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Sábado, 2 de novembro de 2013 II Série-D — Número 5

XII LEGISLATURA 3.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2013-2014)

S U M Á R I O

Delegações e Deputações da Assembleia da República:

— Relatório referente à participação da Delegação da Assembleia da República na III Conferência Interparlamentar sobre a Política Externa e de Segurança Comum/Política Comum de Segurança e Defesa (PESC/PCSD), que se realizou em Vilnius, em 5 e 6 de setembro de 2013.

— Relatório elaborado pelo Deputado Mendes Bota, do PSD, relativo à sua participação na Conferência sobre

“Transparency of Media Ownership”, organizada pela Open Society Media Program & Access Info Europe e pela Subcomissão dos Media e da Sociedade da Informação, da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE), que decorreu em Bruxelas, no dia 24 de setembro de 2013.

— Relatório referente à participação da Delegação da Assembleia da República no IX Fórum Parlamentar Ibero-americano (FPIA), cidade do Panamá, que decorreu em 16 e 17 de setembro de 2013.

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DELEGAÇÕES E DEPUTAÇÕES DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Relatório referente à participação da Delegação da Assembleia da República na III Conferência

Interparlamentar sobre a Política Externa e de Segurança Comum/Política Comum de Segurança e

Defesa (PESC/PCSD), que se realizou em Vilnius, em 5 e 6 de setembro de 2013.

Delegação da AR :

Deputado Marcos Perestrello (PS), Comissão de Defesa Nacional (CDN);

Deputado António Rodrigues (PSD), Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas

(CNECP);

Deputado Sérgio Azevedo, (PSD), Comissão de Assuntos Europeus (CAE);

Deputado Paulo Pisco (PS), CNECP

Deputado Alberto Costa (PS), CAE;

Apoio Técnico:

Bruno Dias Pinheiro, Representante Permanente da AR junto da UE.

O Parlamento lituano, no âmbito da dimensão parlamentar da respetiva Presidência do Conselho da União

Europeia (UE), organizou, em Vilnius, nos dias 5 e 6 de setembro, a III Conferência Interparlamentar sobre a

PESC/PCSD. Esta Conferência, cujo programa se anexa1, contou com a participação de todos os Parlamentos

nacionais da UE, bem como o Parlamento Europeu (PE)2.

Toda a informação sobre esta Conferência, bem como as fotografias e registo vídeo, podem ser

encontrados em:

http://www.lrs.lt/intl/presidency.show?theme=279&lang=2&p_sp_reng_id=14

Reunião da Comissão ad-hoc para a revisão do Regulamento

Os trabalhos iniciaram-se com uma reunião dos representantes das várias delegações na Comissão ad-hoc

para a revisão do regulamento da Conferência, estabelecida nos termos das Conclusões das I e II

Conferências Interparlamentares sobre a PESC/PCSD, em Paphos e Dublin. A AR esteve representada nesta

reunião inicial Comissão ad-hoc pelo Deputado Marcos Perestrello (PS, Comissão de Defesa Nacional).

A Presidência lituana havia solicitado às várias delegações que lhe submetessem antecipadamente as

propostas de emenda ao regulamento, de modo a poderem servir de base ao trabalho desta Comissão.

No início dos trabalhos, a Presidência deu nota do debate preliminar havido no Grupo de Trabalho (GT)3

que foi estabelecido para coadjuvar esta Comissão e que viriam a merecer o acordo da Comissão ad-hoc

relativamente ao procedimento a seguir:

1 Disponível em http://renginiai.lrs.lt/renginiai/EventDocument/1ce0171a-1309-477c-ae0c-a784d73fd8aa/EN_IC%20CFSP%20CSDP_PROGRAMA%202013-09-03.pdf 2 Além dos estados candidatos e países europeus membros da NATO. Lista de participantes em http://renginiai.lrs.lt/renginiai/EventDocument/1ce0171a-1309-477c-ae0c-a784d73fd8aa/CFSP-CSDP%20FINAL%20List%20of%20Participants_09_06_EN.pdf 3 Composto por um representante de cada um dos Parlamentos do Trio, do PE, de Chipre (Presidência anterior da Conferência de Presidentes de Parlamentos da UE CPPUE) e da Itália (Presidência da CPPUE em 2015, quando se tomar a decisão final).

