada na COFAP em 3 de maio de 2013, ao conjunto de iniciativas adotadas pelo Governo durante

o ano de 2012 e que, segundo o SEO, permitiram concluir uma reprogramação global do QREN e dos outros

fundos comunitários, viabilizando, de acordo com aquele membro do Governo, condições para dar

continuidade e reforçar significativamente os ritmos de recuperação da execução dos diversos Fundos e

Programas Operacionais, visando obter nos próximos 2/3 anos uma absorção plena dos fundos comunitários

colocados à disposição do Portugal no período 2007 a 2013.

5. Opinião do Relator

De acordo com o disposto no Regimento da Assembleia da República, a elaboração de relatórios pelos

deputados, no âmbito dos trabalhos das comissões parlamentares, permite que os seus autores expressem as

respetivas opiniões pessoais em parte própria do respetivo parecer, cuja responsabilidade é, porém, de

natureza exclusivamente pessoal e, consequentemente, não reflete obrigatoriamente a opinião da comissão.

O Regimento dispõe, porém, que esta faculdade conferida aos deputados autores de pareceres e relatórios

seja de natureza facultativa, facto que permite aos autores dos relatórios e pareceres elaborados em

comissões parlamentares não emitirem, caso assim o entendam, a sua opinião nos documentos que tenham

elaborado.

É este o caso do relator do presente parecer, que naturalmente reserva a sua opinião e a sua posição

relativamente à Conta Geral do Estado do ano económico de 2011 para o debate em Plenário.

6. Conclusões

1. O presente parecer da CAE sobre a Conta Geral do Estado relativa ao ano económico de 2011 é

acessório do relatório a elaborar e a aprovar na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública,

limitando-se a CAE a abordar de forma muito genérica a evolução do enquadramento macroeconómico

durante o ano em causa, a apreciar aspetos da atividade financeira do Estado em 2011 e a analisar a

evolução dos fluxos financeiros entre Portugal e a União Europeia, e designadamente tudo o que respeita à

evolução da execução do QREN, do FEADER e do FEP, no decurso de 2011.

2. Todas as recomendações reproduzidas, total ou parcialmente, ao longo deste parecer da CAE, devem

ser ponderadas pelo Governo, seja no que respeita á forma de determinar estimativas macroeconómicas, seja

no que concerne à informação e discriminação transparente dos fluxos financeiros entre Portugal e a União

Europeia, seja no que respeita ao seguimento e acompanhamento da gestão dos fundos comunitários em

geral e de cada um dos seus Fundos e Programas Operacionais, em particular.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

85

Página 86

3. A Comissão de Assuntos Europeus entende que o presente parecer deve ser remetido à COFAP,

remetendo os diferentes grupos parlamentares as suas posições sobre a Conta Geral do Estado relativa ao

ano económico de 2011 para o debate em Plenário da Assembleia da República.

Palácio de São Bento, 28 de fevereiro de 2013.

O Deputado autor do Parecer, Honório Novo — O Parecer da Comissão, Paulo Mota Pinto.

———

COMISSÃO DE ECONOMIA E OBRAS PÚBLICAS

Parecer

Índice

PARTE I – CONSIDERANDOS

PARTE II – OPINIÃO DO DEPUTADO AUTOR DO PARECER

PARTE III – CONCLUSÕES

PARTE IV – ANEXOS

PARTE I – CONSIDERANDOS

Introdução

No respeito pelo disposto no n.º 3 do artigo 205.º do Regimento da Assembleia da República, a Comissão

de Economia e Obras Públicas (CEOP) foi chamada a emitir parecer relativo à Conta Geral do Estado de

2010.

A conta geral do estado é acompanhada do Parecer do Tribunal de Contas, do Parecer Técnico da

Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República e do Parecer do Conselho Económico e

Social, a fim de ser elaborado o competente Parecer nas áreas de competência material da 6.ª Comissão.

Nos termos da alínea d) do artigo 162.º da Constituição da República, a Conta Geral do Estado deve ser

apresentada até ao dia 31 de Dezembro do ano subsequente ao qual diz respeito, tendo a mesma sido

recebida na Assembleia da República em 2 de Julho de 2012.

Atento está, ainda, o Parecer Técnico da Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da

República (Parecer Técnico n.º 7/2012 – Análise daConta Geral do Estado de 2011: Ótica da Contabilidade

Pública, de 28 de Dezembro de 2012), elaborado ao abrigo do artigo 10.º–A da Resolução da Assembleia da

República n.º 20/2004, de 16 de Fevereiro, aditado pela Resolução n.º 53/2006, de 7 de Agosto, e,

posteriormente, pela Resolução n.º 57/2010, de 23 de Julho, e do mandato expresso do Programa de

Atividades da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (XII Legislatura – 2.ª Sessão Legislativa).

Neste sentido, para a elaboração do presente Parecer, foi analisada a Conta Geral do Estado de 2011, e

tidos em consideração os mencionados Pareceres do Tribunal de Contas, do Conselho Económico e Social e

da Unidade Técnica Orçamental da Assembleia da República.

Tendo a Conta Geral do Estado sido distribuída à Comissão de Economia e Obras Públicas foi nomeado

relator o Deputado Duarte Cordeiro do Grupo Parlamentar do PS.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

86

Página 87

Enquadramento Macroeconómico

A política orçamental do ano 2011 traduz, em grande medida, o efeito do Programa de Assistência

Económica e Financeira (PAEF), acordado em Maio de 2011 com a Comissão Europeia (CE), o Fundo

Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE), ainda no decorrer da XII legislatura.

O PIB diminuiu 1,6% em 2011. O défice das Administrações Públicas situou-se em 4,2% do PIB. O défice

estrutural reduziu-se em cerca de 2,3p.p. do Produto Interno Bruto. Nestes dados temos de pesar a

contribuição da transferência dos fundos de pensões (no montante de 3,5% do PIB).

Ao Comparar a composição do crescimento do PIB em 2011 com a previsão constante no OE/2011

verificamos que ao nível da procura interna, que a formação bruta de capital fixo e o consumo privado caíram,

respetivamente, 11,1 e 3,3 p.p. acima do previsto. A forte redução do rendimento disponível real das famílias e

a redução do acesso ao crédito bancário foram as principais razões para a queda da procura interna.

A queda dos dados das importações, a par de um crescimento sustentado das exportações, veio a traduzir-

se numa melhoria dos dados comerciais externos. Deste modo, em 2011, verificou-se uma redução do défice

externo (equivalente a 3,6 p.p. do PIB), traduzindo-se numa redução das necessidades líquidas de

financiamento externo da economia portuguesa.

A quebra do consumo público foi menos acentuada do que aquela que se encontrava prevista no OE/2011.

Apesar do OE/2011 ter subjacente uma redução, em termos reais, de 8,8% no consumo público, esta variável

registou uma diminuição de 4,3%, o que representa um desvio de 4,5 p.p. face ao inicialmente previsto.

O quadro recessivo da economia portuguesa traduziu-se em variações desfavoráveis, particularmente

acentuadas, do nível emprego e da taxa de desemprego, acima do mesmo OE/2011.

A situação económica e financeira pode ser analisada pelo quadro macroeconómico que o relatório da

UTAO nos coloca, assim como as diferentes previsões e os erros das mesmas.

TABELA 1 – Resumo da situação macroeconómica e previsões

Fonte: UTAO

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

87

Página 88

Enquadramento Internacional

Em 2011, assistiu-se a nível internacional a uma desaceleração da economia mundial, tendo o crescimento

do PIB sido de 1,6%, enquanto no ano anterior estávamos nos 3,2%. As quedas resultaram dos maus

desempenhos da economia europeia, americana e japonesa.

A generalidade dos países da zona euro foi especialmente afetada pela crise das dívidas soberanas. As

economias dos denominados países emergentes também desaceleraram, apesar da China e da Índia

continuarem a crescer na casa dos 8%.

Relativamente à área do euro, o abrandamento foi devido à queda das exportações e do consumo privado.

A zona euro cresceu assim 1,5%, enquanto em 2010 tinha crescido 1,9%. O desemprego na zona euro

chegou aos 10,2%.

A situação Grega no ano de 2011 começou a tornar-se preocupante com o agravar da contração

económica.

Em resumo e do ponto de vista internacional a economia viveu a nível internacional um ano de crise que

afetou principalmente os países desenvolvidos em primeira instância, como os E.U.A. e a zona euro, atingindo

dessa forma Portugal

Análise Setorial

Cumpre, em primeiro lugar, referir que, em 21 de Junho de 2011, na sequência do ato eleitoral ocorrido em

5 de Junho, tomou posse o XIX Governo Constitucional, o qual, através do Decreto-Lei n.º 86-A/2011, de 12

de Julho, veio criar o Ministério da Economia e Obras Públicas.

Esta análise setorial conjuga assim o que no Orçamento de Estado para 2011 era denominado Ministério

da Economia e da Inovação e o Ministério das Obras Públicas Transportes e Comunicações.

Cumpre em primeira instância análise das Tabelas e Mapas onde consegue ser analisado a nível das

Matérias da Economia e Obras Públicas. A nível da despesa por classificação económica passou este

Ministério de um valor orçamentando superior a 22 Mil Milhões de Euros, sendo a execução de menos 19 Mil

Milhões.

Tabela 2 – Despesa por Classificação Económica do Ministério da Economia e do Emprego

Seguem, igualmente duas tabelas onde é encontrada a despesa por classificação orgânica e as Despesa

dos Fundos e Serviços Autónomos da área do Ministério da Economia e do Emprego

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

88

Página 89

Tabela 3 – Despesa por Classificação Orgânica do Ministério da Economia e do Emprego

Fonte: Ministério das Finanças

Tabela 4 – Despesas por Fundos e Serviços Autónomos

Fonte: Ministério das Finanças

Como conclusão destas tabelas referentes aos mapas orçamentais, pudemos sintetizar que a execução

orçamental foi relativamente mais baixa que o valor que tinha sido orçamentado.

Pareceres

Acompanham a Conta Geral do Estado os relatórios do Conselho Económico e Social e do Tribunal de

Contas que consideram adequado o documento, mesmo produzindo algumas sugestões a nível de futuro.

II. Da Opinião do Deputado Relator

Sendo a opinião do Relator de elaboração facultativa, nos termos do n.º 3 do artigo 137.º do Regimento da

Assembleia da República, o deputado relator reserva a sua opinião neste relatório não a imitindo.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

89

Página 90

III. Das Conclusões

A Comissão Parlamentar de Economia e Obras Públicas, em reunião realizada no dia 26 de fevereiro,

aprova o seguinte parecer:

A Comissão Parlamentar de Economia e Obras Públicas é do parecer que o presente Relatório, sobre a

Conta Geral do Estado de 2011, deverá ser remetido à Comissão Parlamentar de Orçamento, Finanças e

Administração Pública, em conformidade com o artigo 206.º, n.º 1, alínea c), do Regimento da Assembleia da

República, reservando os grupos parlamentares as suas posições para o debate em Plenário.

Palácio de São Bento, 27 de fevereiro de 2013.

O Deputado Relator, Duarte Cordeiro — O Presidente da Comissão, Luís Campos Ferreira.

———

COMISSÃO DE AGRICULTURA E MAR

Parecer

I. Dos Considerandos

I.I. Do Enquadramento

Nos termos legais e regimentais aplicáveis, a Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública

remeteu à Comissão de Agricultura e Mar a Conta Geral do Estado relativa ao ano económico de 2011,

acompanhada do Parecer do Tribunal de Contas, do Parecer Técnico da Unidade Técnica de Apoio

Orçamental da Assembleia da República e do Parecer do Conselho Económico e Social, a fim de ser

elaborado o competente Parecer nas áreas de competência material da 7.ª Comissão.

Para a análise da Conta Geral do Estado de 2011, importa ter presente que a Lei do Orçamento do Estado

para 2011 foi aprovada em 26 de novembro de 2010, tendo sido publicada em 31 de dezembro, revestindo a

Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro (Orçamento do Estado para 2011), a qual foi objeto de retificação em 26

de fevereiro de 2011 (Declaração de Retificação n.º 3/2011).

Ainda como enquadramento, cumpre referir que, no decurso de 2011, se assistiu à publicação das Leis n.ºs

49/2011, de 7 de Setembro (que aprovou uma sobretaxa extraordinária sobre os rendimentos sujeitos a IRS

auferidos no ano de 2011), e 51-A/2011, de 30 de setembro (que eliminou a taxa reduzida de IVA sobre a

eletricidade e o gás natural, com a consequente sujeição deste bens à taxa normal), que vieram alterar as

medidas de política fiscal para o ano de 2011 previstas na Lei do Orçamento do Estado.

Nos termos da alínea d) do artigo 162.º da Constituição da República, a Conta Geral do Estado deve ser

apresentada até ao dia 31 de dezembro do ano subsequente ao qual diz respeito, tendo a mesma sido

recebida na Assembleia da República em 2 de julho de 2012.

Nos mesmos termos, o Parecer do Conselho Económico e Social deu entrada na Assembleia da República

em 26 de setembro de 2012, tendo o Parecer do Tribunal de Contas sido recebido em 18 de dezembro de

2012.

Atento está, ainda, o Parecer Técnico da Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da

República (Parecer Técnico n.º 7/2012 – Análise daConta Geral do Estado de 2011: Ótica da Contabilidade

Pública, de 28 de dezembro de 2012), elaborado ao abrigo do artigo 10.º-A da Resolução da Assembleia da

República n.º 20/2004, de 16 de fevereiro, aditado pela Resolução n.º 53/2006, de 7 de agosto, e,

posteriormente, pela Resolução n.º 57/2010, de 23 de Julho, e do mandato expresso do Programa de

Atividades da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (XII Legislatura – 2.ª Sessão Legislativa).

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

90

Página 91

Não foi presente à Comissão de Agricultura e Mar uma análise técnica da Conta Geral do Estado

discriminada por áreas de governação, em cumprimento do previsto no n.º 3 do artigo 206.º do Regimento da

Assembleia da República.

Neste sentido, para a elaboração do presente Parecer, foi analisada a Conta Geral do Estado de 2011, e

tidos em consideração os supra mencionados pareceres do Tribunal de Contas, do Conselho Económico e

Social e da Unidade Técnica Orçamental da Assembleia da República.

Tendo a Conta Geral do Estado sido distribuída à Comissão de Agricultura e Mar em 16 de janeiro de 2013,

foi, nessa data, nomeado Relator o Deputado signatário do presente Parecer.

I.II. Da Análise Setorial

Cumpre, em primeiro lugar, referir que, em 21 de junho de 2011, na sequência do ato eleitoral ocorrido em

5 de junho, tomou posse o XIX Governo Constitucional, o qual, através do Decreto-Lei n.º 86-A/2011, de 12 de

julho, veio criar o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, aglutinando

áreas que se encontram dispersas pelos Ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas e

do Ambiente e do Ordenamento do Território (vide Decreto-Lei n.º 321/2009, de 11 de dezembro, que aprovou

a orgânica do XVIII Governo Constitucional).

Assim, importa proceder a uma análise setorial da execução orçamental referente ao ano económico de

2011 no que tange às contas dos serviços integrados e fundos autónomos afetos às áreas de competência

material da Comissão de Agricultura e Mar, isto é, dos domínios da agricultura e da pecuária até ao

desenvolvimento rural, passando pela silvicultura ou pelas florestas, isto é, ao Capítulo Agricultura, Mar,

Ambiente e Ordenamento do Território.

Nestes termos, e no aludido Capítulo, constata-se que o mesmo apresentava um orçamento de 727,6

milhões de euros, tendo, durante o ano de 2011, visto esse valor aumentar para 761,7 milhões de euros, ou

seja, um acréscimo de 34,1 milhões de euros, conforme se atesta no quadro seguinte:

Quadro 1 – Alterações orçamentais por classificação orgânica em 2011 (em milhões de euros). Fonte:

Ministério das Finanças – Conta Geral do Estado 2011 in Unidade Técnica de Apoio Orçamental da

Assembleia da República – Parecer Técnico n.º 7/2012 – Análise daConta Geral do Estado de 2011: Ótica da

Contabilidade Pública.

Em 2011, o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território apresentou uma

execução orçamental de 606,5 milhões de euros, o que traduz um grau de execução de 83,36% face ao

Orçamento inicial e de 79,62% considerando o Orçamento final.

No quadro seguinte, podem aferir-se as despesas dos serviços integrados por classificação orgânica:

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

91

Página 92

Quadro 2 – Despesas dos serviços integrados por classificação orgânica em 2011 (em milhões de euros).

Fonte: Ministério das Finanças – Conta Geral do Estado 2011.

No que se refere aos serviços e fundos autónomos, o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do

Ordenamento do Território apresentou uma execução orçamental de 1 652,1 milhões de euros na receita e de

1 312,3 milhões de euros na despesa, conforme informação constante dos quadros seguintes, que

especificam as receitas e as despesas por cada serviço e fundo:

Quadro 3 – Receitas dos serviços e fundos autónomos, por classificação orgânica em 2011, com

especificação das receitas globais de cada serviço e fundo (em milhões de euros). Fonte: Ministério das

Finanças – Conta Geral do Estado 2011.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

92

Página 93

Quadro 4 – Despesas dos serviços e fundos autónomos, por classificação orgânica em 2011, com

especificação das despesas globais de cada serviço e fundo (em milhões de euros). Fonte: Ministério das

Finanças – Conta Geral do Estado 2011.

Por último, importa fazer uma referência às responsabilidades contratuais plurianuais dos serviços

integrados e dos serviços e fundos autónomos afetos ao Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do

Ordenamento do Território.

Neste sentido, os serviços integrados apresentavam, no final de 2011, cerca de 6 milhões de euros de

responsabilidades contratuais, e os serviços e fundos autónomos cerca de 73 milhões de euros, o que perfaz

um total de aproximadamente 79 milhões de euros no Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do

Ordenamento do Território.

Quadro 5 – Responsabilidades contratuais plurianuais dos serviços integrados e dos serviços e fundos

autónomos (em milhões de euros). Fonte: Ministério das Finanças – Conta Geral do Estado 2011.

Por último, cumpre referir que o valor total realizado em PIDDAC foi de 1 982 milhões de euros, o que

representou uma quebra de 9,8% em termos nominais relativamente a 2010, como, de resto, vem salientar o

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

93

Página 94

Conselho Económico e Social, tendo o destino de tais verbas sido alocado, em 34,4% à agricultura e pescas, o

que confirma ter este setor sido beneficiado relativamente a 2010.

De resto, o Tribunal de Contas vem, no seu Parecer, destacar a elevada taxa de execução global do

programa Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, com 96,1 %.

II. Da Opinião do Deputado Relator

Embora sendo a opinião do Relator de elaboração facultativa, nos termos do n.º 3 do artigo 137.º do

Regimento da Assembleia da República, e de o Deputado Relator se poder eximir, nesta sede, de emitir

quaisquer considerações políticas sobre a Conta Geral do Estado relativa ao ano económico de 2011, o

mesmo entende pertinente referir que a análise à Conta Geral do Estado de 2011 que aqui se encontra vertida

apenas verifica os propósitos orçamentais, bem como a qualidade da despesa produzida, tendo, para tal, sido

levados em consideração não só a própria Conta Geral do Estado, como, igualmente, os Pareceres do

Tribunal de Contas, do Conselho Económico e Social e o Parecer Técnico da Unidade Técnica de Apoio

Orçamental da Assembleia da República.

Com tal fundamento, considera-se que a Conta Geral do Estado observa o cumprimento dos objetivos a

que o Orçamento do Estado para 2011 se propôs, atentas as observações feitas pelo Tribunal de Contas.

III. Das Conclusões

A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu, nos termos legais e regimentais

aplicáveis, à Comissão de Agricultura e Mar, a Conta Geral do Estado de 2011, acompanhada dos Pareceres

do Tribunal de Contas, do Conselho Económico e Social e da Unidade Técnica de Apoio Orçamental da

Assembleia da República, para efeitos de elaboração do competente Parecer nas áreas de competência

material da 7.ª Comissão.

A Conta Geral do Estado de 2011 foi apresentada à Assembleia da República em cumprimento dos prazos

legais aplicáveis.

A Conta Geral do Estado de 2011 permite aferir um orçamento inicial de 727,6 milhões de euros para o

capítulo Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, tendo o mesmo sido aumentador para 761,7

milhões de euros no decurso de 2011.

A mesma Conta coloca ainda à evidência que, em 2011, o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e

do Ordenamento do Território apresentou uma execução orçamental de 606,5 milhões de euros, o que traduz

um grau de execução de 83,36% face ao Orçamento inicial e de 79,62% considerando o Orçamento final.

A Comissão de Agricultura e Mar emite o presente Parecer, e, nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo

206.º do Regimento da Assembleia da República, decide remetê-lo à Comissão de Orçamento, Finanças e

Administração Pública, para os devidos efeitos.

Palácio de São Bento, 25 de fevereiro de 2013.

O Deputado Relator, Fernando Jesus — O Presidente da Comissão, Vasco Cunha.

———

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

94

Página 95

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA

Parecer

PARTE I – CONSIDERANDOS

A) Nota Introdutória

A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu, nos termos legais e regimentais

aplicáveis, à Comissão de Educação, Ciência e Cultura a “Conta Geral do Estado relativa ao ano económico

de 2011” a fim de esta elaborar o competente parecer.

Assim, o presente parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2011 concentra-se exclusivamente sobre os

indicadores de execução orçamental que compreendem os sectores da Educação (incluindo todos os

sistemas e graus de ensino), da Ciência, da Juventude, do Desporto e da Cultura.

No âmbito da elaboração do presente parecer, foi analisado o documento “Conta Geral do Estado – ano de

2011” e respetivos anexos, o parecer do Conselho Económico Social (CES), o parecer do Tribunal de Contas

e o parecer da Unidade Técnica do Apoio Orçamental (UTAO).

O Orçamento do Estado para 2011 (OE/2011), aprovado pela Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro, bem

como o Decreto-Lei n.º 29-A/2011, de 1 de março, que estabelece as normas para a sua execução e as

circulares emitidas pela Direcção-Geral do Orçamento (DGO), enquadram a elaboração e a execução

orçamental de 2011. Estas foram inevitavelmente marcadas pelo pedido de assistência financeira a Portugal e

foram subordinadas às obrigações decorrentes do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF),

concretizado pela assinatura dos Memorandos em 17 de maio de 2011 com a Comissão Europeia, o Fundo

Monetário Internacional e o Banco Central Europeu.

A Lei do OE/2011 sofreu duas alterações. A primeira alteração ocorreu através da Lei n.º 48/2011, de 26 de

agosto, e aumentou para € 35.000 M o limite máximo para a concessão extraordinária de garantias e para €

12.000 M o limite do endividamento líquido direto a utilizar para fazer face a necessidades de financiamento e

disponibilização de liquidez nos mercados financeiros. A segunda alteração operou-se pela Lei n.º 60-A/2011,

de 30 de novembro, nomeadamente para cumprir, entre outras, as exigências fixadas no Memorando de

Entendimento. Salienta-se também o Decreto-Lei n.º 65-A/2011, de 17 de maio, que incide sobre os deveres

de prestação de informação financeira relativamente aos atrasos nos pagamentos e compromissos.

B) Análise Sectorial

1. De acordo com o relatório “Conta Geral do Estado 2011”, o Ministério da Educação e Ciência (MEC)

teve, em 2011, um orçamento inicial de 8.494 milhões de euros (subsector Serviços Integrados – SI) e de

2.486 milhões de euros (subsector Serviços e Fundos Autónomos – SFA), resultando num orçamento inicial

consolidado de 9.508 milhões de euros. De acordo com o mesmo documento, a execução orçamental foi de

96,3% (8.181 milhões de euros) no subsector SI, de 84,3% (2.096 milhões de euros) no subsector SFA, e de

93,7% (8.909 milhões de euros) no total consolidado.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

95

Página 96

Quadro I – Orçamento e Execução do Ministério da Educação e Ciência

2. De acordo com o parecer do Tribunal de Contas, o orçamento inicial do subsector SI, na Educação e

Ciência, sofreu alterações, durante o ano de 2011, aumentando em 3,9%, isto é 322 milhões de euros (246

milhões de euros em créditos especiais e 76 milhões de euros em dotação provisional).

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

96

Página 97

Quadro II – Alterações orçamentais nos Serviços Integrados do Estado

3. O orçamento e execução orçamental, classificado por Funções Sociais do Estado, em Educação foram

de 8.222,6 milhões de euros (orçamento final) e de 7.878,5 milhões de euros (execução orçamental), o que

corresponde a uma execução orçamental de 95,8%.

Quadro III – Orçamento e Execução por Funções do Estado

4. No relatório “Conta Geral do Estado 2011” assinala-se que, de acordo com os critérios de classificação

orgânica da despesa, as despesas dos serviços integrados na área da Educação e Ciência foram os

seguintes:

QUADRO IV

DESPESAS DOS SERVIÇOS INTEGRADOS, POR CLASSIFICAÇÃO ORGÂNICA, NA ÁREA DA

EDUCAÇÃO E CIÊNCIA (em euros)

Gabinetes dos membros do governo 4 136 339,36

Serviços gerais de apoio, estudos, coordenação e cooperação 9 157 723,48

Serviços das áreas da ciência e tecnologia 20 707 372,24

Estabelecimentos de ensino superior e serviços de apoio 1 250 029 279,06

Serviços gerais de apoio, estudos, coordenação e cooperação 835 056 948,13

Estabelecimentos de educação e ensinos básico e secundário 5 687 940 104,98

Investimentos do plano 373 492 716,37

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

97

Página 98

5. Observando a despesa de funcionamento por programas, no relatório “Conta Geral do Estado 2011”,

constata-se que a execução orçamental do programa Educação foi de 6.263 milhões de euros (despesa com

cobertura em receitas gerais) e de 393,6 milhões de euros (despesa com cobertura em outras fontes).

6. Tendo como referência os mesmos indicadores do relatório “Conta Geral do Estado 2011”, a execução

orçamental do programa Investigação e Ensino Superior foi de 2.125,2 milhões de euros (despesa com

cobertura em receitas gerais) e de 690,3 milhões de euros (despesa com cobertura em outras fontes).

7. Sobre a execução orçamental na Cultura, não existe, nos referidos documentos, informação específica

acerca da execução orçamental da Secretaria de Estado da Cultura. Contudo, existe informação orçamental

discriminada por programas. Assim, é possível verificar, no relatório “Conta Geral do Estado 2011”, que a

execução orçamental do programa Cultura foi de 82,4 milhões de euros (despesa com cobertura em receitas

gerais) e de 62,8 milhões de euros (despesa com cobertura em outras fontes).

Quadro V – Despesa de funcionamento por programas

8. Não existe informação específica sobre a execução orçamental nas áreas do Desporto e da Juventude.

9. No que respeita aos fundos PIDDAC, o orçamento final para a Educação foi de 103 milhões de euros,

tendo sido executados 63 milhões de euros (61,2%). Na Investigação e Ensino Superior, o orçamento final foi

de 526 milhões de euros, tendo sido executados 433 milhões de euros (82,2%). Na Cultura, o orçamento final

foi de 65 milhões de euros, tendo sido executados 42 milhões (64,7%). Não existe informação acerca dos

fundos PIDDAC relativos às áreas do Desporto e Juventude.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

98

Página 99

Quadro VI – PIDDAC por Ministério/Programa Orçamental, 2011

PARTE II – CONCLUSÕES

1. A Comissão de Orçamento e Finanças remeteu, nos termos legais e regimentais aplicáveis, à Comissão

de Educação, Ciência e Cultura, a Conta Geral do Estado relativa ao ano económico de 2011, acompanhada

dos pareceres do Conselho Económico Social, do Tribunal de Contas e da Unidade Técnica do Apoio

Orçamental, a fim de elaborar o competente parecer.

2. Salienta-se que o presente parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2011, incide exclusivamente sobre

os indicadores de execução orçamental que compreendem os sectores da Educação, da Ciência, da

Juventude, do Desporto e da Cultura.

3. Face ao exposto, a Comissão de Educação, Ciência e Cultura é de Parecer que o presente relatório

deve ser remetido à Comissão do Orçamento, Finanças e Administração Pública, nos termos do disposto na

alínea c) do n.º 1 do Regimento da Assembleia da República, reservando os Grupos Parlamentares as suas

posições para o debate em Plenário.

Palácio de S. Bento, 26 de fevereiro de 2013.

O Deputado autor do Parecer, Michael Seufert — O Presidente da Comissão, José Ribeiro e Castro.

———

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

99

Página 100

COMISSÃO DE SAÚDE

Parecer

PARTE I – Considerandos

I – Nota prévia

Nos termos do disposto nos artigos 205.º a 208.º do Regimento da Assembleia da República, a Comissão

de Orçamento e Finanças solicitou à Comissão de saúde o envio de parecer sobre a Conta geral do Estado –

2011, relativamente às áreas da sua competência, para que o mesmo seja tido em consideração no relatório

daquela Comissão.

Compete à Comissão de saúde elaborar o respetivo parecer sobre a Conta geral do Estado – 2011,

relativamente aos indicadores de execução orçamental do Sector da Saúde, o qual, logo que aprovado, deve

ser remetido à Comissão de Orçamento e Finanças.

O Parecer que esta Comissão deve produzir circunscreve-se aos aspetos mais relevantes que na área da

Saúde suscita a Conta Geral do Estado, bem como aos enquadramento macroeconómico e nacional que de

algum modo influenciaram a sua execução.

Serviram de base ao presente parecer os documentos disponibilizados da CGE/2011, Relatórios do

Tribunal de Contas, documento disponibilizado pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) sobre a

CGE, o relatório do IGCP sobre Instituições e Mercados Financeiros, Lei n.º 55-A/2010, de 31 de Dezembro,

bem como Dados Estatísticos do INE e do Ministério das Finanças/DGO.

II - Introdução

1. O Orçamento de Estado – Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro, inicialmente aprovado pela Assembleia

da República, foi objeto de duas alterações orçamentais.

2. A 1.ª Alteração Orçamentaloperada pela Lei n.º 48/2011, de 26 de Agosto, no âmbito da iniciativa de

reforço da estabilidade financeira, tendo sido aumentado:

a) Os montantes máximos das garantias pessoais do Estado;

b) O endividamento líquido global direto, tendo em vista fazer face às necessidades de financiamento dos

mercados financeiros, passando de 25 MM para 35 MM.

c)Igualmente foi o Governo autorizado a aumentar o endividamento global direto de € 11,753 MM para 12

MM.

3. A 2.ª Alteração Orçamental- Lei n.º 60-A/2011, de 30 de novembro procede à alteração dos artigos

24-º, 53.º, 72.º e 84.º da Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro, que fixou:

a) Sobretaxa de IRS, revertendo para o orçamento de Estado.

b) Os limites de endividamento dos municípios, não podendo estes exceder o que existia em 31.12.2010.

c) Autorizou o Governo a conceder empréstimo e a realizar operações

de crédito ativas até ao montante de € 5.543.221.746.

d) Autorizou o endividamento global direto de € 12 MM para € 22,479 MM – aumento face à 1.ª

alteração(12 M €).

e) Fixou a avaliação geral dos prédios urbanos, que em 1.12.2011 ainda não tivessem sido avaliados em

sede de CIMI.

f) Fixou também a cláusula de salvaguarda relativa ao IMI de 2012 e 2013ª a liquidar em 2013 e 2014,

respetivamente, por prédio ou parte de prédio urbano objeto da avaliação geral.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

100

Página 101

Por estes factos, a versão inicial do OE é diferente da final, uma vez que esta incorpora as alterações

orçamentais aprovadas ao longo do ano.

4. O Orçamento do Estado para 2011 foi marcado por um reforço do processo de consolidação orçamental

que viria a ser fortemente marcado pela execução das medidas previstas e de outras complementares, tendo

em vista cumprir com a meta do défice para as Administrações Públicas de 5,9% do PIB e um valor para a

dívida pública de 86,6 do PIB1.

Por este facto, foram assumidas medidas com incidência quer na despesa quer na receita, em

conformidade com o disposto no artigo 2.º da Lei n.º 55 -A/2010, de 31 de dezembro:

Medidas com impacto na Despesa:

a) Regime de cativações foi em linhas gerais, o seguinte:

12,5% das despesas afetas ao Programa de Investimentos do Plano – Capítulo 50;

2,5% do total das verbas de funcionamento dos orçamentos dos serviços e organismos da

Administração central na rubrica <

ficaram também cativos os orçamentos de funcionamento dos Serviços Integrados e dos Serviços e

Fundos Autónomos, em 10% das dotações iniciais relativas a encargos de instalações, limpeza e

conservação;

20% das dotações iniciais para combustíveis, material de transporte, exposições, similares e

Publicidade;

30% das rubricas de Estudos, outros trabalhos especializados e serviços;

60% das dotações iniciais da rubrica pareceres e projetos e consultadoria.

b)Reorganização e racionalização da Administração Pública bem como do sector empresarial do

Estado - n.º 1 do artigo 8.º da lei do OE.

c)Condicionamento da criação de serviços públicos – sujeita à compensação com a extinção ou pela

racionalização dos serviços, e estruturas públicas existentes, no âmbito do mesmo Ministério, não podendo

haver aumento do número de cargos dirigentes.

d) Alterações orçamentais de Programas Comunitários – Ficou o Governo autorizado a fazer alterações

orçamentais necessárias à execução do QREN; PROMAR – Programas Operacionais das Pescas – 2007 –

2013; PRODER – Programa de Desenvolvimento Regional.

e) Redução das despesas de PIDDAC

f) Retenção de transferências correntes e de capital na saúde – designadamente para o SNS, para

satisfazer débitos vencidos e exigíveis, em conformidade com o n.º 1 do artigo 12.º da Lei do OE.

g)Transferências para as Fundações de Direito Privado – a título excecional, foi admitida a redução de

15% do valor orçamentado das transferências, desde que o financiamento respetivo dependesse em mais de

50% do QE, para Fundações de Direito Privado.

h) Redução das remunerações dos trabalhadores da função pública – relativamente a esta matéria foram

reduzidas as remunerações mensais nos seguintes termos:

3,5% nas remunerações superiores a 1.500; 3,5% sobre o valor excedente de 2000 € perfazendo um taxa

global entre 3,5 e 10%, no caso das remunerações iguais ou superiores a € 2000 euros e até 4165, sendo eu o

escalão de 10%; 10 % sobre o valor total de remunerações superiores a € 4165€.

i) Suspensão à atualização do indexante de apoios sociais.

j) Suspensão da atualização de pensões do regime de invalidez e velhice do regime geral da Segurança

Social.

l) Trabalhadores bancários no ativo – foram integrados no regime geral da Segurança Social, em

conformidade com o disposto no artigo 7.º da lei do OE 2011.

1 Tabela 2 – Enquadramento macroeconómico em 2011 – previsões do Governo – Relatório da UTAO.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

101

Página 102

Medidas com impacto na receita:

m) IVA - O aumento do IVA em 2 p.p. da taxa normal e revisão das tabelas anexas;

n) Eliminação da taxa reduzida do IVA sobre a eletricidade e o gás natural, ficando sujeitos à taxa geral de

23%.

o) Criação de contribuição sobre o sector bancário, em sede de IRC.

p) Atualização dos impostos sobre o consumo

q)Alienação e oneração de imóveis – em conformidade com o n.º 2 do artigo 4.º da Lei n.º 55 -A/2010, de

31 de Dezembro, o produto das alienações ocorridas no âmbito do Ministério da Saúde se destinava ao

reforço de capital dos hospitais EPE e a despesas necessárias à construção ou manutenção de infraestruturas

afetas a cuidados de saúde.

III. Enquadramento Macro Económico:

5. Em maio de 2011 o Estado Português celebrou com a União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo

Monetário Internacional um Programa de Assistência Económica e Financeira – PAEF – tendo por esse facto

sido concedido a Portugal um empréstimo no valor de € 78.000 M, para ser utilizado até 2014, a ser

disponibilizado mediante avaliações regulares bem sucedidas, do programa de reestruturação a implementar,

tendo em vista a consolidação orçamental, equilíbrio das contas públicas, com a consequente redução de

défice para os diferentes níveis fixados, ao longo do período de intervenção.

6. Através do PAEF ficaram asseguradas as necessidades de financiamento a médio e longo prazo, até

Setembro de 2013, sendo os empréstimos o principal meio de recurso ao endividamento.

Enquadramento internacional em termos de economia e mercados financeiros2

7. A economia mundial manteve em 2011 a tendência de recuperação iniciada em 2010, embora com

abrandamento - 3,8% de acordo com o FMI.

8. As economias emergentes cresceram cerca de 6,2%, sendo que as economias mais avançadas

recuperaram mais lentamente, apenas 1,6%.

9. Fatores internacionais condicionaram a desaceleração da recuperação económica, tais como : terramoto

do Japão, choques de oferta petrolífera, redução de liquidez no crédito resultante da desalavancagem do

sector bancário e da crise da divida soberana enfrentada por alguns países da zona euro.

10. Na área da zona Euro verifica-se uma desaceleração quer no consumo privado quer público para ,04%

e 0,3%, respetivamente.

11. A confiança dos industriais e dos consumidores registou uma descida generalizada ao longo do ano,

tanto nos EUA como na zona Euro.

12. A taxa de desemprego na zona Euro situou-se nos 10%.

13. A inflação homóloga na zona Euro ficou acima dos 2%, atingindo um máximo de 3% em Setembro de

2011.

14. A variação média anual de preços na zona Euro foi de 2,7%, em comparação com 1,6% em 2010.

A Economia Portuguesa:

15. 2011 revelou-se recessivo, estimando-se uma quebra de 1,6% do produto interno bruto3, sendo que o

cenário macro económico apresentado no OE 2011 apontava um crescimento do PIB de 0,2%.

16. A evolução do PIB foi agravada pelas medidas de controlo das finanças públicas.

17. O consuma privado apresentou taxas de variação de -3,9%.

18. O investimento foi de -11,4%e o consumo público apresentou uma quebra de 3,9% , no mesmo

período.

2 Fonte: Relatório do IGCP de 2011.

3 INE, Contas trimestrais, Março de 2012.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

102

Página 103

19. As únicas componentes que apresentaram contributos positivos para o crescimento do PIB foram as

exportações e as importações, estimados em 2,4 e 2,2%, respetivamente.

20. As necessidades líquidas de financiamento externo da economia portuguesa – balança corrente e de

capital – continuaram a decrescer, evoluindo de -8,3% para

- 5,1%4.

21. A taxa de desemprego média situou-se em 12,7% da população ativa, tendo terminado o ano com uma

taxa de 14%.

22. A taxa de inflação em Portugal foi de 3,6% contra 1,4% em 2010 e 0,8% acima da verificada na zona

Euro.

23. O défice da Administração Central e da Segurança Social situou-se em 6,2% do PIB – 10.580 M€,

tendo apresentado um desvio favorável de 2.107 M€ - 1,2 % do PIB , face ao previsto no Orçamento inicial de

2011.

24. O ano de 2011 foi marcado por um ajustamento significativo do défice estrutural.

25. No final de 2011 o valor da dívida pública atingiu 107,8% do PIB (93,3% - 2010)

26. Em 2011 os valores das tranches disponibilizadas no âmbito do PAEF atingiram a quantia de € 36.232

M.5

27. A divida direta global do Estado, integrando Serviços Integrados e Serviços e Fundos Autónomos

ascendia a € 175.096M(+ € 23.124 M que em 2010) equivalendo a 102,5% do PIB.

28. A divida efetiva ascendia a € 158.722 M (+ € 22.585 M, que em 2010), representando esta 92,9% do

PIB.

29. Em 2011 foram pagos € 7.294M de juros e € 263 M com outros encargos da dívida pública ( + € 236M

que em 2010) devido especialmente às comissões dos empréstimos que integram o PAEF.

Do Lado da Receita:

30. No ano de 2011 e tal como ficou enunciado nos pontos anteriores, a execução orçamental ficou

marcada pela adoção de diversas medidas temporárias e “one –off” das quais se destacam:

— Transferências de fundos de pensões do sector bancário – 3.263,1 M€;

— Sobretaxa extraordinária em sede de IRS - 781,4M€.

— Integração de 600M€ da reprivatização da EDP.

6A receita global passou de 210.374 M € com as alterações orçamentais ocorridas para 229.653 M.

Quadro n.º1 – Receita Global

Receita Global

Inicial Alterada Variação %

€ 210.374 M € 229.653 M € 19.279 M 8,39%

7“(…) A receita contabilizada da Administração Central, depois de consolidada (51.045 M) aumentou

3.607 M( € (7,6%) devido sobretudo à duplicação das principais receitas extraordinárias para 5.265 M €( €

2.613 M em 2010) obtidos com 3.884 M €de transferências do fundos de pensões (1.882 M € em 2010), 600

M € de privatizações (731 M € em 2010) e 781M € de sobretaxa de IRS.

