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Sábado, 11 de janeiro de 2014 II Série-C — Número 15

XII LEGISLATURA 3.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2013-2014)

S U M Á R I O

Comissões parlamentares:

Comissão de Economia e Obras Públicas:

— Relatório elaborado pelo Grupo de Trabalho – Trabalhos Preparatórios para a Elaboração de uma Lei de Bases da Qualidade, Inovação, Competitividade e Empreendedorismo.

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COMISSÃO DE ECONOMIA E OBRAS PÚBLICAS:

Relatório elaborado pelo Grupo de Trabalho – Trabalhos Preparatórios para a Elaboração de uma

Lei de Bases da Qualidade, Inovação, Competitividade e Empreendedorismo

Índice

Parte I – Introdução

Parte II – Considerandos

Parte III – Resultado das Audições

Parte IV – Estudo de Direito Comparado

Parte V – Propostas

Parte VI - Conclusões

PARTE I – INTRODUÇÃO

O Grupo de Trabalho denominado Trabalhos Preparatórios para a Elaboração de uma Lei de Bases da

Qualidade, Inovação, Competitividade e Empreendedorismo, foi constituído em 15 de dezembro de 2011,

conforme ata n.º 41/XII (1.ª) SL/CEOP, com um mandato previsto de 12 meses, tendo sido fixada a data de

conclusão dos trabalhos em 31 de dezembro de 2012.

1. Missão

O Grupo de Trabalho tinha por missão identificar e consensualizar um conjunto de princípios fundamentais

para a definição de um modelo de competitividade sustentável e de valor acrescentado para Portugal,

incluindo fatores indutores da mesma, avaliando, simultaneamente, a pertinência da produção de legislação

consequente sobre esta temática.

2. Objetivos

Os objetivos fixados para as atividades a desenvolver pelo GT foram os seguintes:

 Promover uma discussão construtiva sobre as múltiplas dimensões da competitividade da economia e

das empresas, evidenciando, ao mesmo tempo, a importância que o Parlamento Nacional concede a esta

problemática e temas afins;

 Sensibilizar e mobilizar os agentes políticos e os diferentes setores da sociedade (empresas, ensino

superior e investigação, centros tecnológicos, administração pública, associações empresariais, etc.) para a

relevância desta temática

 Recolher, compilar e divulgar documentos técnicos, legislação comunitária e internacional, pareceres e

opiniões relevantes sobre estes temas;

 Estabelecer linhas orientadoras, perspetivas sistémicas e arquiteturas orgânicas adequadas para fazer

permanentemente face aos desafios da competitividade;

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 Construir plataformas de entendimento a médio e longo prazo, com consenso entre todas as forças

partidárias com representação parlamentar, abarcando diferentes órgãos de soberania, auscultando e

envolvendo a sociedade em todo o processo.

3. Composição

O Grupo de Trabalho integrou os seguintes Deputados/as:

Deputados Grupo Parlamentar

Luís Ramos (Coordenador) PSD

Paula Cardoso PSD

Cláudia Aguiar PSD

Nuno Serra

(Substituiu o Deputado Pedro Saraiva) PSD

Duarte Cordeiro PS

Ana Paula Vitorino PS

Hélder Amaral CDS-PP

João Paulo Viegas CDS-PP

Bruno Dias

(Substituiu o Deputado Agostinho Lopes) PCP

Ana Drago

(Substituiu a Deputada Catarina Martins) BE

4. Atividades

O Grupo de Trabalho iniciou as suas atividades em 18/01/2012, tendo os trabalhos sido organizados em

duas etapas subsequentes e complementares.

Na primeira etapa, que decorreu até 03/10/2012, procedeu-se à elaboração, revisão e validação, a partir

dos contributos diretos dos membros do Grupo de Trabalho, de um Documento Base Consolidado sobre a

Competitividade, assente nos pilares Qualidade, I&D e Inovação, Empreendedorismo, Capital Humano e

Competitividade.

Na segunda etapa, procedeu-se à realização de um conjunto de audições a entidades e personalidades

de reconhecida importância e competência na problemática em apreço, tendo por base e enquadramento o

documento elaborado previamente. Paralelamente, a Divisão de Informação Legislativa e Parlamentar da

Assembleia da República procedeu à recolha de legislação comparativa pertinente e relevante sobre as

temáticas referenciadas.

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Durante o seu funcionamento o Grupo de Trabalho realizou 20 reuniões de trabalho1 de entre as quais 11

audições a 17 entidades.

PARTE II – CONSIDERANDOS

1. Tendo em conta os contributos iniciais dos membros do GT, a perspetiva adotada privilegiou o conceito

de Competitividade Responsável, Estruturante e Resiliente(CRER).

 Responsável, no sentido de respeitar aspetos ambientais, relacionados com os direitos humanos e a

qualidade de vida dos portugueses, bem como de responsabilidade social e de evolução harmoniosa da

sociedade;

 Estruturante, no sentido de corresponder a pilares duradouros e sustentáveis de construção da

competitividade de Portugal no mundo contemporâneo, com uma ótica também de médio prazo e com base

em valor acrescentado;

1 O link relativo às reuniões realizadas obriga à atualização das datas nos campos de pesquisa

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 Resiliente, no sentido de ser robusta face a oscilações de contexto, traçando um rumo de evolução

positiva que seja capaz de resistir a diferentes tipos de imprevistos que possam surgir a nível nacional e

internacional.

Enquanto fatores indutores da CRER, consideram-se estratégicos os cinco eixos seguintes: a Qualidade; a

Investigação/Desenvolvimento e a Inovação; o Empreendedorismo; o Capital Humano; e a Competitividade.

Estes quatro eixos devem contribuir para a criação de valor acrescentado e favorecer a melhoria da qualidade

de vida da população, a criação de emprego e a promoção de um desenvolvimento socioeconómico

sustentado. Em termos esquemáticos, as relações entre o conceito de Competitividade Responsável,

Estruturante e Resiliente os respetivos fatores indutores e os resultados esperados estão expressas na figura

seguinte.

2. O Grupo de Trabalho elaborou um documento base onde procurou fazer um ponto de situação, ainda

que breve e impressivo, de algumas dimensões essenciais para cada um dos quatro eixos temáticos

considerados: a Qualidade; a Investigação/Desenvolvimento e a Inovação; o Empreendedorismo; o Capital

Humano; e a Competitividade. Em primeiro lugar, procedeu-se à recolha das principiais definições ou

representações dos conceitos envolvidos em cada um dos respetivos eixos temáticos, bem como à

delimitação das suas abrangências formais ou substanciais ou ainda à identificação dos esquemas concetuais

dominantes. Em segundo lugar, foi identificado um conjunto diversificado e relevante de indicadores

internacionais para cada um dos eixos temáticos, o que permitiu identificar o posicionamento atual de Portugal

em cada um deles, bem como perspetivar metas desejáveis para a evolução de alguns desses indicadores no

horizonte 2020. Finalmente, foram selecionadas, a partir dos documentos disponíveis (relatórios, estudos,

etc.), algumas recomendações gerais e específicas preconizadas para cada uma das áreas temáticas e

consideradas mais relevantes e pertinentes. A versão final do Documento de Trabalho serviu de base e de

enquadramento às audições subsequentes e reflexões desenvolvidas nesse âmbito.

