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Sábado, 30 de Outubro de 1999 II Série-B - Número 1

VIII LEGISLATURA 1.ª SESSÃO LEGISLATIVA (1999-2000)

S U M Á R I O

Votos (n.os 1 e 2/VII):
N.º 1 - De pesar pelo falecimento de Amália Rodrigues (apresentado pelo PS, PSD, PCP, CDS-PP, Os Verdes e BE).
N.º 2 - De pesar pelo falecimento do ex-Deputado Luís Sá, do PCP (apresentado pelo PCP).

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0002 | II Série B - Número 001 | 30 de Outubro de 1999

 

VOTO N.º 1/VIII
DE PESAR PELO FALECIMENTO DE AMÁLIA RODRIGUES

Amália Rodrigues - a Amália, como carinhosamente o povo lhe chamava - deixou-nos. Fica a voz, nos registos fonográficos. Ficam os filmes, a restituir-nos a sua imagem simultaneamente doce e forte. O ser humano, o magnífico ser humano de grande coração, onde couberam a solidariedade mais exemplar, a sensibilidade mais comovida, a arte mais sublime e a mais intocada genuinidade, esse, perdemo-lo para sempre. Perdemos "a última musa do país das lágrimas", como lhe chamou Eduardo Lourenço.
Portugueses de todas as origens, a quem ela deleitou e comoveu, choraram a sua última viagem a caminho da memória. É hoje uma recordação do Portugal que havia nela.
O poeta Manuel Alegre disse que, com Amália, morreu um pouco da alma portuguesa. A tal ponto uma porção da nossa identidade colectiva se tinha impregnado dela.
De vez em quando, a floresta produz uma árvore distinta. Não necessariamente mais alta. Mas outra. Amália nasceu fadada para ser diferente. De modesta vendedeira de laranjas, subiu por mérito próprio não só ao "Olimpo" das casas de espectáculo, mas à consagração universal como cantora, intérprete e até criadora das suas próprias canções. Introduziu no velho fado português, marcado pela melancolia da história trágico-marítima, poemas dos mais representativos poetas portugueses, assumindo, inclusive, o "escândalo" (à época) de cantar Camões.
De promissora cantadeira do Velho "Café Luso" supersticiosa e tímida - alcandorou-se ao mais alto nível da interpretação de fados e canções, nacionais e estrangeiras, em português e outras línguas que o seu excepcional ouvido musical lhe permitiu aprender e pronunciar com impecável rigor.
Transformou-se assim num ex-libris humano da identidade portuguesa, respeitada e admirada nas sete partidas, por gente simples e senhores do Mundo. Ela foi, durante décadas, a mais talentosa embaixadora do nosso país no exterior. A tal ponto que, para os estrangeiros que nos conheciam mal, proferir o seu nome converteu-se numa outra forma de dizer Portugal.
Se permanecesse entre nós, seria a primeira a desejar que secassem as lágrimas de todos os olhos. Recordemo-la pois de olhos enxutos e coração inundado de orgulho por termos tido uma tão distinta compatriota, e termos agora o registo do seu talento, a memória da sua generosidade, e o estímulo do seu exemplo.
A Assembleia da República, na sua primeira reunião após a sua morte, aprovou por unanimidade um comovido voto de pesar; guardou um respeitoso minuto de silêncio; e encarregou o seu Presidente de endereçar à família enlutada respeitosas e sentidas condolências.

Palácio de São Bento, 27 de Outubro de 1999. Os Deputados: Francisco Assis (PS) - Carlos Encarnação (PSD) - Octávio Teixeira (PCP) - Sílvio Cervan (CDS-PP) - Luís Fazenda (BE) - Heloísa Apolónia (Os Verdes) - Almeida Santos (PS).

VOTO N.º 2/VIII
DE PESAR PELO FALECIMENTO DO EX-DEPUTADO LUÍS SÁ

O súbito e inesperado falecimento de Luís Sá causou na Assembleia da República, como em todos o que o conheciam, uma profundo consternação, que dificilmente cabe nas palavras de um simples voto de pesar.
Luís Sá faleceu aos 47 anos, numa altura em que muito havia ainda a esperar da sua actividade, não só como político e cidadão, mas também como cientista social e como intelectual.
Luís Sá concretizou uma notabilíssima carreira universitária, sendo Mestre em Ciência Política e Doutor em Ciências Sociais. Docente em várias universidades, ganhou prestígio e admiração, entre colegas e alunos.
Como estudioso, cientista e intelectual, Luís Sá legou uma vasta obra. Além de centenas de artigos espalhados por revistas de especialidade e órgãos de comunicação social, Luís Sá publicou mais de uma dezena de livros, sobre as questões do Estado, soberania, supranacionalidade, Administração Pública, Poder Local, Regionalização, Ambiente, sistema político, Assembleia da República e sistemas eleitorais, tudo isto além de publicações estritamente científicas ligados à sua actividade como docente.
Luís Sá desenvolveu toda esta actividade simultaneamente com a intensa acção de intervenção política a que generosamente se entregou.
Militante do Partido Comunista Português desde 1974, foi sempre um empenhado lutador das causas das populações e dos trabalhadores.
Luís Sá desempenhou um papel de primeira linha na construção do Poder Local, quer pelas responsabilidades que detinha no PCP, quer pela sua actividade de estudo e de director da Revista Poder Local. Não houve questão directo ou indirectamente ligada ao Poder Local em que Luís Sá não tivesse tido intervenção construtiva.
Como dirigente do Partido Comunista Português, Luís Sá integrou o seu Comité Central desde 1983, e a sua Comissão Política desde 1988. Exerceu altas responsabilidades com inteiro mérito e intensa dedicação.
A partir de 1991, Luís Sá foi eleito Deputado à Assembleia da República, e em 1994, Deputado ao Parlamento Europeu. No contacto pessoal, fez sólidas amizades, que se estenderam por toda a Assembleia.
No exercício das funções, impôs-se pela profundidade com que trabalhava as questões, pela firmeza com que defendia os princípios e pela persistência e abertura com que procurava as melhores soluções.
Luís Sá deixa um vazio nesta Assembleia do República e uma profunda dor em todos os Deputados que com ele privaram e que admiraram a sua actividade de político, cidadão e intelectual.
Assim, a Assembleia da República,.
- Presta sentida homenagem à figura do Doutor Luís Sá e exprime a sua profunda mágoa pelo seu desaparecimento precoce;
- Endereça à família (esposa, filhos, pai e irmãos) as sentidas condolências pela irreparável perda.

Palácio de São Bento, 27 de Outubro de 1999. Os Deputados do PCP: Carlos Carvalhas - Octávio Teixeira - João Amaral - Lino de Carvalho - Agostinho Lopes - Bernardino Soares - António Filipe - Luísa Mesquita - Vicente Merendas - José Gonçalves Novo - Natália Filipe - Rodeia Machado - Fátima Amaral.

A Divisão de Redacção e Apoio Audiovisual

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