4 INE; dados Trimestrais, Março de 2012.

5 Dados do relatório do Tribunal de Contas

6 - Relatório do Tribunal de Contas.

7 - Relatório do Tribunal de Contas

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

103

Página 104

Quadro n.º 2 – Receita Consolidada da Administração Central

Receita Consolidada da Administração Central

Ano Receitas extraordinárias

Receita Global Consolidada

Trsfª.F.Pensões Privatizações Sobretaxa IRS

Total

2011 € 51.438M € 3.884 M € 600 M € 781 M € 5.265 M

2010 € 47.438 M € 1.882 M € 731M - € 2.613 M

A receita efetiva fiscal e não fiscal totalizou 42.311 M€ – registando um aumento de 14,9% em relação a

20108.9O ano de 2011 foi aquele em que as receitas extraordinárias maior peso tiveram na receita efetiva.

A receita corrente do Subsector Estado foi de 38.061 em 2011, apresentando um aumento de 7,3%

relativa ao ano de 2010, correspondendo a mesma a 22,3% do PIB e uma variação relativa ao PIB de 2010 de

1/%.

Na conta consolidada com a Segurança Social a receita arrecadada atingiu 66.566 M€ a despesa paga

cerca de 79.469 M€, apurando-se em contabilidade pública, um saldo negativo (défice) de 12.903 M €(7,5%

do PIB).”

Do Lado da Despesa

31. E a despesa global passou de 209.657 M € para 227.733 M €.

Quadro n.º 3 – Despesa Global

Despesa Global

Inicial Alterada Variação %

€ 209.657 M € 227.733 M € 18.076 M 7,93%

“A despesa consolidada da Administração central (SI – Serviços Integrados e SFA – Serviços e Fundos

Autónomos) – foi de 64.387 M €( + € 2.746 M - + 4,5% que em 2010).

A despesa contabilizada pelos Serviços Integrados ascendeu a 55.450M € (+ 2.041M € - +3,8% que em

2010) e a dos Serviços e Fundos autónomos a 24.851M € (menos 427 M€ -1,7% que em 2010).”

Quadro n.º4 – Despesa Consolidada da Administração Central +SI+SFA

Despesa Consolidada da Administração Central + SI + SFA

Ano ADM Central Consolidada

% SI % SFA %

2011 64.387 M € + 4,5% 55.450M€ + 3,8% 24.851M€ -1,7%

2010 61.641M € - 53.409M € - 25.278M€ -

A despesa efetiva foi de 48.726 M€ com uma variação e -3,6% relativa a 2010.

8 - Relatório do Tribunal de Contas

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

104

Página 105

45. A despesa corrente teve em 2011 um decréscimo de -2,1%, situando-se no valor de 45.575 M€ face a

46.574 M€ em 2010.

32. (…) A constante alteração do universo dois serviços abrangidos pelo Orçamento e pela Conta do

Estado, a alteração de critérios contabilísticos e a utilização de valores provisórios na execução orçamental

têm vindo a afetar a comparabilidade da receita e da despesa ao longo dos anos.”10

IV – O Memorando de Entendimento para a Saúde

IV.1 - Não se pode analisar as contas da do Subsector da Saúde a partir de 2011, sem referir o impacto

que sobre ele teve e terá o memorando de Entendimento, face às medidas delineadas para o sector.

Em 2011 era extremamente exigente quer em termos de medidas quer de prazos para o seu cumprimento,

bem como da apresentação das que haveriam de vigorar para futuro.

Assim, desde modo de financiamento do SNS, à definição de preços e comparticipação de medicamentos,

prescrição e monitorização de prescrição, redução de custos de medicamentos no âmbito do sector

farmacêutico, passando pelos Cuidados de Saúde Primários e Serviços Hospitalares. Igualmente a criação de

regras e sistema de nomeações para CA`s de hospitais; sistema de comparação de desempenho hospitalar;

interoperabilidade dos sistemas informáticos dos hospitais de modo a permitir a informação on line à entidade

ACSS; prosseguir com a reorganização hospitalar; criar o registo médico de doentes e reduzir os custos em

geral na saúde. Em linhas gerais foi e será este o caderno de encargos a que é necessário responder.

IV.2 - Execução orçamental por Funções Sociais – Saúde

IV.2.1 A execução da receita

33. Em 2011 as receitas fiscais aumentaram 6%, em parte consequência das medidas tomadas ao longo

do ano.

A receita efetiva do Serviços e Fundos Autónomos – SFA - em 2011 totalizou 24.688M€, menos

2.785M€(-10,1%) que em 2010.

“(…) decréscimo das receita corrente em 216 M€ (-0,9%) decorre da variação das receitas correntes

fiscais que diminuíram 223 M€. Decréscimo para o qual contribuíram a redução das transferências correntes

do Estado( que se mantém como principal fonte de receitas do SFA, representando em 2011 cerca de 60% de

receita do subsector, sendo de destacar:

No que à área da Saúde respeita, desagregam -se as componentes da receita corrente 11

como se

segue: Relativas a bancos e outras Instituições financeiras - 53.863,00 €; da Administração Central –

8.251.824 .283,00 €; Administração Local – Continente – 35.019.512, 00 €; Instituições sem Fins Lucrativos –

80.854.115,00 €; União Europeia – 694.020,00 €; Venda de Bens e Serviços – 51.635.475,00 €; Outras

Receitas Correntes – 344.166 €, Operações de tesouraria – retenção de receitas do Estado – 123.160,00 € e

Saldo da gerência anterior, na posse da ACSS – 152.416.253 €, totalizando um valor global de

8.573.013.626€.

Na receita corrente para Saúde ocorre um incremento explicado pelas transferências ocorridas, sendo de

assinalar as seguintes:

Administração Central (+ 958,3 M €) - reforço de 377,7 M€ na ACSS e administrações regionais de

saúde, dos quais 150 M € resultam da2.ª Alteração orçamental –destinados à cobertura da dívida da ADSE no

SNS.

Entidades não pertencentes às Administrações Públicas – 73,1M € - reforço na ACSS (+ 36,5M €)de

receitas dos Jogos da S.C.M. Lisboa, afetos ao M. Saúde “

10

Nota do relatório de Tribunal de Contas e constada nas análises efetuadas. 11

Mapa 35 – Sector Saúde – 10 - ACSS – Tomo IX – Pags.452 e segts.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

105

Página 106

Mesmo assim,

Regista-se uma redução de 597M€ (-6,7%) nas transferências correntes destinadas à Administração

Central de Saúde – ACSS, no financiamento do SNS.”12

Esta diminuição consubstancia uma medida de consolidação orçamental tomada em articulação com as

demais, com vista a alcançar a sustentabilidade financeira no âmbito do Programa de Assistência Económica

e Financeira e está conforme o DEO 2011 - 2015

Porém, a receita total dos SFA fruto das alterações orçamentais ocorridas tiveram um acréscimo de 1.510

M€ (5,6%) inferior ao das despesas efetivas, que se situou em 2.867M€ (11,5%),tendo reduzido o saldo

orçamental, inicialmente fixado para o subsector de 1.822 M€ para 465M€ (-1.357M€ - 14,5%)13

IV.2.2 - A execução da despesa

“(…) Na despesa pública o impacto do envelhecimento da população determina atenção e cuidados

especiais em termos sociais, económicos e orçamentais, com especial incidência no sector da Saúde e

Segurança Social. Um estudo da EU projeta um aumento médio da despesa pública de cerca de 4,7% do PIB,

até 2060.

Nas despesas com Saúde a Comissão Europeia estima que Portugal atinja 7,2% do PIB em 2030 e 8,3%

em 2060.

Relativamente às despesas com cuidados continuados, o estudo aponta que atingirão 0,4% do PIB em

2030 e 0,6% em 2060.14

O total da despesa efetiva executada em 2011 no Subsector Estado foi de 48.725 M€, o equivalente a

28,5% do PIB. A execução do orçamento das Funções Sociais do Estado ( Educação, Saúde e Segurança

Social) 28.862 M€ representam - 59,23% do total da mesma, sendo que a Saúde - 9.172 M € - representa

18,82% do valor total da execução da despesa efetiva.

Quadro n.º5 - Subsector Estado – Execução Orçamental por Função – Funções Sociais.

Subsector Estado – Total da despesa executada em 2011.

(1) Funções Sociais – (2,3,4) (5) (6)

Despesa Total

%

Ed

ucaç

ão

Saú

de

Seg

ura

nça

So

cia

l

Total

% Execução Funções Socias

% Execução Saúde

48.726M€ 100% 7.879 M€9.172 M€11.233 M€28.862M€ 59,23% (5 /1)

18,8% (6/1)

A Execução Orçamental da Saúde em 2011 – 9.172 M€ - apresenta um desvio de 124 M€ em relação

ao orçamento inicial e um desvio de - 86 M€ em relação ao orçamento final, o qual inclui as alterações

orçamentais ocorridas.

Quadro n.º 6 - Execução Orçamental 2011 – Desvios face ao OE inicial e Final

Saúde – Orçamento – Execução Orçamental 2011 – Desvios

OE Inicial OE Final Orçamento Executado

Desvio – OEInical Desvio – OE Final

9.048 M€ 9.258 M€ 9.172 M € 124 M€ - 86 M€

12

- Relatório do Tribunal de Contas. 13

Nota do Relatório do Tribunal de Contas - Pag.50. 14

Nota do relatório do Tribunal de Contas - Pag.38

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

106

Página 107

O valor da despesa consolidada na Administração Central por Ministério, relativo ao Estado e

Serviços e Fundos Autónomos na área da Saúde teve a seguinte execução:

Quadro n.º7 - Despesa Consolidada da Administração Central – Ministério da Saúde

Despesa Consolidada da Administração Central , por Ministério –Milhões de €.

Designação

Orçamento 2011 Execução 2011

Estado SFA Total consolidado

Estado SFA Total Consolidado

Saúde 8.391,8 M 13.255,6 M 9.274,2 M 8.374,1 M 12.8276,7M 8.856,8 M€

Nota: Dotação corrigida, abatida de cativos

Não consta do quadro a transferência para outras administrações públicas no valor de 9,4 M€

orçamentadas executadas em 8,4M€.

Fonte: DGO – CGE/2011 – Pag.423.

34 . O valor dos cativos abatidos “(…) foram de 13M€ no Estado e 80 M€ nos SFA, representando a

execução orçamental do Estado 99,8% e dos SFA 95,7%.”15

Do lado da despesa, excluindo as transferências para os SFA, os principais reforços verificaram-se nas

dotações para “ Aquisição de bens e serviços” no valor 752M€.

A despesa efectiva registou um decréscimo de 3,7% relativamente a 2010, tendo a redução da despesa

primária sido mais acentuada - 6,4%, tendo as transferências correntes uma redução de 5,4%, dos quais 5,1%

são relativos ao Serviço Nacional de Saúde.

35. A alteração do universo dos Serviços abrangidos pelo Orçamento e Conta Geral do Estado teve na

Saúde ao longo de 2011, a sua maior saída - 33 organismos, que resultou da empresarialização dos hospitais,

embora o Estado continue a assegurar o seu financiamento através de transferências do Orçamento ou de

dotações de capital. No caso da Saúde o seu financiamento assume a forma de “Aquisição de Serviços de

Saúde”, pagos pela ACSS aos hospitais empresarializados, sendo que em 2011 a ACSS pagou 4.277,5 M€

pelos mesmos, aos referidos hospitais.

Hospitais que deixaram de estar abrangidos pelo OE e CGE.

a) Na sequência da referência anterior deixaram de estar abrangidos pelo Orçamento e CGE os seguintes

hospitais: H. N.ª Senhora da Conceição – Valongo; Cº. Hosp. Psiquiátrico de Coimbra; H. Visconde de Salreu -

Estarreja; H. Distrital de Águeda; H. Cândido Figueiredo – Tondela; H. de Pombal e H. Joaquim Urbano –

Porto.

b) A fusão do C.H. de cascais com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.16

A apresentação da evolução da despesa orçamental dos SFA, na área da Saúde em 2010 e 2011, por

classificação económica, relativamente às rubricas “ Despesas com Pessoal” e “Aquisição de Bens e

Serviços”, mostra uma redução na execução de todas as entidades observadas.

15

Relatório do Tribunal de Contas - Pag.83 16

Relatório do Tribunal de Contas , a Pag.88.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

107

Página 108

Quadro n.º 8 – Evolução da Despesa Orçamental dos SFA por Classificação Económica

Despesa Orçamental SFA – 2010 – 2011 – Milhões de Euros

Classificação Económica

Execução Variação

2010 2011 Valor %

01 – Despesas C. Pessoal

Adm. Regionais de Saúde 921,5 865,4 -56,1 - 6,1%

Hospitais Empresarializados 55,2 9,0 - 46,1 - 83, 6%

Outros SFA da Saúde 217,0 189,2 - 27,7% - 12,8%

02 – Aquis. Bens e Serviços

ACSS 4.588,5 4.370,9 - 217,6 - 4,7%

Adm.Regionais de Saúde 3.111,3 2.932,9 - 178,4 - 5,7%

Hospitais Empresarializados 42,8 6,9 - 35,8 - 83,8%

Outros SFA da saúde 243,9 182,1 - 61,8 - 25,4%

03 Juros e encargos ………. …….. ……….. ………

04-…. …….. …….. …….. …….

05 - … …….. …….. …….. ………

Prosseguindo,

(…) Na estrutura da despesa, as despesas correntes registaram uma quebra de 0,6 % em relação a 2010,

representando 91,1% do total, devido essencialmente ao peso das Transferências Correntes ( 43,3%) , da

Aquisição de Bens e Serviços (34,0%) e das Despesas com Pessoal (11,5%)

A redução da Despesa em 2011 face a 2010 em Serviços e Fundos Autónomos na área da Saúde, foi a

seguinte nas rubricas que se seguem:

Aquisição de Bens e Serviços

ACSS – Autoridade Central dos Serviços de Saúde…………….- 217,6 M€

ARS`s – Autoridades Regionais de Saúde ………………………- 178,4 M€

Hospitais Empresarializados ……………………………………… - 35,8 M€

Despesas Com Pessoal

Empresarialização de Hospitais…………………………………… - 46,1 M€

Activos Financeiros

INFARMED…………………………………………………………. -167,0 M€

Total…………………………………………………………………. -644,9 M€

(…) Para a quebra das Transferências Correntes para SFA`s contribuiu a redução 379,6M€ da ACSSS

essencialmente para entidades do SNS (…)17

.

Apesar da redução das transferências correntes, houve um crescimento da dotação da despesa, em

especial na rubrica de Aquisição de Bens e Serviços - 1.016,5M€ - dos quais 739,7M foram destinados ao

17

Relatório da CGE do Tribunal de Contas – Pag.91.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

108

Página 109

suporte de encargos com os serviços de Saúde, contratos regionais e com os Hospitais E.P.E e aquisição de

produtos farmacêuticos pelo SNS.

Nas transferências Correntes para a Administração Central – 534,8M€ - houve um reforço com

225,9M€ da ACSS, destinada aos estabelecimentos do SNS.

36.Saldo Global

Relativamente à execução orçamental dos SFA, é de destacar:

“(…) O saldo global em 2011 do subsector ficou aquém do saldo subjacente à 2.ª alteração orçamental ao

OE 2011 em 435,2M€. Este resultado é explicado pelo desvio negativo da receita efetiva (1,2%) e pelo nível

mais elevado da despesa efetiva (+0,6%).

O desvio negativo na receita, no que à Saúde resulta da redução de vendas de bens e serviços do SNS.

O desvio da Despesa Efetiva resultou maioritariamente na “Aquisição de Bens e Serviços” pelos

estabelecimentos de saúde do SNS, em especial pelo pagamento das despesas de anos anteriores pelas

Administrações Regionais de Saúde – ARS.

O desvio da despesa efetiva face ao objetivo, é atenuado pela redução da Despesa com Pessoal em

9%, refletindo os cortes salariais na função pública com efeitos a 1.01.2011, bem como a redução do número

de funcionários públicos, resultantes das medidas de consolidação orçamental implantadas, com maior

impacto no SNS. (…)”

Por força do OE/2011 as despesas com Saúde da ADSE passaram neste ano a ser contabilizadas na

rubrica “Aquisição de bens e serviços correntes” em detrimento de despesas com pessoal18

, sendo que em

consequência a aquisição de bens e serviços totalizou € 1.817,4M€, um aumento de 460,3M€ (+ 33,9%)face

ao ano anterior, essencialmente por a ADSE registar em “ Aquisição de bens e serviços/Outros Serviços de

Saúde 518,9M€. Sem esta alteração a despesa no seu agregado teria reduzido em 58,6M€19

.

Despesa de anos anteriores – O valor global das despesas pagas em 2011 relativas a compromissos

assumidos em anos anteriores ascendeu a 1.107,3 M€ devido ao acréscimo de pagamentos efectuados com a

aquisição de bens e serviços por parte do SNS - e IGFIJ20

.

Os pagamentos referidos no número anterior, no âmbito do SNS – têm um valor global foi de

1.000,9M€, sendo 839,1M€ Aquisição de Bens e Serviços, 35,2M€ em Abonos variáveis ou eventuais do SNS

e 96,1M€ em despesas com Pessoal.21

A despesa executada em 2011 na área da Saúde representou 5,4% do PIB.

Outros factos em termos de execução orçamental afetaram a execução, designadamente:

37. Cativações

A sua aplicação incidiu sobretudo nos agrupamentos da despesa corrente primária, sendo que as

cativações iniciais ascenderam a 675,3M €, dos quais 584,4 M€ incidiram sobre “ Outras Despesas Correntes”.

Cerca de 2/3 das cativações iniciais foram objeto de libertação – 63,9% - mais 18,3% que em 2010. As

cativações finais tiveram um valor de 243 M€.

No âmbito da saúde o valor final cativo foi de 15M€, -2% que em 2010.

A elevada taxa de libertação de cativações dificulta o objetivo da contenção de despesa pública22

.

38. Alterações Orçamentais- Despesa

Da análise do Quadro 86 da CGE,23

a

18

Fonte: Ministério das Finanças 19

CGE - Relatório do Tribunal de Contas – Pag.86. 20

CGE. – Pag.175. 21

Quadro 89 – Despesas de anos anteriores – Pag.175.Fonte: DGO. 22

Nota da UTAO 23

CGE/2011 - Quadro 86 – Serviços e Fundos Autónomos – Despesa – Pag. 170.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

109

Página 110

(…) a despesa total orçamentada corrigida em 2011, excluindo o FRDP foi de 33.137,8M€ tendo obtido

reforços líquidos no montante de 3.673,2 M €, traduzindo um aumento de 12,5%, face às dotações iniciais.

O acréscimo verificado é explicado sobretudo pela pelas alterações na despesa efetiva (+2.555,3 M€)

salientando-se as efetuadas na despesa corrente em Aquisição de bens e serviços e as Transferências

Correntes e na despesa não efetiva (+1.117,9) com destaque para os ativos financeiros.

O crescimento verificado nas dotações da Despesa Corrente é justificado sobretudo pelas rubricas a seguir

indicadas:

Aquisição de bens e Serviços (+ 1.16,5 M€) – sendo 739,7 M€ destinados ao suporte de encargos

(…)

Transferências Correntes para a Administração Central (+534,8M€) – (…) reforço de 225,9 M€ da

ACSS, destinada aos estabelecimentos de Saúde do SNS.

Na despesa de capital efetiva, com reforço de 552 M€, destinadas a diversa entidades não pertencentes à

Administração Central, sendo que no âmbito do SNS, na rubrica Aquisição de Bens de Capital - destinado à

aquisição de equipamento e software informático e no Ensino Superior o valor foi de 193,1M €.

Em termos de alterações orçamentais na área da Saúde, ocorrida no âmbito da 2.ª alteração

orçamental, as transferências correntes ascendem 323 M€. O objetivo é o de reforçar a cobertura de

necessidades de financiamento do SNS, para regularização de dívidas em atraso no valor de 150 M€, a

transferir para ACSS, IP, tal como tinha acontecido em 2010.

Ainda, nos SFA as alterações orçamentais registam um decréscimo de 30M€ nas contribuições para

Segurança Social, CGA e ADSE de 0,7%, deixando o valor orçamentado em 4150M€.

39. Encargos assumidos e não pagos – EANP24

(…) De acordo com a informação prestada pelo conjunto dos SFA, excluindo o SNS,

relativa a encargos assumidos e não pagos no final de 2011, apurou-se um montante total de 253,4 M €,

um acréscimo em cerca de 90 % (mais 120,2) que a 2010.

De acordo com os dados disponibilizados pela ACSS, IP, as dívidas a fornecedores por parte das

instituições do SNS integradas no perímetro das administrações públicas, no final de 2011,ascenderam a

848,4 M €, valor que compara com 838,8 no final de 2010 (+1,1%), dado que não é exato, atendendo a que o

universo de comparação não é o mesmo, dada a saída do SNS de vários hospitais empresarializados – Ver

quadro n.º 12, deste relatório, relativo ao Mapa 32 da CGE.

Dos quais designadamente as relacionadas com encargos da Saúde (-90 M€).

Em 2010, dos 300 M€ assumidos e não pagos – 185,2 M€ - foram igualmente da responsabilidade da

Segurança Social, sendo que 121,2 M€ foram referentes a -encargos com a Saúde.

No fornecimento de bens e serviços “(…) o Tribunal de Contas apurou dívidas por fornecimentos de bens e

serviços que em 31 de Dezembro de 2011 ascendiam a 3.186M€, sendo 68,1% vencidas e 31,9% vincendas,

mais 600M€ que no final de 2010. O maior volume registava-se na Saúde – 93,1% (…)”.

40. Parcerias Público Privadas – PPP25

– No ano de 2011 os encargos líquidos para o Estado no âmbito

das PPP na Saúde foram de 243,6 M€. Registou-se um aumento de custos com as 10 PPP na Saúde de 71,3

M€, os quais resultaram dos seguintes factos:

a) Passagem da gestão clínica do atual estabelecimento hospitalar de Vila Franca de Xira para o privado,

sendo que o novo hospital está ainda em construção;

b) Início de liquidação dos encargos referentes às novas instalações do Hospital de Braga.

c) Incremento da atividade de gestão clínica do estabelecimento hospitalar de Cascais.

24

25

Excerto do Relatório da UTAO.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

110

Página 111

De acordo com os dados disponibilizados pelas Entidades Gestoras dos Projetos, o valor total previsto dos

encargos líquidos das PPP`s da Saúde para o Estado são os constantes do quadro abaixo apresentado.

Quadro n.º 9 – Encargos Líquidos Plurianuais das Parcerias Públicas Privadas para o Estado

Encargos Líquidos das PPP`s da Saúde para o Estado –Milhões de €.

Sector 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Saúde 244 320 369 384 381 377 372 343 248

2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029

186 147 49 34 37 37 34 37 33 36

2030 2031 2032 2033 2034 2035 2036 2037 2038 2039

36 34 32 31 29 29 29 29 26 19

2040 2041

7 3

Nota: Valores incluem IVA à taxa em vigor.

Fonte: Entidades Gestoras dos Projetos (Valores previstos de 2012 a 2041) conforme relatório do OE2012.

41. Projetos novos e em curso – Na programação financeira plurianual estão contabilizados os seguintes

valores, no âmbito de projetos novos, com financiamento nacional, com receitas gerais em 2011, € 767.682,

num total de €11.697.255, sendo que para 2012 - € 8.119.573 e para 2013 € 2.810.000.

Quadro n.º10 – Programação Financeira Plurianual

Programação Financeira Plurianual – Projetos novos

Anos anteriores 2011

Pagamentos

2012 2013

Ver € 767.682 M € 8.119.573 M € 2.810.000 M

Relativamente ao conjunto de todos os Programas da Saúde,com encargosplurianuais – P-017 –

Saúde, cuja execução foi da responsabilidade do Ministério da saúde temos o valor global de pagamentos

efetuados em 2011 de 21. 209. 499.684,4 €, valor que difere do constante do Mapa XV que reporta a valores

pagos em 2011 um total de 30.988.136 €, valores que não foi possível cruzar para confirmação. – Mapa XVI –

Despesas correspondentes a Programas – Pag.427.

Quadro n.º 11 - Mapa XV – Resumo Por Programas – Execução e Prestação de Contas

Resumo por Programas – Execução e Prestação de Contas

Pro

gra

ma

F. Financiam

ento

Na Anos anteriores

2011

Pagamentos

2012 2013 Anos seguint

es

Total

017 Saúde

1 Fin. Nacional

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

111

Página 112

Receitas Gerais

30.178.383 13.662.471 35.872.119 5.331.145 0 85.044.118

Receitas proprias

110.638 0 0 0 0 110638

Total F.Nacional

30.289.021 13.662.471 35.872.119 5.331.145 0 85.154.756

F.Comunitário

FEDER, QCAIII; Po

5.977.373 17.325.665 12.151.133 0 0 35.454.171

Total 2 – F. Comunitário

5.977.373 17.325.665 12.151.133 0 0 35.454.171

Total de Programas

36.266.394 30.988.136 48.023.252 5.331.145 0 120.608.927

Fonte: MF/DGO.1

42. Responsabilidades contratuais plurianuais dos serviços integrados e fundos autónomos26

- No

âmbito das responsabilidades do SI e SFA agregados por Ministério, temos na área da Saúde os seguintes

valores relativos a pagamentos efetuados em 2011:

Serviços Integrados:

DGSaúde – 800.492,00 €

Inst. Droga e Toxicodependência 3.589.616,25 €

Total –4.390.108,33 €

Serviços e Fundos Autónomos

INEM, IP 70.626,62 €

Infarmed, IP 286.313,81 €

ARS – Alentejo, IP 188.674,59 €

ARS – Algarve, IP 7.086.253,59 €

ARS. –Centro IP 433.999,36 €

ARS – Lx., Vale Tejo 84.066.704,95 €

ARS-Norte 36. 442.905,79 €

E.R.Saúde – 138.363,00 €

TOTAL –233.103.950,45 €

43 - Dívidas do SNS em 31.12.2011 vs. 2010 – Análise ao Quadro 88 da CGE27

26

CGE/2011 – Mapa XVII – Pag.431. 27

CGE/2011 – Pag.174.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

112

Página 113

Quadro n.º 12 – Dívidas do SNS em 2011 e 2010

Dívidas do SNS em 31.12.2011 –Milhões de € - Quadro 88 - CGE

Entidade Valores em divida

2011 2010

C. H.Oeste Norte 40,2 26,9

C.H.Torres Vedras 23,5 15,9

Maternidade Alfredo da Costa 11,6 11,7

H. Rovisco Pais 1,2 0,9

C. Psiquiátrico Lisboa, SPA 0,3 0,2

Sub - Total Hospitais SPA – 76,9 55,6

ARS - Norte 343,2 342,2

ARS - Lx.V.Tejo 265,8 281,6

ARS - Centro 97,4 76,9

ARS - Algarve 25,5 15,4

ARS - Alentejo 18,2 17,2

Sub – Total ARS 750,1 733,4

Instituto P. Sangue 16,2 18,0

I.N.Ricardo Jorge - Lisboa 4,3 7,4

C.Histocompatibilidade - Norte

0,9

1,0

Centro Histocompatibilidade Centro

0,0

-------

Centro Histocompatibilidade Sul

0,0

0,0

Administração Central do Sistema de Saúde, IP

0.0,0

Sub – Total –Outros Organismos Autónomos

21,5

26,4

Total SNS e Inst. SPA – 848,4 815,4

Fonte: Administração Central do Sistema de saúde, IP.

*O Universo em 2011 era mais amplo, sendo que vários hospitais fruto da empresarialização deixaram de

integrar o agregado do SNS, sendo que valor final era de 848,4.

As dívidas do SNS em 2011 aumentaram 33 M€, ou seja mais 0,4% que em 2010,

para o mesmo universo de entidades do SNS em 2011.

Entendeu a relatora do parecer ter relevância para conhecimento da real situação económica e financeira

de alguns SFA da área da Saúde, mediante a apresentação dos saldos das suas contas na abertura do ano de

2011, bem como do volume global das operações ativas e passivas no mesmo período, apresentando-se o

saldo final, como abaixo se descreve:

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

113

Página 114

44.Saldo das contas na abertura do ano de 2011 de alguns SFA - Saúde

Relativamente aos Serviços e Fundos Autónomos – ARS – Administrações Regionais de Saúde, I.P os

valores de abertura do ano de 2011 foram os seguintes, em termos de Passivo:

ARS - Alentejo – 50.895.568,23 €; ARS - Algarve – 12.227.074,85€

ARS - Centro – 93.897.420,61 € ARS - Norte – 155.722,13€

ARS - Lx.V.Tejo – 29.484.282.13€ S.Reg. Saúde Lx. – 16.596.210,14€

Sub-Reg.Setúbal – 357.788,15€

45. Bem como, por questões complementares de informação se apresentam algumas Operações ativas e

passivas e saldo a 31.12.2011, de alguns Serviços e Fundos Autónomos28

, de acordo com os dados

analisados no mapa XXVI da CGE, como segue:

Infarmed, IP

Inicio em 2011 - Passivo 32.738.745,03 €

Operações activas em 2011 91.226.811,97 €

Operações passivas em 2011 116.374.275,05 €

Saldo passivo em 31.12. 2011 57.886.208,11 €

INEM, IP

Inicio em 2011 – Passivo 7.719.243,87 €

Operações activas 2011 158.878.854,86 €

Operações passivas 2011 158.069.011,64 €

Saldo passivo em 31.12.2011 6.909.400,65 €

Instituo da Droga e Toxicodependência, IP

Inicio em 1.01.2011 - Passivo – 0 €

Operações activas em 2011 25.831.734,82 €

Operações passivas em 2011 25.831.734,82 €

Saldo em 31.12.2011 0 €

46. SFA da Saúde – Receitas totais + Despesas totais e 4 dos agregados de despesa mais relevantes,

no âmbito do Mapa 32 da CGE.

46.1 – ACSS 29

Total de receitas orçamentais corrigidas 8.573.020.874 €

Total das despesas orçamentais corrigidas 8.498.238.755 €

Agregados de despesa mais relevantes

Serviços de Saúde 4.277.500.860 €

Comunicações 35.348.906 €

Inst. Sem Fins Lucrativos 32.102.818 €

Outros Serviços de Saúde 27.892.162 €

46.2 - ERS - Entidade Reguladora da Saúde30

Total de receitas orçamentais corrigidas 6.963.645 €

Total das despesas orçamentais corrigidas 2.828.869,47 €

Agregados de despesa mais relevantes

Despesas c/. Pessoal – 1.798.965,00 €

28

CGE/2011 – Mapa XXVI – Movimentos e Saldos das Contas na Tesouraria do Estado – Pag.447 e segts. 29

CGE /2011 – Mapa 32 - Pag.452 e segts. 30

CGE/2011 – Mapa 32 - Pag.458 e segts.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

114

Página 115

Locação de edifícios - 330.000,00 €

Estudos e Pareceres 194.590,51 €

Outros trabalhos especializados 130.000,00 €

46.3– INFARMED, IP.31

Total de receitas orçamentais corrigidas 89.900.133,13 €

Saldo de gerência de 2010 30.068.196,00 €

Total de despesas Orçamentais corrigidas 34.670.533,29 €

Agregados de despesa mais relevantes:

Pessoal do Quadro - reg.Func. Publica 5.930.219,00 €

Estudos, Pareceres e Consultoria 3.686.137,58 €

Outros Trabalhos especializados 3.124.389,37 €

Assistência técnica 1.694.341,07 €

46.4 – INEM, IP32

Total de receitas orçamentais corrigidas 102.803.850,74 €

Total de despesas orçamentais corrigidas 71.644.779,17 €

Agregados de despesa mais relevantes

Outros Trabalhos Especializados 10.413.096,89 €

Despesas C/.Pessoal 10.165.428,00 €

Horas extraordinárias 3.744.826,00 €

Conservação de bens 2.855.426,61 €

46.5 – Instituto Português do Sangue33

Total de receitas orçamentais corrigidas 45.995.621,00 €

Total das despesas orçamentais corrigidas 44.569.311,00€

Agregados de despesa mais relevantes

Produtos Químicos e farmacêuticos 12.394.152,00 €

Despesas com Pessoal 9.367.874,00 €

Material de consumo clínico 9.252.036,00 €

Outros trabalhos especializados 1.670.925,00 €

46.6 – Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge34

Total de receita orçamental corrigida 29.956.376,00 €

Total de despesa orçamental corrigida 28.153.212,00 €

Agregados de despesa mais relevantes

Despesas C/. pessoal – Reg.Fuc. Públicas 8.502.232,00 €

Produtos Químicos e farmacêuticos 5.158.912,00 €

Outros Serviços 2.162.698,00 €

Material de Consumo Clínico 645.628,00 €

46.7 – Centro de Histocompatibilidade do Norte35

Total de receitas orçamentais corrigidas 4.595.265,00 €

(Sendo próprias – 1.435.231,00€ – venda de bens e serviços , atividades do Norte)

Total de despesas orçamentais corrigidas 4.517.754,00 €

Agregados de despesa mais relevantes

Produtos químicos e farmacêuticos 1.572.389,00 €

31

CGE/2011 – Mapa 32 - Pag.461 esegts. 32

CGE/2011 – Mapa 32 - Pag.466 e segts. 33

CGE/2011 .- Mapa 32 - Pag.473 e segts. 34

CGE/2011 – Mapa 32 – Pag.482 e segts. 35

CGE/2011 – Mapa 32 – pag.486 e segts..

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

115

Página 116

Serviços de saúde 721.425,00 €

Material de Consumo Clínico 286.194,00 €

Pessoal do Quadro – Reg.Func. Públicas 253.194,00 €

Parte V – Opinião do Deputado Autor do Parecer

O Autor do parecer exime-se nesta sede, de manifestar a sua opinião política sobre esta matéria, a qual é,

nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 137.º do Regimento da Assembleia da República, facultativa.

Parte VI – Em conclusão:

A versão inicial do OE 2011 previa para a Saúde, designadamente para o SNS, medidas tendentes a

assegurar o cumprimento do défice das Administrações Públicas e valor da dívida, desde logo:

a.1 – Nas cativações – para cumprimento de débitos vencidos e exigíveis.

a.2 – Na alienação e oneração de imóveis do Ministério da Saúde, destinados:

a.2.1 – Ao reforço de capitais dos hospitais EPE

a.2.2 – à construção e manutenção de infraestruturas afetas a cuidados de saúde.

A despesa executada em 2011 na área da Saúde representou 5,4 % do PIB.

Do lado da despesa, registou-se uma redução de 597 M € (-6,7%) nas transferências correntes

destinadas à ACSS, no financiamento do SNS, em articulação com as demais medidas de consolidação

orçamental, no âmbito do PAEF.

A execução do orçamento da Saúde – 9.172 M€, representa 18,82% do valor de execução total da

despesa efetiva do Subsector Estado – 48.725M€, e representa 31do t,77% do total do orçamento das funções

sociais do Estado (Educação, Saúde e Segurança Social – 28.862M€).

A execução orçamental da Saúde em 2011 – 9.172 M € apresenta um desvio de 124 M € em relação ao

orçamento inicial e um negativo de -86 M € em relação ao orçamento final, o qual inclui as alterações

ocorridas.

Em 2011 foram pagos pela ACSS aos Hospitais empresarializados, por aquisição de bens e serviços de

Saúde 4277,5M €.

Na rubrica de “Aquisição de Bens e Serviços”, houve um acréscimo na dotação da despesa de 739,7M

€, destinados ao suporte de encargos com Serviços de Saúde, contratos regionais e com Hospitais E.P.E. e

aquisição de produtos farmacêuticos.

O desvio da despesa efetiva face ao objetivo a atenuado pela redução das Despesas com Pessoal em

9%, em linha com os cortes salariais na função pública, bem com a redução de funcionários públicos.

Os pagamentos referidos a anos anteriores, relativos a compromissos assumidos no âmbito do SNS

tiveram o valor global de 1000,9M €.

As cativações na saúde tiveram o valor de 15M € (-2% que em 20101). A elevada libertação de cativos

dificulta o objetivo da contenção da despesa pública.

No final de 2011 o Tribunal de Contas apurou dívidas na Saúde vencidas e vincendas no valor de

2.966,16M€ - 93,1% do valor total apurado (3186 M €).

A divida a fornecedores relativas a Instituições do Serviço Nacional de Saúde em 31.12.2011 foi de

848,4 M € valor que compara com 838,8 M € no final do ano de 2010.

No ano de 2011 o encargo com as Parecerias Públicas Privadas na Saúde foi de 243,6 M €, registando

um aumento de 71,3 M € em relação a 2010.

Em 2011, no âmbito de todos os Programas de Saúde – P - 017 – Saúde, com encargos plurianuais, o

valor total de pagamentos efetuados foi de 21.209.499.684,4 euros.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

116

Página 117

Face aos considerandos expostos, a Comissão de Saúde entende que o presente Parecer se encontra em

condições de ser remetido à Comissão de Orçamento e Finanças, para os efeitos legais e regimentais

aplicáveis.

Palácio de S. Bento, 15 de fevereiro de 2013.

A Deputada autora do Parecer, Conceição Bessa Ruão — A Presidente da Comissão, Maria Antónia

Almeida Santos.

———

COMISSÃO DE SEGURANÇA SOCIAL E TRABALHO

Parecer

Índice

PARTE I – NOTA INTRODUTÓRIA

PARTE II – CONSIDERANDOS

PARTE III – POSIÇÃO DO AUTOR

PARTE IV – CONCLUSÕES

PARTE V – PARECER

PARTE I – NOTA INTRODUTÓRIA

Compete à Assembleia da República, nos termos e para os efeitos do disposto na alínea d) do artigo 162.º

da Constituição da República Portuguesa [CRP], «tomar as contas do Estado e das demais pessoas coletivas

que a lei determinar (…), com o parecer do Tribunal de Contas e os demais elementos necessários à sua

apreciação».

Após apresentação pelo Governo da Conta Geral do Estado de 2011 [CGE/2011], o Tribunal de Contas

emitiu, ao abrigo do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 214.º da CRP, o competente parecer sobre a CGE

de 2011, incluindo a Conta da Segurança Social [CSS].

Por seu turno, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental [UTAO] disponibilizou o Parecer Técnico n.º

7/2012, intitulado «Análise da Conta Geral do Estado de 2011», e o Conselho Económico e Social [CES]

enviou à Assembleia da República o «Parecer sobre a Conta Geral do Estado 2011» emitido no âmbito das

suas competências próprias e aprovado pelo Plenário do CES em 26 de setembro de 2012.

Em 16 de janeiro de 2013, a Comissão Parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública

[COFAP] solicitou à Comissão Parlamentar de Segurança Social e Trabalho [CSST], nos termos e para os

efeitos do disposto nos artigos 205.º e 206.º do Regimento da Assembleia da República [RAR], a emissão, em

razão da matéria, de Parecer sobre a CGE/2011, incluindo a parte atinente à segurança social, a remeter a

COFAP até ao dia 27 de fevereiro de 2013, de forma a poder ser integrado no relatório daquela Comissão

Parlamentar.

De modo a corresponder ao solicitado pela COFAP é emitido o presente Parecer, que incide

exclusivamente sobre as matérias do âmbito específico de intervenção da CSST, incluídas na CGE/2011, em

especial as atinentes ao Emprego e Segurança Social.

Na elaboração do presente Parecer foram tidos em conta o Documento CGE/2011, incluindo a CSS,

apresentado pelo Governo, bem assim como os Pareceres do TC, da UTAO e do CES já aqui sinalizados.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

117

Página 118

PARTE II – CONSIDERANDOS

O ano de 2011 foi caracterizado pelo clima de incerteza quanto à evolução da atividade económica e

sujeito a condicionalismos de vária ordem, nomeadamente as opções de política orçamental traçadas, que

tiveram reflexo evidente no plano da execução orçamental.

A CGE/2011, incluindo a CSS, objeto do presente Parecer, espelha os objetivos de política orçamental

traçados para o ano de 2011 e põe em evidência a evolução macroeconómica registada nesse período. Assim,

a) Principais indicadores da evolução macroeconómica

A evolução económica registada em Portugal no ano de 2011 foi fortemente condicionada pelos objetivos

inscritos no Programa de Assistência Económica e Financeira [PAEF] acordado, em Maio de 2011, pelo

governo de Portugal com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional.

Relembra-se, aqui, que o esforço de consolidação das contas públicas recaiu, sobretudo, sobre as

despesas com pessoal e prestações sociais, o que veio a ter reflexos no plano do desempenho da nossa

economia, em particular, no que tange à evolução do desemprego e à trajetória da despesa social.