3. O Grupo de Trabalho recebeu em audição os representantes de cerca de duas dezenas de instituições

nacionais, com tutela, intervenção ou competências específicas nas diferentes áreas temáticas. As instituições

participantes nas audições foram:

APQ – Associação Portuguesa para a Qualidade; APESP – Associação Portuguesa do Ensino Superior

Privado; AdI- Agência de Inovação; POPH – Programa Operacional Potencial Humano; COMPETE –

Programa Operacional Fatores de Competitividade; -CCISP – Conselho Coordenador dos Institutos Superiores

Politécnicos; ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários; -APCRI – Associação Portuguesa de

Capital de Risco; IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e Inovação; TecParques –

Associação Portuguesa de Parques de Tecnologia; IPQ – Instituto Português da Qualidade; COTEC Portugal –

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Associação Empresarial para a Inovação; CENTIMFE – Centro Tecnológico da Indústria de Moldes,

Ferramentas Especiais e Plásticos; CTCP – Centro Tecnológico do Calçado de Portugal; CTCV – Centro

Tecnológico da Cerâmica e do Vidro; CITEVE – Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário; ANQEP – Agência

Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional.

Em reunião da Comissão de Economia e Obras Públicas foram ainda ouvidos o Presidente da AICEP –

Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, Dr. Pedro Reis, o Presidente do Fórum da

Competitividade, Dr. Pedro Ferraz da Costa, e o Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade

e Inovação, Dr. Franklim Alves. Os contributos escritos, bem como os registos áudio e vídeos destas audições

podem ser consultados no seguinte endereço da web:

http://www.parlamento.pt/sites/COM/XIILEG/6CEOP/GTTPELBQICE/Paginas/Audicoes.aspx

PARTE III – RESULTADO DAS AUDIÇÕES

APCRI

O representante da APCRI pronunciou-se sobre: a oportunidade do assunto em apreciação; necessidade

enquadrar as opções do investimento português; a sustentabilidade do setor depende da realização de novos

investimentos; necessidade de encontrar novas origens de funding; atualmente não há fundos disponíveis para

o setor, embora o COMPETE tenha aportado algumas oportunidades; em Portugal uma parte significativa do

investimento é de origem estrangeira; Portugal deveria ter uma atitude mais agressiva no campo dos

investimentos; há dificuldades em vender o país como destino de investimentos; hoje, a única oportunidade

consiste nos fundos de pensões e seguros. Empreendedorismo: tem que se ter uma visão para o país e o

conhecimento está ligado à universidade. Âmbito legal e fiscal: Portugal não é competitivo em termos de

eficiência tributária

Defende que a Lei de bases deverá ter enquadramento para os instrumentos de política fiscal – medidas

mencionadas na PPL do Orçamento do Estado para 2013 inserem-se na ideia que pretendem ver plasmado

na lei de bases; introdução de medidas favoráveis aos incentivos fiscais – revisão da taxa de IRC para

investimento produtivo, reavaliação das necessidades das empresas e conformação das medidas com as

autoridades europeias. O setor do capital de risco pode constituir um instrumento de desenvolvimento e de

criação de emprego.

Pretende ainda que o Estado seja mais investidor em fundos. Há instrumentos públicos que se sobrepõem.

Importante ter uma lei de bases que contenha uma visão para o país. Há que criar condições para consolidar e

para criar valor e inovação. A legislação laboral não se mostra atrativa. O rendimento do trabalhador

dependente tem uma carga tributária muito pesada e intensificada em 2013; na competitividade externa, o país

tem uma carga fiscal muito pesada face aos países europeus e um dos obstáculos fiscais reside no risco da

dupla tributação, sendo que a UE. aconselha uma uniformização. Há falta de cultura de empreendedor e o

capital de risco não tem alinhamento com a realidade

ANJE

No caso do representante da ANJE este procedeu a uma apresentação em Power Point e incidiu a sua

apreciação em: situação de Portugal na passada década; medidas de austeridade e o impacto na atividade

económica; necessidade de ganhar competitividade; empreendedorismo e emprego; sistemas de incentivos

para jovens criarem o seu próprio negócio e emprego; urgência na necessidade de transformação do tecido

económico; necessário obter mais mundo para as empresas portuguesas; a exportação portuguesa é passiva;

o conhecimento dos mercados é apreendido na escola Capital de risco tem um papel determinante na criação

e na reestruturação das empresas; tem faltado uma visão integrada, mais coordenada, com ausência de

avaliação em tempo oportuno.

A ANJE defende que seriam úteis um conjunto de ferramentas WEB capazes de nos aproximar mais dos

mercados (em crescimento exponencial no mundo); muito importante introduzir simplificação no sistema fiscal-

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simplificação administrativa e fiscal das empresas (as obrigações fiscais de uma empresa pequena são iguais

às de uma de grande dimensão). Crédito bancário: utilização de fundos de garantia mútua. Pede-se uma

entrada do COMPETE nas empresas mais facilitada e de âmbito mais alargado para os jovens.

Nota ainda para o facto de que a justiça não pode ser tão lenta. Há necessidade de renovar os quadros de

pessoal das empresas, permitindo a entrada de jovens. Importância da webização da economia porque

permite o desenvolvimento de funções à distância e a mobilidade interna das empresas. Onde o país pode

diferenciar é na qualidade e o empreendedorismo é muito importante para os jovens e para a regeneração das

empresas.

APESP

Os representantes da APESP expenderam sobre os seguintes pontos:

A obrigatoriedade de os dirigentes receberem formação na área da qualidade uma vez que no contexto dos

processos ligados à competitividade não detêm essa cultura.

A definição de inovação deve ser totalmente clara. A inovação tem que estar associada aos resultados a

obter, pelo que deve haver planos claros para os próximos 10/20 anos. O país tem que traçar objetivos para

saber onde investir: nas tecnologias? Na agricultura? A inovação com responsabilidade social serve para

gastar menos e esta deve passar a conter uma atitude ligada à ética.

A competitividade deve ser feita em livre concorrência. Só há pouco tempo o estudante do ensino privado

tem possibilidade de concorrer a bolsas.

