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II SÉRIE-A — NÚMERO 104

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conjunto de concelhos do distrito de Castelo Branco, nomeadamente, Belmonte, Covilhã, Fundão, Castelo

Branco, Idanha-a-Nova, Penamacor e Vila Velha de Ródão. Os eventos meteorológicos adversos terão

afetado vastas áreas de pomar de cereja, pêssego, pera, maçã, ameixa, damasco e figo, e também áreas de

olival, vinha e hortas. A Associação Distrital de Agricultores de Castelo Branco afirma que «não há memória»

de uma tempestade de «vento, chuva, granizo intensos» que «dizimaram as culturas de primavera/verão deste

ano», mas também «as culturas do outono/inverno como aveia, azevém, trigo e feno, e os cereais de

primavera/verão» do ano que vem.

Concelhos de outros distritos foram fustigados por eventos semelhantes, tendo também sofrido danos e

registado perdas no setor agrícola, como foi o caso de Sever do Vouga (Aveiro); Moimenta da Beira e Tarouca

(Viseu); Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo, Trancoso, Almeida e Mêda (Guarda); e Góis (Coimbra).

Alguns dos municípios afetados deram já início ao levantamento dos prejuízos causados pela intempérie,

como é o caso do Fundão, cujo presidente da Câmara Municipal estimou prejuízos no território do concelho na

ordem dos 20 milhões de euros. Existem relatos de produtores do Fundão com perdas de 40 a 60 por cento da

produção agrícola, sendo que algumas perdas atingem praticamente a totalidade da produção. O presidente

da Câmara Municipal da Covilhã estima que as perdas médias possam atingir 30 a 40 por cento da produção,

havendo situações que podem chegar aos 90 por cento.

Os estragos provocados pelos eventos meteorológicos repentinos ocorridos em abril e maio nas regiões

Norte e Centro do país requerem uma resposta urgente por parte do Governo. Depois de realizado um

levantamento detalhado dos danos e prejuízos causados, é necessário apoiar de forma célere e abrangente os

produtores que viram o seu ano agrícola arruinado e que os deixou sem uma parte substancial dos seus

rendimentos.

A crise climática atual agrava a frequência e intensidade dos eventos meteorológicos extremos

Com a atual crise climática em curso prevê-se um crescimento substancial da frequência e intensidade de

eventos meteorológicos extremos. O território português é particularmente suscetível aos efeitos da crise

climática, pois localiza-se numa zona do globo considerada, ao nível internacional, um hotspot das alterações

climáticas. De acordo com o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa),

o aumento da frequência e intensidade de uma grande variedade de eventos meteorológicos extremos como

secas, inundações, cheias repentinas e ondas de calor, é já uma realidade no Sul da Europa e na Península

Ibérica.

Segundo o Portal do Clima, tomando como referência a estação meteorológica de Castelo Branco, prevê-

se um aumento da temperatura média anual de 5,3 graus centígrados até 2100 na região. Assim, os habituais

riscos que decorrem da imprevisibilidade meteorológica vão aumentar para a atividade agrícola durante as

próximas décadas. A dimensão deste aumento depende da capacidade de o País adotar medidas de

adaptação às alterações climáticas, e de os Estados, em geral, tomarem medidas de mitigação de emissão de

gases com efeito de estufa.

Mas o risco não afeta todas as explorações agrícolas por igual

Os sistemas de produção mais diversificados são mais resilientes aos eventos meteorológicos extremos,

como fortes precipitações, secas e temporais, mas também ao surgimento de novas pragas e doenças, fator

que tende também a agravar-se com a crise climática. Os sistemas de produção diversificados, cujas culturas

são variadas e que praticam rotações e consociações, produzem menos emissões de gases com efeito de

estufa, pois tiram proveito de processos ecológicos, reduzindo as necessidades de consumo de energia,

adubos e pesticidas. Além destas vantagens, o facto de os sistemas de produção diversificados terem as suas

colheitas repartidas ao longo do ano, reduz também os riscos económicos associados aos eventos extremos e

às oscilações de mercado.

O Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PAC) para o período 2021-2027 orientará a aplicação da

futura PAC no território português e constitui uma oportunidade importante para a promoção de sistemas de

produção diversificados e resilientes em detrimento de modelos de produção agrícola mais vulneráveis a

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