Cumpre assinalar, desde logo, que a atividade económica na zona euro em 2011 apresentou uma quebra

quando comparada face ao ano anterior. Assim, após o crescimento do PIB de 2% em 2010, a atividade

económica continuou a expandir-se em 2011, mas a um ritmo mais lento, registando um crescimento do PIB

em 1,4%.

Num contexto marcado pelo agravamento da crise da dívida soberana na zona euro, a economia

portuguesa registou uma significativa contração da atividade económica em 2011. Com efeito, contrastando

com o crescimento inicialmente previsto no OE/2011, a atividade económica registou uma quebra significativa,

com o PIB a cair - 1,6% em termos reais, após um crescimento de 1,9% em 2010. Esta quebra está

intimamente associada a uma acentuada redução do investimento (-14,4%), à contração das despesas de

consumo final das famílias (- 3,9%) e à queda, também, do consumo público (- 3,9%).

Importa, ainda assim, sinalizar o contributo dos fluxos internacionais que se revelou mais dinâmico que o

previsto no OE/2011 e permitiu compensar a retração da procura interna, com as exportações a registarem um

crescimento real na ordem dos 7,4% e as importações a registarem uma quebra de - 5,5%, o que contribuiu

para a redução do défice externo.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

118

Página 119

Quadro 1 – PIB e principais componentes

b) Evolução do mercado de emprego e dos salários

O ambiente recessivo da economia portuguesa vivido em 2011 teve, também, reflexos significativos ao

nível da evolução do mercado de trabalho e traduziu-se em variações acentuadas do emprego e da taxa de

desemprego face ao previsto no OE/2011.

No que tange ao mercado de trabalho, o emprego registou quebra de 1,5% em 2011, mantendo a

tendência de queda dos anos anteriores e que foi de 2,8% e 1,5% respetivamente em 2009 e 2010.

Por seu turno, a taxa de desemprego aumentou em 2011 de forma significativa atingindo os 12,7% no seu

conjunto contra 10,8% em 2010, tendo a taxa de desemprego dos jovens entre os 15 e 24 anos atingido os

30,1%.

Quadro 2 – População ativa, emprego e desemprego

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

119

Página 120

Quadro 3 – Indicadores do mercado de trabalho

Finalmente, no que respeita à remuneração dos trabalhadores verifica-se em 2011 uma queda na ordem

dos 0,8%, situação que, de acordo com o Parecer do TC, em larga medida, resulta da diminuição das

despesas com remunerações no setor das administrações públicas.

c) Condicionalismos estruturais das finanças públicas

De acordo com o Parecer emitido pelo Tribunal de Contas, a evolução futura das finanças públicas

portuguesas está condicionada não só pelas exigências impostas pelo cumprimento do PAEF, como pelo

impacto da evolução demográfica e, de igual modo, pela sustentabilidade económica e social da segurança

social.

É amplamente reconhecido que o envelhecimento da população gera impactes de ordem económica,

orçamental e social para um significativo conjunto de países, entre os quais Portugal, nomeadamente ao nível

da sustentabilidade dos sistemas de proteção social.

Com efeito, hoje sabe-se que a estrutura etária da população da União Europeia vai alterar-se nas

próximas décadas, em resultado do decréscimo da fertilidade, do aumento da esperança média de vida e das

variações dos fluxos migratórios. Acresce que, de acordo com os dados do Eurostat, o rácio de dependência

económica da terceira idade crescerá substancialmente até 2060. Na zona euro esse rácio de dependência

era em 2010 de 42% prevendo-se que venha a ser de 72% em 2060. Já no caso de Portugal, que segue a

tendência europeia, aquele rácio sobe de 37% em 2010 para 73% em 2060.

Neste contexto, cumpre ter presente os impactes deste envelhecimento da população em termos de

finanças públicas. A este respeito, recomenda-se a consulta do último relatório elaborado pela Comissão

Europeia [2012 Ageing Report: Economic and budgetary projections for the 27 EU Member States (2010-2060)

– Versão provisória] apresenta uma projeção do aumento médio da despesa pública (pensões, cuidados de

saúde, cuidados continuados) em termos de PIB até 2060 em resultado do efeito do envelhecimento da

população.

No que respeita à sustentabilidade da segurança social portuguesa, as projeções da Comissão Europeia

dão conta do aumento do número de pensionistas do sistema público de 2,6 para 3,8 milhões em 2050,

prevendo-se que as despesas com pensões venham a atingir 13,2% do PIB em 2030 e 12,7% em 2060.

Quadro 4 – Despesa pública com pensões em % do PIB

Por outro lado, de acordo com as referidas projeções, o efeito do envelhecimento da população far-se-á

sentir, também, do lado da receita, prevendo-se uma diminuição continuada das contribuições.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

120

Página 121

Finalmente, de acordo com as mesmas projeções, o número de pessoas desempregadas deverá diminuir

no longo prazo, prevendo-se, de igual modo, uma redução das despesas sociais em percentagem do PIB com

o subsídio de desemprego.

Quadro 5 – Despesa com subsídio de desemprego em % do PIB

d) Da execução orçamental da Conta da Segurança Social em 2011

No que tange à execução orçamental da CSS de 2011, verifica-se que a receita total ascendeu a 30.082,8

M€ - que inclui 1.092,5 M€ de parte dos saldos de gerências anteriores – ou seja, 79,2% do previsto no

Orçamento da Segurança Social corrigido e menos 6,9% - 2.237,7 M€ - que em 2010. A despesa total foi de

29.356,9 M€, isto é, 78,6% do previsto e menos 5,6% - 1.737,0 M€ - face ao ano anterior.

Da execução orçamental ocorrida resultou um saldo de 725,9M€, inferior em 40,8% ao ano anterior, o que

determinou uma diminuição de 14,5% no saldo final acumulado. De acordo com os valores efetivos, a receita

diminuiu 1,3% e a despesa 0,3%, tendo-se verificado uma taxa de execução efetiva do OSS na ordem dos

97,8% na receita e 97,7% na despesa.

Quadro 6 – Execução Orçamental da Conta da Segurança Social

Relembra-se que no ano de 2011 entrou em vigor o Código dos Regimes Contributivos do Sistema

Previdencial da Segurança Social, aprovado pela Lei n.º 110/2009, de 16 de setembro, que implicou

nomeadamente o alargamento da base de incidência contributiva, a revisão das taxas contributivas e do

regime dos trabalhadores independentes; ocorreu a integração no Regime Geral de Segurança Social dos

trabalhadores do setor bancário; e foram adotadas medidas visando a redução das despesas com prestações

sociais o que, tudo somado, teve naturalmente reflexos ao nível da execução orçamental traduzidos

nomeadamente no aumento das contribuições e na redução da despesa social.

Do lado da receita, cumpre destacar em 2011, designadamente:

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

121

Página 122

– O crescimento das contribuições face a 2010, cifrado em mais 263,0 M€, o que corresponde a um

aumento de 1.95%, totalizando 13.746,3M€ e que resultou dos fatores já atrás mencionados;

– A diminuição de 930,2 M€ (-11,77%) das transferências correntes da administração central face a 2010;

– O aumento de 26,42% nas transferências do exterior para financiamento de ações de formação

profissional;

– O aumento em 115,8M€ (+ 13,88%) ao nível da rubrica «outras receitas correntes», incluindo

nomeadamente os valores relativos à recuperação de prestações sociais indevidamente pagas.

Do lado da despesa, cumpre assinalar uma diminuição da despesa efetiva na ordem dos 65,1 M€ (- 0,28%)

face a 2010 e que decorre nomeadamente dos seguintes fatores:

– A despesa com «Pensões», que totalizou 14.448,7 M€, representando uma variação de mais 3,12% face

ao ano anterior;

– Os encargos com «Abono de Família» diminuíram em 293,8 M€ (-30,35%) face a 2010, em resultado das

medidas legislativas adotadas, designadamente a consagração da “condição de recurso” para efeito de acesso

às prestações sociais, a eliminação do pagamento do montante adicional a partir do 1.º escalão, a revogação

do aumento extraordinário de 25% aos 1.º e 2.º escalões, a eliminação dos 4.º e 5.º escalões de rendimento

para efeitos de atribuição de abono de família e a redução em metade do valor associado às bolsas de estudo;

– A diminuição da despesa com subsídios de desemprego e social de desemprego e apoio ao desemprego

na ordem dos 5,28%;

– Redução da despesa com o Rendimento Social de Inserção em 105,5M€ (-20,30%) face ao ano anterior,

resultante sobretudo da alteração das regras de cálculo da prestação e a aplicação de regras de elegibilidade

mais restritivas;

– Aumento de 177,1M€ (+18,03%) da despesa com ações de formação profissional com suporte em FSE;

– Diminuição das despesas com administração do sistema de segurança social em 337,6 M€ (-10,13%)

face a 2010 resultante sobretudo das reduções remuneratórias incluídas no OE/2011.

Em suma, em 2011, verificou-se uma forte contração nas despesas com as prestações sociais,

nomeadamente no que tange à proteção no desemprego e às prestações de combate à pobreza, não obstante

a taxa de desemprego ter disparado e aumentado o número de pessoas em situação de vulnerabilidade

económica.

e) Das recomendações do Tribunal de Contas

No Parecer que emitiu em torno da Conta Geral do Estado de 2011, o Tribunal de Contas formulou um total

de 82 recomendações dirigidas à Assembleia da República e ao Governo que têm em vista a correção de

erros e deficiências detetadas e a melhoria e fiabilidade da CGE.

Dessas recomendações, um número significativo dizem respeito à segurança social, afigurando-se, salvo

melhor entendimento, adequado proceder à sua análise e ponderação com vista a aperfeiçoar-se os

mecanismos de execução orçamental e a conferir maior rigor à CGE.

PARTE III – POSIÇÃO DO AUTOR

O autor do presente parecer reserva, nesta sede, a sua posição sobre a CGE/2011 para a discussão em

Plenário da Assembleia da República.

PARTE IV – CONCLUSÕES

Face aos considerandos que antecedem, a Comissão de Segurança Social e Trabalho conclui:

1. Compete à Assembleia da República, nos termos e para os efeitos do disposto na alínea d) do artigo

162.º da Constituição da República Portuguesa [CRP], «tomar as contas do Estado e das demais pessoas

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

122

Página 123

coletivas que a lei determinar (…), com o parecer do Tribunal de Contas e os demais elementos necessários à

sua apreciação».

2. Incumbe à Comissão de Segurança Social e Trabalho emitir, nos termos regimentais aplicáveis, o

competente Parecer à Conta Geral do Estado de 2011, incluindo a relativa à da Segurança Social.

3. O presente Parecer incidiu exclusivamente sobre os domínios do âmbito específico de intervenção da

CSST, incluídas na CGE/2011, em especial as atinentes ao Emprego e Segurança Social e visa constituir um

contributo para o Relatório final que se encontra em fase de elaboração na Comissão de Orçamento, Finanças

e Administração Pública.

4. Na elaboração do presente Parecer foram tidos em conta o Documento CGE/2011, incluindo a CSS,

apresentado pelo Governo e os Pareceres do TC, da UTAO e do CES.

5. A Comissão de Segurança Social e Trabalho delibera, nos termos regimentais aplicáveis, remeter o

presente parecer à Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública

Assembleia da República, 26 de fevereiro de 2013.

O Deputado Autor, Nuno Sá — O Presidente da Comissão, José Manuel Canavarro.

———

COMISSÃO DO AMBIENTE, ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E PODER LOCAL

Parecer

I. Considerandos

1. Enquadramento

A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu à Comissão de Ambiente,

Ordenamento do Território e Poder Local a Conta Geral do Estado relativa ao ano económico de 2011,

acompanhada dos Pareceres do Tribunal de Contas (TC), do Conselho Económico e Social (CES) e da

Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República (UTAO), fim de ser elaborado o

competente Parecer.

Para a elaboração do presente Parecer, foi analisada a Conta Geral do Estado de 2011, e tido em

consideração os Pareceres supramencionados.

Para a análise da Conta Geral do Estado de 2011, importa ter presente que a Lei do Orçamento do Estado

para 2011 (Lei n.º 55-A/2010 de 31 de Dezembro) foi aprovada pela Assembleia da República em 26 de

Novembro de 2010, tendo o mesmo entrado em vigor em 1 de Janeiro de 2011, tendo sofrido duas alterações

no decorrer do ano de 2011, a saber:

a) A primeira, através da Lei n.º 48/2011, de 26 de agosto, no âmbito do cumprimento do Memorando de

Entendimento e teve como objetivo o reforço da estabilidade financeira;

b) E a segunda, consubstanciada através da Lei n.º 60-A/2011, de 30 de novembro, aprovou um conjunto

de medidas adicionais de redução da despesa com vista à consolidação orçamental prevista no Programa de

Estabilidade e Crescimento (PEC) para 2010-2013.

Nos termos da alínea d) do artigo 162.º da Constituição da República, a Conta Geral do Estado deve ser

apresentada até ao dia 31 de dezembro do ano subsequente ao qual diz respeito, tendo a mesma sido

recebida na Assembleia da República em 2 de julho de 2012.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

123

Página 124

Relativamente ao Parecer do Tribunal de Contas bem como ao Parecer do Comité Económico e Social

sobre a CGE – 2011, estes deram entrada na Assembleia da República, a 18 de dezembro de 2012 e a 26 de

setembro de 2012 respetivamente.

Atento está, ainda, o Parecer Técnico da Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da

República (Parecer Técnico n.º 7/2012 – Análise daConta Geral do Estado de 2011: Ótica da Contabilidade

Pública, de 28 de Dezembro de 2012), elaborado ao abrigo do artigo 10.º A da Resolução da Assembleia da

República n.º 20/2004, de 16 de Fevereiro, aditado pela Resolução n.º 53/2006, de 7 de Agosto, e,

posteriormente, pela Resolução n.º 57/2010, de 23 de julho, e do mandato expresso do Programa de

Atividades da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (XII Legislatura – 2.ª Sessão Legislativa).

Dá-se, desta forma, cumprimento ao previsto no número 3 do artigo 206.º do Regimento da Assembleia da

República, que define que os serviços da Assembleia da República procedem a uma análise técnica da Conta

Geral do Estado, discriminada por áreas de governação, e a remetem à comissão parlamentar competente,

em razão da matéria.

2. Análise Sectorial

Neste contexto, procede-se de seguida à análise sectorial da execução orçamental referente ao ano

económico de 2011, tendo em consideração as contas dos serviços integrados e fundos autónomos relativas

ao Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, bem como as que dizem

respeito às contas da administração local, por ir ao encontro do solicitado pela Comissão de Orçamento e

Finanças e Administração Pública.

a) Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território

No Orçamento do Estado para 2011, o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento

do Território (até final da legislatura anterior, tinha a designação de Ministério do Ambiente, Ordenamento do

Território) apresentava um orçamento de 727,6 milhões de euros, tendo, durante o ano de 2011, visto esse

valor aumentar para 761,7 milhões de euros, como resultado do acréscimo das rubricas de “créditos

especiais”, em 7,2 milhões de euros, da “dotação provisional”, em 23,5 milhões de euros, e 3,4 milhões de

euros por via de “Outras” (gestão flexível) tal como pode ser visualizado no quadro seguinte:

Tabela A- Alterações orçamentais por classificação orgânica em 2011

(em milhões de euros)

Fonte: Parecer Técnico n.º 7/2012 da Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República –

Análise daConta Geral do Estado de 2011: Ótica da Contabilidade Pública, de 28 de Dezembro de 2012

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

124

Página 125

Quanto ao valor de execução orçamental de 2011, o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do

Ordenamento do Território apresentou o valor de 606,5 milhões de euros, o que traduz um grau de execução

de 83% face ao Orçamento do Estado inicial e de 80 % considerando o Orçamento do Estado final. No mapa

seguinte, podem aferir-se as despesas dos serviços integrados por classificação orgânica.

Tabela B- Despesas dos serviços integrados por classificação orgânica em 2011

Fonte: Fonte: Direção Geral do Orçamento – Conta Geral do Estado 2011

Relativamente ao desempenho dos serviços e fundos autónomos do Ministério da Agricultura, do Mar, do

Ambiente e do Ordenamento do Território apresentam-se de seguida os Mapas C e D, relativos à execução

orçamental da despesa no valor de 1312 milhões de euros e da receita, de 1652 milhões de euros.

Tabela C- Despesas dos serviços e fundos autónomos, por classificação orgânica, com

especificação das despesas globais de cada serviço e fundo

Fonte: Fonte: Direção Geral do Orçamento – Conta Geral do Estado 2011

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

125

Página 126

Tabela D- Receitas dos serviços e fundos autónomos, por classificação orgânica, com

especificação das despesas globais de cada serviço e fundo

Fonte: Fonte: Direção Geral do Orçamento – Conta Geral do Estado 2011

Relativamente às “responsabilidades contratuais plurianuais”, o MAMAOT apresentava no final do ano de

2011, um valor de 6,2 milhões de euros em serviços integrados e 72,7 milhões de euros em serviços e fundos

autónomos afetos a este Ministério, num total de aproximadamente 79 milhões de euros.

Tabela E- Responsabilidades contratuais plurianuais dos serviços integrados e serviços e fundos

autónomos

(euros)

Fonte: Direção-Geral do Orçamento – Conta Geral do Estado 2011

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

126

Página 127

Relativamente ao “Programa de investimentos”, em termos globais, a execução do Investimento em 2011

totaliza 1.982 milhões de euros, o que representa uma quebra de 9,8%, em termos nominais, relativamente a

2010, tal como è referido no Parecer sobre a Conta Geral do Estado 2011.

Em termos de destinos de investimento, por ordem decrescente de peso, aparece a agricultura e pescas

(35%), a investigação e ensino superior (22%), a economia inovação e desenvolvimento (18 %) e o ambiente e

ordenamento do território (5 %). Os restantes sectores, em conjunto, não foram além dos 20%.

Tabela F- Investimento - Indicadores Gerais por Programas

( milhões de euros)

b) Administração Local e Regional

No que tange à Administração Local e Regional, a Conta Geral do Estado de 2011 evidencia que o

subsector da Administração Local e Regional apurou um défice de 0,4% do PIB, o que representa uma

melhoria de 0,4 p.p. do PIB face ao défice registado em 2010.

De referir que as receitas deste subsetor registaram uma descida de mais de 14 milhões de euros face a

2010 (de 11.019 milhões em 2010 para 11.005 milhões em 2011), correspondendo assim a uma descida

inferior à registada no ano anterior (11.191 milhões de euros em 2009 para 11.019 milhões em 2010). Por

outro lado, as despesas diminuíram em cerca de 713 milhões de euros face a 2010 (de 12.460 milhões em

2010 para 11.747 milhões em 2011), correspondendo assim a uma inversão de sentido face aos valores

registados no ano anterior, durante o qual se observou um aumento de cerca de 47 milhões de euros (de

12.413 milhões em 2009 para 12.460 milhões em 2010).

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

127

Página 128

Tabela G – Conta Consolidada das Administrações Públicas (ótica de contas ) Grandes

agregados 2010 e 2011 ( milhões de euros)

Como se pode constatar, o saldo do subsetor em apreço ficou negativo em mais de 741 milhões de euros.

Cumpre ainda escrutinar as transferências financeiras da Administração Central para a Administração

Local, no cumprimento do disposto da Lei das Finanças Locais.

Conforme se poderá atestar no quadro seguinte, para a Administração Local foram transferidos 2.220

milhões de euros, um valor abaixo do executado em 2010 (que alcançou cerca de 2.346 milhões de euros).

Com efeito, no âmbito das recomendações do Tribunal de Contas já de 2009, que vem recomendar que a

participação variável dos municípios no IRS, prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 19.º da Lei das Finanças

Locais volte a ter objeto de previsão e execução na esfera do Orçamento do Estado, através da contabilização

da parte do IRS que lhe dá origem, como receita orçamental, e da sua transferência para os municípios, como

despesa orçamental.

No que respeita a outras transferências – nomeadamente verbas transferidas para cooperação técnica e

financeira – regista-se uma diminuição de mais de 2 milhões de euros face a 2010, cifrando-se em 38,6

milhões de euros.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

128

Página 129

Tabela H – Análise por Grandes Agregados de despesa. Grandes

agregados 2010 e 2011 ( milhões de euros)

II. Opinião do Deputado Relator

Embora sendo a opinião do Relator de elaboração facultativa, nos termos do n.º 3 do artigo 137.º do

Regimento, e de o Deputado Relator se eximir, nesta sede, de emitir quaisquer considerações políticas sobre

a Conta Geral do Estado relativa ao ano económico de 2010, entende pertinente referir que presidiu a esta

análise a maior isenção.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

129

Página 130

Com a presente análise à Conta Geral do Estado de 2011, pretendeu-se a verificação dos propósitos

orçamentais, bem como a qualidade da despesa produzida. Para tal, foram tidos em consideração a Conta

Geral do Estado, o Parecer do Tribunal de Contas e do Conselho Económico Social assim como a informação

produzida pelos serviços técnicos da Assembleia da República.

De referir também que o Parecer do Tribunal de Contas, formulou um conjunto de 82 recomendações tendo

em vista a correção de erros e deficiências assinalados e a melhoria da fiabilidade e do rigor da CGE, não

obstante, formulou um juízo globalmente favorável sobre a legalidade da execução orçamental da

administração central.

III. Conclusões

A Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública remeteu, nos termos legais e regimentais

aplicáveis, à Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local a Conta Geral do Estado de

2011, acompanhada do Pareceres do Tribunal de Contas, do Conselho Económico Social assim como da

Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República, para efeitos de elaboração do

competente Parecer nas áreas de competência material da 11.ª Comissão.

A Conta Geral do Estado de 2011 foi apresentada à Assembleia da República em cumprimento dos prazos

legais aplicáveis.

A Conta Geral do Estado de 2011 permite aferir uma execução orçamental de 606,5 milhões de euros nos

serviços integrados do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, e de 1312 milhões de euros

nos serviços e fundos autónomos.

A Conta Geral do Estado de 2011 permite, ainda, aferir que o subsector da Administração Local e Regional

apurou um défice de 0,4% do PIB, o que representa uma melhoria de 0,4 p.p. do PIB face ao défice registado

em 2010, e que o défice do subsetor da administração local e regional é de 10,2% do défice total das

administrações públicas.

Em 2011, as Administrações Regional e Local registaram um saldo orçamental positivo de 196 milhões de

euros, uma variação positiva que contrasta com o défice de 91,1 milhões registado em 2010 e de 810,1

milhões em 2009.

Com objetivos de redução de défice excessivo e controlo do crescimento da dívida pública, estes

subsetores prosseguiram a trajetória de redução dos seus défices orçamentais, tendo a Administração Local,

desde 2010, invertido o contributo líquido negativo no processo de consolidação orçamental das

Administrações Públicas. A concretização deste objetivo apoia-se no esforço de redução da despesa corrente

e da despesa de capital, sendo esta última acentuada pela maior restrição aos limites de endividamento que a

Lei n.º 12-A/2010 veio consagrar.

A Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local emite o presente Parecer e, nos

termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 206.º do Regimento da Assembleia da República, decide remetê-lo à

Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública.

Palácio de São Bento, 25 de fevereiro de 2013.

A Deputado Relatora, Margarida Netto — O Presidente da Comissão, António Ramos Preto.

———

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

130

Página 131

COMISSÃO PARA A ÉTICA, A CIDADANIA E A COMUNICAÇÃO

Parecer

Índice

Parte I – Considerandos

Parte II – Opinião do Relator

Parte III – Parecer da Comissão

Parte I – Considerandos

1. Introdução

No respeito pelo disposto no n.º 3 do artigo 205.º do Regimento da Assembleia da República, a Comissão

para a Ética, a Cidadania e a Comunicação (CPECC), foi chamada a emitir parecer relativo à Conta Geral do

Estado de 2011, apresentada pelo Governo à Assembleia da República em final de Junho de 2012.

À CPECC compete emitir parecer, dirigido à Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública

(COFAP), relativo aos impactos das finanças públicas sobre a política e a atividade económica em 2011.

De acordo com o Regulamento, são atribuições da Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação:

a) Apreciar os assuntos respeitantes aos direitos e deveres fundamentais consignados na Constituição e

na Lei, em todas as matérias inerentes às atribuições desta Comissão;

b) Pronunciar-se sobre todas as questões relativas às incompatibilidades, incapacidades, impedimentos,

levantamento de imunidades, conflitos de interesses, suspensão e perda do mandato de Deputados;

c) Pronunciar-se sobre quaisquer outras questões que possam de alguma forma afetar o mandato de

Deputado;

d) Ocupar-se das políticas relativas à comunicação social incluindo, designadamente, as questões relativas

aos seus órgãos públicos e privados, aos serviços públicos de rádio e televisão, à televisão digital terrestre e

às novas gerações de banda larga;

e) Ocupar-se das políticas relativas às Tecnologias de Informação e Comunicação, à sociedade da

informação e aos novos canais de comunicação como as redes sociais e os blogues;

f) Ocupar-se de matérias conexas com os direitos de autor em correlação com a temática da Sociedade

de Informação e com a Comunicação Social, sem prejuízo da necessária articulação com a 1ª Comissão;

g) Impulsionar e efetuar o enquadramento das iniciativas de cidadania, em diversas frentes,

nomeadamente no âmbito da luta contra quaisquer formas de discriminação;

h) Ocupar-se da promoção das políticas no âmbito do diálogo intercultural e da integração dos cidadãos

migrantes, com vista ao pleno exercício dos seus direitos e deveres de cidadania;

i) Promover a participação dos cidadãos na vida política, em especial, aos mais arredados dela, como as

mulheres e os jovens, estimulando o exercício de direitos e os uso de instrumentos como o voto, o referendo,

a petição, ou a iniciativa legislativa de cidadãos;

j) Elaborar periodicamente um relatório de análise do grau de satisfação das preocupações expressas

pelos cidadãos por via das petições enviadas à Assembleia da República;

k) Ocupar-se das questões relativas À promoção do mecenato, do voluntariado, do associativismo em

geral, da responsabilidade social de entidades públicas e privadas e da inovação social;

l) Ocupar-se das questões e iniciativas tendentes a promover a aproximação das instituições públicas à

sociedade, em particular, por parte da Assembleia da República;

m) Ocupar-se da promoção e sensibilização da educação cívica dos cidadãos em diversas áreas de

atividade, tais como a educação rodoviária, a poupança de recursos financeiros ou ambientais e outras;

n) Ocupar-se da promoção e defesa dos direitos de cidadania.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

131

Página 132

Antes de iniciar-se a análise setorial da Comunicação Social, importa salientar que, ao invés do Relatório

do Orçamento de Estado, não existe na Conta Geral do Estado uma análise operacional desagregada que

possibilite um parecer específico sobre cada uma das áreas abrangidas pela Comissão para a Ética, a

Cidadania e a Comunicação.

Assim, o presente parecer sobre a Conta Geral do Estado (2011) recairá somente nos indicadores de

execução orçamental referentes ao setor da Comunicação Social, uma vez que as restantes atribuições desta

Comissão são transversais a vários Ministérios, por esta razão não é possível fazer-se uma análise específica.

O Parecer do Tribunal de Contas à Conta Geral do Estado de 2011, o Parecer Técnico n.º 7/2012, Análise

da conta Geral do Estado de 2011, da responsabilidade da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), as

Contas Nacionais Trimestrais do INE e o relatório anual de 2011 do Banco de Portugal, serviram de apoio à

elaboração do presente parecer.

O Orçamento de Estado para 2011 foi aprovado pela Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro e teve duas

alterações subsequentes pela Lei n.º 48/2011, de 26 de Agosto e a Lei n.º 60-A/2011, de 30 de novembro.

2. Enquadramento macroeconómico

A Conta Geral do Estado assume que a execução orçamental de 2011 é condicionada pelo Programa de

Assistência Económica e Financeira (PAEF) assinado entre o PS, o PSD e o CDS e a Comissão Europeia, o

Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional.

No enquadramento do PAEF, o Estado Português comprometeu-se a consolidar as contas públicas,

através da introdução de melhorias na execução orçamental e da promoção da eficiência na prestação dos

serviços públicos. A execução orçamental assumiu um caracter altamente restrito, tendo inclusivamente

contado com medidas extraordinárias para a consolidação orçamental, através da aplicação de uma sobretaxa

em sede de IRS e da transferência de ativos de fundos de pensões. Estas medidas permitiram que se

atingissem os objetivos orçamentais com um défice de 4,4% do PIB, isto é abaixo dos 5,9% impostos pelo

PAEF.

A execução orçamental, no enquadramento atrás descrito, foi acompanhada de uma contração anual da

atividade económica de (-1,6%). Contração esta que é muito mais acentuada no 2º semestre do ano (-2,4%),

como resultado da implementação das medidas de política impostas pelo PAEF do que no seu 1º semestre (-

0,7%).

De acordo com as Contas Nacionais Trimestrais do INE, se no 1.º semestre do ano a Procura Interna caíu

no nosso país (-5,2%), no 2.º semestre essa queda foi de (-8,4%) e para tal contribuiu a queda acentuada na

2.ª metade do ano, do Consumo Privado (-6,0%), do Consumo Público (-4,9%) e do Investimento (-19,7%). Do

lado da Procura Externa enquanto a retração da Procura Interna induziu um aprofundamento da queda das

Importações, que depois de terem recuado no 1.º semestre do ano (-4,9%), caíram no 2.º semestre (-9,5%), já

as Exportações resistiram e mantiveram ao longo do 2.º semestre um ritmo de crescimento idêntico ao do 1.º

semestre.

Do comportamento registado pelas várias componentes da Despesa e em especial da Procura Interna ao

longo de 2011 salienta-se sem dúvida a magnitude da redução do Consumo Público (-4,3%), a redução do

Consumo Privado (-3,8%) e a queda acentuada do Investimento (-13,8%).

O défice das administrações públicas ficou nos 4,4% do PIB, muito abaixo dos 9,8% atingidos em 2010.

Esta evolução encontra-se muito influenciada pelo impacto de medidas temporárias, onde se inclui a

transferência para o Estado da titularidade dos ativos dos fundos de pensões de um conjunto de instituições

financeiras, por contrapartida da assunção pela Segurança Social das responsabilidades associadas aos

encargos com as pensões de velhice e de sobrevivência dos reformados e pensionistas do sector bancário

abrangidos pelo respetivo regime substitutivo. Operação que se traduziu no registo em Contas Nacionais de

uma receita de capital no montante de 3,5% do PIB e a que se juntou a receita obtida com a aplicação de uma

sobretaxa em sede de IRS sobre o subsídio de natal, correspondente a 0,5% do PIB.

A dívida pública atingiu o rácio de 108,1%, sendo que, o principal contributo para o seu aumento em 2011

foram os ajustamentos défice-dívida.

Em 2011, os encargos com as parcerias publico privado aumentaram 62%, por responsabilidade pelas

parcerias rodoviárias, ficando acima do previsto com um desvio de 25%.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

132

Página 133

A governação orçamental foi marcada por “alterações importantes, envolvendo, em particular, a definição

de regras orçamentais, a fixação de um quadro orçamental de médio prazo assente num Quadro Plurianual de

Programação Orçamental e a criação de um conselho de finanças públicas independente.”

3. Análise Setorial: Comunicação Social

3.1. Transferências do Estado para o Setor Empresarial

O setor comunicação social integra a RTP – Rádio e Televisão de Portugal, SA e a LUSA – Agência de

Notícias de Portugal, SA.

Em termos brutos os fluxos financeiros do Estado, canalizados através da DGTF para o conjunto das

empresas públicas, empresas privadas prestadoras de serviço público e fundos foi de 6947,3 M€

representando um acréscimo de 5358,9 M€, apesar de terem sido diminuídos os valores das indeminizações

compensatórias (-22,6 M€) e das dotações de capital (-196,72 M€). No âmbito das dotações de capital

efetuadas é de referir o aumento de capital realizado na Rádio e Televisão de Portugal, SA, no montante de

66,2 M€.

Em 2011, foi concedido um empréstimo de curto prazo à RTP no valor de 150 M€, empréstimo autorizado

pelo Despacho n.º 251/11/MEF. Este empréstimo pretendia ser um adiantamento de fundos por conta da

receita a arrecadar com a venda do arquivo histórico da RTP, para ser utilizado para amortizar uma prestação

do capital em dívida ao DEPFA Bank, que vencia em julho de 2011.

Em termos de dividendos, a receita cifrou-se em 239,6 M€, um resultado inferior em 218,3 M€ em

comparação com 2010. Este resultado decorreu da não distribuição de dividendos por parte de empresas do

setor financeiro (Caixa Geral de Depósitos) e pela redução dos dividendos distribuídos pela Parpública (-66

M€).

Por deliberação da Assembleia Geral de 06/06/2011, o capital da RTP foi aumentado em 66,2 M€ através

do OE de 2011.

Tabela 18 – Esforço Financeiro do Estado

Milhões de Euros

2010 OE/2011 (inicial)

OE 2011 (corrigido)

Execução

Dividendos 457,9 361,5 361,5 239,6

Indemnizações Compensatórias 494,5 441,7 489,0 471,9

Dotação de Capital 1 011,1 834,0 3 834,0 814,4

Assunção de Passivos e de Outras Responsabilidades

7,9 12,5 12,5 0,4

Empréstimos Concedidos pelo Tesouro 74,8 850,0 6 907,9 5 660,6

Esforço Financeiro Líquido 1 130,5 1 776,6 10,881,8 6 707,7

Fonte: Ministério das Finanças e Cálculos da UTAO

3.2. Indemnizações Compensatórias para a Comunicação Social

De acordo com a Conta Geral do Estado, em 2011 o montante de indemnizações compensatórias a

empresas públicas e privadas prestadoras de serviço público situou-se nos 471,9 M€, refletindo uma redução

de 22,6 M€ face a 2010.

No tocante às indeminizações compensatórias atribuídas à comunicação social, foi atribuído o montante de

128,111 M€, que comparativamente com o ano de 2010 sofreu um decréscimo de 21,7%.

O montante de 128,111 M€ engloba as transferências para a RTP – Rádio e Televisão Pública de Portugal,

S.A., no valor de 109,470 M€, o que representou um decréscimo de 25%, ou seja, (-36,4 M€) e, para a LUSA –

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

133

Página 134

Agência de Notícias de Portugal, S.A, tendo sido, no caso da LUSA transferidos 18,641 M€, este montante

representa um acréscimo de 5,1% comparativamente com o ano de 2010, de acordo com os dados da DGTF.

3.3. Resultados das áreas auditadas do Setor Empresarial do Estado

Na Conta Geral do Estado é mencionado que a RTP, SA, procedeu a uma auditoria às contas do serviço

público de 2010. Esta auditoria insere-se no âmbito das atribuições de controlo financeiro previstas no

Contrato de Concessão do Serviço Público de Televisão, outorgado pelo Estado Português em 25/mar/2008.

Assim, de acordo com o documento da Conta Geral do Estado, o total dos gastos com o serviço público de

rádio e televisão, líquido dos proveitos diretos, apresentado pelo Conselho de Administração da RTP foi de

262,4 M€, inferior em 22,5 M€ (9,8%) ao valor do respetivo financiamento público de 284,9 M€.

3.4. Fluxos financeiros do SPE para a administração central

A CGE apenas especifica os fluxos de juros e de transferências correntes com origem nas sociedades não

financeiras públicas, não sendo possível a apresentação de forma desagregada.

Assim, O total dos fluxos de entidades pertencentes ao SPE para a administração central é de 1,797 M€,

essencialmente receita do orçamento dos serviços integrados (1,792 M€, 99,7 M€).

No que concerne aos dividendos e participação nos lucros em empresas públicas não financeiras,foram de

82 M € (menos 36 M€ do que em 2010), porém não é possível, de acordo com a explicação dada

anteriormente, desagregar o valor transferido pela LUSA para os cofres da Administração Central.

4. Apreciação do Tribunal de Contas

Das considerações iniciais produzidas no Parecer, retiram-se as seguintes que se reputam de particular

relevo pela concisão e objetividade: “O OE inicial, aprovado pela Assembleia da República, foi alterado ao

longo do ano, tendo a receita global passado de € 210.374 M para € 229.653 M e a despesa global de €

209.657 M para € 227.733 M.”

Para o Tribunal de Contas (TC), o “rigor, a integralidade e a transparência da CGE continuam afetados

dado o desrespeito de princípios orçamentais (anualidade, universalidade, especificação, etc.), o

incumprimento de disposições legais que regulam a execução e a contabilização das receitas e das despesas,

e as deficiências detetadas nos procedimentos aplicados. Por isso, não foi possível confirmar os valores

globais da receita e da despesa constantes na CGE de 2011”.

Analisando a receita contabilizada da administração central depois de consolidada (51.045 M€), o TC

evidencia que “aumentou € 3.607 M (7,6%) devido, sobretudo, à duplicação das principais receitas

extraordinárias para € 5.265 M (€ 2.613 M em 2010), obtidas com € 3.884 M de transferências de fundos de

pensões (€ 1.882 M em 2010), € 600 M de privatizações (€ 731 M em 2010) e € 781 M de sobretaxa em IRS”.

O Orçamento de Estado para 2011 fixou o défice em 4,6% do PIB, que foi depois revisto pelo programa

para 5,9%. Esse défice foi alcançado mas com recurso à transferência de fundos de pensões da banca que

representam 3,5% do PIB.

Sublinhando a necessidade de combate à fraude, o TC destaca que a CGE “não releva a receita

proveniente do combate à fraude e à evasão fiscais e, não obstante a norma de consolidação orçamental que

o determina, o relatório do Governo sobre a matéria continua sem discriminar as coletas recuperadas por

imposto e sem avaliar a adequação dos instrumentos jurídicos utilizados nesse combate. A AT cobrou menos

de 10% do valor das liquidações resultantes de inspeções aos grandes contribuintes, menos de 1% da

cobrança voluntária proveniente desses contribuintes”.

A importância que o PAEF acarretou para a consideração dos instrumentos de recurso à dívida - por via do

qual foi concedido um empréstimo a Portugal no valor de 78.000M€, utilizável até maio de 2014 -, é salientada

pelo TC, que destaca os empréstimos como o principal instrumento de recursos à divida.

O TC destaca, igualmente, intervenção do Estado no BPN: “Em 2011 foram pagos 747M€ devido a 600M€

a título de prestações acessórias e 147M€ em execução de garantias prestadas às sociedades veículo

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

134

Página 135

PARVALOREM e PARUPS). Em 31 de Dezembro de 2011 o valor das garantias prestadas pelo Estado ao

BPN e sociedades veículo ascendia a 4500M€”.

Merecem realce, ainda, os apoios financeiros pagos pela administração central “ascenderam a 4595M€

(7,1% da sua despesa consolidada), onde assumiu maior peso a área dos “transportes e infraestruturas

rodoviárias”, 1249M€ (27,2%), devido sobretudo ao pagamento de 849M€ a título de regularização de

responsabilidades em PPP do sector rodoviário e de 326M€ de indemnizações compensatórias no sector dos

transportes”.

O TC alerta, particularmente, para o facto de a CGE continuar a não evidenciar, de forma agregada e

global, a execução dos fundos comunitários e de não contemplar a totalidade dos recursos comunitários

transferidos para Portugal. “Alguns Programas Operacionais do QREN e dos Planos Estratégicos Nacionais

para o Desenvolvimento Rural e para as Pescas – frisa o TC – mantêm níveis de execução que podem

comprometer a utilização integral dos recursos comunitários postos à disposição de Portugal”.

O TC evidencia ainda que o ano de 2011 caraterizou-se pela contração da atividade económica, que

determinou uma queda do PIB de 1,6%, que foi menos acentuada porque as exportações e o consumo interno

tiveram uma evolução acima do esperado.

Parte II – Opinião do Relator

O ano de 2011 ficou assinalado pela assinatura Programa de Assistência Económica e Financeira,

acordado entre o PS, o PSD e O CDS-PP, com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo

Monetário Internacional.

Como resultado da aplicação, no 2.º semestre de 2011, das medidas contempladas no Programa de

Assistência Económica, o país tem mergulhado numa crise sem precedentes, donde sobressai a destruição do

aparelho produtivo, com particular destaque para as PME, a redução da produção nacional, a contração do

mercado interno, o agravamento da dependência externa e dos défices estruturais.

Do ponto de vista social, 2011 fica marcado, como consequência da aplicação das medidas do Programa

de Assistência Financeira, pela queda acentuada do emprego e por uma subida do desemprego de 1,9 pontos

percentuais, tendo sido destruídos 141 mil postos de trabalho em 2011 e aumentado em 103 500 o n.º de

trabalhadores desempregados.

Estes valores antecipam o impacto económico desta política, isto é, uma profunda recessão económica,

expressa numa significativa contração do PIB.