O que o país mais necessita é de empreendedorismo. Deve ser facilitada aos jovens programas

específicos que permitam a entrada na área do empreendedorismo, incentivando-os a formar empresas.

Deve ser conferida importância às universidades privadas. Por que razão o dinheiro passa diretamente do

Governo para as universidades sem o envolvimento dos estudantes? A universidade recebe a mesma quantia

de um estudante com fracos recursos económicos e de outro com elevados recursos.

Em Portugal há muitos estudos sobre estas matérias mas não se avança para a concretização,

calendarização e formulação de objetivos. Por fim destacaram a importância das sociedades de capital de

risco, em matéria de inovação.

Defendem que todos quantos dirigem organismos do Estado deveriam ser obrigados a frequentar um curso

de formação sobre qualidade.

Defendem que todas estas matérias têm que estar associadas a uma cultura de risco. Contudo, o que

existe é uma escola organizada como uma repartição pública, com cariz sedentário, que impede o ensino

dessa cultura de risco. O ensino universitário não se pode ligar diretamente à empregabilidade, sob pena de

deixar de o ser e passar a ser ensino politécnico.

O resultado real de uma inovação é uma patente ou um modelo de utilidade para o país. Este aspeto deve

ser encarado como obrigatoriedade porque o investimento aplicado em investigação tem que ser útil para a

Nação.

APQ

A APQ começou por caracterizar o seu perfil institucional (através do powerpoint anexo) e pronunciou-se

sobre: uma abordagem qualidade-campo para políticas públicas, os limites à competitividade, a função social

do desenvolvimento, as relações entre o Estado e as partes interessadas, o sistema português da qualidade, a

qualificação, a acreditação-certificação, o papel do Estado-perspetivas e exemplos de intervenção das

entidades públicas.

Defende que a evolução do sistema português de qualidade tem que considerar os aspetos referentes à

qualidade, inovação, empreendedorismo, competitividade, sustentabilidade, consumidor e responsabilidade

social.

O papel do Estado na promoção e apoio das melhores práticas na área da Qualidade deverá ser precisado

e clarificado: O Estado deve ser um agente central, dado o carácter estruturante da qualidade. Contudo, deve

assumir um papel de regulador e supervisor das atividades, mobilizando toda a sociedade para o efeito, e

aproveitando da melhor forma os recursos (públicos, privados, sociais).

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Bem como, assegurar as matérias relacionadas com o sistema de acreditação, a metrologia e a

normalização; a aposta na gestão integrada entre o Estado e os setores interessados; Em referência à

utilização dos recursos, assegurar a sua descentralização.

Atualmente, os organismos de certificação têm que ser dotados de auditores qualificados. Devem ser

respeitados os requisitos mínimos de segurança – marcar com CE.

Há um campo importante a ter em conta quando se se refere a uma lei-quadro: o Estado tem que dizer o

que pretende em matéria de mecanismos: o sistema de acreditação tem que ser melhorado; a metrologia

assegurada na ótica da defesa do consumidor; a normalização, sendo a mais transversal, tem um tratamento

mais complexo.

Na área da Administração Pública, o Estado deve exercer as suas funções com menores custos. Há que

introduzir melhorias nos serviços a prestar aos cidadãos.

Existe desperdício de dinheiro nos processos internos; importância do impacto da imagem no exterior, no

âmbito da internacionalização. Em relação aos fornecedores e no domínio dos concursos de seleção, deve ser

encontrado um modelo que permita excluir aqueles que prestaram um mau serviço.

CCISP

Do PowerPoint apresentado foi realçado o conteúdo do slide nº 13, que demonstra a inexequibilidade do

orçamento para 2013, tendo em conta um 2º corte de 6,6%, impossibilitando desta forma, o final do ano letivo.

Uma área que pode ser desenvolvida prende-se com a facilitação da criação de pequenas microempresas de

base tecnológica, questão crucial no contexto atual. Estas geram 80% da empregabilidade, em Portugal e os

fundos provêm diretamente das empresas.

Destacaram ainda a necessidade de se incentivar a formação para empresários.

Constitui uma das áreas de maior preocupação: o desenvolvimento das regiões e a ligação do mundo

empresarial ao ensino. A investigação, embora não sendo objetivo do ensino politécnico, sempre foi feita,

sobretudo a de proximidade. O objetivo da formação centra-se na construção do próprio posto de trabalho.

Esta formação gerará novos produtos inovadores de base tecnológica.

É importante conferir relevo ao eixo conhecimento/tecido económico-social/político e o desenvolvimento do

conceito de stakeholder.

No mínimo, 10 ideias novas estão todos os anos em cima da mesa. São ideias relacionadas com as

empresas. A investigação aplicada assume grande relevo para os institutos politécnicos como foram os casos

da SIBS e da Via Verde, desenvolvidos pelo Instituto Politécnico de Lisboa.

De acordo com os padrões fixados pela OCDE, as qualificações das pessoas entre os 25 e os 64 anos

encontram-se abaixo daqueles. Há, assim, necessidade de incrementar as referidas qualificações. Há que

incentivar os ensinos pós-laboral e à distância.

Há lacunas no atual QREN no que se refere ao investimento nas incubadoras empresariais, e esta situação

não é desejável, na medida em que é necessário incentivar o empreendedorismo. A maior dificuldade dos

projetos de investimento reside na dificuldade de lhes dar início.

CENTIMFE

O representante do CENTIMFE afirmou que este centro tecnológico tem por missão antecipar tendências

tecnológicas, passar conhecimento para a indústria e as empresas, e faz articulação com fornecedores,

parceiros tecnológicos e redes. Dois terços da sua atividade são cobertos por prestações de serviços e um

terço por atividades pré-competitivas. A indústria portuguesa tornou-se nos últimos anos um pólo de

competitividade, havendo empresas concorrentes que se apresentam no mercado estrangeiro com a mesma

marca. Considera importante que as políticas de apoio ao empreendedorismo apoiem áreas estratégicas,

como a microfabricação, por exemplo. Abordou também a questão das tecnologias de fronteira, das áreas de

rotura tecnológica, defendendo que os centros tecnológicos podem ter tecnologias inovadoras a serem usadas

em rede, para fomentar a competitividade. Quanto à qualidade, há lacunas graves no sistema da qualidade,

nas auditorias, na regulação do sistema, que induzem custos aos laboratórios. Se queremos entrar em

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indústrias de tecnologia de ponta o sistema da qualidade tem de ser imune a certas deficiências, como a falta

de conhecimento. Nas atividades pré-competitivas, O CENTIMFE antecipa tecnologias, desenvolve

conhecimentos e passa-nos para a indústria. É importante que existam processos que facilitem a atualização

tecnológica destes centros, assegurando o reinvestimento e as apostas tecnológicas de fronteira. O

CENTIMFE fomenta um vasto conjunto de atividades de ligação dos jovens à indústria, de promoção do

empreendedorismo nas escolas. Apontou como grandes dificuldades o investimento tecnológico e de suporte

à criação de novas empresas, que reforcem o tecido empresarial.

