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Sábado, 26 de abril de 2025 II Série-B — Número 67
XVI LEGISLATURA 1.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2024-2025)
S U M Á R I O
Voto n.º 68/2025: De pesar pela morte do Papa Francisco. Projeto de voto n.º 610/XVI/1.ª (PAR e subscrito por uma Deputada do PS): De pesar pela morte do Papa Francisco: — Texto inicial; — Alteração do texto inicial do projeto de voto.
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VOTO N.º 68/2025:
DE PESAR PELA MORTE DO PAPA FRANCISCO
A Assembleia da República, reunida em Plenário, manifesta profundo pesar pela morte do Papa Francisco.
Aos católicos, que choram a partida do seu pastor universal, endereça votos de sentidas condolências. A todas
as pessoas que, independentemente da sua fé, nele encontraram uma referência espiritual e moral, dirige uma
palavra de solidariedade. O legado do Papa Francisco – como pastor e líder religioso, mas também como
estadista e responsável político – continuará revestido de significado e atualidade, particularmente no contexto
que o mundo atravessa.
Aprovado em 25 de abril de 2025.
O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.
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PROJETO DE VOTO N.º 610/XVI/1.ª
DE PESAR PELA MORTE DO PAPA FRANCISCO
(Texto inicial)
No passado dia 21 de abril, o Papa Francisco partiu, aos 88 anos, após meses de sofrida doença respiratória
e cardíaca.
Natural de Buenos Aires, onde foi sacerdote jesuíta e bispo, foi eleito Papa a 13 de março de 2013. Os seus
doze anos de pontificado representaram, para a Igreja e para o mundo, um decisivo apelo à fraternidade, à
misericórdia e à paz.
As encíclicas sociais e ecológicas que escreveu colocaram no centro do debate público mundial conceitos
como a «amizade social», a «fraternidade universal» e a «ecologia integral». Convidou-nos a uma reflexão crítica
sobre a tecnologia, a relação com o mundo criado, a anomia social e o sistema económico.
Valorizou as culturas vernáculas, em face da força uniformizadora da globalização. Promoveu importantes
projetos, como o Encontro Mundial dos Movimentos Populares, as Scholas Ocurrentes e a Economia de
Francisco (inspirada em São Francisco de Assis), através dos quais procurou convidar a que se desbravassem
novos caminhos de convivência humana.
Apoiou, com palavras e gestos, os mais pobres de entre os pobres. Visitou prisões e hospitais, campos de
refugiados e bairros degradados. Em 2015, proclamou o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, não a partir de
Roma, mas de Bangui, na República Centro-Africana. Quatro anos depois, no Sudão do Sul, beijou os pés dos
líderes de três grupos armados, num gesto profético de defesa da paz.
Realizou 47 visitas apostólicas, a 67 países. Esteve em Ur, terra natal do patriarca Abraão, de onde lançou
um poderoso apelo ao diálogo com judeus e muçulmanos. Assinou, com o Grande Imã de Al-Azhar, um relevante
documento inter-religioso sobre a fraternidade humana. Visitou todos os continentes habitados, dando
preferência às periferias e alargando o alcance da voz da Igreja.
Repetia com frequência que «não vivemos uma época de mudanças, mas uma mudança de época» e
alertava para a consumação de «uma guerra mundial em pedaços». Defendeu com coragem a dignidade de
toda a vida humana, tendo sido responsável por uma revisão do Catecismo da Igreja Católica que condenou a
pena de morte em todas as circunstâncias. Sustentava também que a política, «quando vivida como serviço, é
a mais alta forma de caridade».
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Todos recordamos o modo como atravessou, com solitária decisão, uma Praça de São Pedro vazia, para
declarar, no ponto mais dramático da pandemia de COVID-19, que «ninguém se salva sozinho».
Era, além de tudo o mais, um bom amigo de Portugal. Criou quatro cardeais portugueses – um número
histórico – e visitou por duas vezes o nosso País: em 2017, para o centenário das Aparições de Fátima e a
canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, e em 2023, para a Jornada Mundial da Juventude.