Parte III – Parecer da Comissão

A Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação é de parecer que o presente Relatório, sobre a

Conta Geral do Estado de 2011, deverá ser remetido à Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, em

conformidade com o artigo 206.º, n.º 1, alínea c), do Regimento da Assembleia da República, reservando os

grupos parlamentares as suas posições para o debate em Plenário.

Palácio de São Bento, 26 de fevereiro de 2013.

A Deputada Relatora, Carla Cruz — O Presidente da Comissão, Mendes Bota.

———

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

135

Página 136

Parecer

sobre a

Conta Geral do Estado 2011

(aprovado em Plenário do CES a 26/09/2012)

Relator:Conselheiro João Ferreira do Amaral

LISBOA, 2012

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

136

Página 137

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

Índice

1. Enquadramento

2. Os objetivos da política orçamental e a evolução

macroeconómica em 2011

3. Evolução das receitas

4. Evolução das despesas

5. Investimento público

6. Dívida pública

7. Parcerias Público Privadas

8. Prazos de Pagamento a Fornecedores da Administração Pública

9. Divida Pública

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

137

Página 138

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

1. ENQUADRAMENTO

A emissão do presente parecer sobre Conta Geral do Estado 2011 (CGE

2011), insere-se no âmbito das competências do CES, designadamente

das que estão associadas à sua natureza de órgão de consulta e

concertação no domínio das políticas económicas e sociais.

À semelhança dos anos anteriores, o CES reitera a relevância que atribui

a esta solicitação por parte da Comissão de Orçamento, Finanças e

Administração Pública da Assembleia da República, já que reflecte a

valorização política que se passou a atribuir ao exercício de avaliação

da execução orçamental, agora ainda mais reforçada no actual

quadro de austeridade económica e de consolidação orçamental.

Face à situação de grande dificuldade económica e de acentuada

degradação social que o País atravessa, o presente parecer, para além

de abordar, como habitualmente, os temas relacionados com os

desvios entre o orçamentado e o realizado, irá dar particular atenção

às questões que considera serem mais relevantes para permitir uma

melhor avaliação do presente e do futuro da atual política de

consolidação orçamental.

2. OS OBJECTIVOS DA POLÍTICA ORÇAMENTAL E A EVOLUÇÃO MACROECONÓMICA EM 2011

A política orçamental de 2011 esteve subordinada aos objectivos de

redução do défice orçamental já apontados no Orçamento de Estado

para 2011 e, a partir de Maio, com mais intensidade, no programa de

assistência económica e financeira acordado pelo governo português

com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo

Monetário Internacional.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

138

Página 139

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

Neste contexto, foram aprovadas, durante o ano de 2011, duas

alterações à lei do Orçamento do Estado para 2011 (lei nº 55-A/2010 de

31 de Dezembro):

A primeira, através da Lei nº 48/2011, de 26 de Agosto, no âmbito do

cumprimento do Memorando de Entendimento e teve como objetivo o

reforço da estabilidade financeira.

A segunda alteração consubstanciou-se através da Lei n.º 60-A/2011,

de 30 de Novembro, que aprovou um conjunto de medidas adicionais

de redução da despesa com vista à consolidação orçamental prevista

no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) para 2010-2013

Desta forma, face às dificuldades de financiamento do Estado e da

economia no seu conjunto e mesmo antes do referido programa, a

prioridade da política económica para 2011 foi a de conseguir uma

forte redução do défice público num período de tempo relativamente

curto.

O CES, sem prejuízo de considerar que as necessidades de

financiamento da economia e do Estado impunham uma redução

significativa do referido défice, alertou em devido tempo para o perigo

de se poderem verificar disfunções importantes na economia e na

sociedade portuguesas caso os objectivos de redução do défice e o

respectivo calendário, por demasiado ambiciosos, se revelassem

desajustados à situação económica e social portuguesa, à partida débil

e que ainda não se encontrava refeita da recessão de 2009.

Com efeito, no seu parecer sobre o OE 2011 (pág. 21/35) o CES alertava

para que “Um dos aspectos que, neste contexto, não pode deixar de

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

139

Página 140

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

ser considerado é o perigo de entrada no ciclo vicioso de défice –

recessão - mais défice, por ausência de receitas fiscais resultantes da

falta de crescimento económico”.

A evolução económica registada em 2011 sofreu um impacte recessivo

muito significativo decorrente da política orçamental restritiva que foi

seguida.

Por outro lado, o CES salienta que o esforço de consolidação

orçamental e redução do défice recaiu fundamentalmente sobre os

trabalhadores e os pensionistas, com medidas que tiveram como

consequência a quebra de poder de compra das famílias e que se

repercutiu de uma forma negativa na actividade das empresas.

Com efeito, no que respeita ao rendimento disponível, uma avaliação

ex-post aponta para um impacte negativo da política orçamental no

rendimento disponível de cerca 2,6 mil milhões de euros, representando

um efeito negativo de 2,3 % sobre o rendimento disponível de 2010. Este

impacte resulta de uma aumento de mil milhões na cobrança de

impostos directos e de contribuições para a segurança social, da

diminuição de 1,5 mil milhões das despesas com pessoal do Estado e de

uma quase estagnação das transferências para as famílias. O impacte

negativo no consumo privado terá sido da mesma ordem de grandeza.

A diminuição do consumo privado está fortemente associada à queda

do rendimento disponível das famílias e portanto a factores como a não

actualização do salário mínimo e das pensões mínimas, o reduzido ou

quase inexistente aumento de salários em muitos sectores ou ainda a

subida da carga fiscal sobre as famílias.

No que respeita à formação bruta de capital fixo (FBCF), a mesma terá

diminuído de 5.652,8 milhões de euros em 2010 (CGE 2010, vol.1, quadro

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

140

Página 141

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

19, pág. 47), para 4.428,4 milhões de euros em 2011 (CGE 2011, vol.1,

quadro 17, pág. 57). Assim sendo, verifica-se que a FBCF com origem no

Estado diminuiu 21,6% em termos nominais, representando cerca de

37,8% da quebra do total da FBCF da economia portuguesa, na

comparação entre os dois anos em causa, ou seja um impacte

significativamente superior ao peso - que atingiu 14,3% - da FBCF

pública no valor total da FBCF nacional.

Face a estes valores, o CES considera também que a política

orçamental de 2011, avaliada meramente em termos ex-post e com

todas as limitações que tal avaliação acarreta, terá tido um impacte

muito significativo na queda da procura interna e portanto do PIB que

desceram, respectivamente -5,7% e -1.6% em 2011. Este efeito recessivo

veio a traduzir-se num aumento da taxa de desemprego, de 10,8% em

2010 para 12,7% em 2011. O CES não pode deixar de expressar a sua

preocupação quanto a estes impactos muito negativos no

desemprego, destacando que a taxa de desemprego em 2011

ultrapassa, uma vez mais, as previsões inicialmente avançadas pelo

Governo.

A referida queda da procura interna teve uma maior incidência nas

actividades que dependem mais do mercado interno, como o

comércio, a restauração e a construção e obras públicas. Com efeitos

não apenas no agravamento do desemprego mas também na

diminuição do emprego (-2,8%) e no aumento do número de indivíduos

em situações que não são de verdadeiro emprego mas que,

estatisticamente, não são considerados desempregados, fazendo com

que a expressão real do desemprego seja superior à que resulta da sua

medida oficial.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

141

Página 142

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

Importa notar, no entanto, que existiram também outros impactes

negativos sobre a actividade económica para além dos decorrentes da

política orçamental, nomeadamente os resultantes das restrições de

financiamento, cujo impacte se fez sentir não só em termos de um

ajustamento mais forte do mercado doméstico, mas também ao nível

das empresas exportadoras, impedindo-as, em vários casos, de investir e

empregar trabalhadores para responder a mais encomendas do

exterior.

O CES considera ainda que a evolução económica registada em 2011

exemplifica os limites das políticas drásticas de redução de défices

públicos. Apesar de todo o impacte negativo sobre a economia e sobre

o emprego que a política de 2011 acarretou, o défice público sem o

recurso à transferência de fundos de pensões da banca, cujo carácter

de receita efectiva do Estado é duvidoso, não desceu além de 7,7 % do

PIB (na óptica da Contabilidade Nacional), uma queda de 2.1 pontos

percentuais do PIB relativamente a 2010, mas que se alarga para 3.6

pontos expurgando, nesse ano, 1,5% do PIB (2600 milhões de euros) de

receita irrepetível relativa à transferência do fundo de Pensões da PT.

Incluindo o recurso à transferência dos fundos de pensões da banca, o

défice público na óptica da Contabilidade Nacional situou-se, em 2011,

em 4,2% do PIB (que compara com 4,6% na proposta de orçamento

inicial e um limite de 5,9% no PAEF), menos 9687,6 milhões de euros do

que o valor do défice verificado em 2010 (9.8% do PIB). (CGE, Vol. I,

pág.21, quadro 7).

Para esta redução do défice, o aumento das receitas contribui com

50,2% e a redução da despesa com 49,8%. Não contabilizando as

receitas dos fundos de pensões em 2011 e 2010, o défice teria sido

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

142

Página 143

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

reduzido em 23,4% por aumento da receita e em 76,6% pela diminuição

da despesa.

Face aos valores referidos, verifica-se que, efectivamente, o maior

esforço da redução do défice foi do lado da despesa, embora tenha

havido um importante recurso a receitas extraordinárias.

O total da despesa pública representava em 2011 83631,6 milhões de

euros, ou seja, cerca de 48.9% do PIB. Este valor era inferior ao da média

da zona euro (49.1%) e ao da média da União Europeia (49,4%) depois

de ter sido superior em 2010 (51,3%, face a 51% na zona euro e 50,6% na

UE).

No que se refere ao défice estrutural, que expurga as receitas

extraordinária e os efeitos do ciclo económico, verificou-se uma

redução de 2,3 pontos, conforme é referido no sumário executivo. No

entanto, na CGE, não se encontra explicitado o valor do défice

estrutural.

3. EVOLUÇÃO DAS RECEITAS

A receita efetiva do Estado, em 2011, foi superior ao previsto na 2ª

alteração ao OE para 2011 e aumentou 14,8% face a 2010, tendo o

contributo da receita não fiscal sido de 9,1 p.p.

Quanto à receita fiscal, esta aumentou 6,4% face a 2010, devendo-se

essencialmente ao desempenho dos impostos diretos, cujas receitas

aumentaram 10,9%. Para este aumento contribuiu, em particular, a

sobretaxa extraordinária do IRS, a retenção na fonte sobre o subsídio de

Natal, a prestação adicional correspondente ao 13º mês, assim como o

efeito conjunto do aumento da receita bruta de IRC (+7,1%) com a

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

143

Página 144

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

diminuição dos reembolsos / restituições pagas em sede de IRC (-16,9%),

e a limitação dos benefícios e deduções fiscais.

Já quanto aos impostos indirectos, apesar do aumento de dois pontos

percentuais da taxa normal do IVA e do aumento de outros impostos

indirectos, a cobrança não foi além de um aumento de 3,2% em

relação a 2010, sofrendo assim uma desaceleração pronunciada e

ilustrando a dificuldade das políticas orçamentais de redução do défice

que têm um impacte demasiado negativo na economia.

Também as contribuições para a segurança social apresentaram um

resultado bastante modesto (crescimento de 2,0% relativamente a 2010)

apesar da integração no regime geral dos trabalhadores do sector

bancário e de outras medidas de aumento de receita. De novo, o

impacte negativo da política orçamental sobre a actividade

económica e a consequente redução no nível de emprego tiveram

forte responsabilidade nesta evolução pouco favorável das receitas da

segurança social.

A este impacte negativo da política orçamental acrescem aspectos

como o elevado volume de dívida fiscal, bem como o que respeita às

prescrições fiscais, sobre os quais o CES tem vindo a chamar a atenção.

O saldo de receitas por cobrar agravou-se em 4494,4 milhões de euros –

tendo o maior contributo sido dado pelo IRC e IVA – e o volume de

prescrições fiscais mantém-se num nível muito elevado. A CGE 2011

refere que as prescrições de IVA resultam fundamentalmente de

contribuintes que não existem ou que não exercem actividade. O CES

observa, no entanto, que o volume médio de prescrições no período

2006-2011 é de 694 milhões de euros, o que é três vezes superior ao

verificado em 2005.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

144

Página 145

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

O CES alerta ainda para a necessidade de uma intervenção mais

sistemática e intensa em termos de combate à fraude e à evasão

fiscais, fenómenos que tendem a aumentar em períodos de crise e de

aumento de impostos.

4. EVOLUÇÃO DAS DESPESAS

No seu conjunto as despesas sofreram um decréscimo de 4,4 % em

termos nominais entre 2010 e 2011.

É de relevar a quebra já referida na formação bruta de capital fixo

(FBCF, - 21.7%) no consumo intermédio (- 11,2%) e das despesas com

pessoal (- 8,2%)1.

Apesar do forte aumento do desemprego, as prestações sociais quase

não aumentaram (0,4%). Aliás, as despesas da segurança social em

subsídio ao desemprego e apoio ao emprego tiveram um decréscimo

de 5,3% (CGE 2011, vol. I quadro 94, pág. 183) e percapita, em relação

ao número de desempregados, reduziram-se de 23,6%.

O CES não pode deixar de registar preocupação pela redução das

despesas em áreas fundamentais como a Saúde, a Educação e a

Protecção Social, a qual, se não corresponder a ganhos de eficiência,

nomeadamente através da eliminação de desperdícios, terá

consequênciasnegativas em termos da qualidade dos serviços

prestados e do acesso aos mesmos por parte dos utentes, pondo em

causa a coesão económica, social e territorial.

1 Valores obtidos por comparação entre o Quadro 17 e o Quadro 19 respectivamente da CGE, vol. I de 2011 e da

CGE, vol. I de 2010

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

145

Página 146

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

O CES chama ainda a atenção para a diminuição significativa de

transferências destinadas ao cumprimento da Lei de Bases da

Segurança Social (13%), a qual afectou o financiamento dosistema de

Protecção Social de Cidadania, o qual, lembra, é dirigido para o apoio

às famílias e aos sectores mais vulneráveis da população. No âmbito

deste sistema, salienta a redução da despesa com o abono de família

(30%) e com o rendimento social de inserção (20%).

O CES considera que, não ignorando a redução efectivada nas

despesas de consumo intermédio, existia em 2011 margem para um

esforço adicional de redução destas despesas, a qual poderia ter

evitado uma quebra tão acentuada de despesas de forte impacte

social - como sejam as prestações sociais - ou económico, como seja a

FBCF.

Os juros da dívida pública tiveram um aumento de 27,4% e atingiram um

valor superior ao da FBCF pública.

As despesas com pessoal, ao descerem 8,2%, reduziram o seu peso para

11,3% do PIB, valor pouco superior ao da média da zona euro (10,6%) e

da União Europeia (10,8%) e que será significativamente inferior a estes

valores no final do corrente ano.

O CES considera que, mais do que um eventual excesso das despesas

com pessoal, cumpre sobretudo avaliar as recentes reduções de tais

despesas à luz dos seus impactos na qualidade dos serviços públicos

prestados e no funcionamento eficiente da Administração Pública.

Em relação às despesas de funcionamento por programas

especialmente importantes como sejam a saúde, a educação e a

investigação e ensino superior registaram-se reduções significativas em

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

146

Página 147

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

todos eles relativamente a 2010 sendo essa quebra de -7,1% na saúde,

de -6,6% na educação e de -4,7 % na investigação e ensino superior2.

No total e segundo o quadro 42 da CGE 2011, vol. I, o Estado terá gasto

cerca de 9172 milhões de euros em saúde (5,3% do PIB) e de 7879

milhões de euros em educação (4,6% do PIB).

5. INVESTIMENTO PÚBLICO

Não existe na CGE 2011 informação sobre os investimentos realizados

por entidades empresariais públicas, em particular na área dos

transportes, que fazem parte do perímetro das administrações públicas.

O CES considera que na medida em que estas entidades fazem parte

do perímetro das administrações públicas, a informação referente à sua

actividade financeira deveria constar da CGE.

No relatório do Banco de Portugal “A Economia Portuguesa em 2011”,

pág. 107, refere-se que o investimento das Estradas de Portugal terá

descido 66,1% e o da Parque Escolar 32,1% mas não são referidos dados

para outras empresas importantes. Quanto à administração local o

quadro 91 da CGE 2011, vol. I, refere que a aquisição de bens de

capital terá caído 5,7%.

A nível do investimento realizado no âmbito do antigo PIDDAC,

contudo, é possível dispor de mais elementos.

Assim, o valor total realizado em PIDDAC em 2011 foi de 1982 milhões de

euros o que representa uma quebra de 9,8%, em termos nominais,

relativamente a 2010.

2 Obtido por comparação ente o quadro 28 da CGE 2010, vol. I e o quadro 27 da CGE 2011, vol. I.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

147

Página 148

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

A percentagem de financiamento comunitário deste montante foi de

51,1 % representando um valor mais favorável do que aquele que foi

atingido em 2010 (45,2%).

O destino do investimento foi, por ordem decrescente de peso, a

agricultura e pescas (34,4%) a investigação e ensino superior (21,8%) a

economia inovação e desenvolvimento (18,1%) e o ambiente e

ordenamento do território (5,1%). Os restantes sectores, em conjunto,

não foram além dos 20,8%.

Em relação a 2010 a ordem dos sectores não se alterou, embora a

agricultura e pescas tenha visto reforçada a sua posição e se tenha

registado uma redução relativa da investigação e ensino superior.

O CES considera que a distribuição por sectores (e na medida em que

grande parte do investimento em infra-estruturas não faz parte deste

programa) é, em geral, adequada, uma vez que atribui prioridade a

sectores fundamentais da actividade económica portuguesa e à

investigação e ensino superior, que é um factor essencial na melhoria, a

prazo, de qualidade e da competitividade da nossa estrutura produtiva.

O entanto, o CES não pode deixar de salientar que o valor de 1982

milhões de euros realizado em 2011 é muito reduzido, não indo além de

1,2% do PIB, valor que, manifestamente, não se encontra adequado às

necessidades de reformulação rápida da nossa estrutura produtiva nem

aos incentivos correspondentes a prestar por parte do Estado e da

União Europeia para que essa reformulação se faça a ritmo adequado.

6. SETOR EMPRESARIAL DO ESTADO

No que se refere ao Setor Empresarial do Estado (SEE), importa referir

que em 2011 aumentou o seu peso na economia para 3,3% do PIB (3,1%

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

148

Página 149

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

em 2010). Por outro lado aumentaram também as transferências do

Estado para o SEE: o acréscimo de fluxos financeiros do Estado para o

conjunto das empresas públicas, empresas privadas prestadoras de

serviço público e fundos, face a 2010, foi de 5.358,9 milhões de euros,

num total de 6.947,3 milhões de euros transferidos. A CGE 2011 não

permite analisar este acréscimo por sector de actividade, melhoria que

o CES recomenda seja introduzida nos próximos Relatórios da CGE.

O montante de indemnizações compensatórias a empresas públicas e

privadas prestadoras de serviço público, de 471,9 milhões de euros, pelo

contrário, reflectiu uma redução de 22,6 milhões de euros, mas também

a este respeito não é possível identificar a evolução nos diferentes

sectores do SEE.

O CES salienta as afirmações que o Tribunal de Contas vem fazendo no

sentido da insuficiência das indemnizações compensatórias, o que tem

conduzido ao recurso ao endividamento, degradando a situação

financeira das empresas.

7.PARCERIAS PÚBLICO PRIVADAS E CONCESSÕES

De modo semelhante, também sobre as Parcerias Público Privadas (PPP)

o CES considera a informação apresentada na CGE ainda insuficiente

para retratar com transparência e objetividade a sua situação.

Os Encargos Plurianuais das PPP e Concessões que na CGE 2010 eram

projectados até 2050, passaram na CGE 2011 a ser projectados até

2041, e não são explicadas as diferentes projecções apresentadas,

designadamente o facto de passarem a ter sido previstos encargos

líquidos positivos entre 2029 e 2038, período durante o qual as

projecções de há um ano atrás apresentavam encargos líquidos

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

149

Página 150

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

crescentemente negativos e que agora, como se disse, se apresentam

positivos, com valores entre 114 e 249 milhões de euros.

8. PRAZOS DE PAGAMENTO A FORNECEDORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O Relatório da CGE 2011, contrariamente ao da CGE 2010, não contém

informação sobre a evolução dos prazos de pagamento a

fornecedores da Administração Pública. Contudo, analisando a

situação mesmo sem esse indicador, constata-se que o montante total

de encargos assumidos e não pagos, em 2011, excluindo o Sistema

Nacional de Saúde, foi de 253,4 milhões de euros, 120 milhões acima do

verificado em 2010 e que a dívida a fornecedores por parte das

instituições do SNSintegradas no perímetro das Administrações Públicas

se manteve muito elevado, tendo totalizado 848,4 milhões de euros

(mais 1,1% que no final de 2010).

Atendendo à asfixia financeira que os atrasos dos pagamentos dos

organismos públicos aos respectivos fornecedores geram, situação

ainda mais agravada pela extrema dificuldade de acesso a meios de

financiamento alternativos, designadamente ao crédito bancário, por

parte das empresas, o CES recomenda que esta matéria seja

apresentada de forma mais detalhada, não só integrando os prazos de

pagamento, como disponibilizando informação ao nível de cada

ministério.

O CES considera que no atual contexto de crise económica, com uma

evolução crescente do número de encerramentos de empresas, a

análise mais completada situação no âmbito da CGE revela-se ainda

mais pertinente, tanto mais que a informação disponibilizada

mensalmente pela DGO, no âmbito da iniciativa “Pagar a Tempo e

Horas”, é insuficiente para avaliar o problema em toda a sua

abrangência, não disponibilizando, designadamente informação sobre

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

150

Página 151

Parecer do CES sobre a Conta Geral do Estado de 2011

os montantes de dívida em atraso por parte dos organismos que detêm

prazos de pagamento superiores a 90 dias.

9. DÍVIDA PÚBLICA

A dívida direta das Administrações Públicas atingia no final de 2011, um

valor correspondente a 107,8 % do PIB, mais 14,4 pontos percentuais do

que no final de 2010, sendo que, deste aumento, 3,9% do PIB têm a ver

com pagamentos de juros da dívida existente, 0,9% com o efeito de

redução do PIB nominal e 0,4 % do saldo primário, ainda negativo,

embora de reduzida dimensão.

O CES considera que uma descida do peso da dívida pública no PIB só

será possível a um ritmo satisfatório quando for, também, satisfatório o

crescimento do PIB, o que não sucedeu em 2011 em que o crescimento

nominal do PIB foi negativo (- 0,9%).

Desta forma, o CES alerta, mais uma vez, para a possibilidade de

políticas de ajustamento orçamental demasiado ambiciosas terem

efeitos contraproducentes sobre o peso do défice e da dívida pública

na economia nacional e consequentemente na deterioração das

condições de vida dos portugueses.

No ano de 2011, os dados constantes da CGE 2011 apontam para

alguns indícios de que tal poderia estar já a acontecer, situação que o

CES considera estar agora a verificar-se em 2012.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

151

Página 152

UNIDADE TÉCNICA DE APOIO ORÇAMENTAL

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012

Análise da Conta Geral do Estado de 2011 Ótica da Contabilidade Pública 28.12.2012

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

152

Página 153

UTAO| Unidade Técnica de Apoio Orçamental

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Este trabalho foi elaborado com base na informação disponível até 19 de dezembro de 2012.

A análise efetuada é da exclusiva responsabilidade da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO). Nos termos da Lei n.º 13/2010, de 19 de julho, a UTAO é uma unidade especializada que funciona sob orientação da comissão parlamentar permanente com competência em matéria orçamental e financeira, prestando-lhe apoio pela elaboração de estudos e documentos de trabalho técnico sobre a gestão orçamental e financeira pública.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

153

Página 154

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Sumário executivo Enquadramento macroeconómico

1 O ano 2011 foi marcado pela agudização dacrise da dívida soberana na área do euro, tendo o financiamento externo à economia portuguesa por via dos mercados da dívida sido interrompido e substituído, no que diz respeito às administrações públicas, pela assistência financeira da UE e do FMI. O cenário externo muito adverso veio expor de uma forma evidente os desequilíbrios macroeconómicos estruturais da economia portuguesa. Neste enquadramento, registou-se uma contração da atividade económica, contrastando com o crescimento previsto inicialmente no OE/2011. A maior quebra da procura interna do que a antecipada decorreu sobretudo do investimento e do consumo privado, já que aredução do consumo público foi menos acentuada do que aquela que se encontrava prevista inicialmente. Deste modo, o quadro recessivo da economia portuguesa traduziu-se em variações desfavoráveis ao nível do mercado de trabalho, muito distantes das previstas no OE/2011. Em termos positivos, destaca-se a vincada redução do desequilíbrio externo, que resultou da quebra das importações e de um crescimento robusto das exportações.

Situação financeira das administrações públicas

2 O saldo global da administração central e segurança social melhorou significativamente face a 2010, embora essa melhoria tenha sido menos expressiva em termos ajustados. Com efeito, face ao previsto inicialmente, o défice orçamental só foi inferior devido ao impacte de medidas temporárias.

3 Em 2011, o saldo global do Estado melhorou face ao ano anterior e superou a previsão inicial.Uma parte significativa deste resultado mais favorável proveio da transferência parcial dos fundos de pensões do setor bancário e da sobretaxa do IRS aplicada no final de 2011, mas também da adoção de diversas medidas de consolidação orçamental, das quais se destaca o aumento de 2 p.p. da taxa normal de Imposto sobre o Valor Acrescentado e a redução dos salários da administração pública.

4 A receita efetiva do Estado aumentou face a 2010, sendo de assinalar o impacte considerável de operações extraordinárias já referidas. Face ao previsto no OE/2011 inicial, e excluindo o efeito destas medidas, a execução orçamental da receita efetiva ficou abaixo da prevista, devido essencialmente ao contributo da receita de capital, uma vez que a execução da receita fiscal não se desviou da previsão inicial.

5 A despesa efetiva do Estadoficou aquém da prevista no orçamento inicial para 2011, embora esse desvio seja maioritariamente explicado pelo facto da dotação destinada à regularização de responsabilidades com a aquisição de material militar não ter sido executada, uma vez que o respetivo pagamento ocorreu em dezembro de 2010. A despesa corrente primária excedeu a previsão orçamental, sobretudo pelo facto de a despesa com o pessoal e as transferências correntes terem excedido a dotação inicial. Em contrapartida, a despesa de capital, mesmo ajustada da aquisição de material militar, ficou abaixo da prevista inicialmente.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

154

Página 155

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

6 As alterações orçamentais realizadas em 2011 respeitaram sobretudo ao reforço de dotações de despesa sem impacte no saldo global. O expressivo aumento das dotações de despesa com ativos financeiros refletiu a cobertura das necessidades de financiamento de entidades do Setor Empresarial do Estado e a necessidade de recapitalização do sistema bancário no âmbito da Iniciativa de Reforço da Solidez Financeira das Instituições de Crédito. Os reforços orçamentais decorrentes da utilização da dotação provisional totalizaram 776 M€, os quais visaram sobretudo o reforço dos agrupamentos de despesa com pessoal e transferências correntes (muito em particular as relativas à administração central). Cerca de 70% daqueles reforços orçamentais foram absorvidos pelos ministérios da Justiça, da Administração Interna e da Defesa Nacional.

7 Quase 2/3 do total de cativos previstos no OE/2011 foram objeto de libertação, refletindo uma taxa de descativação superior à verificada em 2010. O aumento da despesa resultou maioritariamente da descativação de verbas provenientes da reserva orçamental destinadas a fazer face às necessidades de reforço das rubricas da despesa com pessoal em diversos ministérios.

8 A despesa com ativos financeiros foi inferior à prevista, nomeadamente após os reforços orçamentais introduzidos pela 1.ª e 2.ª alteração à Lei do OE/2011. A escassa utilização de fundos públicos destinados ao reforço da estabilidade financeira justificou o menor grau de execução. No que respeita ao esforço financeiro líquido com o Setor Empresarial do Estado,este aumentou significativamente em 2011 por força da alteração das condições de financiamento da economia portuguesa, a qual resultou na necessidade de assegurar o financiamento das empresas públicas.

9 A profunda alteração ocorrida ao nível do financiamento externo à economia portuguesa teve como consequência um desvio face à previsão inicial das necessidades brutas de financiamento do Estado. Uma parte significativa do financiamento adicional permitiu a constituição de ativos financeiros, nomeadamente de empréstimos a empresas públicas com o objetivo de satisfazer as suas necessidades de financiamento. A constituição de elevados excedentes de tesouraria decorreu do estabelecido no PAEF e terá tido motivos de precaução, nomeadamente, o de permitir acautelar possíveis crises no setor financeiro ou desvios ao programa de ajustamento.

10 Os juros e outros encargos aumentaram face 2010. Este acréscimo refletiu o significativo incremento anual do stock da dívida pública, mas também a subida das taxas de juro. Não obstante o aumento homólogo, relativamente ao previsto inicialmente, a execução dos juros veio a revelar-se inferior. Para esta diferença poderá ter contribuído uma sobrestimação inicial, mas também o facto dos juros recebidos da aplicação de excedentes de tesouraria terem sido mais elevados.

11 Os encargos líquidos com as parcerias público privadas aumentaram face ao ano anterior, por via das parcerias rodoviárias. O total de encargos líquidos com PPP que consta da CGE/2011 não é diretamente comparável com a previsão incluída no relatório do OE por esta não incluir uma estimativa para os pedidos de reequilíbrio financeiro e para o IVA. Esta opção inviabilizou uma previsão fiável dos encargos líquidos com PPP no próprio ano a que respeita o Orçamento do Estado, comprometendo também a fiabilidade das estimativas apresentadas para os encargos plurianuais. Tomando por referência os boletins trimestrais da DGTF, constatou-se que, em 2011, os encargos líquidos com as PPP ficaram acima do previsto, correspondendo a um desvio de 25%.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

155

Página 156

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Índice SUMÁRIO EXECUTIVO

IINTRODUÇÃO

I.1 MANDATO E OBJETIVO

I.2 METODOLOGIA

IIENQUADRAMENTO MACROECONÓMICO

IIISITUAÇÃO FINANCEIRA

III.1 CONTA CONSOLIDADA DA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL E SEGURANÇA SOCIAL

III.2 SUBSETOR ESTADO

III.2.1Saldo global

III.2.2Receita

III.2.3Despesa

III.2.3.1Efetiva, por classificação económica

III.2.3.2Efetiva, por classificação funcional

III.2.3.3Alterações orçamentais

III.2.3.4Não efetiva, por classificação económica

III.2.4Dívida direta e garantias

III.2.4.1Dívida direta

III.2.4.2Garantias

III.2.5Esforço Financeiro com o SEE

III.3 PARCERIAS PÚBLICO PRIVADAS

IVANEXO

VLISTA DE ABREVIATURAS

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

156

Página 157

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Índice de tabelas Tabela 1 – Crescimento económico mundial Tabela 2 – Enquadramento macroeconómico em 2011 e previsões governamentais Tabela 3 – Conta consolidada da Administração Central e Segurança Social Tabela 4 – Saldo global (ajustado) da administração central e segurança social, por subsetorTabela 5 – Execução Orçamental do subsetor Estado Tabela 6 – Execução Orçamental do Estado – comparação com o OE/2011 Tabela 7 – Desvios da despesa efetiva por classificação económica Tabela 9 – Cativos finais sobre a despesa do Estado, por classificação funcional Tabela 9 – Despesa do Estado por classificação funcional: desvios face ao OE/2011 Tabela 10 – Alterações orçamentais em 2011 por classificação económica Tabela 11 – Alterações orçamentais por classificação orgânica em 2011 Tabela 12 – Desvios da despesa não efetiva face ao OE/2011 Tabela 13 – Necessidades de Financiamento do Estado Tabela 14 – Composição do Financiamento Tabela 15 – Dívida Direta do Estado Tabela 16 – Juros e outros encargos com a dívida direta do EstadoTabela 17 – Dívida garantida pelo EstadoTabela 18 – Esforço financeiro do Estado com o SEE Tabela 19 – Previsões de encargos líquidos com PPP para 2011 Tabela 20 – Encargos líquidos com PPP Tabela 21 – Evolução dos encargos líquidos com PPP em 2011Tabela 22 – Conta consolidada da administração central e segurança social: comparação face ao OE/2011 Tabela 23 – Conta consolidada da administração central e segurança social: 2009-2011Tabela 24 – Conta do Estado Tabela 25 – Receita do Estado Tabela 26 – Despesa fiscal

Índice de gráficos Gráfico 1 – Evolução dos saldos orçamentais entre 2009 e 2011 Gráfico 2 – Evolução dos saldos orçamentais entre 2009 e 2011Gráfico 3 – Evolução do saldo global da administração central e segurança social, em 2011 Gráfico 4 – Evolução do peso da receita e despesa da administração central e segurança social Gráfico 5 – Grau de Execução dos impostos face ao OE/2011 Gráfico 6 – Peso da despesa fiscal na receita do imposto Gráfico 7 – Desvio orçamental dos principais agregados da despesa efetiva Gráfico 8 – Desvio orçamental dos principais agrupamentos da despesa efetiva Gráfico 9 – Impacte dos CativosGráfico 10 – Descativações por ministérios e fonte de origem Gráfico 11 – Evolução dos cativos finais Gráfico 12 – Impacte das descativações na despesa Gráfico 13 – Evolução da despesa do Estado por funções entre 2009-2011 Gráfico 14 – Encargos assumidos e não pagos Gráfico 15 – Despesa por pagar Gráfico 16 – Taxas de rendibilidade de Obrigações do Tesouro em 2011 Gráfico 17 – Encargos líquidos com PPP no triénio 2009-2011 Gráfico 18 – Encargos líquidos com PPP rodoviárias em 2011: comparação com o previsto

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

157

Página 158

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

I Introdução I.1 Mandato e objetivo 1 Nos termos do artigo 10.º-A da Resolução da Assembleia da Republica n.º 20/2004, de 16 de fevereiro, aditado pela Resolução n.º 53/2006, de 7 de agosto e, posteriormente, pela Resolução n.º 57/2010, de 23 de julho, e do mandato expresso no Plano de Atividades da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) - XII Legislatura – 2.ª Sessão Legislativa, apresenta-se o Parecer Técnico sobre a Conta Geral do Estado para 2011 (CGE/2011), a qual foi submetida à Assembleia da República no final de junho de 2012.

I.2 Metodologia 2 A análise técnica efetuada pela UTAO baseia-se, essencialmente, em informação que consta na CGE e em outros elementos remetidos pelo Ministério das Finanças. Salvo menção expressa em contrário, a análise obedece à ótica da contabilidade pública.

3 A UTAO não aborda questões relacionadas com o cumprimento das disposições legais que regulam a contabilização das receitas e das despesas públicas, matérias cuja análise compete ao Tribunal de Contas.

4 Dada a dimensão e o elevado grau de complexidade técnica da informação constante na CGE/2011, o Parecer Técnico da UTAO tem subjacentes as seguintes perspetivas de análise:

A identificação e breve resumo do conteúdo técnico essencial da CGE/2011;

A apreciação da execução orçamental de 2011, na ótica da contabilidade pública, ao nível dos principais agregados;

A contabilização dos principais desvios face ao previsto no Orçamento do Estado (inicial e final) para 2011.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

158

Página 159

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

II Enquadramento macroeconómico

1 A economia mundial continuou a recuperar em 2011, embora a um ritmo mais lento do que o verificado no ano anterior. Após uma forte recuperação da atividade económica em 2010, a economia mundial registou um crescimento moderado de 3,8% em 2011, continuando a registar-se uma elevada disparidade entre os ritmos de crescimento à escala global. Nas economias avançadas, o PIB cresceu 1,6% em 2011, enquanto no conjunto das economias de mercado emergentes e em desenvolvimento cresceu 6,2%.

Tabela 1 – Crescimento económico mundial

(taxa de variação real, em percentagem)

Fonte: FMI (World Economic Outlook, outubro de 2012).

2 A atividade económica na área do euro registada em 2011 também veio a desacelerar face ao ano anterior, tendo ficado praticamente em linha com a hipótese subjacente ao OE/2011. Após um crescimento do PIB de 2% em 2010 na área do euro, a atividade económica continuou a expandir-se em 2011, mas a um ritmo ligeiramente mais lento (1,4%), tendo ficado praticamente em linha com o antecipado no OE/2011 (1,5%). No entanto, a taxa de inflação da área do euro foi superior em 1 p.p. à subjacente no OE/2011 (1,7%). Também o preço médio (em dólares) do barril de petróleo ficou muito acima do pressuposto no OE/2011, tendo registado um desvio de 40,6% face àquela previsão.

2009 2010 2011 ∆ p.p. 2011/10

Economia mundial -0,6 5,1 3,8 -1,3

Economias avançadas -3,6 3,0 1,6 -1,4Área do euro -4,3 2,0 1,4 -0,6EUA -3,5 2,4 1,0 -1,4Japão -5,5 4,5 -0,8 -5,3

Economias de mercado emergentes e em desenvolvimento 2,8 7,4 6,2 -1,2

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

159

Página 160

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

3 O ano de 2011 ficou marcado pela agudização da crise da dívida soberana na área do euro, tendo sido formalizado um pedido de assistência financeira internacional a Portugal. Num contexto em que se agudizou a crise da dívida soberana na área do euro e o financiamento externo à economia portuguesa por via dos mercados da dívida foi interrompido, acabou por suceder, em abril de 2011, um pedido formal de assistência financeira da República Portuguesa à UE/FMI. Este cenário externo muito adverso veio expor de uma forma evidente os desequilíbrios macroeconómicos estruturais da economia portuguesa.

4 Neste enquadramento, a economia portuguesa registou, em 2011, uma contração da atividade económica, contrastando com o crescimento previsto no OE/2011. Após o crescimento da atividade económica verificado em 2010 (1,9%), a economia portuguesa registou uma contração do PIB em 2011 (-1,6%) para o qual contribuiu a procura interna, uma vez que as exportações evidenciaram um crescimento robusto. Esta evolução negativa da atividade económica ficou 1,8 p.p. aquém do crescimento previsto no OE/2011 (0,2%), tendo divergido em 3 p.p. face ao crescimento do conjunto da área do euro, que foi, recorde-se, de 1,4%.

5 A maior quebra da procura interna do que a antecipada no OE/2011 decorreu sobretudo do investimento e do consumo privado. Comparando a composição do crescimento do PIB em 2011 com a previsão constante no OE/2011 verifica-se, ao nível da procura interna, que a formação bruta de capital fixo e o consumo privado diminuíram, respetivamente, 11,1 e 3,3 p.p. acima do previsto, ainda que esta evolução negativa tenha sido atenuada por uma menor quebra do consumo público (-4,3%) face à antecipada no OE/2011 (-8,8%). A forte redução do rendimento disponível real das famílias e o aumento da restritividade no acesso ao crédito, num quadro de deterioração das condições no mercado de trabalho, justificam as acentuadas quebras do consumo privado e do investimento.

6 A acentuada quebra das importações, a par de um crescimento robusto das exportações, veio a traduzir-se numa redução do desequilíbrio externo. Com efeito, a procura externa líquida revelou-se mais dinâmica do que o previsto no OE/2011, em resultado da quebra das importações ter sido superior à antecipada no OE/2011 (desvio de 4,2 p.p. face à previsão do OE/2011), uma vez que as exportações ficaram globalmente em linha com o crescimento previsto. Deste modo, em 2011, verificou-se uma redução considerável do défice externo (equivalente a 3,6 p.p. do PIB), traduzindo-se numa redução das necessidades líquidas de financiamento externo da economia portuguesa. Este ajustamento foi bastante relevante, na medida em que a correção do desequilíbrio externo permitiu diminuir a dependência do financiamento externo.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

160

Página 161

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Tabela 2 – Enquadramento macroeconómico em 2011 e previsões governamentais

Fontes: Ministério das Finanças, Eurostat e INE | Nota: A estimativa do PIB para 2011 corresponde à divulgada pelo INE nas Contas Nacionais Trimestrais do 3.º trimestre de 2012, de 7 de dezembro de 2012, e as restantes variáveis da base de dados da Comissão Europeia/Eurostat, INE e GPEARI (MF). O erro de previsão é definido como a diferença entre os valores efetivos e a respetiva previsão. Assim, um erro de previsão negativo significa que a previsão se veio a revelar otimista e um erro positivo que a previsão era pessimista.