Defende que os centros tecnológicos devem ter um enquadramento específico. Defendeu também

programas de apoio para montagem de candidaturas a fundos europeus.

O representante do CENTIMFE informou que, quanto às normas da qualidade, o próprio modelo não

funciona. Quanto à certificação, a qualidade do serviço que está a ser prestado pelo organismo que deveria

ser referência da qualidade precisa de ser revista. As empresas nacionais estão a sofrer muito com a imagem

de Portugal no mercado internacional, quando, do ponto de vista tecnológico, recuperaram a generalidade dos

clientes que as tinham abandonado em 2008/2009. Alertou ainda para o risco de Portugal poder perder a

acreditação. Referiu também os custos das auditorias e da acreditação de laboratórios. Quanto à articulação

entre entidades, colocou o enfoque na necessidade de “vender” competências para conseguir trazer mais

parceiros, pois a passagem da investigação para o mercado pode ser financeiramente muito onerosa. Em sua

opinião, não tem havido, nalguns casos, consistência das políticas públicas. Questionou o facto de não haver

programas de apoio à formação de quadros médios e superiores, o que leva a que muita desta formação seja

feita à conta de projetos de inovação. Deveria haver, para sectores de ponta, uma aposta muito forte uma

lógica de longo prazo, porque os centros tecnológicos fazem o interface direto com as empresas e é parar a

meio do caminho para repensar e começar tudo de novo é um problema sério. Em termos de financiamento,

considerou fundamentais os instrumentos de suporte à tesouraria para a exportação. Referiu ainda a falta de

recursos humanos do COMPETE para em tempo útil avaliar as candidaturas e os projetos. Denunciou também

a falta de instrumentos de políticas públicas para induzir as empresas a fixarem-se nas incubadoras.

CTCP

O representante do CTCP lembrou que a norma ISO 9000 é o referencial que todos usam para a

qualidade. Defendeu uma maior concentração nos fins a atingir do que nos instrumentos para os atingir, com

focalização nos objetivos. Referiu que as PME são, por definição, pouco compatíveis com investigação a

médio e longo prazo. A tipologia de projetos mais interessantes são os projetos I&DT. Quando se investiga um

novo material, por exemplo, isso vai dar origem a novos produtos, vai exigir novas qualificações de recursos

humanos, nova maquinaria para o processar. Defendeu a existência de projetos industrialmente orientados,

sendo essencial incluir sempre nos projetos a questão da comercialização. A criação de conhecimentos deve

ser autónoma, financiada autonomamente. A gestão pública da certificação é necessária mas deve ter-se o

cuidado de não criar estruturas pesadas, não competitivas. Nalguns sectores, a criatividade e a inovação são

mais importantes do que a certificação.

O representante do CTCP alertou para a distorção do mercado provocada pelos valores cobrados pela

entidade que garante a qualidade. No que toca à qualificação, realçou a diferença que existe entre habilitação

e competências e reportou a existência de dificuldades, por parte das PME, de enquadrar a formação

efetivamente necessária às empresas. A maioria dos investimentos ligados ao empreendedorismo só tem

sucesso se ligados à IDT. Neste sector, não acredita no capital de risco. Criticou a dificuldade que os vários

agentes têm em trabalhar em rede, considerando que os centros tecnológicos conseguem fazer a ponte entre

as PME e as universidades.

CTCV

O representante do CTCV informou que o centro tecnológico foi alargando a sua base de atividade e o seu

alvo num conjunto de sectores empresariais que extravasam a cerâmica e o vidro. É maioritariamente detido

por empresas, a sua vocação é a atuação no sentido do reforço da competitividade das empresas. O produto

português tem maiores vantagens quando é diferenciado junto do próprio cliente. O CTCV tem um conjunto de

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projetos “em bolsa” e, à medida que há oportunidade, desafia empresas e outras entidades para que esses

produtos possam ser diferenciados.

Defende a definição, pelo Estado português, do que este quer que sejam as infraestruturas tecnológicas,

para que estas possam ser apoiadas para oferecerem a diferenciação aos seus clientes. Defendeu também a

existência de projetos demonstradores (projetos que se encontram entre a fase de desenvolvimento e o

mercado), como indutores da competitividade e qualidade.

O representante do CTCV afirmou que o POPH foi desde sempre orientado para a elevação do nível de

qualificações para perspetivar para o exterior dados estatísticos favoráveis para Portugal e não para a

valorização em formação de quadros técnicos. Na área da qualidade, a certificação de sistemas funciona

porque não há entidades monopolistas do processo e os preços ajustaram-se em função do mercado, mas na

acreditação é diferente, há um sistema de monopólio. Defendeu uma maior integração entre o IAPMEI e a AdI,

para não se perder o conhecimento e os registos históricos que a AdI tem sobre as infraestruturas

tecnológicas.

CITEVE

O representante do CITEVE referiu que fazia sentido ter uma lei de bases abrangente. Nos últimos anos,

os programas europeus destinados a apoiar iniciativas para melhorarem a competitividade foram aproveitados

para o financiamento daquelas, de forma avulsa e não como programas.

Os centros tecnológicos não constituem uma atividade económica normal. Há relacionamento entre os

diretores-gerais, que se encontram uma vez por ano. Têm uma dupla missão. Têm um enquadramento que os

obriga a ter uma ação competitiva no seu trabalho, no quadro da concorrência em condições de mercado

muito apertadas. Dependem de políticas públicas, para terem programas estratégicos sustentáveis.

Os constrangimentos são:

– Falta de estabilidade das políticas públicas. A alteração das regras do jogo impede a realização de um

trabalho eficaz;

– O Estado é mau pagador, mesmo quando utiliza dinheiro alheio (os prazos médios de recebimento do

Estado são tão longos que a tesouraria não aguenta. O CITEVE, se dispusesse apenas de equipamento

científico, teria dificuldade na obtenção de crédito. Ao cumprir o CCP os centros estão comprometidos com

prazos e não recebendo atempadamente do Estado, o investimento é posto em causa);

– Esclarecimento do papel de cada um dos intervenientes para a inovação, competitividade e

empreendedorismo

COTEC

O representante da COTEC expressou dúvidas sobre se fazia sentido juntar todas as áreas num só

instrumento legislativo. Defendeu que o importante era que, no fim, houvesse emprego e salários. Na área da

inovação, a montante o país está bem, mas tem um défice de realização. Alterou para questões que estão a

montante da competitividade mas são muito importantes, como a existência de infraestruturas, o custo da

energia elétrica, entre outros. Em sua opinião, a competitividade não se pode restringir a dois ou três tópicos

muito valorizados na área da inovação apenas. Referiu como boa prática o facto de no Porto haver já escolas

do ensino básico e secundário que são acompanhadas por empresas.

