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Sexta-feira, 3 de janeiro de 2020 II Série-B — Número 12

XIV LEGISLATURA 1.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2019-2020)

S U M Á R I O

Votos (n.os 135 a 139/XIV/1.ª):

N.º 135/XIV/1.ª (CH) — De condenação e preocupação pelo atraso de dois meses na receção de boletins de voto das eleições legislativas por parte dos emigrantes portugueses.

N.º 136/XIV/1.ª (CH) — De pesar pelo jovem mortalmente esfaqueado no Campo Grande.

N.º 137/XIV/1.ª (CH) — De condenação e pesar pelas, até ao

momento, 35 vítimas do flagelo da violência doméstica em 2019.

N.º 138/XIV/1.ª (CH) — De repúdio pela agressão a uma médica, durante o cumprimento das suas funções no hospital de Setúbal.

N.º 139/XIV/1.ª (CH) — De condenação e preocupação pelo contínuo aumento do número de profissionais de saúde agredidos no desempenho das suas funções.

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VOTO N.º 135/XIV/1.ª

DE CONDENAÇÃO E PREOCUPAÇÃO PELO ATRASO DE DOIS MESES NA RECEÇÃO DE BOLETINS

DE VOTO DAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS POR PARTE DOS EMIGRANTES PORTUGUESES

As eleições legislativas realizaram-se a 6 de outubro passado, no entanto, só no dia 5 de dezembro é que os

portugueses residentes no México receberam os respetivos boletins de votos, já obsoletos. Este atraso de dois

meses não é admissível num Estado de direito que se diz democrático.

E não só, os boletins de voto chegaram com dois meses de atraso ao México, como houve portugueses que

tentaram exercer o seu direito de voto no dia do sufrágio e depararam-se com as portas da Embaixada fechadas.

Pese embora o Governo português garanta ter feito o seu dever, ao enviar os boletins de voto até ao dia 6

de outubro, a verdade é que não se pode esquivar às responsabilidades que tem para com os emigrantes

portugueses.

A culpa dos atrasos terá sido, alegadamente, do serviço de correios mexicano, mas o encerramento da

embaixada em dia de eleições será responsabilidade de quem?

Responsabilidades à parte, o facto é que houve emigrantes que se viram impedidos de exercer o seu direito

de voto e de contribuir para a escolha democrática do Governo do seu país de origem, e isto não é pouca coisa,

é um atentado à democracia.

Além dos problemas registados no México, também os emigrantes a viver na África do Sul não puderam

votar nas últimas legislativas. Muitos eleitores referiram dificuldades em receber os boletins de voto, tendo-se

também queixado da falta de informação sobre as novas regras do recenseamento automático.

Mais uma vez, um conjunto de emigrantes portugueses que foram impedidos de exercer o seu direito, o que

os colocou à margem do exercício eleitoral.

Face ao exposto, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, decide demonstrar a sua

preocupação e condenar:

– As falhas ocorridas durante a distribuição de boletins de voto, bem como o não cumprimento do Governo,

com o dever de auxiliar os emigrantes face a situações que coloquem em causa os seus direitos, neste caso,

cívicos;

– As dificuldades com que os eleitores portugueses no estrangeiro se deparam na hora de votar, vendo-se

abandonados pelas respetivas embaixadas e consulados.

Assembleia da República, 27 de dezembro de 2019.

O Deputado do CH, André Ventura.

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VOTO N.º 136/XIV/1.ª

DE PESAR PELO JOVEM MORTALMENTE ESFAQUEADO NO CAMPO GRANDE

No passado sábado, dia 28 de dezembro, um jovem de 24 anos foi assassinado perto da Faculdade de

Ciências de Lisboa, na zona do Campo Grande, junto a um restaurante extremamente movimentado, a várias

faculdades e a um centro de estudos académico, aberto 24h por dia. Ou seja, um crime que ocorre na rua, numa

das zonas mais movimentadas da capital e mais frequentadas pelos nossos jovens, sobretudo estudantes

universitários.

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Segundo informações veiculadas, executado por três indivíduos, ter-se-á verificado este trágico desfecho

quando o jovem, ao ser por estes confrontado e surpreendido num assalto, terá tentado resistir aos seus intentos

vindo então a ser barbaramente esfaqueado.

A morte é sempre um desfecho triste para qualquer cenário. A morte de um jovem ainda mais. Mas a morte

de um jovem às mãos de criminosos no meio da rua, representa a falência das mais elementares funções

garantísticas de segurança do próprio Estado e por isso uma circunstância inaceitável.

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, manifesta assim o seu mais profundo pesar pela

morte deste nosso jovem, enderençando aos seus familiares e amigos mais diretos as suas mais profundas e

consternadas condolências.

São Bento, 30 de dezembro de 2019.

O Deputado do CH, André Ventura.

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VOTO N.º 137/XIV/1.ª

DE CONDENAÇÃO E PESAR PELAS, ATÉ AO MOMENTO, 35 VÍTIMAS DO FLAGELO DA VIOLÊNCIA

DOMÉSTICA EM 2019

Numa saga que parece não ter fim, rara é a semana em que não é o País confrontado com outra morte, às

mãos de um dos maiores flagelos do nosso tempo: a violência doméstica.

Depois de em 2018 terem morrido neste contexto 28 mulheres portuguesas, em 2019 contam-se já 35 mortes

pelo mesmo motivo, segundo os mais recentes dados apresentados pelo Governo. Dos 35 óbitos, 27 são de

mulheres adultas, 7 de homens e 1 criança.