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a) proceder a uma categorização das várias emendas apresentadas, de acordo com os seguintes critérios:

i) propostas em conformidade com o Tratado e com as Conclusões de Varsóvia; ii) propostas em contradição

com o Tratado; iii) propostas em contradição com as Conclusões de Varsóvia; iv) propostas a serem

analisadas com mais profundidade.

b) adotar um calendário de trabalho até à Presidência italiana da CPPUE (2015), altura em que se

procederá à avaliação final dos arranjos e disposições da Conferência interparlamentar sobre a PESC/PCSD,

conforme dispõem as Conclusões da CPPUE de Varsóvia.

A categorização das emendas e o calendário referidos supra encontram-se anexos a este relatório,

juntamente com uma carta da Presidência Lituana a este respeito.

Abertura da Conferência

O Presidente do Parlamento lituano, Vydas Gedvilas, interveio inicialmente para dar as boas vindas aos

participantes4. Seguiram-se palavras de introdução dos Presidentes da Comissão de Negócios Estrangeiros e

da Comissão de Defesa do Parlamento lituano.

O discurso de abertura da Conferência foi proferido por Dalia Grybauskaité, Presidente da República da

Lituânia, e encontra-se apenso a este relatório5. Na sua intervenção, recordou a atribuição do Prémio Nobel da

Paz à UE em 2012, para afirmar que a Conferência interparlamentar sobre a PESC/PCSD é uma plataforma

adequada e atempada para debater os desafios urgentes com os quais a Europa se confronta hoje.

O Presidente da Comissão AFET (Assuntos Externos) do PE, Elmar Brok (PPE, Alemanha), finalizou esta

sessão de abertura, referindo a importância desta Conferência e o contexto em que ocorre, designadamente

sobre a resposta a dar pela comunidade internacional ao uso de armas químicas na Síria.

Sessão I

A primeira sessão de trabalho foi dedicada a dois temas distintos:

— A promoção da democracia numa Europa alargada: ideias e instrumentos

— Rumo ao Conselho Europeu de dezembro: prioridades da Presidência lituana

Os intervenientes foram, respetivamente, os Ministros litunos dos Negócios Estrangeiros, Linas Linkevicius,

e da Defesa, Juozas Olekas.

No que diz respeito ao primeiro tema, o MNE lituano referiu-se ao partenariado oriental da Política Europeia

de Vizinhança como um dos temas prioritários da Presidência lituana, com particular ênfase na Ucrânia e às

dificuldades do que referiu como "justiça seletiva", bem como à necessidade de que os países envolvidos

neste partenariado possam escolher livremente os seus objetivos de política externa, sem ingerências nem

pressões de outros estados da região.

Relativamente ao Conselho Europeu de Defesa de dezembro, o Ministro lituano da defesa, recordou que

este será o primeiro Conselho dedicado a esta matéria nos últimos cinco anos. Dado que a UE é um modesto

ator na gestão de crises e que isto poderá ser agravado com a atual restrição nos orçamentos de defesa.

Acrescentou que a política de defesa europeia deve aumentar a sua visibilidade e que, para tal, será de

considerar a criação de uma configuração formal no Conselho que reúna os Ministros de Defesa.

Relativamente às prioridades, referiu-se ao papel da UE na estabilidade e segurança da sua vizinhança, aos

desafios como a cibersegurança, a segurança marítima e energética, a melhoria na capacidade de envio de

tropas e a integração da política de defesa numa abordagem mais abrangente de política externa.

4 Intervenção disponível em http://renginiai.lrs.lt/renginiai/EventDocument/1ce0171a-1309-477c-ae0c-a784d73fd8aa/0905%20Welcome%20address%20by%20Dr%20Vydas%20Gedvilas.EN.pdf 5 Disponível em http://renginiai.lrs.lt/renginiai/EventDocument/1ce0171a-1309-477c-ae0c-a784d73fd8aa/0908%20Respublikos%20Prezident%C4%97s%20Dalios%20Grybauskait%C4%97s%20sveikinimo%20kalba.EN.pdf

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Seguiu-se um período de debate.