7 A quebra do consumo público foi consideravelmente menos acentuada do que aquela que se encontrava prevista no OE/2011. Apesar do OE/2011 ter subjacente uma redução, em termos reais, de 8,8% no consumo público, esta variável registou uma diminuição de 4,3%, o que representa um desvio de 4,5 p.p. face ao inicialmente previsto – ver Tabela 2. Refira-se que a variação homóloga do consumo público está particularmente influenciada pelo efeito de base da aquisição de material militar no 4º trimestre de 2010. Corrigida deste efeito, a diminuição face a 2010 teria sido de apenas 1,5%, significativamente diferente da implícita no OE/2011 (que, inclusivamente, quando foi elaborado, pressupunha que a despesa com o material militar se faria em 2011 e não no final de 2010, como veio a ocorrer). Desvios ao nível do consumo público têm ocorrido constantemente, tal como procura demonstrar a análise da UTAO apresentada no Parecer Técnico n.º 8/2011 relativo ao Documento de Estratégia Orçamental 2011-2015. Através dos sucessivos PEC desde 2001, constatou-se que o desvio médio para a variação (real) do consumo público entre as projeções e as taxas efetivamente verificadas é de 1,7 p.p. para cada um dos primeiros 4 anos e de 3,4 p.p. para o último ano da projeção. Trata-se de um desvio sistemático que revela a dificuldade em obter uma consolidação orçamental essencialmente por via da despesa pública. Neste caso, porém, o desvio é significativamente superior ao valor médio da referida análise e não estará tão relacionado com as despesas de consumo final, mas, sobretudo, com a projeção para o respetivo deflator, uma vez que a redução salarial dos

2011 Dez-2012 Data: out-2010 ago-2011 jun-2011 set-2011 dez-2011

Documento: CNT 2012T3; CE OE/2011DEO

2011/15MoU1.ª Rev.2.ª Rev.OE/2011MoUDEO

2011/151.ª Rev.

MoU

PIB-1,60,2-2,2-2,2-2,2-1,6-1,80,60,60,6 Consumo Privado -3,8 -0,5 -4,4 -4,4 -4,4 -3,8 -3,3 0,6 0,6 0,6 Consumo Público -4,3 -8,8 -3,2 -6,1 -4,1 -3,7 4,5 1,8 -1,1 -0,2 FBCF -13,8 -2,7 -10,6 -9,9 -11,4 -11,3 -11,1 -3,9 -3,2 -2,4 Procura interna -5,8 -2,5 : -5,7 -5,6 -5,1 -3,3 -0,1 : -0,2 Exportações 7,2 7,3 6,2 6,2 6,6 6,8 -0,1 1,0 1,0 0,6 Importações -5,9 -1,7 -3,9 -5,3 -4,9 -4,8 -4,2 -0,6 -2,0 -1,0

Inflação 3,7 2,2 3,5 3,4 3,4 3,6 1,5 0,3 0,2 0,3 Deflator do Cons. Priv. 3,9 : : 3,4 3,5 3,5 : 0,5 : 0,4 Deflator do PIB 0,5 1,7 1,4 1,1 1,54 1,1 -1,2 -0,6 -0,9 -1,0

Desemprego (%) 12,7 10,8 12,5 12,2 12,1 12,7 1,9 0,5 0,2 0,6 Emprego total (taxa de variação, %) -1,5 -0,4 -1,5 -1,5 -1,4 -1,0 -1,1 0,0 0,0 -0,1

Saldo orçamental -4,4 -4,6 -5,9 -5,9 -5,9 -5,9 0,2 1,5 1,5 1,5 Dívida Pública 108,1 86,6 100,8 101,7 101,1 107,2 21,5 6,4 7,3 7,0 Cap./necessidade líq. financto. face exterior -5,2 : -6,8 -6,0 -5,7 -6,1 : 0,8 1,6 0,5

Inflação (IHPC) - área do euro 2,7 1,7 : : : : 1,0 : : : Procura externa relevante p/ Portugal (bens) 3,6 3,2 6,5 : : : 0,4 : -2,9 : Preço spot do petróleo Brent (Dólares/barril) 110,8 78,8 106,3 : : : 32,0 : 4,5 : Taxas de juro de curto prazo (Euribor-3 meses) 1,4 1,1 1,5 : : : 0,3 : -0,1 : Taxas de juro de longo prazo (OT 10 anos) 12,9 : 6,4 : : : : : 6,5 : Taxa de câmbio nominal (€1 = x USD) 1,392 1,2 1,42 : : : 0,2 : 0,0 :

Enquadramento externo

Previsões M. Finanças Erro de previsão

Despesa e PIB (taxas reais de variação)

Preços

Financiamento (em % do PIB)

FMI/CE/BCE

Emprego e desemprego

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

161

Página 162

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

funcionários públicos teve efeitos nominais. Com efeito, a queda do consumo público em valor foi de 8,1% face a 2010, quase o dobro da verificada em volume.

8 No segundo semestre de 2011, o Ministério das Finanças reviu fortemente em baixa a previsão do PIB, devido essencialmente à FBCF, consumo privado e exportações. Após a apresentação do OE/2011, e já na sequência do pedido de assistência financeira internacional, a UE/FMI vieram rever o PIB fortemente em baixa (-2,4 p.p.), nomeadamente ao nível da FBCF, consumo privado e exportações, não obstante a revisão em alta do consumo público e uma maior quebra nas importações (3,6 p.p.).

9 O quadro recessivo da economia portuguesa traduziu-se em variações desfavoráveis, particularmente acentuadas, do emprego e da taxa de desemprego, muito distantes das previstas no OE/2011. O emprego e da taxa de desemprego apresentaram uma evolução bastante mais desfavorável do que a prevista no OE/2011, tendo a taxa de desemprego ficado 1,9 p.p. acima da projeção do OE/2011. No quadro de agravamento da situação económica em Portugal, o emprego registou uma forte queda em 2011, particularmente acentuada no final do ano, com consequências ao nível da segurança social.

10 A taxa de inflação ficou muito acima da prevista no OE/2011. Quanto à evolução dos preços, a taxa de inflação medida pelo IPC ficou 1,5 p.p. acima da prevista no OE/2011. Assinale-se que a aceleração dos preços no consumidor registada em 2011 foi essencialmente condicionada por alterações fiscais e nos preços administrados de alguns bens e serviços, no quadro do processo de consolidação orçamental. Os preços das matérias-primas nos mercados internacionais continuaram a aumentar consideravelmente em 2011, após já terem subido de forma significativa no ano transato. Para esta evolução, destacou-se o preço do petróleo com um aumento anual de 38,2%.

11 Não obstante o aumento dos preços no consumidor, os preços implícitos no produto ficaram abaixo do previsto. A projeção do OE/2011 para o deflator do PIB (1,7%) acabou por se revelar muito acima da verificada (0,5%), dando origem a um desvio ainda mais acentuado do PIB nominal face ao implícito no OE/2011: 3 p.p. da taxa de variação. O facto de se ter verificado uma contração mais forte da procura interna e um aumento acima do esperado para a taxa média de desemprego, entre outros fatores, terá contribuído para exercer uma pressão em baixa sobre os preços implícitos no produto. Já no que se refere ao deflator do consumo privado e ao índice de preços no consumidor, estes aumentaram substancialmente mais do que o deflator do produto, refletindo as diversas alterações de tributação indireta e de preços administrativos que ocorreram em 2011, nomeadamente o aumento de 2 p.p. na taxa normal de IVA.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

162

Página 163

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

III Situação Financeira III.1 Conta consolidada da administração central e segurança social De seguida procede-se à análise da conta consolidada da administração central (subsetor Estado e serviços e fundos autónomos) e segurança social, na ótica da contabilidade pública. Esta análise, que não inclui a administração regional e local, coloca em perspetiva a execução orçamental de 2011 face à registada no ano anterior e face às metas traçadas no Orçamento do Estado inicial. Dada a existência de diversas operações temporárias e medidas “one-offs”, para efeitos de comparabilidade a análise é sobretudo centrada em valores ajustados (ver Caixa 1).1

12 O saldo global (não ajustado) da administração central e segurança social melhorou significativamente face a 2010, pese embora, essa melhoria tenha sido menos expressiva em termos ajustados. Em 2011, o défice (não ajustado) da administração central e segurança social diminuiu cerca de 3,2 p.p. do PIB face ao ano anterior. Porém, em termos ajustados, esta melhoria homóloga foi de apenas 1 p.p. do PIB, a qual resulta em valor nominal da redução de um défice de 12 376 M€ em 2010, para um défice de 10 580 M€ em 2011. Analisando a composição do saldo (não ajustado), salienta-se que, em 2011, o saldo corrente inverteu a anterior trajetória de degradação, registando uma melhoria homóloga de 2 p.p. do PIB (1,5 p.p. do PIB em termos ajustados). Por sua vez, o saldo de capital, influenciado pelo impacte orçamental das operações temporárias e medidas “one-off”, melhorou 1,1 p.p. do PIB, registando em 2011 um excedente orçamental de 0,5% do PIB. No entanto, expurgando os efeitos das referidas operações temporárias e medidas “one-off”, quer em 2010 quer em 2011, o saldo de capital registou um défice de 1,7 % do PIB em 2011, tendo-se degradado em 0,6 p.p. do PIB face a 2010 (ver Gráfico 1, Gráfico 2 e Tabela 3).

1 O orçamento inicial corresponde à versão aprovada na Assembleia da República, a qual incorpora as alterações à Proposta de Lei do Orçamento de Estado aprovadas pela Assembleia da República no decurso da discussão e aprovação da Lei do OE/2011. Assim, o orçamento inicial do Estado difere da versão proposta pelo Governo que serviu de base à elaboração do relatório que acompanha a proposta de Orçamento do Estado para 2011. O Orçamento final corresponde à versão corrigida, isto é, após incorporação das alterações orçamentais aprovadas ao longo do ano, da competência da Assembleia da República, do Governo e dos serviços. O OE/2011 (Lei n.º 55-A/2010, de 31 de Dezembro) foi objeto de duas alterações aprovadas na Assembleia da República: a Lei n.º 48/2011, de 26 de agosto e a Lei n.º 60-A/2011, de 30 de novembro. Para um maior detalhe sobre as alterações orçamentais aprovadas ao longo do ano de 201 consultar o subcapítulo “III.2.3.4 Alterações orçamentais”.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

163

Página 164

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Gráfico 1 – Evolução dos saldos orçamentais (em percentagem do PIB)

Gráfico 2 – Evolução dos saldos orçamentais (em milhões de euros)

Fonte: Ministério das Finanças (CGE/2009, CGE/2010 e CGE/2011), INE e cálculos da UTAO.

Fonte: Ministério das Finanças (CGE/2009, CGE/2010 e CGE/2011) e cálculos da UTAO.

Nota: Os saldos ajustados excluem os impactes orçamentais das operações temporárias e medidas “one-off” identificadas na Caixa 1.

13 O défice orçamental (não ajustado) registado pela administração central e segurança social foi inferior ao inicialmente previsto devido ao impacte de operações temporárias e medidas “one-off”. Em 2011, o conjunto da administração central e segurança social atingiu um défice de 6058 M€ (3,5% do PIB), registando um desvio favorável de 3115 M€ (1,9 p.p. do PIB) face ao inicialmente previsto no OE/2011. Este desvio beneficiou do facto da receita efetiva ter excedido a previsão inicial do OE/2011 em cerca de 2153 M€ (1,3 p.p. do PIB), mas também devido ao facto de a despesa efetiva ter ficado aquém previsão inicial (-962 M€, equivalente a 0,6 p.p. do PIB). Contudo, estes resultados encontram-se influenciados pelo impacte de medidas temporárias e operações “one-off” identificadas na Caixa 1. Assim, em termos ajustados, o défice da administração central e segurança social, em 2011, ascendeu a 10 580 M€ (6,2% do PIB), tendo registado um desvio desfavorável de 2107 M€ (1,2 p.p. do PIB) face ao previsto no OE/2011 inicial.

-7,6

-6,7

-3,5

-7,6-7,2

-6,2

-4,6

-3,8

0,0

-4,3

-2,6

-1,8

-0,6

0,5

-1,8

-1,1 -1,7

-8

-6

-4

-2

0

22009 2010 2011

Administração Central e Segurança Social

Saldo Global Saldo Global Ajustado

Saldo Primário Saldo Primário ajustado

Saldo Capital Saldo Capital ajustado

-12 848-12 376

-10 580

-7 827 -7 387

-4 508

-15 000

-12 500

-10 000

-7 500

-5 000

-2 500

0

2 5002009 2010 2011

Administração Central e Segurança Social

Saldo Global Ajustado Saldo Primário ajustado

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

164

Página 165

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Tabela 3 – Conta consolidada da Administração Central e Segurança Social (em milhões de euros, em percentagem do PIB e em percentagem)

Fonte: Ministério das Finanças (CGE/2009, CGE/2010 e CGE/2011), INE e cálculos da UTAO. | Notas: i) os valores constantes desta tabela diferem dos considerados nas análises isoladas de cada um dos subsetores; as diferenças relativas ao OE inicial resultam do facto de a conta consolidada da administração central e segurança social se encontrar líquida de cativos; no caso dos valores da execução orçamental as diferenças decorrem da consolidação de transferências intersetoriais; ii) O grau de execução tem por referência o orçamento inicial aprovado (que difere do que consta do relatório da proposta do OE/2011); iii) a taxa de crescimento implícita ao OE/2011 inicial foi calculada face aos valores apresentados na CGE/2010. iv) Os valores ajustados (assinalados a cinzento) excluem os impactes orçamentais das operações temporárias e “one-off” identificadas na Caixa 1.

Execução % PIB Orç. Inicial % PIB Execução % PIBGrau de

execução (%)

Desvios de

execução

Variação homóloga

Tvha (%)

(2) (3) (4) (5)=(4)/(3) (6)=(4)-(3) (8)=(4)-(2) (8)/(2) [(3)-(2)]/(2)

Administração Central e Segurança Social

Receita efetiva 61 346 35,5 63 650 37,2 65 802 38,5 103,4 2 153 4 456 7,3 3,8Despesa efetiva 72 841 42,2 72 823 42,6 71 861 42,0 98,7 -962 -980 -1,3 0,0Saldo global -11 495 -6,7 -9 173 -5,4 -6 058 -3,5 66,0 3 115 5 436 : :Receita efetiva ajustada 59 464 34,4 63 350 37,1 61 137 35,8 96,5 -2 212 1 673 2,8 6,5Despesa efetiva ajustada 71 840 41,6 71 823 42,0 71 717 42,0 99,9 -106 -123 -0,2 0,0Saldo global ajustado -12 376 -7,2 -8 473 -5,0 -10 580 -6,2 124,9 -2 107 1 796 : :

EstadoReceita efetiva 36 272 21,0 38 459 22,5 41 641 24,4 108,3 3 182 5 368 14,8 6,0Despesa efetiva 50 551 29,3 49 213 28,8 48 684 28,5 98,9 -528 -1 866 -3,7 -2,6Saldo global -14 278 -8,3 -10 754 -6,3 -7 044 -4,1 65,5 3 710 7 235 : :Receita efetiva ajustada 36 272 21,0 38 459 22,5 37 596 22,0 97,8 -863 1 324 3,6 6,0Despesa efetiva ajustada 49 550 28,7 48 213 28,2 48 684 28,5 101,0 472 -865 -1,7 -2,7Saldo global ajustado -13 277 -7,7 -9 754 -5,7 -11 088 -6,5 113,7 -1 334 2 189 : :

Serviços e Fundos AutónomosReceita efetiva 26 526 15,4 24 690 14,4 24 552 14,4 99,4 -138 -1 974 -7,4 -6,9Despesa efetiva 24 432 14,1 23 709 13,9 24 006 14,0 101,3 297 -425 -1,7 -3,0Saldo global 2 095 1,2 981 0,6 546 0,3 55,6 -435 -1 549 : :Receita efetiva ajustada 24 644 14,3 24 390 14,3 23 931 14,0 98,1 -459 -713 -2,9 -1,0Despesa efetiva ajustada 24 432 14,1 23 709 13,9 23 862 14,0 100,6 153 -569 -2,3 -3,0Saldo global ajustado 213 0,1 681 0,4 69 0,0 10,2 -612 -143 : :

Segurança SocialReceita efetiva 23 857 13,8 24 044 14,1 23 543 13,8 97,9 -501 -315 -1,3 0,8Despesa efetiva 23 168 13,4 23 444 13,7 23 103 13,5 98,5 -341 -65 -0,3 1,2Saldo global 689 0,4 600 0,4 439 0,3 73,3 -160 -250 : :

Tx. Cresc. OE/2011

inicial (%)

20112010 Var. 2010/2011

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

165

Página 166

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Gráfico 3 – Evolução do saldo global da administração central e segurança social

(em milhões de euros, em termos acumulados)

Gráfico 4 – Evolução do peso da receita e despesa da administração central e segurança social

(em percentagem do PIB)

Fonte: Ministério das Finanças (Sínteses da Execução Orçamental referentes aos meses de janeiro/2011 a outubro/2012) e cálculos da UTAO. | Nota: Os valores ajustados operações temporárias e medidas “one-off” identificadas na Caixa 1.

Fonte: Ministério das Finanças (CGE/2009, CGE/2010 e CGE/2011), INE e cálculos da UTAO. | Nota: Os valores ajustados excluem operações temporárias e medidas “one-off” identificadas na Caixa 1.

14 O défice da administração central e segurança social reduziu-se face a 2010, tanto em termos ajustados como em termos não ajustados. Este resultado reflete a melhoria do saldo da administração central e segurança social face a 2010, independentemente do efeito das operações temporárias e medidas “one-off” ocorridas nesse ano. O défice ajustado da administração central e segurança social registou uma melhoria homóloga de 1796 M€, correspondendo a 1% do PIB (em termos não ajustados a melhoria homóloga foi de 5436 M€). Este resultado deveu-se sobretudo ao crescimento da receita efetiva [+2,8% face a 2010 (+1673 M€), dado que a despesa efetiva registou uma redução de apenas 0,2% (-123 M€)]. Saliente-se que o crescimento da receita situou-se 3,7 p.p. abaixo do inicialmente previsto no OE/2011.

Tabela 4 – Saldo global (ajustado) da administração central e segurança social, por subsetor (em percentagem do PIB)

Fonte: Ministério das Finanças (CGE/2009, CGE/2010 e CGE/2011), INE e cálculos da UTAO. | Nota: Os valores ajustados excluem os impactes orçamentais das operações temporárias e medidas “one-off” identificadas na Caixa 1.

5 436

1 796

-11 495

-12 376

-6 058

-10 580

-14 000

-12 000

-10 000

-8 000

-6 000

-4 000

-2 000

-

2 000

4 000

6 000

jan. fev. mar. abr. mai. jun. jul. ago. set. out. nov. dez.

Variação homóloga acumulada Variação homóloga acumulada ajustada

2010 2010 ajustado

2011 2011 ajustado

34,734,4

35,8

42,4

41,6

42,0

34,7

35,5

38,5

42,4 42,2

30

32

34

36

38

40

42

44

2009 2010 2011

Receita Efetiva ajustada Despesa Efetiva ajustadaReceita Efetiva Despesa Efetiva

Saldo global AC&SS: -3,5% PIB Saldo global

ajustado AC&SS:

-6,2% PIB

2009 2010

CGE CGE OE inicial CGE CGE/2011 face CGE/2010CGE/2011

face OE/2011

Administração Central e Segurança Social -7,6 -7,2 -5,0 -6,2 1,0 -1,2

Estado -8,3 -7,7 -5,7 -6,5 1,2 -0,8

Serviços e Fundos Autónomos 0,4 0,1 0,4 0,0 -0,1 -0,4

Segurança Social 0,3 0,4 0,4 0,3 -0,1 -0,1

2011 Diferencial (p.p.)

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

166

Página 167

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

15 Em termos ajustados, nenhum dos subsetores alcançou o objetivo para o saldo definido no OE/2011 inicial, não obstante o Estado ter sido o único subsetor a reduzir o seu défice face a 2010. O défice ajustado do conjunto da administração central e segurança social situou-se 1,2 p.p. acima do previsto inicialmente, sendo de realçar os desvios desfavoráveis registados no Estado (0,8 p.p. do PIB) e nos serviços e fundos autónomos (0,4 p.p. do PIB). Contudo, face ao ano de 2010, registou-se uma melhoria homóloga do saldo global do agregado administração central e segurança social (+1,0 p.p. do PIB), a qual se deveu exclusivamente ao Estado, cuja melhoria homóloga foi de +1,2 p.p. do PIB, dado que o saldo dos serviços e fundos autónomos e da segurança social registaram uma ligeira degradação homóloga (de 0,1 p.p. do PIB, em ambos os casos).

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

167

Página 168

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Caixa 1 – Ajustamentos à execução orçamental da administração central e segurança social

Na tabela seguinte apresentam-se os ajustamentos efetuados à conta da administração central e segurança social, identificando-se também o subsetor e âmbito (receita ou despesa) a que dizem respeito.

Fontes: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO.

(a) Eliminação da transferência relativa aos fundos de pensões da Portugal Telecom para a CGA, no valor de 1882 M€, com impacte na receita de capital (“outras transferências de capital”) em 2010;

(b) Exclusão do pagamento do material militar de sub-superfície, que ocorreu no final de 2010, o qual teve um impacte na despesa de capital (“investimento”) do subsetor Estado que ascendeu a 1001 M€;

O orçamento inicial de 2011 considerava uma dotação de 1000 M€, a título de despesa de capital (“outras transferências de capital”), destinada à regularização de responsabilidades financeiras relacionadas com a aquisição de material militar de sub-superfície, cujo pagamento ocorreu ainda no final de 2010; o ajustamento efetuado exclui esta dotação.

A previsão de receita de capital (“outras transferências de capital”), no orçamento inicial de 2011, considerava uma verba de 300 M€ relativa à transferência dos fundos de pensões da Portugal Telecom para a CGA; o ajustamento efetuado exclui esta dotação.

(c) Exclusão da verba recebida em 2011 relativa à transferência dos fundos de pensões do setor bancário, no valor de 3263 M€, com impacte na receita de capital (“outras transferências de capital”) do Estado.

(d) Exclusão da verba contabilizada em 2011 pelos SFA no âmbito da transferência dos fundos de pensões da Portugal Telecom para a CGA, com um impacte na receita de capital (“outras transferências de capital”) de 621 M€. (*)

Exclusão da despesa suportada em 2011 pelos SFA no âmbito da transferência dos fundos de pensões da Portugal Telecom para a CGA, com um impacte na despesa de capital (“outras transferências de capital”) de 144 M€. (*)

(e) Exclusão da receita proveniente da sobretaxa extraordinária em sede de IRS, aplicada em 2011, com impacte na receita do Estado proveniente de “impostos diretos”, no valor de 781,4 M€.

(*) Esta transferência ocorreu no âmbito de uma operação de cessão de créditos da CGA à Caixa Leasing e Factoring, através da qual se obteve uma antecipação da respetiva receita relativa à transferência dos fundos de pensões da Portugal Telecom para a CGA. Essa operação foi objeto de uma renegociação que se traduziu num aumento dos níveis de receita e de despesa em 144,2 M€, face ao montante previsto na alínea b) no n.º 2 do art. 2.º do Decreto-Lei n.º 140-B/2010, de 30 de Dezembro.

Ajustamentos Subsetor ÂmbitoExecução de

2010OE/2011

inicialExecução de

2011

Transferência dos fundos de pensões da Portugal Telecom para a CGA (a) SFA Receita -1 882 Aquisição de material militar de sub-superfície (b) Estado Despesa -1 001 -1 000

Transferência dos fundos de pensões da PT para a CGA (c) SFA Receita -300

Transferência dos fundos de pensões do sector bancário (d) Estado Receita -3 263 Transferência dos fundos de pensões da Portugal Telecom para a CGA (e) SFA Receita -621

SFA Despesa -144 Sobretaxa extraordinária em sede de IRS (f) Estado Receita -781

Impacte total no saldo orçamental da administração central e segurança social

-881 700 -4 521

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

168

Página 169

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

III.2 Subsetor Estado Neste capítulo, analisa-se a conta do Estado na ótica da contabilidade pública, uma vez que se trata do subsetor com maior peso no conjunto das administrações públicas, e que centraliza a maior parte das receitas, parte das quais são posteriormente transferidas para outros subsetores. A análise incide, numa primeira fase, ao nível do saldo global, sendo posteriormente mais detalhada nas componentes de receita e de despesa.

16 Nos anos de 2010 e 2011, a execução orçamental ficou marcada pela adoção de diversas medidas temporárias e “one-offs”, das quais se destacam:

o efeito de base relacionado com a aquisição de material militar (1001 M€, em 2010); a transferência parcial dos fundos de pensões do setor bancário2 (3263,1 M€, em 2011); a sobretaxa extraordinária em sede de IRS (781,4 M€, em 2011)3;

17 As contas públicas ficaram ainda marcadas pela adoção de diversas medidas de consolidação orçamental, das quais se destaca:

a redução progressiva dos salários da administração pública, institutos públicos e órgãos de

soberania, para valores totais de remunerações acima de 1500 €/mês, com consequente

redução de 5%;

o congelamento das promoções e progressões na Função Pública;

o congelamento de admissões e redução do número de contratados; a alteração do sistema de deduções e de benefícios fiscais no âmbito do IRS; a revisão dos benefícios fiscais para pessoas coletivas; a convergência da tributação dos rendimentos da categoria H com o regime de tributação da

categoria A;

o aumento de 2 p.p. da taxa normal de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e revisão das tabelas anexas;

o aumento de 1 p.p. da contribuição dos trabalhadores para a Caixa Geral de Aposentações; a eliminação da taxa reduzida de IVA sobre a eletricidade e o gás natural (passando estes bens

a estar sujeitos à taxa normal de IVA)4;

2 Cf. Decreto-Lei n.º 127/2011, de 31 de dezembro. 3 Decorrente da Lei n.º 49/2011, de 7 de setembro. De acordo com a página ii da Conta Geral do Estado de 2011, o impacte desta medida foi de 781,4 M€, representando uma taxa de execução de 93% do montante inicialmente previsto para 2011 (840 M€). 4 Com efeitos a partir do dia 1 de outubro de 2011 cf. Lei n.º 51-A/2011, de 30 de setembro. Saliente-se, todavia que, na ótica da contabilidade pública, o efeito desta medida na receita fiscal de 2011 fica limitado ao mês de dezembro, uma vez que este traduz as declarações do IVA do regime mensal relativo ao mês de outubro.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

169

Página 170

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Tabela 5 – Execução Orçamental do subsetor Estado (em milhões de euros, em percentagem e em pontos percentuais)

Fonte: Ministério das Finanças | Nota: Com a introdução da contribuição patronal para a ADSE, por força da Lei do OE/2011, as despesas com saúde da ADSE passaram, em 2011, a ser contabilizadas na rubrica Aquisição de bens e serviços correntes, em detrimento das despesas com pessoal.

2009 2010 2011 2010 2011 2009 2010 2011 2010 20111. RECEITA CORRENTE 34 166 35 462 38 061 91,3% 3,8 7,3 7,2 20,3 20,5 22,3 0,2 1,7das quais:— Impostos directos 13 489 13 569 15 047 36,1% 0,6 10,9 4,1 8,0 7,9 8,8 -0,2 0,9— Impostos indirectos 17 164 18 721 19 312 46,3% 9,1 3,2 1,6 10,2 10,8 11,3 0,6 0,5— Contribuições p/a Seg. Social, CGA e AD 231 234 465 1,1% 1,4 98,5 0,6 0,1 0,1 0,3 0,0 0,1— Taxas, multas e outras penalidades 581 590 699 1,7% 1,6 18,3 0,3 0,3 0,3 0,4 0,0 0,1— Rendimentos da propriedade 602 474 288 0,7% -21,3 -39,1 -0,5 0,4 0,3 0,2 -0,1 -0,1— Transferências correntes 1 151 1 009 1 213 2,9% -12,3 20,2 0,6 0,7 0,6 0,7 -0,1 0,1— Outras receitas correntes 949 865 1 037 2,5% -8,8 19,9 0,5 0,6 0,5 0,6 -0,1 0,1

2. RECEITA DE CAPITAL 550 825 3 621 8,7% 50,1 339,0 7,7 0,3 0,5 2,1 0,2 1,6 Transferências capital 71 94 3 319 8,0% 32,9 3442,3 8,9 0,0 0,1 1,9 0,0 1,9 Outras receitas de capital 479 731 302 0,7% 52,6 -58,7 -1,2 0,3 0,4 0,2 0,1 -0,2

3. DESPESA CORRENTE 45 020 46 574 45 575 93,5% 3,5 -2,1 -2,0 26,7 26,9 26,6 0,2 -0,3 Despesas com pessoal 11 484 11 383 10 294 21,1% -0,9 -9,6 -2,2 6,8 6,6 6,0 -0,2 -0,6 Aquisição bens e serviços 1 391 1 357 1 817 3,7% -2,4 33,9 0,9 0,8 0,8 1,1 0,0 0,3 Juros e outros encargos 5 007 4 972 6 039 12,4% -0,7 21,5 2,1 3,0 2,9 3,5 -0,1 0,7 Transferências correntes 25 955 27 756 26 288 54,0% 6,9 -5,3 -2,9 15,4 16,1 15,4 0,7 -0,7 Subsídios 785 699 602 1,2% -11,0 -13,9 -0,2 0,5 0,4 0,4 -0,1 -0,1 Outras despesas correntes 397 407 535 1,1% 2,5 31,4 0,3 0,2 0,2 0,3 0,0 0,1

4. DESPESA DE CAPITAL 3 754 3 992 3 151 6,5% 6,3 -21,1 -1,7 2,2 2,3 1,8 0,1 -0,5 Aquisição de bens de capital 650 1 506 432 0,9% 131,8 -71,3 -2,1 0,4 0,9 0,3 0,5 -0,6 Transferências capital 3 087 2 469 2 706 5,6% -20,0 9,6 0,5 1,8 1,4 1,6 -0,4 0,2 Outras despesas capital 17 17 14 0,0% -4,8 -18,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

5. RECEITA EFETIVA 34 716 36 287 41 683 100% 4,5 14,9 14,9 20,6 21,0 24,4 0,4 3,4— Receita fiscal 30 653 32 290 34 359 82,4% 5,3 6,4 5,7 18,2 18,7 20,1 0,5 1,4— Receita não fiscal 4 063 3 997 7 323 17,6% -1,6 83,2 9,2 2,4 2,3 4,3 -0,1 2,0

6. DESPESA EFETIVA 48 773 50 565 48 726 100% 3,7 -3,6 -3,6 28,9 29,3 28,5 0,3 -0,8

7. SALDO GLOBAL -14 057 -14 278 -7 044 : : : : -8,3 -8,3 -4,1 0,1 4,1Saldo primário -9 051 -9 307 -1 005 : : : : -5,4 -5,4 -0,6 0,0 4,8Saldo corrente -10 853 -11 112 -7 514 : : : : -6,4 -6,4 -4,4 0,0 2,0Saldo de capital -3 204 -3 167 470 : : : : -1,9 -1,8 0,3 0,1 2,15A. RECEITA EFETIVA AJUSTADA 34 716 36 287 37 638 90% 4,5 3,7 3,7 20,6 21,0 22,0 0,4 1,0— Receita fiscal ajustada 30 653 32 290 33 578 80,6% 5,3 4,0 3,5 18,2 18,7 19,6 0,5 0,9— Receita não fiscal ajustada 4 063 3 997 4 060 9,7% -1,6 1,6 0,2 2,4 2,3 2,4 -0,1 0,16A. DESPESA EFETIVA AJUSTADA 48 773 49 564 48 726 100% 1,6 -1,7 -1,7 28,9 28,7 28,5 -0,3 -0,27A. SALDO GLOBAL AJUSTADO -14 057 -13 277 -11 088 : : : : -8,3 -7,7 -6,5 0,7 1,2

Var. rácios PIBExecução orçamental (M€) Variação (%) Contributo var. 2011

Rácios do PIBEstrut. 2011

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

170

Página 171

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Tabela 6 – Execução Orçamental do Estado – comparação com o OE/2011 (em milhões de euros e em percentagem)

Fonte: Ministério das Finanças | Notas: O quadro evidencia valores de estimativa de execução implícitos ao OE e à 2.ª alteração e, finalmente, a execução verificada; As dotações orçamentais de despesa excluem cativos incidentes sobre a despesa, nos termos da Lei, pelo que os respetivos montantes diferem dos mapas contabilísticos. A 1ª Alteração ao OE/2011 (Lei n.º 48/2011, de 26 de agosto) não promoveu alterações na receita e na despesa efetivas do Estado.

III.2.1 Saldo global

18 Em 2011, o saldo global do Estado atingiu um défice de 4,1% do PIB, o que representa uma melhoria de 4,2 p.p do PIB face ao ano anterior. Em 2011, o saldo global do subsetor Estado atingiu um défice de 7044 M€ (4,1% do PIB), o que representa uma melhoria de 7235 M€ (4,2 p.p. do PIB) face ao ano anterior. Uma parte significativa desta melhoria proveio da transferência parcial dos fundos de pensões do setor bancário e da sobretaxa do IRS aplicada no final de 2011. Para esta melhoria contribuiu quer o aumento da receita efetiva, quer a redução da despesa efetiva.

19 O défice do Estado ficou abaixo do previsto no OE/2011 inicial. O saldo global deste subsetor ascendeu a -7043,8 M€, um défice inferior em 3710,1 M€ face ao previsto inicialmente, Para este resultado contribuiu o facto da cobrança de receita efetiva ter sido superior à prevista no OE/2011 (taxa de execução de 108,3%), conjugado com uma realização de despesa efetiva inferior à inscrita no mesmo documento (98,9%), sendo de ressalvar que na proposta do OE/2011 se encontrava previsto o pagamento de material militar de sub-superfície, o qual veio a ocorrer no final de 2010 – ver Tabela 6.

OEI/20112ª Alteração

OE/2011

1. RECEITA CORRENTE 37 369,2 38 249,2 38 020,2 101,7 99,4— Receita fiscal 33 506,0 34 386,0 34 318,3 102,4 99,8— Receita corrente não fiscal 3 863,2 3 863,2 3 701,9 95,8 95,8

2. RECEITA DE CAPITAL 1 089,6 1 089,6 3 620,4 332,3 332,3

3. RECEITA EFETIVA 38 458,8 39 338,8 41 640,6 108,3 105,9

4. DESPESA CORRENTE 45 011,1 45 787,8 45 534,1 101,2 99,4 da qual: Juros e Outros Encargos 6 300,6 6 373,5 6 039,2 95,9 94,8

5. DESPESA DE CAPITAL 4 201,6 4 476,7 3 150,3 75,0 70,4

6. DESPESA EFETIVA 49 212,7 50 264,5 48 684,4 98,9 96,9

7. SALDO GLOBAL -10 753,9 -10 925,7 -7 043,8 : :Saldo corrente -7 641,9 -7 538,6 -7 513,9 : :Saldo corrente primário -1 341,3 -1 165,1 -1 474,7Saldo de capital -3 112,0 -3 387,1 470,1 : :

OEI/2011

(Lei n.º 55-A/2010)

2ª Alteração OE/2011(Lei n.º 60-A/2011)

Execução orçamental 2011

Taxa de Execução (%)

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

171

Página 172

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

III.2.2 Receita

Nesta secção analisa-se a receita efetiva do Estado (Tabela 5 e Tabela 25) e a despesa fiscal verificada em 2011 (Tabela 26).

20 O aumento da receita efetiva deveu-se às suas principais componentes, sendo de assinalar o impacte considerável de medidas extraordinárias ao nível da receita de capital e da receita fiscal. A receita efetiva aumentou 14,9% em 2011, após a melhoria de 4,5% registada em 2010. Este acréscimo resultou sobretudo do aumento da receita de capital (com um contributo de 7,7 p.p. para o aumento da receita efetiva)5 e da receita fiscal (com um contributo de 5,7 p.p., sendo que 2,2 p.p são devidos ao efeito da medida da introdução de sobretaxa em sede de IRS). Apresenta-se de seguida um breve resumo das principais conclusões:

a. A execução da receita efetiva do Estado fixou-se 8,3% acima do montante inscrito no OE/2011

inicial, execução que muito beneficiou da adoção das já referidas medidas extraordinárias no 2.º

semestre de 2011. Excluindo os efeitos destas medidas, as taxas de execução da receita de capital

e da receita fiscal, situar-se-iam em 32,8 e 100,1%, respetivamente, enquanto a da receita efetiva

situar-se-ia em 97,8% (o que representa uma receita inferior de cerca de 820 M€).

b. Tomando como referencial a 2.ª alteração do OE/2011, a receita efetiva registou uma taxa de

execução de 105,9%, tendo a receita não fiscal (com uma taxa de execução de 147,8%) mais que

compensado a menor taxa de execução da receita fiscal (99,8%).

c. As receitas fiscais aumentaram 6,4% em termos homólogos. Todavia, ajustada da sobretaxa de IRS,

a receita fiscal aumentou 4%. A evolução da receita fiscal traduz a adoção das medidas de

consolidação, entre outras, a introdução da sobretaxa extraordinária em sede de IRS, a limitação

dos benefícios e deduções fiscais em sede de IRS e IRC, o aumento de 2 p.p. na taxa normal e a

revisão das tabelas anexas em sede de IVA e a atualização dos impostos específicos sobre o

consumo.

d. O aumento registado nas receitas fiscais explica 5,7 p.p. do aumento de 14,9% da receita efetiva.

Esse acréscimo deveu-se essencialmente ao aumento dos impostos diretos, beneficiando

igualmente da evolução positiva dos impostos indiretos, com contributos de 4,1 p.p. e 1,6 p.p.

para a variação da receita efetiva, respetivamente. Em termos desagregados, os maiores aumentos

na receita de impostos registaram-se, por ordem decrescente de importância, no IVA (7,5%), no

IRS (10%), no IRC (12,5%) e no Imposto Único de Circulação (14,8%).6

e. Em 2011, o grau de execução da receita prevista no OE/2011 inicial, fixou-se por ordem

decrescente de importância na receita fiscal em (ver Gráfico 5): 98,5% no Imposto sobre o Valor

5 A melhoria da receita de capital deveu-se, em grande medida, à transferência parcial dos fundos de pensões do setor bancário num montante total de 3263,1 M€. A referida transferência contribuiu com 9 p.p. para a variação da receita efetiva, o que significa que as restantes receitas de capital contribuíram negativamente para a variação de 14,9% da receita efetiva. 6 A evolução positiva da receita fiscal foi realçada no Parecer Técnico da UTAO n.º 3/2012, nos seguintes termos: “A sobretaxa extraordinária em sede de IRS, a par de uma cobrança superior à orçamentada no caso do IRC, justificam o bom desempenho dos impostos diretos, tendo compensado a fraca execução dos impostos indiretos, em resultado do abrandamento do consumo, com exceção do Imposto sobre o Tabaco e do Imposto Único de Circulação”.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

172

Página 173

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Acrescentado; 102,6% no Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares; 123,6% no

Imposto sobre o Rendimento Coletivo; e 107,2% no Imposto sobre o Tabaco.

f. A receita de capital apresenta habitualmente uma evolução irregular ao longo do tempo, tendo,

em 2011, registado um aumento de 339% face ao ano anterior (2796,4 M€). Caso se exclua a já

referida medida extraordinária relativa à transferência parcial dos fundos de pensões do setor

bancário, a receita de capital diminuiria 56,6% (-466,7 M€).

g. A receita corrente não fiscal apresentou uma taxa de execução de apenas 95,8%, apesar do

acréscimo das contribuições para a ADSE resultante da contribuição patronal das entidades da

administração central de 2,5% das remunerações sujeitas a descontos para a CGA, I. P. ou para a

segurança social.

Gráfico 5 – Grau de Execução dos impostos face ao OE/2011

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. | Notas: * Principais impostos diretos. ** Principais impostos indiretos. Abaixo da designação de cada imposto, indica-se o respetivo peso na receita fiscal.

21 A execução orçamental da receita fiscal em 2011 veio ao encontro do Parecer Técnico da UTAO sobre a Proposta do OE/2011, de 25 de outubro de 2010, designadamente quando refere que «ao descontarem-se os efeitos das medidas de natureza fiscal, para 2011, a UTAO obteve elasticidades próximas das elasticidades médias que se registaram em termos históricos no período de 2001 a 2008, excluindo medidas de natureza temporária. Deste modo, a UTAO considera que as estimativas de execução para 2010 e previsão para 2011 para as receitas fiscais, com a necessária ressalva quanto aos impactes efetivos das medidas de natureza fiscal, afiguram-se como sendo globalmente razoáveis”.7

7 Ponto 17 do Parecer Técnico N.º 10/2010 da UTAO, de 25 de outubro, “Análise da Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2011”, no capítulo IV – “Receitas e despesas das Administrações Públicas em contabilidade pública”.

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

120,0%

140,0%

Receita Fiscal

IRS (28,6%)

IRC (15%)

IVA (38%)

ISP (6,7%)

I. Selo (4,3%)

IT (4,2%)

ISV (1,8%)

IUC (0,5%)

IABA (0,5%)

Out. Imp.

