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6 | II Série B - Número: 001 | 21 de Setembro de 2012

Luiz Goes sempre foi uma voz livre e mítica da canção de Coimbra e, ao partir, deixa-nos a esperança de ‘quem vier, que creia neste mundo ou não, aqui sonhe o mundo que os filhos terão.’ A Assembleia da República, reunida em Plenário, invoca a memória, a voz õnica, o poeta, ‘o homem bom’, de Luiz Goes e apresenta à sua família as mais sinceras condolências.

Assembleia da República, 21 de setembro de 2012.
Os Deputados: Luís Montenegro (PSD) — Alberto Martins (PS) — Ana Oliveira (PSD) — Bernardino Soares (PCP) — Carlos Zorrinho (PS) — José de Matos Rosa (PSD) — José Manuel Canavarro (PSD) — Nuno Encarnação (PSD) — Emídio Guerreiro (PSD) — Nuno Magalhães (CDS-PP) — Teresa Caeiro (CDSPP) — Nilza de Sena (PSD) — Fernando Marques (PSD) — Inês de Medeiros (PS) — Duarte Pacheco (PSD) — Luís Fazenda (BE) — Isabel Galriça Neto (CDS-PP) — Heloísa Apolónia (Os Verdes) — João Serpa Oliva (CDS-PP) — Maria de Belém Roseira (PS)

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VOTO N.º 77/XII (2.ª) DE PESAR PELO FALECIMENTO DO EX-DIRIGENTE DO PARTIDO COMUNISTA ESPANHOL SANTIAGO CARRILLO

Faleceu no passado dia 18 de setembro, em Madrid, Santiago José Carrillo Solares, figura central da História espanhola contemporânea na sua dupla condição de opositor à ditadura franquista e de fundador do regime democrático espanhol.
Nascido em Gijón, em janeiro de 1915, ainda adolescente colaborou com diversos jornais ligados ao Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e integrou as Juventudes Socialistas de Espanha. Toma-se mais tarde, em 1932, membro da sua Comissão Executiva e seu Secretário-Geral, tendo conduzido o processo que levaria à sua integração com a União das Juventudes Comunistas de Espanha nas Juventudes Socialistas Unificadas.
Com o início da Guerra Civil Espanhola, em 1936, viria a integrar a Junta de Defesa de Madrid, participando na defesa da capital e desempenhando funções como Secretário-Geral das Juventudes Socialistas Unificadas. É também neste período que adere ao Partido Comunista de Espanha, integrando o seu bureau político na qualidade de suplente a partir de 1937. A, derrota das forças leais à República em 1939 determina a sua partida para o exílio, que durará os 38 anos seguintes.
Em 1960 é eleito Secretário-Geral do Partido Comunista de Espanha e é nessas funções, que ocupará por mais de vinte anos, que vai desempenhar um papel crucial na oposição à ditadura e no decurso do processo de transição iniciado após a morte de Franco, em 1975. Após contactos informais com o governo de Adolfo Suaréz, Carrillo é determinante para a aceitação do modelo de transição gradual e moderada que vai permitir o regresso do Partido Comunista de Espanha à legalidade e o seu próprio regresso do exilio.
Nas primeiras eleições democráticas, em 1977, é eleito Deputado às Cortes Constituintes espanholas, vindo a ser reeleito em 1979 e 1982 para o Congresso dos Deputados. Em 1981, aquando da tentativa de golpe de Estado a 21 de Fevereiro, Carrillo é, em conjunto com Adolfo Suárez e Gutiérrez Mellado, um dos Deputados que afrontam os golpistas e teimam e permanecer desafiantes perante as armas, mantendo-se sentados no hemiciclo, reiterando com a sua calma dignidade a defesa da Democracia e dos resultados da Transição, deixando uma imagem de determinação que ainda hoje marca a memória de milhares de espanhóis que acompanharam o ato pela televisão, em direto.
Na sequência dos resultados eleitorais de 1982, abandona a liderança do PCE, vindo mais tarde a fundar nova formação política, o Partido dos Trabalhadores de Espanha – Unidade dos Comunistas. Não conseguindo eleger representantes na eleições seguintes nessa sua nova formação, a nova formação virá a integrar o PSOE em 1991, mas sem que Carrillo adira também ao partido.