Sessão II

O painel seguinte teve lugar à porta fechada e foi dedicado às prioridades da UE no domínio da PESC e da

PCSD, tendo como interveniente a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de

Segurança, Catherine Ashton. O respetivo discurso encontra-se em anexo6, tendo começado por destacar que

se formou um arco de instabilidade em torno da UE, motivo pelo qual necessário reforçar o papel desta na

prevenção de conflitos. A este respeito, deu como exemplo o papel de mediação que a Alta Representante

tem desempenhado no Egito, onde é um interlocutor decisivo. No que diz respeito à Síria, considerou que a

UE deve empenhar-se numa solução política duradoura para este conflito.

Seguiu-se um período de debate.

Sessão III

O Secretário-Geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, analisou as relações entre a UE e a NATO7,

começando por referir que deve ser condenado com a maior veemência possível o ataque com armas

químicas que teve lugar na Síria. Assinalou, ainda, que a NATO é um fórum para consulta entre os seus

membros sobre todas as matérias e que a Aliança está empenhada em proteger a sua fronteira sul.

Por outro lado, chamou a atenção para a preocupante tendência de redução dos orçamentos de defesa

num contexto em que as ameaças à segurança aumentam. Como exemplo, acrescentou que o orçamento de

defesa da China em 2015 será maior do que o investimento dos oito maiores membros da NATO em conjunto.

Referiu, ainda, que existem demasiadas duplicações em termos de capacidades, bem como divergências de

padrões entre os membros da Aliança, o que gera fracas economias de escala e insuficiente formação.

Por fim, o A. F. Rasmusssen considerou que a NATO deve permanecer forte e desenvolver um pilar

europeu de defesa credível. Para tal, identificou três prioridades: i) desenvolvimento de capacidades; ii)

desenvolvimento de forças; iii) aprofundamento de uma indústria de defesa forte. Apelou, por conseguinte, à

cooperação e não à duplicação, bem como ao desenvolvimento de capacidades e não de burocracias.

Durante o período de debate que seguiu, registaram-se duas intervenções da delegação da AR-

O Deputado António Rodrigues (PSD) questionou o SG da NATO sobre as prioridades estratégicas da UE,

designadamente se é mais importante o investimento em capacidades ou o desenvolvimento de politicas fortes

e com liderança.

O Deputado Marcos Perestrello (PS) manifestou a sua concordância de que a Síria é a maior ameaça que

a UE enfrenta. Deste modo, e recordado a intervenção proferida pela Alta Representante na sessão anterior,

questionou o que pode a UE fazer neste domínio além da ajuda humanitária.

Na resposta, o SG da NATO afirmou que ambas as dimensões (capacidades e políticas) são importantes e

complementares — são precisas capacidades para projetar poder e as politicas adequadas e com liderança

para as afirmar. A este respeito, Rasmussen acrescentou que, a certo ponto, a UE deverá considerar uma

revisão do processo de tomada de decisão na PESC/PCSD, na medida em que, reconhecendo que o

consenso é importante, a eficiência e coesão na tomada de decisão são igualmente decisivas.

6 http://renginiai.lrs.lt/renginiai/EventDocument/1ce0171a-1309-477c-ae0c-a784d73fd8aa/0906%20C.Ashton%20tez%C4%97s%20Vilniuje.EN.pdf 7 Discurso integral disponível em http://renginiai.lrs.lt/renginiai/EventDocument/1ce0171a-1309-477c-ae0c-a784d73fd8aa/0906%20Mr%20Anders%20Fogh%20Rasmussen%20EN.pdf

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Grupos de Trabalho

Em seguida, os participantes na Conferência dividiram-se em dois grupos de trabalho (GT), dedicados aos

seguintes temas:

GT 1 – O partenariado oriental e a sua importância estratégica para a EU

GT 2 – Superar o desfasamento entre as capacidades e as ambições da UE: rumo ao Conselho Europeu

de Dezembro

Cada GT designou um relator, para apresentar os resultados respetivos na sessão de encerramento.

