O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

pedro arenas | os problemas da erradicação forçada das culturasObservatório de Produtores e Cultivos Declarados Ilícitos (Observatorio de Cultivos y Cultivadores Declarados Ilícitos, OCCDI Global), Colômbia

o meu nome é pedro arenas. nasci nas margens de um rio no sudeste da Colômbia. no início dos anos 1980, quando estava a concluir a escola primária, o meu pai não encontrou uma escola onde eu pudesse continuar a estudar. nesta área rural não havia escolas secundárias. por isso, como muitos outros adolescentes, fui trabalhar para o campo, na colheita da folha de coca nas plantações da região. eu mal tinha feito 13 anos quando comecei a ter o meu próprio rendimento.

lembro-me de ouvir os adultos comentarem que estas culturas eram uma atividade ilegal e que, por isso, podíamos ser presos pelas autoridades a qualquer momento. perante este medo, os agricultores foram-se deslocando para áreas cada vez mais remotas e ambientalmente mais importantes da floresta. então continuei a trabalhar na colheita da folha de coca a sul de Guaviare, uma região que hoje assiste à mais alta taxa de desflorestação na amazónia colombiana.

nos anos 1990, fumigações aéreas contra culturas de coca com o herbicida glifosato originaram perdas de culturas legais, destruíram economias familiares que se baseavam nesta atividade e conduziram a violações dos direitos humanos. a minha mãe também perdeu a sua cultura e teve de deixar o campo e todos os seus pertences para ir viver para a cidade mais perto e recomeçar a vida.

nós fizemos manifestações como organizações de camponeses. eu comuniquei os danos causados às famílias, à sua segurança alimentar e ao ambiente a várias autoridades. apesar disso, o estado continuou com a fumigação por mais 21 anos, ignorando as queixas, e nunca investigou os casos de violação dos direitos humanos. Também houve ameaças, ataques e assassinatos de líderes dos protestos. eu pessoalmente sofri ameaças, perseguições e dois ataques que quase me custaram a vida.

desde então, tenho-me dedicado ao trabalho de defesa dos direitos humanos dos povos indígenas, agricultores e afrodescendentes que produzem coca para fins tradicionais e culturais, bem como das famílias que o fazem para obter pasta de coca. Vi campanhas que visavam estigmatizar a planta e perseguir os agricultores que com ela ganham o seu sustento.

posso dizer que os agricultores têm sido punidos com deslocações forçadas e até penas de prisão por exercerem uma atividade que nós vemos como normal. a erradicação forçada apenas teve consequências negativas para as famílias e não tem resultados sustentáveis. por esse motivo, a meu ver, não devíamos ter políticas de drogas que se medem apenas pela área de cultivo e áreas eliminadas por ano. o cálculo deveria ser feito com base na superação da pobreza e no avanço do desenvolvimento.

16 DE JULHO DE 2019______________________________________________________________________________________________________________________

351