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II SÉRIE-B — NÚMERO 23

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PETIÇÃO N.º 315/XII (3.ª)

APRESENTADA PELO GRUPO DE AÇÃO TEATRAL A BARRACA, SOLICITANDO À ASSEMBLEIA DA

REPÚBLICA QUE A DIREÇÃO-GERAL DAS ARTES REVEJA O APOIO FINANCEIRO CONCEDIDO AO

GRUPO DE TEATRO A BARRACA E BEM ASSIM O REGIME LEGAL E A SUA APLICAÇÃO

O TEATRO PORTUGUÊS NÃO PODE PRESCINDIR DOS SEUS GRUPOS DE REFERÊNCIA! Os

subscritores desta petição são pessoas que, ao longo dos 37 anos de vida do Grupo de Teatro A Barraca,

conheceram o seu trabalho e por ele se sentiram beneficiados: São pessoas, jovens ou já não, que viram pela

primeira vez Teatro naquela Casa – É Menino ou Menina?, Fernão Mentes? D. João Vl, Pranto de Maria

Parda, O Baile, Felizmente há Luar!, D. Maria a Louca, etc. – e nunca mais esqueceram a alteração de olhar

que um bom espetáculo pode trazer à vida das pessoas, São pessoas do interior do País que viram muitos

dos espetáculos desta Companhia, que nunca deixou de se apresentar fora das suas zonas de conforto, para

que os da província que pagam os seus impostos como os da Capital não perdessem alguma coisa do que se

vai produzindo nos grandes centros. São idosos que puderam assistir, a preço zero, a espetáculos de

qualidade mudando assim os seus domingos na cidade. São professores de todos os graus de ensino que

puderam complementar o seu trabalho e a aprendizagem dos seus alunos com a fruição de obras que

ajudaram à compreensão dos programas escolares. São criadores, autores que viram as suas obras levadas à

cena com rigor e criatividade. São profissionais de Teatro que encontraram na Barraca um sólido e solidário

posto de trabalho, onde aprenderam e beneficiaram de um bom ambiente que lhes permitiu exercer com rigor

e alegria a sua profissão. São amigos conhecidos ou desconhecidos que ao longo dos anos olharam para A

Barraca como um Grupo de Teatro indispensável às suas vidas porque ou as embelezou, ou as instruiu ou

lhes ajudou a criar referências, ou as animou e as divertiu, dando-lhes sempre mais do que recebeu. PETIÇÃO

O Grupo de Teatro A Barraca encontra-se na eminência de suspender a sua atividade devido aos brutais

cortes a que foi sujeito pela atual Secretaria de Estado da Cultura. Com 37 anos de trabalho ininterrupto viu a

sua atividade desprezada inexplicavelmente durante o período de 1984 a 1995, em que o Governo lhe negou

ano após ano os apoios que foi concedendo a outras companhias e projetos de que hoje alguns deles já não

há notícia. O Governo, que tem a incumbência Constitucional de apoiar a Cultura, sujeitou o Teatro a cortes

enormes, não com vista a poupar no orçamento devido ao momento que o País atravessa mas, como nas

outras áreas, para poder alterar o paradigma cultural que visava a democratização da cultura e poder gastar

desmedidamente nas suas áreas de preferência, viagens faraónicas, implementação de uma cultura de elite,

extinguindo a itinerância, impossibilitando uma política de preços que torne o teatro mais acessível, impedindo

assim a ampla divulgação do conhecimento e aprendizagem, condições essenciais para o nosso

desenvolvimento e modernização. A Barraca tem-se oposto a tais medidas E por essa razão A BARRACA que

é dos grupos que acolhe mais companhias e, de forma particular, as da descentralização; A BARRACA que é

um dos grupos cujo repertório mais incide em novos textos dramáticos na abordagem da história e da memória

portuguesas; A BARRACA que é um dos grupos de Lisboa com uma maior ligação ao público da zona onde

tem o seu teatro – Cinearte; A BARRACA que não só tem serviço educativo, como é dos grupos de Lisboa que

organiza mais sessões para público escolar; A BARRACA que tem escola de atores; A BARRACA que é dos

grupos com um percurso histórico singular e de elevadíssima projeção nacional e internacional – alguns dos

seus espetáculos e os atores que neles participam e participaram são referências do teatro contemporâneo

português; A BARRACA que é dos grupos de Lisboa que realiza mais espetáculos em itinerância; A

BARRACA que mantém uma pluralidade de atuações: trabalho social e comunitário, apoio a grupos de

amadores, formação, escola de espectadores, descentralização, acolhimento e residências artísticas, trabalho

com estabelecimentos de ensino, digressões internacionais, relação de cooperação com os países de língua

portuguesa, parcerias com autarquias, intercâmbios artísticos; A Barraca que acaba de criar um programa

como os Encontros Imaginários que agita o meio sociocultural da cidade, e apesar das dificuldades dá todos

os dias provas de talento e de vitalidade.

A Barraca recebe hoje um apoio da Secretaria de Estado da Cultura que é muito inferior a um terço do

atribuído a qualquer outra Companhia com lugar semelhante ao seu na História do Teatro Português, e que

não lhe permitirá continuar por muito mais tempo a sua atividade. E se não temos dúvidas que essa é a

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