Sessão de encerramento

Na sessão final, a Presidência apresentou o resultado do trabalho da Comissão ad-hoc para a revisão do

regulamento (v. supra) e, em seguida, foi dada a palavra aos relatores dos GTs para apresentar o teor dos

debates aí realizados.

No que diz respeito ao GT 1, o relator foi Pat Breen, Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e

Comércio do Parlamento irlandês, que destacou a importância deste parterariado oriental no contexto da

política europeia e vizinhança. Identificou os principais temas debatidos: i) a preocupação com a pressão

política, económica e comercial exercida pela Rússia sobre alguns dos países que fazem parte deste

partenariado, enfatizando a necessidade de uma resposta consistente por parte da UE; ii) as questões

relacionadas com o respeito pelos direitos humanos, e os diferentes desafios relativos à situação interna de

cada um dos seis países deste partenariado; iii) a preparação da III Cimeira do Partenariado oriental, a realizar

em Vilnius, no mês de Novembro; iv) a ação da UE relativamente à Bielorrúsia, a situação no sul do Cáucaso e

na Moldávia.

O relator do GT 2 foi Ioannis Kefalogiannis, membro da Comissão de Defesa e Negócios Estrangeiros do

Parlamento helénico, que destacou os seguintes aspetos: i) as expectativas para o Conselho Europeu de

dezembro devem ser moderadas, pois os estados membros, até agora, não dispõem das capacidades

necessárias nem têm demonstrado a vontade política de aprofundar esta dimensão; ii) as restrições

orçamentais não devem ser um obstáculo incontornável, antes deve ser analisado como se pode fazer mais

com os recursos existentes: pooling and sharing; iii) é decisivo que os padrões e os requisitos possam ser

uniformizados, pois isto é fundamental para que a indústria europeia de defesa se possa desenvolver; iv) o

Conselho Europeu de dezembro deverá definir um roteiro (algo similar a um “Programa de Estocolmo”) no

domínio da defesa, com metas definidas, e que permita ir medindo e avaliando os progressos alcançados.

Após este relato das sessões paralelas, a Presidência submeteu às delegações o projeto de conclusões da

Conferência. Após o debate para adoção das emendas propostas, estas Conclusões8 foram aprovadas e

serão transmitidas às instituições da UE e a todas as delegações.

Os trabalhos desta Conferência foram encerrados, em seguida.

Assembleia da República, 11 de Setembro de 2013

O Chefe da Delegação da Assembleia da República, Marcos Perestrello.

———

8 Disponíveis em http://renginiai.lrs.lt/renginiai/EventDocument/1ce0171a-1309-477c-ae0c-a784d73fd8aa/EN%20Conclusions%20Vilnius%20IPC%20CFSP-CSDP.pdf

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Relatório elaborado pelo Deputado Mendes Bota, do PSD, relativo à sua participação na Conferência

sobre “Transparency of Media Ownership”, organizada pela Open Society Media Program & Access

Info Europe e pela Subcomissão dos Media e da Sociedade da Informação, da Assembleia Parlamentar

do Conselho da Europa (APCE), que decorreu em Bruxelas, no dia 24 de setembro de 2013

RELATÓRIO N.º 81

Na minha condição de presidente da Comissão Parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação,

da Assembleia da República, participei numa conferência subordinada ao tema “Transparency of Media

Ownership”, organizada pela Open Society Media Program & Access Info Europe e pela Subcomissão dos

Media e da Sociedade da Informação, da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.

Esta conferência realizou-se em Bruxelas, a 24 de Setembro de 2013, e fui orador convidado para intervir

no 3.º painel, dedicado ao “Papel dos Parlamentos”, tendo pronunciado uma intervenção que figura como

Anexo 1 do presente relatório.

Antes disso, fiz uma intervenção no debate do 2.º painel, designado “Securing Transparency of Media

Ownership”, em que chamei a atenção para a necessidade de não ser esquecida a dimensão local e regional

destas questões.

No Anexo 2, consta o Programa da conferência, e no Anexo 3, figura o documento de conclusões: “Ten

recommendations on transparency of media ownership”.

Assembleia da República, 29 de Outubro de 2013

O Deputado do PSD, José Mendes Bota.

