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II SÉRIE-A — NÚMERO 145 98

do Douro, em Protocolos oficiais, subscritos pelo Estado português, para o saneamento da situação financeira,

que nunca cumpriram. O atual Governo PSD/CDS, desprezando as vozes que na Região se levantaram contra

este crime, inclusivamente entre os autarcas do seu partido, termina com desfaçatez, de forma brutal, imoral e

ilegal, pondo em causa o Estado de direito e pessoa de bem, o processo do desmantelamento e roubo da Casa

do Douro.

A decisão de entrega da Casa do Douro à associação entretanto designada para lhe suceder estava talhada

desde o início. Em primeiro lugar porque o Secretário de Estado que tutela o processo político é um ex-alto

funcionário da CAP, como o PCP não se cansou de denunciar e lembrar à Ministra da Agricultura quanto a uma

incompatibilidade de interesses, e evidente promiscuidade! Não era por acaso que a CAP e as estruturas suas

associadas, conheciam previamente as decisões do governo e as anunciavam antes de qualquer conhecimento

oficial, nomeadamente da própria Assembleia da República. Este é um frete e conluio do Governo com a CAP.

Frete tanto mais inaceitável, se mais não houvesse, quando se trata de uma estrutura que nunca teve qualquer

intervenção na região.

Em segundo lugar porque a Federação Renovação do Douro foi dinamizada por uma pessoa com relações

com o comércio, uma vez que chegou a representar este setor no Conselho Interprofissional do IVDP. Como a

entidade que sucede à Casa do Douro representará a produção no referido Conselho, - um órgão que é por lei

paritário, com representação igual entre a produção e a comercialização, face aos interesses antagónicos - a

representação da produção pela Casa do Douro será por alguém que já esteve do outro lado a representar a

comercialização. Novamente a promiscuidade é evidente!

Com este processo a Casa do Douro é roubada aos seus legítimos donos, que são todos os vitivinicultores

durienses, para ser entregue a uma minoria – sublinhe-se que o próprio Despacho assume que a estrutura

designada representa 28% dos viticultores, certamente os maiores proprietários, uma parte dos quais são as

próprias casas exportadoras. Registe-se: um dos critérios usados para aferir da representatividade das

associações candidatas foi a dimensão das áreas de vinha de que os seus associados eram proprietários!

Colocar o comércio e as casas exportadoras de Gaia, de facto meia dúzia de grupos económicos, a

representar a produção e a mandar na Casa do Douro, faz com que de facto a exportação, a AEVP – Associação

das Empresas de Vinho do Porto, passe a ficar duas vezes representada no Conselho Interprofissional do IVDP,

impondo a ditadura dos seus interesses, inclusive em matéria de benefício, a todos os pequenos e médios

Viticultores do Douro.

O comércio e as casas exportadoras alcançam assim o velho objetivo – que nem Salazar lhes tinha permitido

– de ter a produção, designadamente a pequena e média viticultura duriense, completamente desprotegida,

numa relação completamente desigual.

Não é por acaso que alguma gente das casas exportadoras e alguns responsáveis da AEVP defendiam a

liquidação da Casa do Douro. A Casa do Douro era a última barreira ao fim do benefício, um desígnio já

abertamente afirmado. Com a destruição da Casa do Douro, desaparece o representante único de toda a

vitivinicultura duriense e as casas exportadoras e as grandes empresas podem reduzir o preço da uva, impor

preços e condições aos viticultores, afastá-los do direito das suas vinhas ao (fabrico do) vinho beneficiado/vinho

do Porto condenando à ruína os pequenos e médios viticultores. E com eles desaparecerá o Alto Douro

vinhateiro, Património da Humanidade, património de quem o construiu!

Este é o processo de destruição da mais importante instituição da região duriense, da Região Demarcada

mais antiga do mundo. Instituição que atravessou diversos regimes e governos. O PCP não vai desistir da defesa

da Casa do Douro, e permanecerá atento e firme no combate pelos direitos e património dos pequenos e médios

viticultores durienses.

Em 1975, o PS, o PSD e o CDS mobilizaram os viticultores do Douro com o argumento de que os comunistas

lhes queriam tirar a Casa do Douro. Hoje, passados 40 anos, os durienses sabem a verdade: é o CDS e o PDS,

com a ajuda do PS, quem lhes quer roubar a Casa do Douro e o seu património. Ao seu lado, na defesa dos

pequenos e médios viticultores, na defesa dos seus direitos e da Região Demarcada do Douro está o PCP! Hoje

como sempre!

Nestes termos, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, os Deputados abaixo

assinados do Grupo Parlamentar do PCP apresentam o seguinte projeto de resolução:

A Assembleia da República recomenda ao Governo, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição da

República que:

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