A Assembleia da República, reunida em Plenário, manifesta profundo pesar pela morte do Papa Francisco.
Aos católicos, que choram a partida do seu pastor universal, endereça votos de sentidas condolências. A todas
as pessoas que, independentemente da sua fé, nele encontraram uma referência espiritual e moral, dirige uma
palavra de solidariedade. O legado do Papa Francisco – como pastor e líder religioso, mas também como
estadista e responsável político – continuará revestido de significado e atualidade, particularmente no contexto
que o mundo atravessa.
Palácio de São Bento, 25 de abril de 2025.
Alteração do texto inicial do projeto de voto
No passado dia 21 de abril, o Papa Francisco partiu, aos 88 anos, após meses de sofrida doença respiratória
e cardíaca.
Natural de Buenos Aires, onde foi sacerdote jesuíta e bispo, foi eleito Papa a 13 de março de 2013. Os seus
doze anos de pontificado representaram, para a Igreja e para o mundo, um decisivo apelo à fraternidade, à
misericórdia e à paz.
As encíclicas sociais e ecológicas que escreveu colocaram no centro do debate público mundial conceitos
como a «amizade social», a «fraternidade universal» e a «ecologia integral». Convidou-nos a uma reflexão crítica
sobre a tecnologia, a relação com o mundo criado, a anomia social e o sistema económico.
Valorizou as culturas vernáculas, em face da força uniformizadora da globalização. Promoveu importantes
projetos, como o Encontro Mundial dos Movimentos Populares, as Scholas Ocurrentes e a Economia de
Francisco (inspirada em São Francisco de Assis), através dos quais procurou convidar a que se desbravassem
novos caminhos de convivência humana.
Apoiou, com palavras e gestos, os mais pobres de entre os pobres. Visitou prisões e hospitais, campos de
refugiados e bairros degradados. Em 2015, proclamou o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, não a partir de
Roma, mas de Bangui, na República Centro-Africana. Quatro anos depois, beijou os pés dos líderes de três
grupos armados do Sudão do Sul, num gesto profético de defesa da paz.
Realizou 47 visitas apostólicas a 67 países. Esteve em Ur, terra natal do patriarca Abraão, de onde lançou
um poderoso apelo ao diálogo com judeus e muçulmanos. Assinou, com o Grande Imã de Al-Azhar, um relevante
documento inter-religioso sobre a fraternidade humana. Visitou todos os continentes habitados, dando
preferência às periferias e alargando o alcance da voz da Igreja.
Repetia com frequência que «não vivemos uma época de mudanças, mas uma mudança de época» e
alertava para a consumação de «uma guerra mundial em pedaços». Defendeu com coragem a dignidade de
toda a vida humana, tendo sido responsável por uma revisão do Catecismo da Igreja Católica, que condenou a
pena de morte em todas as circunstâncias. Sustentava também que a política, «quando vivida como serviço, é
a mais alta forma de caridade».
Todos recordamos o modo como atravessou, com solitária decisão, uma Praça de São Pedro vazia, para
declarar, no ponto mais dramático da pandemia de COVID-19, que «ninguém se salva sozinho».
Era, além de tudo o mais, um bom amigo de Portugal. Criou quatro cardeais portugueses – um número
histórico – e visitou por duas vezes o nosso País: em 2017, para o centenário das Aparições de Fátima e a
canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto, e em 2023, para a Jornada Mundial da Juventude.
A Assembleia da República, reunida em Plenário, manifesta profundo pesar pela morte do Papa Francisco.
Aos católicos, que choram a partida do seu pastor universal, endereça votos de sentidas condolências. A todas
as pessoas que, independentemente da sua fé, nele encontraram uma referência espiritual e moral, dirige uma
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palavra de solidariedade. O legado do Papa Francisco – como pastor e líder religioso, mas também como
estadista e responsável político – continuará revestido de significado e atualidade, particularmente no contexto
que o mundo atravessa.
Palácio de São Bento, 25 de abril de 2025.
O Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.
Outros subscritores: Susana Correia.
A DIVISÃO DE REDAÇÃO.