I. Diretos* I. Indiretos** (0,3%)

Taxa de Execução OEI/2011

Taxa de Execução OEF/2011

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

173

Página 174

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

22 Em 2011, a despesa fiscal registou uma redução de 11,6% face ao ano anterior. A Tabela 17, em anexo, apresenta a evolução da despesa fiscal (quantificada no Relatório da CGE/2011 utilizando o conceito de receita fiscal cessante8)entre 2009 e 2011. A receita fiscal cessante ascendeu, em 2011, a 1082,1 M€ (o equivalente a 0,6% do PIB), representando 3,1% da receita fiscal. Assinale-se que aquele resultado corresponde a uma redução de 11,6% face ao ano de 2010, a qual resultou essencialmente da diminuição na despesa fiscal do ISP, ISV, IRS e IVA.

23 A taxa de execução da despesa fiscal no OE/2011 foi de 101,9%, devido ao comportamento mais desfavorável da despesa fiscal nos impostos diretos, em particular no IRC, que mais que compensou a execução favorável da despesa fiscal dos impostos sobre a despesa no OE/2011.

24 Após o peso da despesa fiscal total na receita fiscal ter aumentado entre 2007 e 2010, diminuiu em 2011 em resultado de uma recomposição nas suas componentes. De facto, a evolução desta rubrica é o resultado de evoluções diferenciadas nas suas componentes (ver Gráfico 6):

Comparando os anos de 2007 e 2011 e considerando os impostos com maior expressão em termos de despesa fiscal, regista-se uma redução generalizada do rácio entre a despesa fiscal

e a receita cobrada do imposto, com exceção do IRC e do IVA;

Após a inflexão de 2008, o peso da despesa fiscal na receita do ISV tem vindo a apresentar uma trajetória descendente, fixando-se 0,7 p.p. abaixo do registado em 2007, apesar deste

imposto apresentar o maior rácio de despesa fiscal face à receita do conjunto dos impostos;

A aumentar encontra-se o peso da despesa fiscal na receita do IRC, que passou de 5,5% em 2007, para 6,9% em 2011, passando a ser o 2.º imposto que apresenta o maior peso da

despesa fiscal na receita fiscal do respetivo imposto;

Gráfico 6 – Peso da despesa fiscal na receita do imposto (em percentagem)

Fonte: Ministério das Finanças.

8 No entanto, recorde-se que a quantificação da despesa fiscal apresentada no Relatório do OE/2013 adotou uma nova metodologia de quantificação da despesa fiscal. Esta nova metodologia abandona o conceito de receita fiscal cessante, para dar lugar ao de receita (fiscal) potencial.

0.0%

2.0%

4.0%

6.0%

8.0%

10.0%

12.0%

14.0%

16.0%

18.0%

2007 2008 2009 2010 2011

IVA

IRC

Total

IRS

ISP

ISV

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

174

Página 175

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

III.2.3 Despesa

III.2.3.1 Efetiva, por classificação económica

25 Em 2011, a despesa efetiva foi inferior à prevista, tanto no OE inicial como no OE final. A execução orçamental da despesa efetiva do Estado registou, em 2011, desvios favoráveis de 1079,6 M€ (0,6 p.p. do PIB) face ao OE inicial e de 1682,7 M€ (1,0 p.p. do PIB) face ao OE final.

Tabela 7 – Desvios da despesa efetiva por classificação económica (em milhões de euros, em percentagem e em pontos percentuais)

Fonte: Ministério das Finanças, INE e cálculos da UTAO. | Nota: Os desvios são calculados como a diferença entre a execução e o orçamentado: um desvio negativo significa que a execução da despesa ficou abaixo do previsto no orçamento, sendo portanto um desvio favorável.

26 A despesa corrente primária ficou acima da prevista no OE inicial, explicada em grande medida pela suborçamentação da despesa com o pessoal e pela cobertura das necessidades de financiamento de alguns serviços e fundos autónomos. A despesa corrente primária registou um desvio desfavorável de 322,9 M€ face ao OE inicial, o que resulta de efeitos de sentido contrário, sendo de destacar:

A dimensão dos desvios desfavoráveis registados na despesa com pessoal (676,4 M€)9 e nas transferências correntes (513,6 M€), que poderá evidenciar uma suborçamentação da despesa suportada por estes agrupamentos. Em particular, as transferências correntes para a administração central registaram um desvio desfavorável de 578 M€ face ao OE inicial;10

9 Ao nível das despesas com o pessoal foram efetuados reforços orçamentais para acorrer a necessidades de financiamento adicionais, nomeadamente para assegurar o pagamento de encargos às forças e serviços de segurança, aos militares dos ramos das forças armadas e aos docentes do ensino não superior. 10 Relativamente ao agrupamento de despesa “transferências correntes para a administração central” há que realçar as seguintes alterações orçamentais:

A inscrição de uma verba de 312,3 M€ para o IGFIJ, I.P., para compensação da perda de receitas [próprias] de taxas de justiça, desta forma substituídas por receitas gerais do Estado;

OE-Inicial OE-Final M€ %PIB M€ p.p. PIB M€ p.p. PIB(1) (2) (3) (4) (5)=(1)-(3) (6) (7)=(2)-(3) (8)

Despesa Primária 43 505,3 44 035,4 42 687,1 25,0 -818,2 -0,5 -1 348,3 -0,8

Despesas Corrente Primária 39 212,9 40 506,0 39 535,8 23,1 322,9 0,2 -970,2 -0,6Despesa com pessoal 9 617,1 10 435,0 10 293,5 6,0 676,4 0,4 -141,5 -0,1Aquisição de bens e serviços 1 983,1 2 157,1 1 817,4 1,1 -165,7 -0,1 -339,7 -0,2Transferências Correntes 25 774,7 26 533,0 26 288,3 15,4 513,6 0,3 -244,7 -0,1Subsídios 622,7 618,9 601,6 0,4 -21,2 0,0 -17,3 0,0Outras despesas correntes 1 215,3 762,1 535,1 0,3 -680,2 -0,4 -227,0 -0,1

Despesas de Capital 4 292,4 3 529,4 3 151,3 1,8 -1 141,1 -0,7 -378,1 -0,2Aquisição de Bens de capital 672,5 695,9 432,0 0,3 -240,5 -0,1 -263,9 -0,2Transferências de capital 3 553,6 2 816,0 2 705,7 1,6 -847,9 -0,5 -110,3 -0,1Outras despesas de capital 66,3 17,6 13,6 0,0 -52,7 0,0 -4,0 0,0

Juros e outros encargos 6 300,6 6 373,6 6 039,2 3,5 -261,4 -0,2 -334,4 -0,2

Despesa Efetiva 49 805,9 50 409,0 48 726,3 28,5 -1 079,6 -0,6 -1 682,7 -1,0

Orçamento do Estado (M€)

Execução Orçamental

Desvio Face ao OE-Inicial

Desvio Face ao OE-Final

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

175

Página 176

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Em sentido oposto registaram-se desvios favoráveis face ao OE inicial nas “outras despesas correntes” (-680,2 M€) e na “aquisição de bens e serviços” (-165,7 M€).

Gráfico 7 – Desvio orçamental dos principais agregados da despesa efetiva (em pontos percentuais do PIB)

Gráfico 8 – Desvio orçamental dos principais agrupamentos da despesa efetiva

(em pontos percentuais do PIB)

Fonte: Ministério das Finanças, INE e cálculos da UTAO. | Nota: os desvios são calculados como a diferença entre a execução e o orçamentado: um desvio negativo significa que a execução da despesa ficou abaixo do previsto no orçamento, sendo portanto um desvio favorável.

27 As alterações orçamentais aprovadas durante o ano permitiram que os desvios apurados face ao OE final fossem mais favoráveis. Com exceção da despesa com subsídios (cuja dotação praticamente se manteve) e das “outras despesas correntes” (que viram a sua dotação reduzida em 453,2 M€), as dotações iniciais dos restantes agrupamentos de despesa foram revistas em alta ao longo do ano. Assim, registaram-se as seguintes alterações orçamentais: +817,9 M€ nas despesas com o pessoal, +758,3 M€ nas transferências correntes e +174 M€ na despesa com a “aquisição de bens e serviços”. No seu conjunto, estas alterações orçamentais consubstanciaram um aumento das dotações de despesa corrente primária no valor de 1293,1 M€, o que permitiu que o desvio desfavorável deste agregado face ao OE inicial (322,9 M€) tenha passado a ser favorável face ao OE final (-970,2 M€). Situação semelhante ocorreu na despesa com pessoal (cujo desvio passou a ser favorável de -141,5 M€ face ao OE final) e das “transferências correntes” (desvio favorável de -244,7 M€ face ao OE final). O acréscimo da dotação para “aquisição de bens e serviços” (+174 M€) não terá servido para suportar um nível de despesa superior ao inicialmente previsto, pelo que se verificou um aumento do desvio favorável registado por este agregado (de -165,7 M€ face ao OE inicial para -339,7 M€ face ao

A transferência adicional de 172,6 M€ para a CGA, para compensação da perda de receitas próprias, na sequência do decréscimo da receita proveniente das contribuições das entidades patronais para a CGA, devido às reduções remuneratórias aplicadas aos trabalhadores do setor público e a uma diminuição, acima do previsto, do número de subscritores por efeito de um maior número de aposentações;

O reforço, em 150 M€, da verba a transferir para a ACSS, I.P., no âmbito do processo de regularização de dívidas do subsistema de saúde ao SNS.

-0,15

-0,7

0,2

-0,5

-0,6

-0,20

-0,2

-0,6

-0,8

-1,0

-1,20 -1,00 -0,80 -0,60 -0,40 -0,20 0,00 0,20

Juros

Despesa Capital

Despesa Corrente Primária

Despesa Primária

Despesa Efectiva

Desvio face ao OE-Final Desvio face ao OE-Inicial

-0,5

-0,14

-0,4

0,3

-0,1

0,4

-0,1

-0,15

-0,1

-0,1

-0,2

-0,1

-0,6 -0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Transferências de Capital

Aquisição de Bens de Capital

Outras Despesas Correntes

Transferências Correntes

Aquisição de Bens e Serviços

Despesa c/ Pessoal

Desvio face ao OE-Final Desvio face ao OE-Inicial

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

176

Página 177

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

OE final). Mais adiante, as alterações orçamentais serão objeto de análise numa secção própria deste parecer.

28 A despesa com juros e outros encargos situou-se abaixo da previsão do OE inicial, contribuindo para o desvio favorável da despesa efetiva. Embora a dotação afeta a “juros e outros encargos” tenha sido reforçada em 73 M€ (72 M€ através do orçamento retificativo e 1 M€ por via da “gestão flexível”), a execução deste agrupamento ficou aquém da previsão inicial (-261,4 M€ face ao OE inicial e -334,4 M€ face ao OE final). É de salientar que a Lei do OE/2011, em linha com o que mais tarde veio a ser aprovado em sede da 5.ª alteração à LEO, permitiu que: i) a despesa decorrente de operações de derivados financeiros fosse deduzida às receitas obtidas com as mesmas operações; ii) a receita de juros resultantes de operações associadas à emissão e gestão da dívida pública direta do Estado e/ou à gestão da tesouraria do Estado fossem abatidos às despesas com a mesma natureza; iii) a receita de juros obtidos com operações associadas à aplicação dos excedentes de tesouraria do Estado e a adiantamentos de tesouraria fosse abatida às despesas com juros da dívida pública direta do Estado. Estas disposições constituem uma limitação à análise a qual foi assinalada pela UTAO no Parecer Técnico n.º 1/2011, uma vez que os juros e outros encargos da dívida pública, assim apurados, podem resultar inferiores aos efetivamente suportados com a dívida direta do Estado.11 A este respeito na CGE/2011 é referido o seguinte:

“…O nível de execução da despesa com juros e outros encargos da dívida pública resulta do aumento dos juros recebidos das aplicações resultante de excedentes de tesouraria mais elevados do que o antecipado e da redução dos encargos com comissões devidas no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira, em resultado da substituição dos empréstimos do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) por empréstimos no âmbito do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEEF), em setembro e outubro, e do adiamento de empréstimos do FEEF e do MEEF de dezembro para janeiro de 2012”. (Cfr. Pág. 92 da CGE/2011).

29 A despesa de capital justificou uma parte significativa do desvio favorável da despesa efetiva face ao OE inicial. A despesa de capital registou uma execução abaixo do previsto no OE/2011, situando-se em 3151,3 M€, menos 1141,1 M€ que o previsto inicialmente (desvio favorável de 0,7 p.p. do PIB). Este resultado encontra-se influenciado pelo facto da dotação prevista para o pagamento de material militar no OE/2011 (inscrita no agrupamento “transferências de capital”, no valor de 1001 M€) não ter sido utilizada, em virtude daquele pagamento ter afetado o exercício orçamental de 2010.12 Face ao OE/2011 final (o qual incorpora as alterações orçamentais, analisadas em secção própria deste parecer), em que a dotação orçamental destinada ao pagamento do material militar já se encontra corrigida, o desvio favorável da despesa de capital diminuiu substancialmente para cerca de -378,1 M€ (-0,2 p.p. do PIB).

11 Parecer Técnico n.º 1 de 2011 de 11 de janeiro de 2011: Análise Técnica da PPL n.º 47/XI/2.ª, Procede à quinta alteração à Lei de Enquadramento Orçamental, aprovada pela Lei n.º 91/2001, de 20 de Agosto; página 3. 12 A concretização deste pagamento veio a ocorrer em dezembro de 2010, já após a aprovação do OE/2011.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

177

Página 178

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

30 As alterações orçamentais efetuadas ao nível das transferências de capital traduziram-se numa diminuição da dotação inicial em virtude da antecipação do pagamento do material militar. No orçamento final de 2011,a dotação prevista para transferências de capital ascendeu a 2816 M€, um valor inferior em 737,6 M€ ao valor constante do OE inicial (3553,6 M€). Este valor reflete dois efeitos de sinal contrário:

A reafectação da verba inicialmente prevista no OE para regularização das responsabilidades financeiras pela entrega de equipamento militar (1000 M€), para o reforço de ativos financeiros (empréstimos de curto prazo a empresas do SEE);

O reforço das verbas destinadas à regularização de responsabilidades financeiras com as concessões rodoviárias, no valor de 263,5 M€.

O desvio favorável registado ao nível das transferências de capital cifrou-se em -110,3 M€, face ao OE final, para o qual contribuiu também a execução orçamental, abaixo do previsto, das transferências de capital para a administração central (-83,6 M€).

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

178

Página 179

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Caixa 2 – Eficácia do instrumento das cativações

O instrumento das cativações tem sido utilizado de forma recorrente no âmbito do controlo orçamental. Todavia a gestão deste instrumento tem demonstrado uma limitada eficácia no controlo efetivo da despesa pública, contribuindo na maior parte dos casos para um aumento da mesma. Regra geral, a elevada taxa de libertação de cativos tem dificultado o objetivo de contenção da despesa pública. A indisponibilização no relatório da CGE de informação mais desagregada relativa ao montante de cativos iniciais subjacente à previsão orçamental tem limitado o âmbito de análise do grau de eficácia deste instrumento, só possível através da solicitação de informação adicional. A aplicação de cativos incidiu sobretudo nos agrupamentos de despesa corrente primária. Em 2011, o montante de cativos iniciais ascendeu a 675,3 M€, dos quais 584,4 M€ foram aplicados nos agrupamentos de despesa corrente primária. A maior parte daqueles cativos incidiu ao nível das “Outras despesas correntes”, justificadas na totalidade pela “reserva orçamental” prevista no OE/2011.

Quase 2/3 do total de cativos inicialmente previstos foi objeto de libertação. No exercício orçamental de 2011 registou-se uma percentagem de descativações de 63,9%, mais 18,3 p.p. que em 2010. Com efeito, a libertação das verbas cativadas (retenção de uma percentagem das dotações orçamentais) contribuiu em 2011 para elevar a despesa pública em 431,8 M€. Os agrupamentos de despesa onde ocorreram mais descativações foram, uma vez mais, os agrupamentos de despesa corrente primária (cerca de 90%), com particular destaque para as “Outras despesas correntes” (Refletindo a reafectação de verbas da “reserva orçamental” para reforço das necessidades de financiamento de outros agrupamentos de despesa, assegurando, ainda assim, uma poupança de 50 M€).

Gráfico 9 – Impacte dos Cativos (em milhões de euros)

Gráfico 10 – Descativações por ministérios e fonte de origem (em milhões de euros)

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO | Nota: taxa de descativações, ou taxa de libertação de cativos.

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO.

Três ministérios absorveram aproximadamente 75% das descativações ocorridas em 2011. Os ministérios da Educação e Ciência (MEC), Defesa Nacional (MDN) e Administração Interna (MAI) foram aqueles que mais beneficiaram das descativações. Mais de metade do aumento daquelas dotações resultou da descativação de verbas provenientes da “reserva orçamental” para fazer face às necessidades de reforço de rubricas de despesas com pessoal de diversos ministérios. A libertação de cativos ao nível da aquisição de bens e serviços, assim como ao nível do capítulo 50 – Investimentos do Plano prestaram-se a suprir necessidades de financiamento em remunerações certas e permanentes do MDN e a reforçar diversas rúbricas de despesa com pessoal no MAI, com particular destaque para a PSP e GNR.

1. Despesa Corrente Primária (das quais) 584,4 195,8 388,6 66,5%

Aquis ição bens e serviços corr. 155,6 75,6 80,0 51,4%Transferências correntes (das quais) 134,1 67,3 66,9 49,9%

Adminis trações Públ icas 128,8 61,1 67,8 52,6%

Outra despesa corrente 294,3 50,0 244,3 83,0%

2. Despesa de Capital 90,8 47,6 43,2 47,5%

Aquis ição de Bens de Capita l 24,0 15,5 8,5 35,5%Transferências de Capita l (das quais) 66,8 32,2 34,6 51,8%

Adminis trações Públ icas 60,7 26,4 34,3 56,5%

Outra despesa de capi ta l 0,0 0,0 0,0 0,0%

3. Despesa Primária (1+2) 675,2 243,4 431,8 63,9%

4. Juros e outros encargos 0,1 0,0 0,1 100,0%

5. Despesa Efectiva (3+4) 675,3 243,4 431,8 63,9%

Análise por Classificação Económica Cativos Fina is

(2)

Cativos Inicia is

(1)

Descati -vações (3)=(1)-

(2)

Tx descati -vações

(4)=(3)/(1)197

74

4725 20

69

0

50

100

150

200

250

MEC MDN MAI MJ MAMAOT Outros

Reserva Aq. Bens e Serviços Capítulo 50 Descativações

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

179

Página 180

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Em termos de classificação funcional, o montante de cativos finais aplicados à despesa do Estado relacionada com funções gerais de soberania representou menos de 1/3 do total cativado no ano anterior. No ano de 2011, o total de cativos finais aplicados à despesa do Estado ascendeu a 243 M€, menos 419 M€ do que em 2010.1 Esta diminuição foi mais significativa no âmbito das funções gerais de soberania (-249 M€), particularmente na subfunção “Defesa nacional” (-178 M€), no âmbito da qual foram autorizadas descativações para colmatar necessidades de financiamento em remunerações certas e permanentes em 2011. Saliente-se também o decréscimo de cativações sobre a despesa com funções económicas (-170 M€), nomeadamente nas “outras funções económicas” (-108 M€).

Tabela 8 – Cativos finais sobre a despesa do Estado, por classificação funcional (em milhões de euros)

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. | Nota: não se encontram disponíveis dados sobre os cativos iniciais por classificação funcional.

Nos últimos três anos, a taxa média de descativação foi superior a 50%. A partir de 2009, a taxa média de descativações foi de 53%. Esta contrasta com a verificada entre 2006 a 2008, anos em que a taxa média de descativação foi de 21%. Com efeito, no triénio 2009-2011 a libertação de cativos originou um aumento da despesa de 1341 M€, comparativamente com os 244 M€ registados no triénio anterior. Para esta diferença contribuiu o facto de, em 2010, os cativos subjacentes à proposta de orçamento (1217 M€) terem sido especialmente elevados. A esta circunstância não terá sido alheia a tentativa de fixar um objetivo mais restritivo para a despesa daquele ano, recorrendo-se ao instrumento das cativações.

Gráfico 11 – Evolução dos cativos finais (em milhões de euros)

Gráfico 12 – Impacte das descativações na despesa (em milhões de euros e em percentagem)

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. 1 Caso a eficácia deste instrumento de gestão orçamental tivesse melhorado, a diminuição da despesa efetiva do Estado poderia ter sido mais acentuada em 2011.

Designação 2010 2011 Var. homóloga

Funções gerais de soberania 352 103 -249Serviços gerais da Administração Pública 113 53 -60Defesa nacional 185 7 -178Segurança e ordem públicas 53 43 -10

Funções sociais 82 82 0Educação 11 30 19Saúde 17 15 -2Segurança e acção sociais 4 4 0Habitação e serviços coletivos 36 17 -19Serviços culturais, recreativos e religiosos 14 17 2

Funções económicas 228 59 -170Agricultura e pecuária, si lvicultura, caça e pesca 59 27 -32Indústria e energia 0 0 0Transportes e comunicações 44 14 -30Comércio e turismo 0 0 0Outras funções económicas 126 18 -108

Despesa efetiva 662 243 -419por memória: Taxa de utilização de cativos 46% 64%

450,8

233,7276,5 269,8

822,9

243,4

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

800,0

900,0

2006 2007 2008 2009 2010 2011Desp. Corrente Desp. CapitalDesp. Activos Financ. Despesa

389

234276

270

662

243294

19

-70

354

555

432

-40,0

-20,0

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

-200

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

2006 2007 2008 2009 2010 2011

cativos finais aumento desp. efetiva Taxa de descativação

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

180

Página 181

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

III.2.3.2 Efetiva, por classificação funcional13

31 A despesa executada em funções sociais registou uma forte diminuição face a anos anteriores. Em 2011, a despesa com funções sociais ascendeu a 28 862 M€,14 tendo diminuído 1981 M€ face a 2010. Trata-se de uma redução considerável, atendendo a que a despesa desta natureza vinha estabilizando em torno de valores superiores a 30 mil M€, tendo inclusivamente aumentado ligeiramente de 2009 para 2010.15 Refira-se que o decréscimo da despesa realizada no âmbito das funções gerais de soberania (-1046 M€) encontra-se influenciado pelo efeito de base decorrente da aquisição de material militar em 2010 (1001 M€). Em sentido contrário, salienta-se sobretudo o acréscimo das “outras funções” (+838 M€), relacionado com as despesas com operações da dívida pública (+1068 M€), cujo peso na despesa efetiva do Estado passou de 9,8%, em 2010, para 12,4% em 2011.

Gráfico 13 – Evolução da despesa do Estado por funções entre 2009-2011 (em milhões de euros)

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. | Notas: i) não inclui ativos e passivos financeiros, nem a transferência para o FRDP; ii) no ano de 2010, a despesa com funções gerais de soberania encontra-se influenciada pela aquisição de material militar (1001 M€).

13 No seu Parecer sobre a CGE/2011, o Tribunal de Contas recomenda a atualização da classificação funcional da despesa, referindo o seguinte: “Na estruturação da despesa, as designações das medidas correspondem à classificação funcional, tornando-se esta informação redundante. A atual classificação funcional da despesa já não cumpre o objetivo das comparações internacionais, encontrando-se desajustada da classificação das funções das administrações públicas aprovada pela ONU em 2000 e adotada no SEC 95 em 2002”. 14 Cerca de 59,2% da despesa efetiva do Estado (excluindo a transferência para o Fundo de Regularização da Dívida Pública). 15 A diminuição da despesa com funções sociais ocorreu sobretudo nas subfunções “Educação”, “Saúde” e “Segurança e ações sociais”. Em 2011, as despesas do Estado com Educação e Saúde representaram 4,6% e 5,4% do PIB, respetivamente (em 2009 e 2010, aquelas despesas tinham representado 5% e 5,7% do PIB, respetivamente). Por outro lado, a despesa com a subfunção “Segurança e ações sociais” representou 23,1% da despesa efetiva do Estado em 2011 (23,4% em 2010).

7 0768 268

7 223

30 304 30 843 28 862

9 756 9 866 10 704

48 77350 565

48 726

0

10 000

20 000

30 000

40 000

50 000

60 000

70 000

2009 2010 2011

Funções gerais de soberania Funções sociaisFunções económicas Outras funçõesDespesa efetiva

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

181

Página 182

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Tabela 9 – Despesa do Estado por classificação funcional: desvios face ao OE/2011

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. | Nota: O desvio é calculado por diferença entre a execução e o orçamentado.

32 A despesa executada em 2011 reflete elevados desvios favoráveis, tanto face à previsão inicial como relativamente ao OE final. No exercício de 2011, a despesa efetiva do Estado ascendeu a 48 726 M€, o equivalente a 28,5% do PIB. Aquele montante ficou 1080 M€ abaixo do orçamentado no OE/2011, devido aos fatores pontuais/específicos referidos no parágrafo seguinte. Note-se que este desvio poderia ter sido mais favorável caso, em 2011, a taxa de utilização de cativos não tivesse sido mais elevada do que em anos anteriores (ver Tabela 9 da Caixa 2). O desvio apurado é ainda maior (-1683 M€) quando se toma como referência o OE final, ou seja, a dotação corrigida com as alterações orçamentais (reforços e anulações) aprovadas ao longo daquele exercício.

33 Face ao OE inicial, os principais desvios ocorreram nas “outras funções” e nas “funções gerais de soberania”, devido a fatores pontuais/específicos. Com efeito, cada uma daquelas subfunções registou um desvio superior a 660 M€. No caso das funções gerais de soberania, o desvio é explicado pelo facto da dotação destinada à regularização de responsabilidades relacionadas com a aquisição de material militar (1000 M€) não ter sido executada, uma vez que o respetivo pagamento ocorreu em dezembro de 2010. Por esse motivo, a despesa com a subfunção “Defesa nacional” ficou bastante abaixo do que se encontrava inicialmente previsto (-955 M€, -0,6% do PIB). Refira-se que esse desvio favorável foi atenuado pelo facto da despesa com “segurança e ordem públicas” ter excedido a previsão inicial em 436 M€. No caso das “outras funções”, o desvio é explicado sobretudo pela utilização da dotação provisional: no OE inicial aquela dotação ascendia a 400 M€ e encontrava-se integralmente afeta à subfunção “diversas não especificadas”, tendo posteriormente sido anulada por contrapartida de outras funções que ao longo do ano vieram a necessitar de reforço, com destaque para as funções gerais de soberania. Refira-se, ainda, que a poupança de juros e outros

OE-inicial (M€)

OE-final (M€) M€

Estrutura % % do PIB M€ M€

Funções gerais de soberania 7 884 7 786 7 223 14,8 4,2 -661 -563Serv. gerais da Adm. Pública 1 894 1 979 1 752 3,6 1,0 -142 -227Defesa Nacional 2 899 2 081 1 944 4,0 1,1 -955 -137Segurança e ordem públicas 3 091 3 726 3 527 7,2 2,1 436 -199

Funções sociais 28 778 29 439 28 862 59,2 16,9 84 -577Educação 7 888 8 223 7 879 16,2 4,6 -9 -344Saúde 9 048 9 258 9 172 18,8 5,4 124 -86Segurança e acções Social 11 079 11 251 11 233 23,1 6,6 155 -18Habitação e serviços colectivos 404 345 260 0,5 0,2 -144 -85Serv. culturais, recreat. e religiosos 360 362 319 0,7 0,2 -42 -44

Funções económicas 1 775 2 135 1 938 4,0 1,1 163 -197Agricult. e pec., si lvicult.,caça e pesca 514 554 474 1,0 0,3 -40 -80Indústria e energia 0 0 0 0,0 0,0 0 0Transportes e comunicações 1 002 1 318 1 269 2,6 0,7 267 -50Outras funções económicas 259 263 195 0,4 0,1 -64 -670 0

Outras funções 11 369 11 049 10 704 22,0 6,3 -665 -345Operações da dívida pública 6 300 6 372 6 038 12,4 3,5 -262 -334Transferências entre AP 4 669 4 676 4 666 9,6 2,7 -3 -10Diversas não especificadas 400 1 0 0,0 0,0 -400 -1

Despesa efetiva 49 806 50 409 48 726 100,0 28,5 -1 080 -1 683

OE/2011Desvio face ao

OE-inicial

Desvio face ao OE-final

Execução Orçamental

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

182

Página 183

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

encargos implicou que a despesa com “operações da dívida pública” se tenha situado 262 M€ abaixo do previsto inicialmente.

34 Face ao OE final, o maior desvio (favorável) ocorreu nas funções sociais, designadamente no âmbito da Educação.16 A despesa executada com funções sociais ascendeu a 28862 M€, menos 577 M€ do que o previsto no OE final. Em particular, a subfunção “Educação” situou-se 344 M€ abaixo da dotação corrigida, tendo ascendido a um montante sensivelmente igual ao aprovado no OE inicial. A justificação prende-se sobretudo com os estabelecimentos de ensino não superior, que apresentaram um desvio favorável de 246 M€, dos quais cerca de 160 M€ na rubrica “Outras despesas correntes – outras” das escolas básicas e secundárias.17 De acordo com o relatório da CGE/2011, aquelas escolas beneficiaram de créditos especiais no valor de 232 M€, relacionados com a “integração de receita proveniente do Fundo Social Europeu para pagamento a pessoal contratado e outras despesas no âmbito de projetos elegíveis”.

35 As funções gerais de soberania e as “outras funções” também apresentaram desvios favoráveis face ao OE final. No caso das funções gerais de soberania o desvio ascendeu a563 M€, dos quais 227 M€ no âmbito dos serviços gerais da administração pública, 125 M€ nas forças armadas e 93 M€ nas forças de segurança. Saliente-se, ainda, o desvio favorável registado nas “outras funções”: 345 M€, dos quais 334 M€ nas “operações da dívida pública”. Note-se que o desvio da despesa com aquelas operações é superior (em 72 M€) ao que se apura por comparação com o OE inicial.18 De acordo com a DGO, este desvio ter-se-á ficado a dever a juros recebidos de aplicações resultantes de excedentes de tesouraria, num montante mais elevado do que o antecipado.19

III.2.3.3 Alterações orçamentais

36 Em 2011, as alterações orçamentais realizadas no âmbito do subsetor Estado incidiram sobretudo no reforço de dotações de despesa sem impacte no saldo global. As alterações orçamentais decorrentes da aplicação da 1.ª e 2.ª alteração à Lei do OE/2011 permitiram um aumento da despesa com ativos financeiros de 11 053,4M€.20 Com efeito, a cobertura das necessidades de financiamento de entidades do Setor Empresarial do Estado (8200 M€), bem como a necessidade de proceder à recapitalização do sistema bancário (2853,8 M€), no âmbito da Iniciativa de Reforço da Solidez Financeira das Instituições de Crédito explicaram aproximadamente 87% do total das alterações orçamentais ocorridas no total da despesa (efetiva e não efetiva) do Estado. Em menor grau, as alterações orçamentais decorrentes do âmbito da gestão flexível, equivalentes a 1000 M€ resultaram em grande medida da reafectação orçamental da verba prevista para a aquisição de material militar, a qual veio a ser aplicada em empréstimos de curto prazo a entidades públicas, ainda

16 Refira-se que o OE final já não inclui a referida dotação para aquisição de material militar. 17 Note-se que o parecer do Tribunal de Contas sobre a CGE/2010 chamava a atenção para o facto das escolas secundárias e básicas registarem valores significativos naquela rubrica de carácter residual, “indiciando uma insuficiente especificação das despesas”. 18 Porque a dotação de “juros e outros encargos” do Estado foi reforçada em 72 M€, no âmbito da 2.ª alteração ao OE/2011. 19 A compensação entre a receita e a despesa com os juros da dívida pública dificulta a análise da execução orçamental, tal como referido no parágrafo n.º 28 do presente Parecer. 20 Este reforço foi integralmente suportado pelo aumento de receita proveniente dos passivos financeiros.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

183

Página 184

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

no 1.º semestre.21 Destaque ainda para a “abertura de créditos especiais”, cujos reforços, no montante de 551 M€, derivaram de acréscimos de receita própria face à inscrita no orçamento inicial, bem como da integração de saldos de gerência anterior.22

Tabela 10 – Alterações orçamentais em 2011 por classificação económica (em milhões de euros)

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO.

37 O reforço da dotação de ativos financeiros destinou-se sobretudo a dar cobertura às necessidades de financiamento de entidades do Setor Empresarial do Estado. O aumento da perceção de risco em torno da dívida da República Portuguesa, e a consequente dificuldade de financiamento das empresas do SEE ao longo do 1.º semestre de 2011, motivou, a partir do 2.º trimestre do ano, o reforço da dotação de empréstimos de curto prazo, através do recurso à gestão flexível. Numa primeira fase, procedeu-se à reafectação de verbas provenientes da dotação de empréstimos de médio e longo prazo (607,5 M€), assim como da verba que se encontrava prevista para a aquisição de material militar (1000 M€).23 Com a aprovação da 2.ª alteração à Lei do OE/2011,

21 Estes financiamentos destinados a apoio de tesouraria vieram a ser reembolsados por aquelas entidades no final do ano. 22 Trata-se de reforços na despesa com contrapartida em acréscimo de receita. 23 Esta verba inscrita no agrupamento de despesa relativo a “transferências de capital para outras sociedades não financeiras” (despesa efetiva) foi objeto de alteração orçamental por via da gestão flexível. Tal alteração resultou na anulação de verbas

Classificação EconómicaCréditos Especiais

(2)

Dotação provisional

(3)

Alterações do Orçam.

Retificativo (4)

Outras (Gestão flexível)

(5)

Total (6) =(2)+..+(5)

Despesa Primária 43 505,3 551,1 0,0 979,8 -1 000,7 530,2 44 035,5Despesas Corrente Primária 39 212,9 477,2 0,0 704,7 111,2 1 293,1 40 506,1

Despesa com pessoal 9 617,1 82,4 328,6 - 406,9 818,0 10 435,0Aquisição de bens e serviços 1 983,1 90,6 59,5 - 23,9 174,1 2 157,1Transferências Correntes (da qual) 25 774,7 70,4 352,5 322,6 12,7 758,2 26 533,0

Administração Central 14 256,8 29,7 324,4 322,6 9,0 685,7 14 942,4Administração Local 1 900,8 1,1 10,0 - -3,5 7,6 1 908,3

Subsídios 622,7 0,0 0,0 5,1 -9,0 -3,9 618,8Outras despesas corr. 1 215,3 233,8 -740,7 377,0 -323,4 -453,3 762,1

Despesas de Capital 4 292,4 73,9 0,0 275,1 -1 111,9 -762,9 3 529,4Aquisição de Bens de capital 672,5 70,2 0,4 - -47,2 23,3 695,9Transferências Capital (da qual) 3 553,6 3,4 23,5 275,1 -1 039,6 -737,6 2 816,0

Administração Central 470,8 1,0 23,5 - -29,4 -4,9 465,8Administração Local 785,0 1,2 - - -11,8 -10,6 774,4

Outras despesas de capital 66,3 0,3 -23,9 - -25,1 -48,7 17,6

Juros e outros encargos 6 300,6 0,1 0,0 72,0 0,9 73,0 6 373,5

Despesa Efetiva 49 805,9 551,2 0,0 1 051,8 -999,9 603,1 50 409,0Ativos financeiros 11 060,1 0,0 0,0 11 053,4 999,9 12 053,3 23 113,4

Empréstimos a curto prazo 225,0 446,5 999,9 1 446,4 1 671,4Empréstimos a médio e longo prazo 1 535,3 4 611,5 4 611,5 6 146,7Ações e outras participações 700,0 3 100,0 3 100,0 3 800,0Outros ativos financeiros 8 599,8 2 895,4 2 895,4 11 495,2

Passivos financeiros 115 000,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 115 000,0Títulos a curto prazo 100 499,0 -340,0 -340,0 100 159,0Títulos a médio e longo prazo 14 501,0 340,0 340,0 14 841,0Outros passivos financeiros 0,0 0,0 0,0

Despesa não Efetiva 126 060,1 0,0 0,0 11 053,4 999,9 12 053,3 138 113,4Transf. de capital para o FRDP 1 870,0 0,0 1 870,0

Despesa Total 175 866,0 551,2 0,0 12 105,2 0,0 12 656,4 190 392,4

Orçamento Inicial

(1)

Alterações Orçamentais Orçamento

Final (7)=(1)+(6)

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

184

Página 185

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

reforçaram-se as dotações para apoio financeiro de entidades do SEE. As entidades públicas que relevam para o perímetro de consolidação das contas nacionais absorveram a totalidade deste novo reforço orçamental (8200 M€), do qual pouco menos de 2/3 (5200 M€) prestou-se à substituição de crédito bancário por financiamento do Estado.

38 Apesar de ter sido aprovado o reforço da dotação para pagamento de dívidas do BPN à CGD (3000 M€) no âmbito da 2.ª alteração ao OE/2011, este não se veio a concretizar em 2011. Contrariamente ao que se encontrava refletido na execução orçamental provisória do mês de dezembro, que apontava para a utilização integral do reforço da dotação de despesa com ativos financeiros (8200 M€) aprovada na 2.ª alteração à lei do OE/2011, a Conta Geral do Estado reflete apenas uma concretização parcial daquele valor (5200 M€). Esta diferença decorreu do facto da dotação de 3000 M€ prevista para a recapitalização do BPN não ter sido executada em 2011.24 Fora do âmbito da 2.ª alteração ao OE/2011, salienta-se a injeção de capital no BPN (600 M€) e a execução da garantia concedida pelo Estado às sociedades veículos criadas no âmbito da reestruturação do BPN (148 M€).

39 As alterações orçamentais com impacte no saldo traduziram-se num aumento global da despesa efetiva de 603 M€. A aprovação da 2.ª alteração à lei do OE/2011 implicou um acréscimo de despesa no montante de 1051 M€, destinado na sua quase totalidade (93%): (i) ao reforço da dotação provisional (377 M€), (ii) à cobertura das necessidades de financiamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e da Caixa Geral de Aposentações (CGA), num total de 323 M€ e (iii) à regularização de responsabilidades financeiras no âmbito das concessões rodoviárias (275M€). Por outro lado, a abertura de créditos especiais implicou um aumento da despesa em 551 M€, o qual decorreu sobretudo da integração de saldos de gerência anterior e, em menor escala, do acréscimo de cobrança de receita própria face à inscrita no OE/2011. Por fim, as alterações orçamentais no âmbito da gestão flexível visaram sobretudo reforçar o apoio financeiro do Estado a empresas do setor empresarial do Estado, por contrapartida de uma redução da despesa efetiva de 1000 M€.

inscritas naquele agrupamento de despesa por contrapartida do reforço da dotação orçamental de ativos financeiros -empréstimos de curto prazo para entidades públicas (despesa não efetiva). 24 De acordo com os esclarecimentos solicitados à DGO e obtida por esta junto da DGTF, a operação não se concretizou pelo facto não terem sido preenchidos todos os requisitos necessários à concessão do referido empréstimo. Sobre esta questão, o parecer do Tribunal de Contas à CGE/2011 acrescenta que, no âmbito do contraditório, o IGCP esclareceu que a “Amortização de dívidas da PARUPS e PARVALOREM num montante de EUR 3 mil milhões (a despesa chegou a ser contabilizada pela DGO em 31/12/2011, mas foi depois estornada até 15/02/2012” [não se concretizou] “ porque se acordou com a missão da EU/FMI adiar esses pagamentos)”

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

185

Página 186

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Tabela 11 – Alterações orçamentais por classificação orgânica em 2011 (em milhões de euros)

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO.

40 Em 2011, os reforços orçamentais decorrentes da utilização da dotação provisional ascenderam a 776 M€. Partedesta verba teve contrapartida no reforço da dotação provisional aprovado na 2.ª alteração à lei do OE/2011 (377M€).25 A necessidade de reforço das dotações orçamentais concentrou-se, sobretudo, ao nível dos agrupamentos de despesa com pessoal e transferências correntes (muito em particular, as relativas à administração central). Com efeito, a cobertura dos encargos com remunerações das forças de segurança (PSP e GNR) e do Ministério da Educação e Ciência, a par do cumprimento de responsabilidades com pessoal nos três ramos das Forças Armadas (Marinha, Exercito e Força Aérea) terão justificado pouco mais de 2/5 do total da utilização da dotação provisional. O reforço das transferências para a administração central prendeu-se com as necessidades de financiamento do sistema judicial e destinou-se à cobertura de despesas de funcionamento, nomeadamente para liquidação de encargos com mais de 90 dias.26 Em menor escala, destaca-se o reforço orçamental do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, I.P. (IFAP) para cumprimento de compromissos financeiros no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER), relativos ao financiamento nacional e o pagamento de bolsas de estudo do ensino secundário e encargos relativos ao ensino superior.