Só na última semana de 2019, verificaram-se mais duas ocorrências, uma em Cascais, quando um homem

desferiu duas facadas na sua mulher, que pese embora assistida viria a não resistir aos ferimentos e a morrer

no local, e outra, em que igualmente uma mulher foi assassinada pelo seu companheiro em Leiria, tendo-a este

degolado em frente aos filhos.

Portugal não pode continuar a assobiar para o lado enquanto todos os anos, todos os meses ou todos os

dias continuam, um atrás dos outros, a surgir na nossa sociedade episódios como estes, que nos devem a todos

envergonhar como sociedade e muito mais enquanto decisores políticos.

Urge nessa medida providenciar as necessárias alterações legislativas para que mais musculadamente se

possa combater este problema.

Assim, a Assembleia da República, reunida em Plenário, manifesta a sua mais profunda condenação à

continuação da ocorrência dos crimes supramencionados bem como o seu mais profundo pesar por todas as

mortes verificadas, endereçando aos familiares e amigos mais diretos das vítimas as suas condolências.

Assembleia da República, 30 de dezembro de 2019.

O Deputado do CH, André Ventura.

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VOTO N.º 138/XIV/1.ª

DE REPÚDIO PELA AGRESSÃO A UMA MÉDICA, DURANTE O CUMPRIMENTO DAS SUAS FUNÇÕES

NO HOSPITAL DE SETÚBAL

No passado dia 27 de dezembro, no serviço de urgência do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, uma

médica foi barbaramente agredida por uma jovem de etnia cigana, tendo acabado por ser submetida a uma

intervenção cirúrgica a um olho em resultado das agressões sofridas, enquanto a agressora ficou em liberdade.

Uma agressão seja ela qual for, porque motivo for e contra quem for é sempre uma conduta inadmissível.

Quando a agressão realizada tem como fundamento, segundo vários órgãos de comunicação social, o facto de

a agressora ter sido informada pela médica de que não estaria grávida, devendo aguardar pelo seu exame na

sala de espera, torna-se além de inadmissível, intolerável.

As agressões a profissionais de saúde sucedem-se a um ritmo intolerável, perante a maior passividade do

Estado.

Ainda que tentem desvalorizar de novo o sucedido, é cada vez mais evidente que existe na sociedade

portuguesa um problema de integração da comunidade cigana, problema esse que urge resolver sem medos ou

demagogias, dentro dos cânones do Estado de direito.

Assumir que estes problemas são reais, que existem em Portugal e são prejudiciais à nossa sociedade, não

é racismo nem xenofobia, é uma questão de bom senso. Existe um problema e, seja por negligência ou

desinteresse, é totalmente inadmissível ignorá-lo, não poderemos nunca combater e eliminar um problema que

nem temos coragem de assumir como tal.

Assim, a Assembleia da República, reunida em Plenário, manifesta o seu maior repúdio pelos acontecimentos

supramencionados, exigindo de uma vez por todas, que o Estado defenda todos os seus cidadãos como lhe

compete, sem medo de rótulos e em defesa da integridade e das vidas de todos os seus cidadãos por igual.

São Bento, 30 de dezembro de 2019.

O Deputado do CH, André Ventura.

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VOTO N.º 139/XIV/1.ª

DE CONDENAÇÃO E PREOCUPAÇÃO PELO CONTÍNUO AUMENTO DO NÚMERO DE

PROFISSIONAIS DE SAÚDE AGREDIDOS NO DESEMPENHO DAS SUAS FUNÇÕES

As agressões a profissionais da área da saúde têm vindo a aumentar, prova disso são os mais recentes

dados que mostram que, só nos primeiros seis meses do ano que agora terminou, foram registados 637 casos

de agressões.

Esta é uma realidade que não nos tem passado despercebida, pois as notícias que dão conta deste flagelo

têm vindo a tornar-se cada vez mais frequentes. Só na última semana foram dois os casos que chocaram os

portugueses.

Primeiro, uma médica do Hospital São Bernardo, em Setúbal, que precisou de ser sujeita a uma intervenção

cirúrgica a um olho, depois de ter sido barbaramente agredida por uma mulher de etnia cigana. Enquanto a

vítima era assistida cirurgicamente, a agressora regressava a casa, em liberdade, depois de ter sido identificada

pelas autoridades.

Quatro dias depois é tornada pública uma nova agressão a outro médico. Desta vez, um homem residente

no concelho de Loures espancou o profissional de saúde «com murros e pontapés» por este se recusar a

prolongar-lhe a baixa médica que o mantinha em casa.

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Estes são apenas dois dos episódios a que diariamente os nossos profissionais da saúde estão sujeitos. O

Serviço Nacional de Saúde não só está a falhar no atendimento e na prestação de cuidados aos utentes, como

está a falhar na proteção que confere aos seus profissionais.

Não podemos pedir que mais profissionais de saúde optem por trabalhar no serviço público, quando não são

respeitados, nem protegidos pela sua tutela e têm a sua integridade física colocada em risco diariamente.

Não se pode pedir a um profissional de saúde que escolha trabalhar no SNS quando o Estado, seu

empregador, não o remunera de acordo com as suas valências, atirando-o, ainda, para uma vida de horas

extraordinárias de trabalho, e sobretudo, quando o mesmo Estado, contrata empresas tarefeiras por valores

muito acima daqueles que despende com os seus próprios funcionários.

Até quando continuaremos a fingir que o problema se resolve apenas com a mobilização de dinheiro que,

até pode parecer muito, mas que na verdade não é suficiente para suprir as necessidades existentes no SNS?

Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, manifesta grande preocupação e condena

o número crescente de agressões, de que têm sido alvo os vários profissionais do sector da saúde em Portugal,

sem que o Governo tome medidas que os proteja.

Assembleia da República, 2 de janeiro de 2020.

O Deputado do CH, André Ventura.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO.

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