Defende a existência de medidas em matéria de ensino básico (3.º ciclo) e secundário para a inovação,

com o reforço da componente experimental nestes ciclos de ensino, com a possibilidade de a COTEC

disponibilizar o know-how das empresas, inclusive dotando as escolas de meios. Deve definir-se se se

pretende uma lei sobre a competitividade ou sobre a inovação, sendo que a competitividade é mais ampla.

O representante da COTEC referiu que a abordagem que faria passaria por aproveitar melhor o que se

está a fazer. Lembrou que em muitos países com melhores resultados na área do empreendedorismo a

despesa pública em inovação e desenvolvimento é financiamento à despesa empresarial em inovação e

desenvolvimento. A COTEC tentou forçar todos os agentes do sistema a reportar os resultados em matéria de

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valorização do conhecimento e fomento do empreendedorismo. Informou que enviaria as 10 medidas que

propõe ao GT. Defendeu a necessidade de uma aposta mais focada. Defendeu igualmente uma ação

organizada de “correr mundo” com os produtos das empresas apoiadas em inovação e desenvolvimento à

procura de financiadores e clientes credíveis. Está neste momento em desenvolvimento uma ação piloto, em

que a COTEC, o AICEP e a CCDR Norte vão levar 20 empresas à Alemanha, com a colaboração da Câmara

de Comércio Luso-Alemã. Concluiu lembrando que mais grave do que haver muitas empresas a desaparecer

é as que existem não crescerem.

IAPMEI

O representante do IAPMEI procedeu à apresentação dos objetivos que norteiam o Instituto e à sua

evolução e referiu também a existência de uma nova Lei Orgânica, aprovada recentemente.

Sobre o Instituto, mencionou as áreas de intervenção: gestão dos incentivos comunitários; análise das

candidaturas do QREN, dos pedidos de pagamento e reembolsos; facilitação do acesso ao crédito da parte

das micro e pequenas empresas; PME Crescimento-concessão de 9000M€ ao abrigo das linhas de crédito e

60 000 empresas beneficiadas; garantias de crédito - caso não fossem passadas, verificar-se-ia maior número

de falências e desemprego; seguros de crédito à exportação; facilitação de processos de inovação das

empresas-vales inovação e vales I&DT; função de proximidade às empresas; formação de gestores-academia

PME; apoio ao empreendedorismo +E+I - operacionalizam os centros de saber para a atividade empresarial.

A atuação do IAPMEI desde o advento da crise, em 2008, tem sido fundamental para evitar um mal maior,

através do acesso ao crédito. A visão crítica à sua atuação resulta dos contatos existentes entre os políticos e

as empresas. Devido à aversão ao risco que estava a afetar as exportações houve intervenção do instituto no

domínio dos seguros de crédito. O IAPMEI é o front-office desta área. Em matéria de política fiscal, a

burocracia (nacional e comunitária) representa um problema. Quando as verbas disponibilizadas não chegam

a tempo, tal se deve a razões internas e de Bruxelas. A regulamentação que impende sobre a burocracia tem

origem na legislação nacional e na comunitária e o IAPMEI é o aplicador dessas leis, sendo este o proponente

da simplificação. Há constrangimentos muito sérios no que se refere aos recursos humanos de que dispõe,

uma vez que a sua estrutura de resposta está rigidificada. No momento atual não têm autonomia para

subadjudicar serviços. Há 22 000 candidaturas mas não têm capacidade humana para dar resposta – contam

com 340 funcionários, dos quais 100 estão afetos à gestão dos incentivos. Prevê-se a extinção da ADI

(Agência de Inovação - Inovação Empresarial e Transferência de Tecnologia) e a sua incorporação no IAPMEI.

Também se pronunciou sobre os seguros de crédito e a disponibilidade ao nível do risco; o Tesouro português

e a assunção do risco político e comercial (por ex. exportação de calçado); os fornecedores das empresas

portuguesas que pedem às respetivas seguradoras de crédito que lhes assegurem as suas exportações para

Portugal; nos seguros do crédito, o apoio aos exportadores nacionais dirige-se ao risco e não aos preços e,

por fim, em resumo, sobre os constrangimentos nas áreas da justiça, da fiscalidade (que não é estável e não

amiga do investimento) e, devido aos problemas de âmbito macroeconómico, há falta de investimento privado

nacional e estrangeiro. Prioridades: capitalização das empresas; abordagem aos mercados externos, à

inovação e ao acompanhamento das empresas. Matéria relevante para refletir: estão impedidos do

financiamento à comercialização das pré-séries e protótipos para introdução no mercado.

COMPETE

O representante do COMPETE referiu-se à integração deste Programa no QREN e ao trabalho que se

efetua em equipa com os organismos intermédios; define as regras de apoio aos incentivos e à envolvente;

face à experiência adquirida, nas economias liberais existe um espaço para a intervenção do Estado, que

define orientações estratégicas.

Havendo disponibilidades financeiras, como devem estas ser utilizadas em objetivos de política económica.

O programa incentiva projetos empresariais e tira proveito do esforço do Estado; apoio financeiro a ações

conjuntas no âmbito de campanhas a nível internacional e engenharia financeira-área do financiamento e

capital de risco.

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Embora ainda não represente uma posição definitiva, prefere soluções orientadas para ações concretas,

em vez da adoção de uma lei de bases, que é genérica, na medida em que, a realidade se encontra em

mutação permanente. Globalmente, o posicionamento do programa no quadro da U.E. é positivo. Requerem-

se mudanças na burocracia No próximo programa seria da máxima importância a desmaterialização do

processo. Há muita tendência de os empresários dependerem dos apoios. A articulação entre os organismos é

positiva. Novas normas ou incentivos obrigam à introdução na rede, permitindo concertação naquilo que se

entende ser fundamental. Há zonas de stress que não devem caber em critérios de standardização. O tema

sobre a reestruturação de empresas tem sido pouco discutido. Poderia vir a existir uma fiscalidade mais

positiva.

IPQ

O representante do IPQ considerou que a normalização, a metrologia e a avaliação da conformidade são

as infraestruturas da qualidade e devem estar previstas na legislação a criar e que estes três subsistemas

devem ser congregados no IPQ.