25 A dotação provisional prevista no OE/2011 foi de 400 M€, a qual se encontrava refletida nos agrupamentos de “Outra despesa corrente” (350M€) e “Outra despesa de capital” (50M€). 26 Ao Instituto de Gestão Financeira e de Infraestruturas da Justiça, I.P.

Classificação Orgânica Créditos Especiais

(2)

Dotação provisional

(3)

Alterações do Orçam.

Retificativo (4)

Outras (Gestão flexível)

(5)

Total (6) =(2)+..+(5)

Encargos Gerais do Estado 3 028,9 5,9 - - 0,0 5,9 3 034,8Presidência de Conselho de Ministros 397,8 3,7 4,0 - -0,2 7,5 405,3Finanças e Administração Pública 16 482,9 51,1 -750,6 901,8 -1 000,1 -797,8 15 685,1Negócios Estrangeiros 363,4 20,9 - - -2,2 18,7 382,1Defesa Nacional 2 068,1 82,2 95,3 - -3,6 173,9 2 242,1Administração Interna 1 822,9 69,8 239,1 - 2,8 311,7 2 134,6Justiça 1 346,3 53,9 312,3 - 0,0 366,2 1 712,6Economia e Emprego 349,2 4,2 - - 0,0 4,2 353,4Agricultura, Mar, Amb. e Orden. Território 727,6 7,2 23,5 - 3,4 34,1 761,7Saúde 8 249,8 5,1 - 150,0 0,0 155,1 8 404,9Educação e Ciência 8 203,5 245,9 76,4 - 0,0 322,3 8 525,9Solidariedade e Segurança Social 6 765,4 1,2 - - 0,0 1,2 6 766,6

Despesa efetiva 49 805,8 551,2 0,0 1 051,8 -999,9 603,1 50 409,0

Alterações Orçamentais Orçamento

Inicial (1)

Orçamento Final

(7)=(1)+(6)

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

186

Página 187

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Caixa 3 – Impacte orçamental da 1.ª e da 2.ª alteração à lei do OE/2012

No quadro da execução orçamental de 2011, os desenvolvimentos orçamentais ocorridos na primeira metade do ano e a necessidade de cumprimento das medidas relativas ao reforço e estabilidade financeira do setor bancário constantes no Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica (MoU), obrigaram à apresentação de duas alterações à Lei do Orçamento de Estado para 2011 (Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro). Com impacte significativo no total da despesa (efetiva e não efetiva), a entrada em vigor destas alterações veio a ocorrer no segundo semestre daquele ano:

1.ª Alteração ao OE/2011 (Lei n.º 48/2011 de 26 de agosto): No cumprimento do previsto nos pontos 2.1 e 2.4 do MoU esta alteração visou: 1

 elevar a dotação de ativos financeiros destinada à capitalização das instituições de crédito em 2 853,8 M€, (de 9 146 M€ para 12 000 M€), no âmbito da Iniciativa de Reforço da Solidez Financeira das Instituições de Crédito;

2.ª Alteração ao OE/2011 (Lei n.º 60-A/2011 de 30 de novembro): Estaalteração destinou-se a assegurar a cobertura de desvios orçamentais identificados no decurso da execução orçamental, designadamente as necessidades decorrentes:2

 do financiamento de entidades do Setor Empresarial do Estado e do pagamento de dívidas do Banco Português de Negócios à Caixa Geral de Depósitos;

 da cobertura das despesas com pessoal dos ministérios da Educação e Ciência, Justiça, Administração Interna e Defesa Nacional, a assegurar através do reforço da dotação provisional em 377 M€;

 do financiamento da CGA (172,6 M€), em resultado da quebra das contribuições sociais, e do SNS (150 M€) para regularização de pagamentos em atraso;

 da regularização de responsabilidades financeiras no âmbito das concessões rodoviárias (263,9 M€), bem como do cumprimento das contribuições multilaterais em organizações financeiras internacionais (11,6 M€) e ainda o reforço de subsídios (5,1 M€), todas estas asseguradas pelo reforço do Capítulo 60 “Despesas Excecionais”, na parte relativa a despesa efetiva.

 do acréscimo de encargos associados às comissões a pagar no âmbito do Plano de Assistência Económica e Financeira (PAEF), implicando o aumento da dotação relativa a juros e encargos da dívida pública (72 M€).

Figura 1 – Impacte orçamental da 2.ª alteração ao OE/2011

1 Sem impacte na despesa, incluiu-se igualmente no âmbito da 1.ª alteração ao OE/2011, o aumento das responsabilidades contingentes do Estado. Com efeito, aquela alteração veio a estabelecer o aumento do limite para a concessão extraordinária de garantias pessoais do Estado a Instituições de Crédito para reforço da estabilidade financeira e da disponibilidade de liquidez nos mercados financeiros de 20,2 mil M€ para 35 mil M€. 2 Os reforços na despesa decorrentes da aplicação da 2.ª alteração ao OE/2012 foram compensados em parte pela incorporação de previsões de receitas adicionais relativas à: i) Aplicação da sobretaxa extraordinária de 3,5% em sede de IRS (840 M€) e; ii) Colocação da eletricidade e do gás natural na lista dos bens e serviços sujeitos à taxa normal de Imposto sobre o Valor Acrescentado (40 M€).

Imp. Diretos 840 Juros 72 Quotas e Contrib. CGA -173

Imp. Indiretos 40 Transf. Correntes 323 Transf. Correntes 323 Aq. Bens e Serv. 150CGA 173 CGA 173SNS 150 SNS 150

Subsídios 5Outra Desp. Corrente 377

Dot. provis ional 377

Outras Transf. Capital 275Receita Efetiva 880 Despesa Efetiva 1 052 Receita Efetiva 150 Despesa Efetiva 150Saldo Global -172 Saldo Global 0

Activos Financ. 0 Activos Financ. 8 200 Activos Financeiros 0 Activos Financ. 0Passivos Financ. 8 371 Passivos Financ. 0 Passivos Financeiros 0 Passivos Financ. 0Receita não efetiva 8 371 Despesa não efetiva 8 200 Receita não efetiva 0 Despesa não efetiva 0

Receita Total 9 251 Despesa Total 9 251 Receita Total 150 Despesa Total 150

Subsetor Estado

Receita Despesa

Subsetor SFA

Receita Despesa

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

187

Página 188

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

III.2.3.4 Não efetiva, por classificação económica

Na presente secção apresenta-se a análise da despesa relacionada com operações financeiras, a qual, recorde-se, não tem impacte no saldo global em contabilidade pública. A análise desagregada dos ativos e passivos financeiros apresentada nesta secção representa um acréscimo face àquela que se encontra no relatório da CGE/2011.

41 Em 2011, a despesa com ativos e passivos financeiros foi inferior à prevista. Ograu de execução destes dois importantes agrupamentos de despesa não efetiva foi de 87,2%. No âmbito da despesa com ativos financeiros, salienta-se o facto de a Iniciativa para o Reforço da Estabilidade Financeira (IREF) não ter sido utilizada na recapitalização do setor bancário em 2011, à semelhança do sucedido em 2010.27 Sublinha-se também o menor nível de amortizações de títulos de curto prazo, que contribuiu para um grau de execução da despesa com passivos igualmente baixo (88,3%). Face ao OE final, que incorpora as modificações aprovadas no âmbito da 1.ª e 2.ª alteração ao OE/2011, o grau de execução foi ainda mais baixo (79,6%).28 Para este menor grau contribuiu exclusivamente a despesa com ativos financeiros, uma vez que uma parte daquelas alterações orçamentais acabou por não ter qualquer execução.29

42 A escassa utilização de verbas destinadas ao reforço da estabilidade financeira explicou o baixo grau de execução orçamental da despesa com ativos financeiros em 2011. Apenas a contribuição portuguesa para o empréstimo à Grécia, de 554,8 M€, se enquadrou no âmbito da IREF, (ainda assim, um financiamento, inferior, em 201,3 M€ ao previsto inicialmente). O aumento para 12 000 M€ da dotação de ativos financeiros destinados à recapitalização das instituições de crédito aprovada na 1.ª alteração à Lei do OE/2011 (mais 2853,8 M€ que o previsto no OE inicial) acabou por não se executar em 2011.30 Deste modo, a execução da despesa com ativos financeiros no âmbito do capítulo 60 do OE – Despesa excecionais - totalizou 8380 M€, traduzindo um grau de execução de 36,3% face à previsão corrigida.

27 A dotação prevista no OE/2011 para Iniciativa de Reforço da Estabilidade Financeira era de 9146,2M€, a qual incluía 756,1 M€ relativos à contribuição portuguesa para o empréstimo de médio e longo prazo concedido à Grécia. Recorde-se que relativamente a este último, a Lei n.º8-A/2010, de 18 de maio, aprovou um regime “que viabiliza a possibilidade de o Governo conceder empréstimos, realizar outras operações de crédito ativas a Estados membros da zona euro e prestar garantias pessoais do Estado a operações que visem o financiamento desses Estados, no âmbito da iniciativa para o reforço da estabilidade financeira.” 28 Recorde-se que a 1.ª alteração à lei do OE/2011 contemplou um aumento da dotação da despesa com ativos financeiros em 2853,8 M€. A 2.ª alteração ao OE/2011 aprovada em novembro estabeleceu um novo reforço daquela dotação de despesa em 8200 M€. 29 Neste âmbito, sublinham-se o aumento da dotação de ativos financeiros destinado à recapitalização das instituições de crédito em 2 853,8 M€, (de 9 146 M€ para 12 000 M€), no quadro da Iniciativa de Reforço da Solidez Financeira das Instituições de Crédito, aprovada na 1.ª alteração à Lei do OE/2011, assim como a dotação de 3000 M€ prevista para a recapitalização do BPN, aprovada na 2.ª alteração à Lei do OE/2011. 30 Lei n.º 48/2011 de 26 de agosto.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

188

Página 189

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Tabela 12 – Desvios da despesa não efetiva face ao OE/2011 (em milhões de euros e em percentagem)

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. Nota: o desvio é calculado como a diferença entre a execução e o orçamentado. Um desvio favorável

43 Excluindo o efeito da IREF, a despesa com ativos financeiros decorreu sobretudo de empréstimos do Estado a entidades públicas reclassificadas (EPR). Devido ao programa de substituição de crédito bancário por financiamento do Estado a EPR, o total de empréstimos concedidos em 2011 totalizou 6784 M€, mais 5934 M€ do que o previsto inicialmente.31 A maioria destes empréstimos resultou da 2.ª alteração à Lei do OE/2011, a qual se destinou sobretudo a assegurar as necessidades de financiamento de entidades do Setor Empresarial do Estado. A verba de 1000 M€, inicialmente destinada à aquisição de material militar, foi reafectada para este efeito, contribuindo também para reforçar os empréstimos a entidades públicas reclassificadas.32 Em menor escala, e a contribuir também para aumentar o esforço financeiro do Estado saliente-se a despesa com: (i) as ações e outras participações (814,4 M€), nas quais se inclui a dotação de capital atribuída ao BPN (600 M€) e às empresas públicas não financeiras (105 M€)33 e (ii) a execução de garantias concedidas pelo Estado (161 M€), sobretudo no âmbito da privatização do Banco Português de Negócios (146,8 M€).34

31 Neste âmbito destacam-se os empréstimos de médio e longo prazo, num total de 5128 M€, os quais foram repartidos pelas seguintes empresas: REFER (2063 M€); Estradas de Portugal (1705 M€); Metropolitano de Lisboa (614M€), Metro do Porto (593 M€); RTP (150 M€) e Viana Pólis (3 M€). 32 Recorde-se que a dotação orçamental destinada ao pagamento do material militar de sub-superfície encontrava-se prevista no OE/2011. A antecipação do seu pagamento para o exercício orçamental de 2010 veio a decidir-se e a concretizar-se já após a apresentação e discussão do OE/2011. 33 As sociedades não financeiras que beneficiaram destas dotações de capital foram: RTP, S.A. (66 M€), Parque Expo (35 M€) e SIMAB (4 M€). 34 De acordo com o parecer do Tribunal de Contas sobre a CGE/2011, a incapacidade das sociedades–veículo do BPN liquidarem a primeira prestação dos seus empréstimos, devida no final do ano a título de juros, obrigou a que o Estado procedesse ao pagamento da primeira prestação de juros dos empréstimos obrigacionistas das sociedades PARVALOREM (111,7 M€) e PARUPS (35,2 M€).

OE-inicialOE-finalM€M€M€M€M€(1)(2)(3)OE-inicial

(4)=(3)/(1)OE-final

(5)=(3)/(2)(6)=(3)-(1)(7)=(3)-(2)Despesa com Ativos Financeiros11 06023 1138 38075,836,3-2 680-14 7335 911-3 288

Empréstimos a curto prazo 225 1 671 1 656 736,0 99,1 1 431 -15 1 431 -15 Emprést. médio e longo prazo (da qual) 1 535 6 147 5 738 373,7 93,3 4 203 -409 4 404 -207

Iniciativa p/ Reforço da Estab. Fin. 756 756 555 73,4 73,4 -201 -201 Ações e outras participações 834 3 834 814 97,7 21,2 -20 -3 020 -20 -3 020 Outros ativos financeiros (da qual) 8 466 11 461 172 2,0 1,5 -8 294 -11 290 96 -46

Iniciativa p/ Reforço da Estab. Fin. 8 390 11 244 0 0,0 0,0 -8 390 -11 244

Despesas com Passivos Financeiros115 000115 000101 58588,388,3-13 415-13 415-13 415-13 415 Títulos a curto prazo 100 499 100 159 87 480 87,0 87,3 -13 019 -12 679 -13 019 -12 679 Títulos a médio e longo prazos 14 501 14 841 14 106 97,3 95,0 -395 -735 -395 -735 Outros passivos financeiros 0 0 0 0,0 0,0 0 0 0 0

Despesa Não Efetiva126 060138 113109 96587,279,6-16 095-28 148-7 504-16 703

Excluindo a IREF

Desvio face ao OE-inicial

Desvio face ao OE-final

Desvio face ao OE-inicial

Desvio face ao OE-final

OE/2011 (M€)

Incluindo IREF

Grau de exec. (%)

Execução Orçamental

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

189

Página 190

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

44 A despesa com passivos financeiros foi inferior à prevista inicialmente. Em 2011, a despesa com ativos financeiros ascendeu a 101,6 mil M€, refletindo um grau de execução de 88,3%. Para este resultado terá contribuído o menor roll-over que o previsto em instrumentos de dívida pública de curto prazo, também em resultado da substituição desse financiamento pelo do PAEF. De salientar, por fim, que as duas alterações aprovadas à Lei do Orçamento de Estado para 2011 não aumentaram a dotação global de despesa com passivos financeiros.

Caixa 4 – Encargos assumidos e não pagos

Os Encargos Assumidos e Não Pagos (EANP) constituem um instrumento relevante para o apuramento da despesa segundo o princípio de especialização do exercício. Não obstante a relevância dos EANP, na CGE/2011 não consta o stock no final do período, nem um referencial para efeitos de comparação.1

Tendo por base a informação publicada nas diversas CGE, constata-se que o aumento dos EANP em 2011 foi inferior ao verificado nos dois anos anteriores. A despesa incorrida no ano de 2011 e que ficou por pagar totalizou 173 M€, significando uma redução para quase metade quando comparada com a verificada no ano anterior (300 M€). Para esta variação contribuíram as despesas com pessoal (-153 M€), sobretudo as relativas à segurança social (-144 M€), designadamente as que se relacionam com os encargos com a saúde (-90 M€). A redução do volume de despesa por pagar em 2011 foi possível, sobretudo, devido ao reforço da dotação provisional aprovado no âmbito da 2.ª alteração ao OE/2011, destinado à cobertura das despesas com pessoal, principalmente nos ministérios da Justiça e Administração Interna.

Gráfico 14 – Encargos assumidos e não pagos (em milhões de euros)

Gráfico 15 – Despesa por pagar (em milhões de euros)

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO.

A despesa corrente primária foi responsável pelo aumento em mais de 3/4 dos EANP em 2011. Cerca de 82,2% do aumento dos encargos assumidos e não pagos (+173 M€) ocorreu no âmbito da despesa corrente primária (143 M€), na sua grande maioria transferências correntes (63 M€) e aquisição de bens e serviços (47 M€).2

A despesa de capital explica os restantes EANP (31 M€), os quais se devem sobretudo à aquisição de bens de capital (23,4 M€), um aumento superior ao registado nos dois anos anteriores. 3

-------------------------- 1 Recorde-se que no âmbito do PAEF, o Memorando de Entendimento Técnico definiu metas quantitativas relativas à redução do stock de “pagamentos em atraso” (domésticos) tendo por âncora o valor da dívida (não financeira) por pagar há mais de 90 dias, com referência ao final de junho de 2011. Todavia, a CGE/2011 é omissa quanto à avaliação daquelas metas quantitativas durante a 2.ª metade do ano de 2011.

2 O aumento dos EANP ao nível das transferências correntes respeita sobretudo a “contribuições e quotizações para organizações internacionais” sendo que, ao nível da aquisição de bens e serviços, o aumento daqueles encargos é justificado em mais de 2/3 pelos seguintes serviços: Direção-Geral dos Serviços Prisionais; Instituto dos Registos e do Notariado, I.P.; Serviços de Estrangeiros e Fronteiras e Direção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo.

3 Mais de metade do aumento dos EANP relativos à aquisição de bens de capital foi devido à Direção-Geral da Agricultura e Desenvolvimento Regional.

164

274

143

182

300

173

0

50

100

150

200

250

300

350

2009 2010 2011

Juros Desp. Capital Desp. Corr. Primária Desp. Total

-131-153

-4

27

0

109 115

4

-5 -5

-155

-105

-55

-5

45

95

145

Desp. Corr. Primária

Desp. c/ Pessoal

Aq. Bens e Serv. Trf. Corr. O. desp. Corr.

2011-2010 2010-2009

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

190

Página 191

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

III.2.4 Dívida direta e garantias

III.2.4.1 Dívida direta

45 Em 2011, o financiamento da República Portuguesa passou a ser efetuado essencialmente por intermédio de canais oficiais. O ano de 2011 foi marcado pelo agudizar da crise profunda do mercado europeu de dívida soberana, com repercussões importantes ao nível do financiamento público e privado, em particular a partir de maio de 2011, altura em que Portugal acordou com a CE, BCE e FMI um programa de assistência económica e financeira. Com efeito, os financiamentos oficiais da dívida pública passaram a ser dominantes, uma vez que a maior parte das necessidades passou a ser financiada pelos empréstimos acordados no âmbito do PAEF.

Gráfico 16 – Taxas de rendibilidade de Obrigações do Tesouroem 2011 (em percentagem)

Fonte: Bloomberg | Nota:A taxa de rendibilidade é referente a títulos da dívida pública com uma maturidade residual de 10 anos.

46 A profunda alteração ocorrida ao nível do financiamento externo à economia portuguesa teve como consequência um desvio das necessidades brutas de financiamento do Estado face à previsão inicial. Em 2011, as necessidades líquidas de financiamento do subsetor Estado, apuradas na ótica da contabilidade pública, atingiram 14,3 mil M€, menos 2,9 mil M€ do que no ano anterior. Esta redução é explicada pela diminuição do défice primário em cerca de 8,3 mil M€, que foi compensada por um aumento significativo de outras componentes, nomeadamente os juros e a aquisição líquida de ativos financeiros. De acordo com a informação prestada no relatório da CGE/2011, esta última está sobretudo relacionada com o facto de algumas empresas do setor empresarial do Estado, integradas no perímetro de consolidação das administrações públicas, terem tido dificuldade em satisfazer as suas necessidades de financiamento no mercado, tendo o Estado suprido essas necessidades num montante de cerca de 5 mil M€. Em virtude da profunda alteração do financiamento externo à economia portuguesa, as necessidades brutas de financiamento do Estado desviaram-se face à previsão inicialmente considerada no OE/2011 em cerca de 3,5 mil M€.

DEU FRA

ITA

GRC

PRT

ESP

IRL

0

5

10

15

20

25

30

35

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

191

Página 192

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Tabela 13 – Necessidades de Financiamento do Estado (em milhões de euros)

Fonte: Ministério das Finanças e IGCP. | Notas: As amortizações e anulações referem-se a dívida fundada. (1) Inclui a aquisição líquida de ativos financeiros, o reforço da estabilidade financeira, a dotação para o FRDP e a receita de privatizações utilizada para a amortização da dívida (esta última com um contributo negativo). (2) Inclui a dívida em moeda não euro e os fluxos de capital de swaps.

47 O financiamento concretizou-se essencialmente através de empréstimos ao abrigo do PAEF. As necessidades líquidas de financiamento de 2011 foram satisfeitas, sobretudo, através dos empréstimos concedidos no âmbito do PAEF, num montante de 34,2 mil M€, ao valor de encaixe. Estes empréstimos serviram não só para financiar as necessidades líquidas de financiamento, mas também para satisfazer as amortizações (líquidas) de outros instrumentos: em Bilhetes do Tesouro (6,8 mil M€), em Certificados de Aforro (4,1 mil M€), e em Obrigações do Tesouro (2,2 mil M€). As amortizações de dívida fundada totalizaram 39,7 mil M€, com o volume relativo aos instrumentos de curto prazo a atingir 25,3 mil M€, às Obrigações do Tesouro 9,6 mil M€, e aos Certificados de Aforro 4,8 mil M€. Assim, as necessidades brutas de financiamento atingiram cerca de 54 mil M€ em 2011, tendo-se verificado um aumento de 9,3 % face ao ano anterior.

Tabela 14 – Composição do Financiamento (em milhões de euros)

Fonte: Ministério das Finanças e IGCP.

em valor em %

Necessidades líquidas de financiamento 15 774 17 136 14 277 -2 859 -16,7

Défice primário 9 051 9 307 1 005 -8 302 -89,2

Juros e outros encargos 5 007 4 972 6 039 1 068 21,5

Outros (1) 1 717 2 858 7 233 4 376 153,1

Amortizações e anulações 25 696 32 245 39 707 7 462 23,1Certi fi cado de Aforro 1 174 1 920 4 820 2 900 151,0

Curto prazo em euros 17 837 21 777 25 321 3 544 16,3

Médio e longo prazo em euros 6 044 7 709 9 591 1 882 24,4

Outros (2) 641 838 -26 -864 -103,1

Necessidades Brutas de Financiamento 41 470 49 381 53 984 7 912 9,3

2009 2010Variação homóloga

2011

Emissões Amortizações Financ. Líquido Emissões Amortizações Financ. Líquido

Obrigações do Tesouro (taxa fixa) 21 446 7 709 13 737 7 321 9 491 -2 170

Bi lhetes do Tesouro 19 261 17 231 2 030 12 461 19 261 -6 800

Certi fi cados de Aforro 520 1 920 -1 400 371 4 457 -4 086

Certi fi cados do Tesouro 685 0 685 986 363 623

Ass is tência financeira 34 221 0 34 221Outros 9 260 5 384 3 876 5 921 6 135 -214

Total 51 171 32 245 18 926 61 281 39 707 21 574

20112010

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

192

Página 193

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

48 No ano de 2011, o stock da dívida direta do Estado aumentou face ao que se registou no final de 2010. No final de 2011, a dívida direta do Estado ascendeu a 174,9 mil M€, o que representou um acréscimo de 23,1 mil M€ relativamente ao final de 2010. Esse acréscimo é justificado sobretudo pelo financiamento do défice público, pela aquisição líquida de ativos financeiros e pela constituição de depósitos ao abrigo do PAEF. Com o pedido de assistência internacional, a República Portuguesa deixou de emitir instrumentos de dívida de médio e longo prazo no mercado. Os instrumentos de curto prazo também reduziram a sua importância no stock da dívida, sendo de destacar a diminuição do peso dos Bilhetes do Tesouro, de 12,7 para 7,1%. Verificou-se ainda uma redução significativa do stock de Certificados de Aforro de 4,1 mil M€, que foi só parcialmente compensada por um aumento dos Certificados do Tesouro, pelo que o peso destes instrumentos na dívida direta do Estado diminuiu de 10,7 para 7,2%. Os empréstimos concedidos ao abrigo do PAEF ascenderam, ao valor nominal, a um total de 35,9 mil M€, representando mais de 20% do stock total de dívida.

Tabela 15 – Dívida Direta do Estado (stock no final do ano, em milhões de euros e em percentagem)

Fontes: Ministério das Finanças, IGCP e cálculos da UTAO. | Notas: A dívida direta do Estado corresponde aos passivos do subsetor Estado. De acordo com o Regulamento (CE) n.º 3605/93 do Conselho, de 22 de novembro, alterado pelo Regulamento (CE) n.º 475/2000 do Conselho, de 28 de fevereiro, a dívida pública de Maastricht corresponde à totalidade das responsabilidades brutas consolidadas do setor das administrações públicas, expressas em termos nominais. No final de 2011, a dívida direta do Estado ascendeu a 174,9 mil M€ (102,3% do PIB), enquanto a dívida das administrações públicas, calculada de acordo com as regras acima definidas, atingiu 184,7 mil M€ (108,1% do PIB), segundo a notificação do INE ao Eurostat de 30 de setembro de 2012.

49 Os juros e outros encargos aumentaram comparativamente a 2010, ainda assim para um valor inferior ao inicialmente orçamentado. Também a taxa de juro implícita da dívida direta do Estado, calculada como o rácio entre o valor dos juros do ano (avaliado na ótica da contabilidade pública) e o stock da dívida do ano anterior, evidenciou um aumento, passando de 3,7% em 2010 para 4,0% em 2011. Este acréscimo refletiu o significativo incremento anual da dívida pública, mas também a subida das taxas de juro. Para esta variação contribuiu sobretudo o efeito volume associado ao aumento do stock da dívida. A contribuição do efeito preço foi mais reduzida e deveu-se ao aumento da taxa de juro implícita na dívida pública. Relativamente ao previsto inicialmente no OE/2011, a execução veio a revelar-se inferior em 261,4 M€, tendo contribuído para esta diferença os juros

em M€ em %

Ti tulada 115 794 134 242 125 743 -8 499 -6,3

Curto prazo 22 909 24 946 17 236 -7 710 -30,9

Médio e longo prazo 92 885 109 296 108 507 -789 -0,7

Não ti tulada 16 951 17 533 13 284 -4 249 -24,2

Cert. Aforro 16 871 15 471 11 384 -4 087 -26,4

Cert. do Tesouro 0 685 1 308 623 90,9Outra 80 1 377 592 -785 -57,0

Ass is t. Financeira 35 862Total 132 747 151 775 174 895 23 120 15,2

Por memória :

Transaccionável 112 009 129 354 121 670 -7 684 -5,9

Não Transaccionável 20 738 22 420 53 225 30 805 137,4

Euro 130 701 149 435 159 134 9 699 6,5

Não euro 2 046 2 340 15 761 13 421 573,5

Variação homólogaDez-09 Dez-10 Dez-11

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

193

Página 194

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

recebidos da aplicação de excedentes de tesouraria (mais elevados do que o antecipado pelos motivos atrás identificados) em cerca de 259 M€.35 A este respeito, note-se que o saldo de tesouraria passou de 2,6 mil M€, no final de 2010, para 12,9M€, no final de 2011, sendo composto essencialmente por aplicações financeiras junto de instituições financeiras monetárias (incluindo o banco central).36 Adicionalmente, não será de excluir a existência de uma sobre orçamentação das despesas com juros no OE/2011. Refira-se, a este propósito, uma análise do Conselho de Finanças Públicas (ao DEO/2012-16) que concluiu que tem vindo a existir uma sobrestimação das despesas com juros, o que “tanto pode ser o resultado de previsões prudentes relativas a juros, como do desejo de criar uma almofada para acomodar excessos de despesa em outras áreas”. No que respeita aos “outros encargos”, o valor ascendeu a 263 M€ em 2011, o que compara com valores relativamente reduzidos nos anos precedentes. A variação em 2011 é explicada pelas comissões de emissão dos empréstimos no âmbito do PAEF.

Tabela 16 – Juros e outros encargos com a dívida direta do Estado (em milhões de euros e em percentagem)

Fontes: IGCP, INE, Tribunal de Contas e cálculos da UTAO. | Nota: A taxa de juro implícita na dívida é obtida a partir do quociente entre as despesas com juros do ano t e o stock da dívida direta do Estado de final do ano t-1. Os outros encargos refletem nomeadamente custos associados à colocação de dívida no mercado (emissão, distribuição e amortização e custódia de títulos), comissão de gestão do IGCP e outras despesas relacionadas com a obtenção de notação de risco de crédito para a República. No que se refere ao ano 2011, àqueles encargos acrescem as comissões pagas no âmbito do PAEF.

50 Dependendo da opção de contabilização utilizada para a margem do FEEF, o valor dos juros e outros encargos poderá ser significativamente superior na ótica da contabilidade pública. Os empréstimos no âmbito do FEEF contemplaram, na sua formulação inicial, uma amortização parcial imediata (Loan Specific Cash Buffer) a cada utilização do empréstimo e que se destinava a constituir uma reserva de liquidez. No que se refere à taxa de juro, esta é composta porduas parcelas, uma equivalente ao custo de financiamento do FEEF e outra designada por margem (que se traduz num acréscimo face à taxa). Em 2011 foi tomada a decisão de abolir a margem nos empréstimos do FEEF a Portugal, ainda assim esta aplicou-se aos primeiros desembolsos. De acordo

35 Uma parte deste montante (46,8 M€) diz respeito a juros do empréstimo concedido à Grécia. Note-se que o Tribunal de Contas refere no seu Parecer à CGE/2011 que “não se tratando de juros de uma aplicação de tesouraria, o abatimento efetuado não tem cobertura legal. Em consequência, a despesa com juros está subavaliada em € 46,8 M e a receita do Estado com juros da propriedade está igualmente subavaliada no mesmo montante. Assim, o procedimento adotado pelo IGCP traduziu-se numa desorçamentação de encargos com juros da dívida pública e violou o princípio orçamental da não compensação” (pág. 135). 36 Note-se que a receita de juros (decorrente de operações associadas à emissão e gestão da dívida pública direta do Estado e/ou à gestão da tesouraria do Estado) é abatida à despesa com juros da dívida pública. Esta prática é uma exceção ao princípio orçamental da não compensação e constituiu uma limitação à análise das despesas com juros e outros encargos uma vez que os valores assim apurados resultam inferiores aos efetivamente suportados com a dívida direta do Estado.

2008 2009 2010 2011

Juros (em M€) 4 855 4 973 4 944 5 776

Outros encargos (em M€) 30 32 27 263

Peso dos juros no PIB (em %) 2,8 3,0 2,9 3,4

Taxa de juro impl íci ta (em %) 4,3 4,2 3,7 3,8

Por memória : Si tuação de tesouraria (dez.) 2 763 1 590 2 638 12 946

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

194

Página 195

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

com o Tribunal de Contas, “a amortização da reserva foi deduzida ao produto do empréstimo, compensando-se uma despesa com amortizações com a receita do próprio produto de emissão, com violação do princípio orçamental da não compensação consagrado na LEO. Verifica-se que a margem pré-paga de juros foi considerada menos-valia e, assim, este encargo, que constituiria uma despesa corrente de valor muito significativo, está omisso na CGE, o que contraria o princípio orçamental da unidade e universalidade.” Caso a margem pré-paga fosse contabilizada como defende o Tribunal de Contas, o encargo total com juros de dívida pública, em 2011, aumentaria 1 101 M€ passando para 7253 M€ (representando um acréscimo muito significativo de 0,6 p.p. do PIB na despesa em contabilidade pública). Saliente-se, porém, que o IGCP argumenta que “Conforme resulta dos contratos, a taxa de juro fixa destes empréstimos é composta por duas parcelas: uma equivalente ao custo de financiamento do FEEF (3,375% no caso do primeiro desembolso e 2,75% no caso do segundo) e outra designada por margem (2,08%). Sendo a taxa de cupão (fixa) destes empréstimos apenas igual à primeira parte, isto é, ao custo de financiamento do FEEF (ou seja 3,375% e 2,75%) o valor de encaixe é inferior a 100% do valor nominal e a diferença deve ser considerada como uma menos valia. Neste aspeto, a margem pré-paga nos loans do FEEF é em tudo idêntica ao desconto numa qualquer emissão de OT a taxa fixa em que a taxa de cupão é inferior à yield, pelo que recebeu exatamente o mesmo tratamento, isto é, o produto da emissão foi considerado pelo valor líquido de mais e de menos valias (cf. art.º 86 da Lei do OE 2011).” Importa esclarecer que, na ótica da contabilidade nacional, o registo dos juros obedece ao princípio da especialização do exercício, pelo que um (eventual) adiantamento por conta de juros não terá implicações na despesa pública no momento em que ocorre, mas sim ao longo de toda a maturidade do empréstimo.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

195

Página 196

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

III.2.4.2 Garantias

51 Em virtude da concessão de garantias a entidades financeiras,em 2011 foram assumidas consideravelmente mais responsabilidades que no ano anterior. Em 31 de dezembro de 2011, as garantias assumidas pelo Estado totalizaram 34,9 mil M€, correspondendo a um incremento de 44,4% (foi de apenas 5,7% em 2010). Por seu turno, as responsabilidades efetivas – aquelas que foram efetivamente utilizadas – totalizaram 32,8 mil M€, tendo aumentado 11,4 M€. Para este aumento contribuíram sobretudo as garantias concedidas a entidades financeiras no âmbito da Iniciativa de Reforço da Estabilidade Financeira (Lei n.º 62-A/2008, de 20 de outubro).

52 As responsabilidades efetivas também aumentaram junto de algumas empresas públicas. Embora de menor expressão e sem uma referência digna de nota na CGE/2011, as responsabilidades efetivas aumentaram junto das empresas Parpública e Parque Escolar, em 610 e 400 M€, respetivamente, de acordo com a informação da DGTF, tendo sido parcialmente compensadas por reduções observadas noutras empresas públicas não financeiras, nomeadamente na REFER e na STCP. A respeito da garantia concedida à Parpública, o Parecer do Tribunal de Contas sobre a CGE/2011 esclarece que esta foi originada pela descida da notação de rating e teve por finalidade “a renovação de um anterior programa de papel comercial subscrito pela CGD, por forma a possibilitar o refinanciamento deste banco junto do BCE”.

Tabela 17 – Dívida garantida pelo Estado (stock no final do ano, em milhões de euros)

Fontes: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. | Notas: As responsabilidades assumidas são contabilizadas no momento em que o Estado concede as garantias, no entanto a mesma só se torna efetiva quando utilizada. A garantia diz-se executada quando o Estado é chamado a efetuar pagamentos em nome do beneficiário. A dívida das entidades beneficiárias incluídas no perímetro das administrações públicas em contabilidade nacional já se encontra contabilizada na dívida pública reportada à Comissão Europeia ao abrigo do Tratado de Maastricht. Naquele agregado consta a dívida garantida das seguintes empresas: REFER, Metropolitano de Lisboa, Metro do Porto, Estradas de Portugal, Parque Escolar e veículos financeiros do BPN.

2010 2011

Responsab. Assumidas 24 139 34 853 10 714 44,4Empresas Públicas Não Financeiras 14 114 14 053 -61 -0,4Entidades Financeiras 8 375 18 950 10 575 126,3

Públicas 4 750 9 100 4 350 91,6Privadas 3 625 9 850 6 225 171,7

Cooperação para o desenvolvimento 1 650 1 850 200 12,10

Por memória:Responsab Efetivas 21 411 32 782 11 371 53,1

d.q.: incluídas no perímetro das Adm. Públicas (Contab. Nac.)

11 708 12 824 1 116 9,5

Pagamentos por Execução de Garantias 457 164 -292 .

Variação 2011/10 em valor em %

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

196

Página 197

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

53 São ainda de destacar os pagamentos por execução de garantias, no montante de 164 M€, devido sobretudo ao BPN e participadas. De acordo com o Parecer do Tribunal de Contas à CGE/2011, “em 21/11/2011 veio o BPN comunicar, na qualidade de acionista único de cada uma das sociedades, a incapacidade das mesmas em liquidar a primeira prestação dos seus empréstimos, devidas no final do ano a título de juros, tendo o Estado, em 10/01/2012, efetuado o pagamento de € 146 888 807 M, relativo à primeira prestação de juros dos empréstimos obrigacionistas das sociedades PARVALOREM e PARUPS”.

III.2.5 Esforço Financeiro com o SEE

54 A alteração das condições de financiamento do SEE em 2011 obrigou a um aumento significativo do esforço financeiro líquido do Estado. O esforço financeiro líquido do Estado com o Setor Empresarial do Estado (SEE) e com empresas privadas que asseguram a prestação de serviço público ascendeu, em 2011, a 6707,7 M€, o sêxtuplo do registado no ano de 2010. Apesar de se ter registado uma contração ao nível das indemnizações compensatórias (-22,6 M€), das dotações de capital (-196,7 M€) e da assunção de passivos e outras responsabilidades (-7,5 M€), destacou-se o acréscimo da despesa não efetiva com a concessão de empréstimos (+5585,8 M€). Por seu lado, a receita de dividendos obtida em 2011 ascendeu a 239,6 M€, um resultado inferior em 218,3 M€ face a 2010, explicada essencialmente pela não distribuição de dividendos por parte da Caixa Geral de Depósitos (em 2010 tinha entregue ao estado 136,1 M€ a título de dividendos) e pela redução dos dividendos distribuídos pela Parpública (-66 M€) e pelo Banco de Portugal (-44,6 M€).

Tabela 18 – Esforço financeiro do Estado com o SEE

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. | Nota: Relativamente à execução dos empréstimos em 2011, o montante indicado não corresponde à execução orçamental mas sim aos empréstimos concedidos e em vigor no final do ano, porquanto alguns empréstimos a curto prazo foram convertidos em empréstimos de médio e longo prazo. De notar que o montante de empréstimos concedidos que consta nesta tabela difere dos referidos na secção da despesa com ativos financeiros, pelo facto do esforço financeiro líquido do Estado contemplar igualmente os montantes relativos ao reembolso daqueles empréstimos pelas entidades públicas.

55 A deterioração das condições de financiamento da economia portuguesa dificultou o acesso das empresas públicas ao mercado para o refinanciamento da sua dívida, obrigando o Estado a assumir o papel de financiador. Em 2011 foi particularmente difícil às empresas públicas recorrer a financiamento bancário, não tendo sido possível renovar parte dos empréstimos vencidos, sendo que, nos que foram renovados, os juros suportados foram superiores. Neste quadro, as empresas públicas (entre as quais as EPR) recorreram a empréstimos do Estado (concedidos pela

OE/2011 (inicial)

OE/2011 (corrigido)Execução

Desvio face OE/2011

inicialDesvio face

OE/2011 corrigido

(-) Dividendos 560,9 573,2 457,9 361,5 361,5 239,6 -121,9 -121,9 2,2% -20,1% -47,7% (+) Indemnizações compensatórias 410,8 456,2 494,5 441,7 489,0 471,9 30,2 -17,1 11,1% 8,4% -4,6% (+) Dotações de capital 691,2 1 481,3 1 011,1 834,0 3 834,0 814,4 -19,5 -3 019,5 114,3% -31,7% -19,4% (+) Assunção de passivos e de outras responsabilidades 70,0 1,6 7,9 12,5 12,5 0,4 -12,1 -12,1 -97,6% 381,6% -95,2% (+) Empréstimos concedidos 41,8 175,6 74,8 850,0 6 907,9 5 660,6 4 810,6 -1 247,3 320,6% -57,4% 7468,0% Esforço Financeiro Líquido652,81 541,51 130,51 776,610 881,86 707,74 931,1-4 174,1136,1%-26,7%493,3%

2011201020112008

Milhões de euros

200920102009

Taxa de variação (%)

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

197

Página 198

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

DGTF) como uma forma de assegurar o pagamento da sua dívida, beneficiando de condições de financiamento mais favoráveis. Assim, em 2011 os empréstimos concedidos pelo Estado às empresas públicas ascenderam a 5660,6 M€ (mais 5585,8 M€ que em 2010), tendo-se destinado sobretudo às empresas do setor dos transportes (Metro do Porto, CP, Metropolitano de Lisboa) e infraestruturas (REFER e Estradas de Portugal).

56 Consequentemente, o stock de responsabilidades assumidas pelo Estado aumentou significativamente no ano de 2011. O volume das responsabilidades assumidas pelo Estado registou um aumento significativo, tendo ascendido a 22 015,5 M€ no final de dezembro de 2011, em resultado das garantias concedidas pelo Estado a operações financeiras de algumas empresas públicas, com destaque para a CGD, BPN e Parpública.37

57 Face à previsão inicial constante do OE/2011, o esforço financeiro do Estado com o SEE foi superior em 4931,1 M€. O desvio resultou essencialmente do facto de terem sido concedidos empréstimos ao SEE no montante de 5660,6 M€, quando a previsão inicial era de apenas 850 M€. Este desvio deve-se ao facto de as empresas que integram o SEE terem enfrentado dificuldades de financiamento junto do setor financeiro, tendo o Estado suprido essas necessidades através de empréstimos diretos.38

58 O esforço financeiro do Estado com o SEE ficou abaixo da previsão orçamental corrigida. Face à previsão corrigida (i.e. tendo em conta as alterações orçamentais introduzidas ao OE/2011), o esforço financeiro do Estado registou um desvio favorável de 4174,1 M€. Este resultou essencialmente de dois fatores: por um lado, da baixa execução da verba destinada a “dotações de capital”, que registou um desvio favorável de 3019,5 M€, pelo facto de não ter sido utilizado o reforço de 3000 M€ destinado ao aumento de capital de entidades públicas reclassificadas (para as sociedades veículo criadas no âmbito da privatização do BPN, tal como referido no parágrafo 38 do presente parecer), e, por outro lado, a um nível de empréstimos concedidos inferior ao previsto em 1247,3 M€.

37 Note-se que as responsabilidades, embora contingentes, aumentaram igualmente por via da concessão de garantias do Estado. 38 Saliente-se que o relatório do OE/2011 não apresentava uma previsão das transferências do Estado para o SEE, nem a execução de 2010. Assim, o apuramento dos desvios no âmbito do esforço financeiro do Estado só foi possível em resultado da resposta a um pedido de informação formulado pela UTAO. Saliente-se que a não disponibilização, em sede de Orçamento do Estado, dos elementos informativos sobre as transferências orçamentais previstas para as empresas públicas não cumpre o disposto na Lei de Enquadramento Orçamental (Cf. Artigo 37.º «Elementos informativos»), nem possibilita, a posteriori, a monitorização dos fluxos financeiros ocorridos por forma a verificar se os mesmos se encontravam ou não previstos. Esta matéria tem sido alvo das sucessivas recomendações por parte do Tribunal de Contas.

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

198

Página 199

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

III.3 Parcerias Público Privadas 59 Em 2011, os encargos líquidos com as parcerias público privadas (PPP) aumentaram 62% face ao ano anterior, por via das parcerias rodoviárias.39, 40Em 2011, as PPP envolveram pagamentos líquidos que totalizaram 1 822,6 M€, mais 695 M€ (+62%) do que em 2010.41 Trata-se de um aumento mais acentuado do que o observado no ano de 2010 (por memória: +229 M€, equivalente a um crescimento de 26% em termos nominais). Em percentagem do Produto, os encargos líquidos com PPP no ano de 2011 representaram 1,1% do PIB, quando em 2010 tinham atingido 0,7% do PIB. Refira-se que o acréscimo nominal verificado em 2011 deveu-se quase exclusivamente às parcerias rodoviárias: mais 624 M€, um crescimento de 70% face a 2010, resultante dos “pedidos de reequilíbrio económico e financeiro e do pagamento de investimentos previstos contratualmente” (REF),42 com particular destaque para as concessões do Interior Norte, Costa de Prata, Grande Porto, Norte Litoral e Túnel do Marão. Embora de dimensão muito inferior, refira-se ainda o aumento registado nas parcerias do setor da saúde (+71 M€) e que, de acordo com o relatório da CGE/2011, resultou dos seguintes fatores: i) passagem da gestão clínica do atual estabelecimento hospitalar de Vila Franca de Xira para o privado (o novo hospital ainda se encontra em construção); ii) início da liquidação dos encargos referentes às novas instalações do Hospital de Braga; e iii) incremento da atividade da gestão clínica do estabelecimento hospitalar de Cascais. Por fim, refira-se que apenas os encargos líquidos com as parcerias ferroviárias diminuíram, embora de forma pouco expressiva (-4 M€).

39 Não se incluem os encargos financeiros com as concessões no setor portuário, do ambiente e da energia. Refira-se que em 2011 foram suspensas diversas PPP, nomeadamente as concessões rodoviárias cujo lançamento ainda não tinha ocorrido e as linhas de alta velocidade Lisboa-Porto e Porto-Vigo. Por outro lado, em dezembro de 2011, foi introduzido o regime de cobrança de taxas de portagem no 2.º grupo de SCUT: Algarve (A22), Beira Interior (A23), Interior Norte (A24) e Beira Litoral e Beira Alta (A25). Recorde-se que, de acordo com as regras da contabilidade nacional, as alterações aos contratos das autoestradas SCUT, com o objetivo de introduzir portagens pagas pelo utilizador, podem ter consequências para o défice e para a dívida pública (a este propósito, leia-se o parágrafo 115 do Parecer Técnico da UTAO n.º 6/2012). 40 De acordo com o “Relatório anual – 2012 sobre PPP e concessões” da DGTF, não houve contratação de novas parcerias em 2011. O investimento acumulado em PPP e concessões terá ascendido a 36,5 mil M€ (dos quais 21,3 mil M€ no âmbito de concessões e 15,2 mil M€ relativos a parcerias). Em 31 de dezembro de 2011, o universo de PPP abrangia 35 projetos, dos quais 24 em fase de exploração e 11 em fase de construção, com a seguinte distribuição: 24 no setor dos transportes (22 rodoviárias e 2 ferroviárias), 10 no setor da saúde e 1 no setor da segurança. Em 2010, o universo de PPP totalizava mais um projeto do que em 2011, uma vez que ainda incluía o projeto relativo ao troço Poceirão-Caia, da rede de alta velocidade ferroviária, que posteriormente viria a ser suspenso. 41 Os encargos líquidos resultam da seguinte equação: Encargos Correntes + REF – Proveitos. 42 Os REF decorreram não só de pedidos de reequilíbrio financeiro (justificados por alteração das condições contratuais inicialmente estabelecidas em algumas concessões rodoviárias, as quais implicaram o pagamento de indemnizações pelo Estado Português), mas também do pagamento de investimentos daquelas concessões, conforme previsto nos respetivos contratos e acordos de reformulação de contratos.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

199

Página 200

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Gráfico 17 – Encargos líquidos com PPP no triénio 2009-2011 (em milhões de euros)

Fonte: Ministério das Finanças.

60 O total de encargos líquidos com PPP em 2011 que consta da CGE/2011 não é diretamente comparável com a previsão incluída no relatório do OE/2011. A informação sobre PPP, apresentada no relatório do OE/2011, continua a ser omissa relativamente aos critérios utilizados na sua elaboração. Com efeito, apenas através de informação adicional prestada pela DGO, foi possível constatar que a previsão de encargos com PPP rodoviárias que consta no relatório do OE/2011 (470,3 M€) não inclui qualquer estimativa para os pedidos de reequilíbrio financeiro, nem inclui o IVA. Não se compreende a adoção deste critério tendo em conta que, no Quadro V.4.4. do mesmo relatório, encontrava-se prevista uma verba de 587,2 M€ a transferir para o Grupo ASCENDI, a título de reposição do reequilíbrio financeiro.

61 A prática recorrente de não se considerar qualquer previsão para os Reequilíbrios Económicos e Financeiros (REF) nos relatórios do OE contraria a recomendação do Tribunal de Contas, não permitindo apresentar uma previsão fiável dos encargos líquidos com PPP.43 Atendendo ao elevado peso que os reequilíbrios financeiros assumem de forma recorrente no total dos encargos com PPP rodoviárias (e que no ano de 2011 foi de 58%), o facto de os REF não estarem incluídos na previsão incluída no relatório do OE/2011 impossibilita que a execução final possa ser comparada com aquela previsão. Note-se que a opção subjacente ao relatório do OE/2011, de só terem sido considerados os encargos previstos e já assumidos, contraria uma recomendação do Tribunal de Contas, efetuada já em 2007, de acordo com a qual “os encargos adicionais com as PPP (expropriações, reequilíbrios financeiros e outros) deverão ser objeto de previsão em termos orçamentais, de modo a assegurar uma estimativa mais credível do custo efetivo dos contratos PPP e, nesta perspetiva, evitar a suborçamentação”.44 Para que se tenha noção da discrepância provocada por esta situação, apresenta-se a tabela seguinte, onde se pode constatar que, relativamente aos encargos líquidos com parcerias rodoviárias para 2011, a previsão incluída nos diversos relatórios da DGTF

43 Para além de esta prática não permitir apresentar à Assembleia da República um retrato fiel dos encargos esperados com PPP no próprio ano a que respeita o Orçamento que a mesma Assembleia aprova, compromete também a fiabilidade das estimativas apresentadas para os encargos plurianuais das PPP rodoviárias. De acordo com o relatório do OE/2011, as concessões e subconcessões rodoviárias passariam a gerar receita líquida a partir do ano de 2029, sendo que, no período de 2029 a 2041, as receitas anuais seriam superiores (em 17 376 M€) aos encargos anuais. Contudo, para idêntico período, o relatório da CGE/2011 projeta um encargo líquido com PPP rodoviárias de 1406 M€. 44 Relatório de auditoria n.º 4/2007, da 2.ª Secção do Tribunal de Contas – pág. 28.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

2009 2010 2011

Segurança

Saúde

Ferroviárias

Rodoviárias

1128

898

1823

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

200

Página 201

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

relativos a “PPP e concessões” (e que inclui os REF e o IVA) é superior, em 696,2 M€, face ao valor que consta no relatório do OE/2011 (que não inclui nem os REF nem o IVA).

Tabela 19 – Previsões de encargos líquidos com PPP para 2011 (em milhões de euros)

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. | Notas: (*) a previsão relativa a encargos com parcerias rodoviárias não inclui os REF (587,2 M€), nem o IVA; (**) previsão que consta dos diversos boletins informativos trimestrais da DGTF “PPP e concessões”, e que incluem os REF (604,2 M€) e o IVA; (***) previsão que consta do “Relatório anual – 2012 sobre PPP e concessões” da DGTF, de agosto de 2012, e que reviu em baixa os encargos com PPP ferroviárias, devido à exclusão do valor previsto para o projeto “AVF – Alta Velocidade Ferroviária”, que não se concretizou porque o respetivo visto foi recusado pelo Tribunal de Contas, em março de 2012.

62 Em 2011,os encargos líquidos com as PPP ficaram 360,8 M€ acima do previsto, o que corresponde a um desvio de 25%. Como já foi anteriormente referido, os encargos líquidos com as PPP em 2011, suportados diretamente pelo Estado (ou através da Estradas de Portugal, S.A., no que respeita às concessões rodoviárias),45 ascenderam a 1822,6 M€. Embora o relatório da CGE continue a não apresentar a comparação dos encargos líquidos com as PPP com os valores orçamentados, a UTAO apurou, através da tabela seguinte, que o montante total executado excedeu a previsão em 360,8 M€, ou seja, aqueles encargos ficaram 25% acima do previsto para 2011.46 De acordo com o Parecer do Tribunal de Contas à CGE/2011 “este desvio resultará, em parte, do pagamento de pedidos de reposição do equilíbrio financeiro ou investimentos resultantes dos acordos celebrados com algumas concessionárias, em virtude de alterações das condições contratuais inicialmente estabelecidas.” (pág. 40).

45 O Parecer do Tribunal de Contas sobre a CGE/2011 refere, no capítulo relativo a «Deficiências de contabilização e controlo», que “a contribuição de serviço rodoviário (criada para financiar a Estradas de Portugal) continuou a ser efetuada por dedução à receita de ISP sem ter, portanto, qualquer reflexo no OE”. O Tribunal de Contas já tinha chamado a atenção para esta situação no «Relatório n.º 15/2012 – Auditoria ao modelo de gestão, financiamento e regulação do setor rodoviário», de maio de 2012, considerando que isso torna “menos clara a informação orçamental relativa aos encargos efetivamente incorridos com os contratos de concessão rodoviária, pelo facto de se desconhecer a verdadeira dimensão e os impactos destes nas contas públicas”. Todavia, atendendo à integração da empresa Estradas de Portugal no subsetor dos Serviços e Fundos Autónomos a partir de 2012, enquanto entidade pública reclassificada, o Tribunal de Contas refere que, no âmbito do Parecer sobre a CGE/2012, examinará o impacto dessa integração e apreciará o cumprimento da lei no que respeita à cobrança e contabilização da receita. 46 Para apurar o desvio dos encargos com as PPP face ao previsto, a UTAO utilizou como referenciais de comparação: i) as previsões de encargos líquidos com PPP rodoviárias e ferroviárias em 2011, incluídas no “Relatório anual – 2012 sobre PPP e concessões” da DGTF; ii) as previsões de encargos líquidos com PPP dos setores da saúde e da segurança que constam no relatório do OE/2011. No caso das PPP rodoviárias, a utilização dos dados publicados pela DGTF prende-se com o facto de incluírem os REF e o IVA. No caso das PPP ferroviárias, a previsão incluída no referido relatório da DGTF tem a vantagem de excluir o valor previsto para o projeto “AVF – Alta Velocidade Ferroviária”, que não se concretizou porque o respetivo visto foi recusado pelo Tribunal de Contas, em março de 2012.

OE/2011 (*) Bol. DGTF (**) Rel. DGTF(***)(out-10) (mai11-fev12) (ago-12)

(1) (2) (3) (3-1)

Rodoviárias 470,3 1 166,5 1 166,5 696,2Ferroviárias 94,1 102,1 17,8 -76,3Saúde 232,2 228,3 228,4 -3,8Segurança 45,3 45,1 45,1 -0,2Total 841,9 1 542,0 1 457,8 615,9

Diferença

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

201

Página 202

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Tabela 20 – Encargos líquidos com PPP (em milhões de euros e em percentagem)

Fontes: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. Notas: (*) no caso das PPP rodoviárias e ferroviárias, considerou-se a previsão que consta do “Relatório anual – 2012 sobre PPP e concessões” da DGTF, de agosto de 2012; nos restantes casos foi utilizada a previsão que consta no relatório do OE/2011. Os motivos para a adoção deste procedimento encontram-se identificados na nota de rodapé 46.

63 O desvio global verificado deveu-se sobretudo aos encargos líquidos com as PPP rodoviárias, que ficaram 30% acima do inicialmente previsto. Com efeito, aqueles encargos ascenderam a 1520,9 M€ em 2011, mais 354,4 M€ do que o montante inicialmente previsto. Os encargos com as parcerias na área da saúde também foram superiores ao previsto: mais 11,4 M€.47 Saliente-se que o único desvio favorável verificou-se no âmbito das PPP ferroviárias (-7,1 M€).

Gráfico 18 – Encargos líquidos com PPP rodoviárias em 2011: comparação com o previsto (em milhões de euros)

Fontes: Ministério das Finanças | Nota: (*) considerou-se a previsão que consta “Relatório anual – 2012 sobre PPP e concessões” da DGTF, de agosto de 2012, pelo facto de esta incluir os REF (604,2 M€) e o IVA.

64 O desvio verificado nas PPP rodoviárias deveu-se sobretudo a maiores encargos com os Reequilíbrios Económicos e Financeiros e a menores proveitos. Para o já referido desvio nos encargos líquidos com PPP rodoviárias (+354 M€), contribuíram maioritariamente os REF (+274 M€). De acordo com o Boletim da DGTF,48 estão essencialmente em causa os REF no âmbito da concessão do Túnel do Marão, que ascenderam a 197 M€ e que inicialmente não estavam previstos. Com efeito, o pagamento de investimentos na concessão do Túnel do Marão derivou da intervenção direta do Estado, que se substituiu à concessionária no suporte da obra. Embora de menor dimensão, saliente-

47 O relatório da CGE/2011 refere que deverá ocorrer um incremento significativo em 2012, em virtude do crescimento dos encargos com os novos hospitais de Loures e de Vila Franca de Xira. 48 “Boletim Informativo – PPP e Concessões – 4.º trimestre 2011”.

2009 2010CGE CGE Previsão CGE M€ % M€ %

Rodoviárias 674,1 896,6 1 166,5 (*) 1 520,9 354,4 30% 624,3 70%Ferroviárias 89,2 15,0 17,8 (*) 10,7 -7,1 -40% -4,3 -29%Saúde 96,4 172,2 232,2 243,6 11,4 5% 71,3 41%Segurança 38,7 43,6 45,3 47,4 2,1 5% 3,8 9%Total 898,4 1 127,5 1 461,8 1 822,6 360,8 25% 695,1 62%

2011 Desvio Variação 2010/11

291

604

853

1167

157

878

800

1521

0 500 1000 1500 2000

Proveitos

Reequilib. Econ. Financ.

Encargos correntes

Encargos líquidos PPP Rodoviárias

Execução

Previsão*

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

202

Página 203

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

se que os desvios nos REF das concessões do Norte Litoral, Costa de Prata e Grande Porto, deveram-se “ao reconhecimento do direito das concessionárias a REF, em virtude de decisão unilateral do concedente de introdução de portagens nas vias anteriormente sem custos para o utilizador, com custos de investimento resultantes da colocação de pórticos para a cobrança virtual de portagens”.49 Saliente-se, ainda, o desvio registado nos proveitos das PPP rodoviárias (-135 M€): de acordo com a DGTF, “as receitas para 2011 ficaram abaixo das expetativas pelo facto da introdução de portagens da 2.ª fase apenas ter ocorrido em dezembro (oito meses depois do previsto inicialmente).” Por fim, refira-se que os encargos correntes com as PPP rodoviárias ficaram 6,3% abaixo do previsto, dado que estavam orçamentadas verbas para novas portagens (da Concessão do Algarve, Beira Interior, Beira Litoral e Alta e Interior Norte), que acabaram por não se verificar em 2011.

65 A análise dos relatórios trimestrais da DGTF, relativos às PPP e concessões, permite verificar que os encargos líquidos foram mais significativos no 2.º e no 4.º trimestre de 2011, períodos em que os REF dos contratos das PPP rodoviárias assumiram maior expressão. Aliás, no 2.º trimestre os encargos decorrentes de REF foram tão elevados (ascenderam a 594 M€, em termos não acumulados) que, no final daquele período, o total de encargos líquidos com parcerias já apresentava um grau de execução de 77%, tendo no final do ano excedido o previsto em 25%. Os encargos líquidos com as parcerias rodoviárias continuaram a ter um peso preponderante, tendo representado 83% do total dos encargos líquidos com PPP em 2011.

Tabela 21 – Evolução dos encargos líquidos com PPP em 2011 (valores acumulados, em milhões de euros)

Fonte: Ministério das Finanças e cálculos da UTAO. Notas: (*) pelos motivos já anteriormente referidos, o grau de execução foi calculado tendo como referência a previsão de encargos líquidos com PPP em 2011, que consta da Tabela 20 (1461,8 M€), em detrimento da previsão incluída no relatório do OE/2011 (841,9 M€); o total de encargos líquidos com PPP acumulado no final do 4.º trimestre corresponde ao valor publicado no relatório da CGE/2011; a sigla REF designa “Reequilíbrios Económicos e Financeiros”.

49 A este propósito, refira-se que, de acordo com o relatório do OE/2011, “quando exista pagamento de portagens pelos utentes, a Estradas de Portugal passa a receber as receitas de portagem devidas nas concessões abrangidas, sendo a remuneração às concessionárias realizada através do pagamento pela disponibilidade das redes viárias que estas colocam ao serviço dos utentes”.

Encargos correntes REF Proveitos

Encargos líquidos

PPP Rodoviárias

Peso no total

das PPP

1.º trimestre 15-05-2011 251,5 17% 226,0 13,8 34,8 205,0 82%2.º trimestre 12-08-2011 1 128,0 77% 475,2 607,8 74,1 1 008,9 89%3.º trimestre 15-11-2011 1 335,0 91% 649,3 610,8 117,9 1 142,2 86%4.º trimestre 15-02-2012 1 822,6 125% 799,6 877,9 156,5 1 520,9 83%

Boletim DGTFData de

publicação

Execução trimestral acumuladad.q.: PPP Rodoviárias

Total encargos

líquidos PPP

Grau de execução

(*)

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

203

Página 204

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

IV ANEXO Tabela 22 – Conta consolidada da administração central e segurança social: comparação face ao OE/2011

(em milhões de euros, em percentagem e em pontos percentuais)

Fonte: Ministério das Finanças (CGE/2011), INE e cálculos da UTAO.

2011 Rácios do PIB

OE inicial (M€) CGE (M€) Desvio (M€) OE inicial (%) CGE (%) Desvio (p.p.)

Receita corrente 61 420,5 60 843,4 -577,0 35,9% 35,6% -0,3Impostos diretos 13 794,0 15 066,5 1 272,5 8,1% 8,8% 0,7Impostos indiretos 20 849,1 20 383,3 -465,9 12,2% 11,9% -0,3Contribuições para Segurança Social, CGA, ADSE 18 876,6 18 145,0 -731,5 11,0% 10,6% -0,4Outras receitas correntes 7 900,8 7 248,6 -652,2 4,6% 4,2% -0,4

Receita de capital 2 229,1 4 959,0 2 729,9 1,3% 2,9% 1,6

Receita efetiva 63 649,6 65 802,4 2 152,8 37,2% 38,5% 1,3

Despesa corrente 67 558,3 67 685,7 127,4 39,5% 39,6% 0,1Despesas com o pessoal 13 066,2 13 458,7 392,5 7,6% 7,9% 0,2Aquisição de bens e serviços 9 836,1 10 368,2 532,1 5,8% 6,1% 0,3Juros e outros encargos 6 323,0 6 072,0 -251,0 3,7% 3,6% -0,1Transferências correntes 34 540,7 35 369,6 828,8 20,2% 20,7% 0,5Subsídios 2 702,6 1 811,4 -891,2 1,6% 1,1% -0,5Outras despesas correntes 1 089,7 605,8 -483,8 0,6% 0,4% -0,3

Despesa de capital 5 264,3 4 175,2 -1 089,1 3,1% 2,4% -0,6Investimento 1 222,3 790,9 -431,4 0,7% 0,5% -0,3Transferências de capital 3 939,5 3 336,6 -602,9 2,3% 2,0% -0,4

Administrações Públicas 1 497,8 1 433,0 -64,9 0,9% 0,8% 0,0Outras 2 441,6 1 903,6 -538,0 1,4% 1,1% -0,3

Outras despesas de capital 102,6 47,7 -54,9 0,1% 0,0% 0,00,0

Despesa efetiva 72 822,7 71 860,9 -961,8 42,6% 42,0% -0,6

Saldo global -9 173,1 -6 058,5 3 114,6 -5,4% -3,5% 1,8Por memória:

Saldo corrente -6 137,9 -6 842,3 -704,4 -3,6% -4,0% -0,4Saldo de capital -3 035,2 783,8 3 819,0 -1,8% 0,5% 2,2Saldo primário -2 850,0 13,6 2 863,6 -1,7% 0,0% 1,7

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

204

Página 205

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Tabela 23 – Conta consolidada da administração central e segurança social: 2009-2011

(em milhões de euros, em percentagem e em pontos percentuais)

Fonte: Ministério das Finanças (CGE/2009, CGE/2010, CGE/2011), INE e cálculos da UTAO.

Execução Orçamental (M€) Rácios do PIB (%)

2009 2010 2011 2009/10 2010/11 2009 2010 2011 2009/10 2010/11

Receita corrente 56 987,0 57 860,3 60 843,4 1,5% 5,2% 4,9% 33,8% 33,5% 35,6% -0,3 2,1 Impostos diretos 13 513,7 13 589,6 15 066,5 0,6% 10,9% 2,4% 8,0% 7,9% 8,8% -0,1 0,9 Impostos indiretos 18 209,8 19 766,4 20 383,3 8,5% 3,1% 1,0% 10,8% 11,4% 11,9% 0,6 0,5 Contribuições para Segurança Social, CGA, ADSE 17 159,8 17 898,1 18 145,0 4,3% 1,4% 0,4% 10,2% 10,4% 10,6% 0,2 0,3 Outras receitas correntes 8 103,7 6 606,2 7 248,6 -18,5% 9,7% 1,0% 4,8% 3,8% 4,2% -1,0 0,4

Receita de capital 1 590,5 3 485,9 4 959,0 119,2% 42,3% 2,4% 0,9% 2,0% 2,9% 1,1 0,9

Receita efetiva 58 577,5 61 346,2 65 802,4 4,7% 7,3% 7,3% 34,8% 35,5% 38,5% 0,8 3,0

Despesa corrente 66 746,8 68 272,0 67 685,7 2,3% -0,9% -0,8% 39,6% 39,5% 39,6% -0,1 0,1 Despesas com o pessoal 15 174,2 14 818,1 13 458,7 -2,3% -9,2% -1,9% 9,0% 8,6% 7,9% -0,4 -0,7 Aquisição de bens e serviços e outras desp. Corr. 10 150,4 11 103,3 10 974,1 9,4% -1,2% -0,2% 6,0% 6,4% 6,4% 0,4 -0,0 Juros e outros encargos 5 020,9 4 988,5 6 072,0 -0,6% 21,7% 1,5% 3,0% 2,9% 3,6% -0,1 0,7 Transferências correntes 33 727,1 35 370,4 35 369,6 4,9% 0,0% 0,0% 20,0% 20,5% 20,7% 0,5 0,2 Subsídios 2 674,2 1 191,7 1 811,4 -55,4% 52,0% 0,9% 1,6% 0,7% 1,1% -0,9 0,4

Despesa de capital 4 678,8 4 568,6 4 175,2 -2,4% -8,6% -0,5% 2,8% 2,6% 2,4% -0,1 -0,2 Investimento 1 036,9 1 853,5 790,9 78,8% -57,3% -1,5% 0,6% 1,1% 0,5% 0,5 -0,6 Transferências de capital 3 358,0 2 626,6 3 336,6 -21,8% 27,0% 1,0% 2,0% 1,5% 2,0% -0,5 0,4

Administrações Públicas 1 604,6 1 543,5 1 433,0 -3,8% -7,2% -0,2% 1,0% 0,9% 0,8% -0,1 -0,1 Outras 1 753,4 1 083,1 1 903,6 -38,2% 75,8% 1,1% 1,0% 0,6% 1,1% -0,4 0,5

Outras despesas de capital 283,9 88,5 47,7 -68,8% -46,1% -0,1% 0,2% 0,1% 0,0% -0,1 -0,0

Despesa efetiva 71 425,6 72 840,6 71 860,9 2,0% -1,3% -1,3% 42,4% 42,2% 42,0% -0,2 -0,1

Saldo global -12 848,1 -11 494,4 -6 058,5 - - - -7,6% -6,7% -3,5% 1,0 3,1 Por memória:

Saldo corrente -9 759,8 -10 411,7 -6 842,3 - - - -5,8% -6,0% -4,0% -0,2 2,0 Saldo de capital -3 088,3 -1 082,7 783,8 - - - -1,8% -0,6% 0,5% 1,2 1,1 Saldo primário -7 827,2 -6 505,9 13,6 - - - -4,6% -3,8% 0,0% 0,9 3,8

Variação (%) Contributo Var. 2010

(p.p.)

Var. em p.p. do PIB

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

205

Página 206

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Tabela 24 – Conta do Estado

(em milhões de euros, em percentagem e em pontos percentuais)

Fontes: Ministério das Finanças (CGE/2011), INE e Cálculos UTAO | Notas: OEI – Orçamento do Estado inicial; OEF – Orçamento do Estado final; (a) Não inclui Ativos e Passivos financeiros; (b) Inclui os Recursos próprios comunitários e as Reposições não abatidas nos pagamentos; (c) Inclui o capítulo Saldo da gerência anterior; (d) Não inclui a transferência para o Fundo de Regularização da Dívida Pública (FRDP).

OEI OEF Execução OEI OEF OEI OEF Execução OEI OEFReceita efetiva (a) (1+2): 34 715,9 36 287,1 38 468,5 39 348,5 41 682,5 3 214,0 2 334,0 20,6 21,0 22,5 23,0 24,4 1,9 1,4(1) Corrente (b) 34 166,2 35 462,1 37 378,9 38 258,9 38 061,1 682,2 -197,8 20,3 20,5 21,9 22,4 22,3 0,4 -0,1(2) Capital (c) 549,7 825,0 1 089,6 1 089,6 3 621,4 2 531,8 2 531,8 0,3 0,5 0,6 0,6 2,1 1,5 1,5

Despesas efetiva (a) (3+5): 48 773,2 50 565,4 49 805,9 50 409,0 48 726,3 -1 079,6 -1 682,7 28,9 29,3 29,1 29,5 28,5 -0,6 -1,0(3) Corrente 45 019,6 46 573,8 45 513,5 46 880,9 45 575,0 61,5 -1 305,9 26,7 26,9 26,6 27,4 26,6 0,0 -0,8(4) Da qual: Juros e Outros Encargos 5 006,7 4 971,7 6 300,6 6 373,6 6 039,2 -261,4 -334,4 3,0 2,9 3,7 3,7 3,5 -0,2 -0,2(5) Capital (d) 3 753,6 3 991,6 4 292,4 3 528,1 3 151,3 -1 141,1 -376,8 2,2 2,3 2,5 2,1 1,8 -0,7 -0,2

(6) Saldo corrente (1-3) -10 853,4 -11 111,7 -8 134,6 -8 622,0 -7 513,9 620,7 1 108,1 -6,4 -6,4 -4,8 -5,0 -4,4 0,4 0,6(7) Saldo corrente primário (6+4) -5 846,7 -6 140,0 -1 834,0 -2 248,4 -1 474,7 359,3 773,7 -3,5 -3,6 -1,1 -1,3 -0,9 0,2 0,5(8) Saldo de capital (2 -5) -3 203,9 -3 166,6 -3 202,8 -2 438,5 470,1 3 672,9 2 908,6 -1,9 -1,8 -1,9 -1,4 0,3 2,1 1,7(9) Saldo global (6+8) -14 057,3 -14 278,3 -11 337,4 -11 060,5 -7 043,8 4 293,6 4 016,7 -8,3 -8,3 -6,6 -6,5 -4,1 2,5 2,3(10) Saldo primário (9+4) -9 050,6 -9 306,6 -5 036,8 -4 686,9 -1 004,6 4 032,2 3 682,3 -5,4 -5,4 -2,9 -2,7 -0,6 2,4 2,2

Milhões de euros Rácios do PIB

2009 20102011 Desvio em 2011 p/

2009 20102011 Desvio em 2011 p/

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

206

Página 207

UTAO | PARECER TÉCNICO N.º 7/2012 • Análise da Conta Geral do Estado de 2011

Tabela 25 – Receita do Estado

(em milhões de euros, em percentagem e em pontos percentuais)

Fonte: Ministério das Finanças (CGE/2011), INE e cálculos da UTAO. | Nota: Os valores constantes do presente quadro não excluem transferências intrassectoriais.

Tabela 26 – Despesa fiscal

(em milhões de euros, em percentagem e em pontos percentuais)

Fonte: Ministério das Finanças (CGE/2011) e cálculos da UTAO. | Nota: A despesa fiscal no IVA respeita somente ao chamado IVA-interno. As taxas de variação homólogas, bem como, os desvios percentuais face ao OE/2011 inicial foram calculados tendo por base os valores da CGE/2011.

Estrutura2011 2010 2011 2009 2010 2011 2010 2011

I- Receitas correntes: 33 798,6 35 194,4 37 828,9 90,8% 4,1 7,5 7,3 20,1 20,4 22,1 0,3 1,8A) Receita fiscal: 30 652,9 32 289,7 34 359,2 82,4% 5,3 6,4 5,7 18,2 18,7 20,1 0,5 1,4 Impostos diretos 13 489,4 13 569,2 15 046,9 36,1% 0,6 10,9 4,1 8,0 7,9 8,8 -0,2 0,9 dos quais: — IRS 8 950,9 8 936,7 9 831,0 23,6% -0,2 10,0 2,5 5,3 5,2 5,7 -0,1 0,6 — IRC 4 540,3 4 591,6 5 167,6 12,4% 1,1 12,5 1,6 2,7 2,7 3,0 0,0 0,4

Impostos indiretos 17 163,5 18 720,5 19 312,3 46,3% 9,1 3,2 1,6 10,2 10,8 11,3 0,6 0,5 dos quais: 0,0 0,0 0,0 — IVA 10 883,4 12 145,9 13 051,6 31,3% 11,6 7,5 2,5 6,5 7,0 7,6 0,6 0,6 — ISP 2 434,2 2 406,1 2 305,5 5,5% -1,2 -4,2 -0,3 1,4 1,4 1,3 -0,1 0,0 — Imp. Selo 1 652,9 1 538,7 1 483,0 3,6% -6,9 -3,6 -0,2 1,0 0,9 0,9 -0,1 0,0 — Imp. Tabaco 1 140,0 1 428,7 1 446,7 3,5% 25,3 1,3 0,0 0,7 0,8 0,8 0,2 0,0 — Imp. S/ os Veículos 693,3 809,1 626,5 1,5% 16,7 -22,6 -0,5 0,4 0,5 0,4 0,1 -0,1 — Imp. B. Álcool. (IABA) 180,1 182,0 172,7 0,4% 1,1 -5,1 0,0 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0 — Imp. Único de Circulação (IUC) 128,4 151,2 173,6 0,4% 17,8 14,8 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0

B) Receitas correntes não fiscais: 3 145,7 2 904,7 3 469,7 8,3% -7,7 19,5 1,6 1,9 1,7 2,0 -0,2 0,3Contribuições para a SS, a CGA e a ADSE 230,9 234,0 464,8 1,1% 1,3 98,6 0,6 0,1 0,1 0,3 0,0 0,1Taxas, multas e outras penalidades 580,8 590,3 698,6 1,7% 1,6 18,3 0,3 0,3 0,3 0,4 0,0 0,1Rendimentos da propriedade 602,0 473,5 288,2 0,7% -21,3 -39,1 -0,5 0,4 0,3 0,2 -0,1 -0,1Transferências correntes 1 150,6 1 009,5 1 213,3 2,9% -12,3 20,2 0,6 0,7 0,6 0,7 -0,1 0,1Venda de bens e serviços correntes 466,6 416,3 433,7 1,0% -10,8 4,2 0,0 0,3 0,2 0,3 0,0 0,0Outras receitas correntes 114,8 181,1 371,1 0,9% 57,8 104,9 0,5 0,1 0,1 0,2 0,0 0,1

II- Receitas de capital: 224,1 358,1 3 404,0 8,2% 59,8 850,6 8,4 0,1 0,2 2,0 0,1 1,8Venda de bens de investimento 179,5 169,4 17,4 0,0% -5,6 -89,7 -0,4 0,1 0,1 0,0 0,0 -0,1Transferências de capital 70,5 93,7 3 319,1 8,0% 32,9 3 442,3 8,9 0,0 0,1 1,9 0,0 1,9Outras receitas de capital -25,9 95,0 67,5 0,2% -466,8 -28,9 -0,1 0,0 0,1 0,0 0,1 0,0

Recursos próprios comunitários 153,9 177,4 167,6 0,4% 15,3 -5,5 0,0 0,1 0,1 0,1 0,0 0,0Reposições não abatidas nos pagamentos 213,7 90,4 64,6 0,2% -57,7 -28,5 -0,1 0,1 0,1 0,0 -0,1 0,0Saldo da gerência anterior 325,6 466,8 217,4 0,5% 43,4 -53,4 -0,7 0,2 0,3 0,1 0,1 -0,1

TOTAL DA RECEITA EFETIVA S/ ATIVOS FINANCEIROS 34 715,9 36 287,1 41 682,5 100,0% 4,5 14,9 14,9 20,6 21,0 24,4 0,4 3,4

Rácios do PIB Var. rácios do PIBDesignação 2009 2010 2011 Variação (%) Contrib. var. em 2011

Evolução da despesa fiscal2009 2010 Estrutura

DesignaçãoM€ M€ M€ % da rec. imp. resp. 2011 2010 2011

Prev. Rel. OEI

Desvio (M€)

Desvio

Impostos diretos: 638,0 671,4 714,0 4,7 66% 5,2 6,3 628,9 85,1 13,5% — IRS 350,0 380,7 357,2 3,6 33% 8,8 -6,2 358,9 -1,7 -0,5% — IRC 288,0 290,7 356,8 6,9 33% 0,9 22,7 270,0 86,8 32,1%

Impostos sobre o Património 4,7 10,2 14,2 1,0 1% 117,0 118,4 5,2 9,0 5010,0% — I. Selo 4,7 10,2 14,2 1,0 1% 117,0 118,4 5,2 9,0 5010,0%

Impostos sobre a Despesa: 524,6 541,9 353,9 2,0 33% 3,3 -34,7 427,6 -73,7 -17,2% — IVA 158,2 172,3 152,6 1,2 14% 8,9 -11,4 184,9 -32,3 -17,5% — ISP 259,7 278,1 153,6 6,7 14% 7,1 -44,8 182,4 -28,8 -15,8% — I. S.Veículos 105,1 89,4 45,7 7,3 4% -14,9 -48,9 58,9 -13,2 -22,4%

Outros (tabaco e bebidas alcoólicas) 1,6 2,1 2,0 0,1 0% 31,3 -4,8 1,4 0,6 42,9%TOTAL 1 167,3 1 223,5 1 082,1 3,1 100% 4,8 -11,6 1 061,7 20,4 1,9%TOTAL (%PIB) 0,7% 0,7% 0,6% 0,0% -0,1% 0,6% 0,0%

Variação (%) 20112011

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

207

Página 208

V Lista de abreviaturas Abreviatura Designação ACSS Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. AC & SS Administração Central e Segurança Social ADSE Direção-Geral de Proteção Social aos Trabalhadores em Funções Públicas AVF Alta Velocidade Ferroviária BCE Banco Central Europeu BPN Banco Português de Negócios CE Comissão Europeia CGA Caixa Geral de Aposentações, I.P. CGD Caixa Geral de Depósitos CGE Conta Geral do Estado CGE/YYYY Conta Geral do Estado para o ano YYYY CP Comboios de Portugal, E.P.E. DEO Documento de Estratégia Orçamental DEO/YYYY Documento de Estratégia Orçamental para o ano YYYY DEU Alemanha DGO Direção-Geral do Orçamento DGTF Direção-Geral do Tesouro e Finanças EANP Encargos Assumidos e Não Pagos EPR Entidade Pública Reclassificada ESP Espanha FBCF Formação Bruta de Capital Fixo FEEF Fundo Europeu de Estabilização Financeira FMI Fundo Monetário Internacional FRA França FRDP Fundo de Regularização da Dívida Pública GNR Guarda Nacional Republicana GPEARI Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais

GPEARI-MF Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério das Finanças

GRC Grécia IFAP Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, I.P. IGCP Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP, E.P.E. IGFIJ Instituto de Gestão Financeira e de Infraestruturas da Justiça, I.P. IHPC Índice Harmonizado de Preços no Consumidor INE Instituto Nacional de Estatística IPC Índice de Preços no Consumidor IRC Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas IREF Iniciativa para o Reforço da Estabilidade Financeira IRL Irlanda IRS Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Singulares ISP Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos ISV Imposto Sobre os Veículos

II SÉRIE-A — NÚMERO 161_______________________________________________________________________________________________________________

208

Página 209

Abreviatura Designação ITA Itália IVA Imposto Sobre o Valor Acrescentado LEO Lei de Enquadramento Orçamental M€ Milhões de euros MAI Ministério da Administração Interna MDN Ministério da Defesa Nacional MEC Ministério da Educação e Ciência MEEF Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira MF Ministério das Finanças MoU Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica OE Orçamento do Estado OEI Orçamento do Estado Inicial OEF Orçamento do Estado Final OE/yyyy Orçamento do Estado para o ano yyyy OT Obrigações do Tesouro PAEF Programa de Ajustamento Económico e Financeiro PEC Programa de Estabilidade e Crescimento PIB Produto Interno Bruto PRODER Programa de Desenvolvimento Rural p.p. Pontos percentuais PPL Proposta de Lei PPP Parcerias Público-Privadas PRT Portugal PSP Polícia de Segurança Pública REF Reequilíbrios Económicos e Financeiros REFER Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P.E. RTP Rádio e Televisão de Portugal, S.A. SEE Setor Empresarial do Estado SFA Serviços e Fundos Autónomos SIMAB Sociedade Instaladora de Mercados Abastecedores, S.A. SNS Serviço Nacional de Saúde SS Segurança Social STCP Sociedade de Transportes Coletivos do Porto, S.A. UE União Europeia UTAO Unidade Técnica de Apoio Orçamental

A Divisão de Redacção e Apoio Audiovisual.

1 DE JULHO DE 2013_______________________________________________________________________________________________________________

209

Descarregar páginas

Página Inicial Inválida
Página Final Inválida

×