Descreveu os princípios orientadores do sistema português da qualidade como a credibilidade, a

transparência, a horizontalidade, a coexistência com outros sistemas, a descentralização e a adesão livre e

voluntária ao sistema.

Definiu “normas” como o documento com as boas práticas, os requisitos para uma determinada atividade

ou sector. Lembrou que existem cerca de 23 000 normas, das quais 20 400 são europeias. Há também

normas puramente portuguesas em sectores onde não há normas europeias ou internacionais.

Alertou para o facto de o Regulamento Europeu de Normalização entrar em vigor no dia 1 de janeiro de

2013.

Caracterizou também os desafios que se deparam ao IPQ nas suas três áreas de atuação: na

normalização, conseguir responder às necessidades do mercado, acompanhar a crescente normalização

internacional e fazer face às novas políticas económicas; na metrologia, acompanhar os novos campos que

surgem, nomeadamente na saúde, na energia, no ambiente e nas novas tecnologias: na qualificação, ter

qualidade e responsabilidade.

Alertou depois para a relação biunívoca entre qualidade e inovação, com a necessidade de as coisas novas

serem replicáveis e interoperáveis e com o cuidado de se estudar as melhores práticas (normas) em vigor

quando se parte para a inovação.

Finalmente, abordou os desafios futuros nesta área: desenvolvimento do processo inovador que apoie as

PME no caminho da qualidade, preocupação de usar normas, medidas de forma articulada, envolvimento das

partes interessadas, integração de outros sistemas e da inovação em produtos, serviços e organizações.

Defendem:

 A normalização, a metrologia e a avaliação da conformidade são as infraestruturas da qualidade e

devem estar previstas na legislação a criar.

 A legislação deve ser o mais simples possível e deve remeter para normas, que, se forem cumpridas, se

presume que está a ser cumprida a legislação.

 Defende existência de legislação para implementar o ensino e a formação para o empreendedorismo.

 Legislação deve fomentar a participação das partes interessadas, entre elas o consumidor. Tem de dar

ferramentas e fomentar as infraestruturas, a exemplo da lei que criou o SPQ.

 Se a lei de bases disser que a qualidade, o empreendedorismo e a inovação são de tal maneira

estruturantes para o país que o ensino tem de incluí-los, é um bom caminho.

 A fiscalização é muito importante.

 A lei de bases deve fomentar o investimento em metrologia, para que esteja permanentemente a

respeitar os padrões europeus e internacionais.

 No que toca ao capital humano, é importante a inclusão da cidadania.

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Referiu ainda um conjunto de ideias relevantes, a saber:

 Não pode haver empreendedorismo sem qualidade. O fomento que se faça do empreendedorismo tem

de ter em conta o fator qualidade.

 Não há critérios de qualidade absoluta e a lei não os pode estabelecer, mas é importante que quem

vende torne claro para quem compra quais os níveis de qualidade que um determinado produtos tem, para

que o cliente não se sinta enganado.

 Defendeu que nas compras públicas não deveriam ser colocados em situação de igualdade um

fornecedor que é certificado e outro que não o é. Exigir a certificação é a forma de aumentar o nível de

qualidade do país.

 Considerou importante ver o que estão os outros países a fazer.

 O país está preparado para responder ao Regulamento Europeu da Qualidade.

 Sempre que se elaborar legislação deveria haver o cuidado prévio de verificar se existe normalização

que deva ser respeitada.

 A qualidade tem de ser de aplicação permanente e o IPQ tem feito um esforço muito grande de tradução

das normas para estarem disponíveis em português, para tornar mais fácil a sua aplicação pelas PME.

 A certificação de uma empresa incide sobre os seus sistemas de produção, o que é diferente da

certificação de um produto. O mais importante é ter um sistema de gestão de qualidade.

POPH

O gestor do POPH apresentou o Programa, razões e forma de constituição e deu conta da sua execução.

Lembrou que foi constituído em 2007, com objetivo de superar o défice estrutural de habilitações de

qualificações da população portuguesa, tendo sido estruturado em 10 eixos prioritários. Representa 95% da

intervenção do Fundo Social Europeu em Portugal, com 4, 4 milhões de participantes e 5,2 mil milhões de

euros executados. Este Programa permitiu uma redução mais acentuada nas taxas de abandono escolar.

Quanto à qualificação de adultos, passou-se de 27% em 2007 para 35% em 2011, mas são necessárias ainda

mais duas décadas para que se registe convergência dos valores com os da UE. Alerta para o facto de que no

próximo programa de apoio 2014/2020 a ênfase será dado aos resultados, sendo uma das condições prévias

para acesso aos fundos a definição de um ponto de partida e um ponto de chegada e o financiamento será

atribuído em função de se conseguir ou não atingir as metas a que nos propusermos.

Defende o objetivo de atingir a meta dos 10% de abandono escolar em 2020 deveria constar do documento

a elaborar pelo GT. Defende simplificação de processos e procedimentos, desburocratização mais eficiente,

reforço do acompanhamento dos resultados e cumprimento dos objetivos e não tanto a fiscalização da

tramitação processual. Necessidade de requalificação dos ativos tendo em vista a reindustrialização da

economia, reforço na formação dual dos jovens, incentivo à aquisição de competências no domínio da

autonomia e do empreendedorismo, reforço do ensino profissional. Investimento na formação de adultos não

deve ser abandonado mas sim repensado, direcionando a requalificação e reconversão para a

reindustrialização.

Refere ainda que os programas do POPH são financiadores de atividade de outrem; neste momento, as

escolas artísticas são financiadas pelo POPH. O POPH está neste momento em articulação com algumas

iniciativas mais atípicas e não tão formatadas das escolas. Simplificação é diferente de desburocratização, o

facto de star tudo informatizado não deixa de ser um processo bastante burocratizado. Quando começámos a

beneficiar dos fundos estruturais o nosso ponto de partida foi muito inferior ao dos outros países. Até 2007 a

estratégia era a de formar pessoas e depois os resultados viam-se na respetiva vida profissional; a partir

dessa data o objetivo foi, além de qualificar, elevar os níveis de qualificação. Empreendedorismo e inovação

são características que nascem com pessoas com mais competências e mais conhecimentos. O POPH

financia a atividade do IEFP no apoio ao empreendedorismo, bem como institutos, associações empresariais

que têm escolas profissionais e centros tecnológicos, entre outros.

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ANQEP

O Presidente da ANQEP referiu que esta tem como missão procurar coordenar as políticas de dupla

certificação de jovens e adultos. Considerou o empreendedorismo estratégico, porque se vamos apostar nas

formações qualificantes, ou apostamos de forma certeira em sectores que têm neste momento estruturas

empresariais que absorvem essas formações ou as pessoas vão exercer essas formações em mercado aberto

e, para tal, têm de ser empreendedoras. A aposta no ensino científico-humanístico levou a que os jovens ou

conseguem concluir um curso superior ou, se não conseguirem, não têm recetividade no mercado de trabalho;

a dupla qualificação procura que os jovens aos 18 anos tenham uma qualificação profissional que lhes permita

a inclusão no mercado de trabalho se não prosseguirem estudos superiores. O programa das Novas

Oportunidades tinha dois eixos: dos jovens e dos adultos, procurava garantir que 50% dos jovens estava

nesse tipo de formação e que um milhão de adultos ativos seria qualificado. O primeiro eixo foi o que esteve

mais próximo do sucesso (havia 42% dos jovens nesta via). Fica a faltar a aposta no desenvolvimento de um

sistema de regulação e orientação destas ofertas para os jovens. Quanto aos adultos, a questão agora é saber

o que fazer a esses adultos com certificação.

Defende que é importante que à vertente da dupla qualificação sejam associadas competências de

organização e literacia financeira. Do ponto de vista legislativo, pode colocar-se o empreendedorismo como

componente formativa nos vários níveis de formação.

E realça ainda a questão cultural, que leva a que se desvalorize quem arrisca e não tem sucesso, o que

conduz a uma inércia de não querer tomar a iniciativa. Em seu entender, o sistema educativo pode dar o seu

contributo para mudança de pensamento. Em 2050 vamos ter um terço da população com mais de 65 anos e

a ANQEP está preocupada em desenhar ofertas de formação para esta população, pois há aqui, do ponto de

vista do potencial humano, um conjunto de capacidades de pessoas que vão ter tempo para ser úteis,

podendo ser um recurso nomeadamente no empreendedorismo, para ajudar os jovens a iniciar-se de forma

útil na vida.

Tecparques

Os representantes da Tecparques deram conta da existência de 14 parques de ciência e tecnologia, a que

acrescem 4 em fase de implementação, congregando 766 empresas e 1524 pessoas a trabalhar. As

autarquias têm um importante papel de alavancagem destes projetos. Perspetiva-se uma estratégia conjunta

de Portugal e Espanha para o próximo QCA, para criar mais potencial neste domínio em termos estratégicos

para captação de fundos comunitários. Se não houver estabilidade fiscal será mais difícil captar investimento

estrangeiro. Empreendedorismo não é algo que se possa decretar, tem de se criar uma cultura para o

empreendedorismo. Alertaram para a contradição do trabalho deste GT e a Lei n.º 50/2012, uma vez que este

diploma prevê a extinção de empresas municipais, e é através destas que, muitas vezes, são feitos os

investimentos nesta área do empreendedorismo.

Os representantes da Tecparques alertaram para a necessidade de desenvolvimento do capital de risco e

do capital semente. Consideraram importante existir uma educação para o empreendedorismo no ensino

básico. Defendem também uma definição das políticas públicas sobre os polos de competitividade e clusters,

para evitar duplicações. Políticas públicas devem ser definidas a médio e longo prazo, para não ficarem ao

serviço de governos ou ministros.

Referiram ainda o facto de que as políticas públicas estão sempre balizadas pelo Orçamento do Estado. Os

parques tecnológicos são os locais onde se ajuda a materializar todas as ideias do sistema nacional de

inovação. Esclareceram que não foram os parques tecnológicos que quiseram ser empresas municipais.

Reiteraram a posição de que, quanto ao financiamento, é fundamental a existência de capital de risco e capital

semente, não sendo sustentável a situação atual em que os jovens para se financiaram no banco hipotecam a

casa. Lembraram que estes projetos movimentam muitos postos de trabalho indireto, representam cerca de

350 milhões de euros de negócios e não têm qualquer benefício fiscal.

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Adl

O representante da AdI utilizou uma apresentação em PowerPoint sobre o sistema nacional de inovação,

no qual explica a sua evolução nos últimos 20 anos. Alertou para o facto de o sistema nacional de inovação

não estar definido em nenhum instrumento legislativo. Realçou a diferença de perfil das atividades destas

entidades entre 1990 e a atualidade.

Alertaram para a necessidade de parametrização, para que as diversas entidades envolvidas no sistema

nacional de inovação saibam o que estão a fazer. Defendeu que as medidas têm de ser pensadas em função

dos atores para que são destinadas. Propõe um programa de apoio aos jovens na criação de empresas em

articulação com os centros tecnológicos. Defendeu a necessidade de articulação entre os organismos.

Considerou necessário que se criasse, ao pessoal docente as universidades, perfil para trabalhar com as

empresas.

O representante da AdI referiu as dificuldades no apoio a empresas para colocar os produtos no mercado.

O Programa +e +i é válido e bem conseguido, mas se não der qualquer coisa às empresas acaba por morrer.

Os centros de incubação e de tecnologia são uma boa ferramenta para a criação do próprio emprego dos

jovens licenciados. Deu exemplos de parques tecnológicos criados, ao arrepio do parecer negativo da AdI.

Argumentou que um centro de incubação, se estiver bem implantado, é um ótimo investimento para o Estado.

PARTE IV – ESTUDO DE DIREITO COMPARADO

A Divisão de Informação Legislativa e Parlamentar da Assembleia da República elaborou, a pedido dos

membros do Grupo de Trabalho, um relatório exaustivo e circunstanciado sobre legislação comparada nos

domínios da qualidade, investigação e desenvolvimento e empreendedorismo. Neste relatório foi analisada a

legislação, relevante e pertinente para o trabalho em causa, de países como a Alemanha, a Áustria, a Bélgica,

a Dinamarca, os Estados Unidos da América, a Finlândia, a França, a Holanda, Israel, o Luxemburgo, o Reino

Unido, Singapura, a Suécia e, finalmente, da União Europeia.

http://ficheiros.parlamento.pt/DILP/Dossiers_informacao/QualidadeInovacaoCompetividadeEmpreendorism

o/DossierQualidadeInovacaoCompetividadeEmpreendorismo.pdf

No que concerne ao Eixo Qualidade, o trabalho de recolha e análise da legislação comparada privilegiou

três dimensões consideradas estratégicas:

– A implementação de normas relativas a bens e produtos bem como dos respetivos sistemas de gestão

para a integração no mercado global;

– A regulamentação na área das novas tecnologias para ambos os setores público e privado, entendo-as

como fator crítico para o desenvolvimento da economia digital sustentável;

– A regulamentação na área do acesso e reutilização da informação do setor público, indispensável para o

desenvolvimento da economia da informação.

No primeiro objetivo são apresentadas as soluções legislativas de governação eletrónica (e-government)

nas suas várias vertentes (assinatura, comércio, comunicações e contratação eletrónica). Quanto ao segundo

objetivo, reúne informação sobre o acesso e reutilização da informação.

A regulamentação da indispensável base tecnológica - quer no que concerne a políticas específicas de

autenticidade de documentos eletrónicos, desmaterialização de procedimentos e adoção de formatos de

arquivo, quer quanto à implementação de banda larga, a necessária interoperabilidade entre sistemas e

respetiva preservação digital - não foi tratada devido à sua especificidade técnica, que, na maioria dos casos,

adota a forma de regulamentos ou projetos nacionais, não sendo alvo de produção legislativa.

Relativamente ao Eixo da Investigação, Desenvolvimento e Inovação, procurou-se, prima facie,

apresentar legislação na área. Adicionalmente, foi pesquisada informação sobre a existência de agências e

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programas nacionais e, quando relevante, regionais ou locais de promoção da inovação. A informação foi

agrupada e organizada em dois capítulos:

– Um capítulo reunindo informação, designadamente referências a programas, financiamento e organismos

responsáveis, nas áreas da investigação e ensino orientados para a inovação.

No domínio da propriedade industrial e, para um melhor enquadramento do tema, são ainda apresentadas

estatísticas relativas ao número de patentes, bem como a respetiva regulamentação.

– Um capítulo dedicado às matérias ligadas à inovação, incluindo referências a políticas e programas de

promoção da inovação.

Finalmente, no Eixo Empreendedorismo, privilegiou-se a abordagem de duas áreas específicas que para

o efeito concorrem de forma direta:

– A regulamentação na área das pequenas e médias empresas;

– A regulamentação na área do emprego.

Ambas expressam a concretização das medidas e da legislação adotada na área do empreendedorismo,

que se reporta às mais diversas facetas da atividade laboral, desde a forma de contratação dos empregados,

aos procedimentos para a criação de empresas, às modalidades de formação, aos apoios estatais, à

internacionalização das atividades, etc.

Este eixo pretende, assim, constituir uma base de referência para as iniciativas que os países em apreço e

a União Europeia têm lançado na promoção do empreendedorismo, tanto na vertente das PME – a grande

maioria do tecido empresarial europeu -, como do lado do desenvolvimento do mercado de trabalho e do

fomento do emprego.

PARTE V – PROPOSTAS

Das audições efetuadas é possível compilar as seguintes propostas, formuladas pelos

representantes das diferentes entidades nas respetivas audições:

Introdução de medidas favoráveis aos incentivos fiscais, nomeadamente a revisão da taxa de IRC para

investimento produtivo– APCRI / ANJE

Desenvolvimento do sector do capital de risco e dos fundos de garantia mútua– APCRI / ANJE /

CITEVE / Tecparques

Aposta na formação sobre a qualidade para todos quantos dirigem organismos estatais bem como a

associação direta a uma cultura de risco – APESP

Desenvolvimento de uma relação direta entre investimento aplicado em inovação e os seus outputs (por

exemplo: a patente) – APESP

Assunção por parte do estado do seu papel central na promoção e apoio das melhores práticas na área

da Qualidade – APQ

Assunção por parte do Estado do seu papel no sistema de acreditação, metrologia e normalização –

sistemas que devem respeitar os padrões europeus e internacionais - APQ / IPQ

Promoção da criação de microempresas de base tecnológica, questão crucial no contexto atual bem

como a formação para empresários – CCISP

Promoção de programas de apoio às pequenas e microempresas para a elaboração de candidaturas a

fundos europeus – CENTIMFE

Clarificação do papel das diferentes entidades estatais envolvidas quer no apoio às empresas, quer

relacionadas com as diferentes infraestruturas tecnológicas – CENTIMFE / CITEVE / Tecparques / AdI

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Promoção da articulação de algumas associações empresariais com as escolas (nomeadamente no

ensino básico e secundário) – com enfoque no reforço da componente experimental – COTEC

Criação de legislação própria que promova o ensino e a formação para o empreendedorismo – IPQ /

POPH / ANQUEP / Tecparques / AdI

PARTE VI – CONCLUSÕES

1. Tendo em conta o âmbito e os objetivos inicialmente traçados para os “Trabalhos Preparatórios para a

Elaboração de uma Lei de Bases da Qualidade, Inovação, Competitividade e Empreendedorismo”, o

Grupo de Trabalho, que agora encerra as suas atividades, congratula-se pela grande recetividade que esta

iniciativa teve junto das diferentes entidades consultadas e, sobretudo, pelos excelentes contributos

formulados quer nas audições realizadas presencialmente, quer nos documentos específicos elaborados com

o mesmo propósito.

2. Ao reler os 3 primeiros objetivos traçados (identificados no ponto 1 deste relatório) fica claro que a

discussão promovida pela Assembleia da República, através da Comissão de Economia e Obras Públicas foi

“construtiva”, abarcou as “múltiplas dimensões da competitividade da economia e das empresas” e

“evidenciou” a importância que esta matéria tem para os deputados desta Comissão e para a Assembleia da

República no seu todo. No que concerne à documentação “recolhida, compilada e divulgada” estamos certos

que o trabalho realizado servirá de base a futuras iniciativas quer da Assembleia, quer da sociedade civil.

3. No que concerne ao 4.º e 5.º pontos dos objetivos a que este Grupo de Trabalho se propôs, Estabelecer

linhas orientadoras, perspetivas sistémicas e arquiteturas orgânicas adequadas para fazer permanentemente

face aos desafios da competitividade e Construir plataformas de entendimento a médio e longo prazo, com

consenso entre todas as forças partidárias com representação parlamentar, abarcando diferentes órgãos de

soberania, auscultando e envolvendo a sociedade em todo o processo, estes foram sendo adaptados ao longo

das audições em virtude de tudo aquilo que foi sendo ouvido.

4. Na verdade, a perceção com que os membros do Grupo de Trabalho foram ficando foi que seria muito

mais interessante no curto, médio prazo, tomar um conjunto de iniciativas legislativas pontuais mas muito

direcionadas ao invés de tentar algo mais abrangente e de difícil consenso. Assim, as conclusões hoje aqui

apresentadas são sobretudo alicerçadas no comprometimento de todas as forças políticas em procurar

trabalhar os aspetos identificados e sumariamente apresentadas no ponto IV deste relatório sobre a epígrafe

“Propostas”.

5. Todos os grupos parlamentares consideram relevantes a maioria das propostas recolhidas e procurarão

avaliar a pertinência das mesmas, apresentando, quando se justifique, eventuais iniciativas legislativas.

Palácio de S. Bento, 16 de dezembro de 2013.

O Deputado autor do Relatório, Luís Leite Ramos — O Presidente da Comissão, Pedro Pinto.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.

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