ANEXO 1

Speech by Mr. Mendes Bota, president of the Assembly of the Republic’s Committee on Ethics,

Citizenship and Communication, for the conference on “Transparency of media ownership”, organized

by the Council of Europe Parliamentary Assembly’s Media and Information Society Subcommittee

Panel 3: “Transparency and social media ownership – the role of parliaments”

Brussels, 24 September 2013

“SITUATION IN PORTUGAL”

Ladies and Gentlemen,

Not for anything we call the freedom of the press and the right to free information the “oxygen of

democracy”.

Portugal knows all too well what it means to live deprived of that oxygen, having suffered that asphyxia

during fifty years of the Estado Novo’s fascist regime, with a press gagged by preliminary censorship, a

monolithic vision and the persecution of newspapers and journalists who dared reporting a reality other than the

official truth, or even issue an opinion that might threaten the pillars of the existing power then.

From that point of view, Portugal survived decades of a thin air environment, without that oxygen a people

requires to freely form and manifest its opinion. Instead of transparency, only a heavy opacity...

Times have changed. Portugal went on to live and cohabit with a free and plural press since the Carnation

Revolution, in 1974.

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It is a whole learning process that comes with the maturation of democracy itself. It won’t always mean the

desired linear evolution towards an increasingly perfect state.

It is a process composed of advances and fallbacks, often with erroneous interpretations of the real

meaning of concepts such as freedom of expression, transparency, access to information…

The conscience that we’re dealing with a mighty power – the notorious Fourth Power – has frequently led to

abuse, attempts to instrumentalize it, obscure control games, undue and illegitimate uses.

The truth – and we all know it – is that, in the wrong hands, whether it’s for political, ideological, economic or

any other motivations, this Fourth Power may have a devastating effect – in manipulation, conformism,

numbness, obscurantism, callousness before the corruption phenomenon and the absence of ethical codes

and transparency undermining the pillars of society.

These deviations, these temptations, these deflections can only be prevented, averted and stopped through

an ever more conscious society, ever more participating, ever more democratic.

When it comes to Media ownership – and having a clear idea that this is a dynamic topic and therefore open

for debate – Portugal has managed to erect a solid legal structure, comprehensive and effective, that seeks to

ensure real transparency in the media’s universe.

It must be said, however, for truth’s sake, that the Portuguese political sides find themselves divided

regarding this interpretation.

The center-right majority, currently in power, finds that the present legislation, --moreover, quite recent –,

provides a frame of parameters and answers suiting and effective in guaranteeing a free and transparent

exercise by the media – namely in terms of ownership.

The parties on the left, find it necessary to reinforce the means of controlling the media’s ownership, having

been submitted already during the current Term, initiated in 2011, several legislative initiatives thwarted by the

parliamentary majority.

One must say that the impact of the new information technologies has forced us to be permanently on alert

in this field, so as to prevent the emergence of new gray areas and no-man’s-land in a matter that concerns us

all. This seems to me to be, without a doubt, one of the main challenges legislators will face in the short term,

with a decisive role befalling on national parliaments.

National legal frame

Protecting the freedom of the Press is one of the main prerrogatives of any Democratic state, secured first

and foremost by the Constitution of the Portuguese Republic, in articles 38 and 39, which foresee the

disclosure of ownership and financing means for all social media entities.

To that effect, and because one aims at safeguarding the independence of Media before powers political

and economic, the objection to the concentration of corporations holders of generalist information organs, and

disclosing the chain behind social media ownership, the Register of Periodical Publications was created for

journalistic corporations, news agencies, radio operators and television operators (Statutory Decree no. 8/99,

June 9th, rectified by the Rectification Declaration no. 7/2008 from 27 February and by the Statutory Decree no.

2/2009 from 27 January).

This Register has the objective of proving the Media legal status, ensuring the transparency of their

ownership and guaranteeing the legal protection of periodical publications and the branding of radio and

television stations, reinforcing as well, through this, the important constitutional desideratum that the right to

information represents.

This register is carried out by the ERC, Regulation Entity for the Media, established by Law no. 53/2005,

November 8th, whose members of the Regulation Board are elected by the Assembly of the Republic, and

whose role, among others, is to ensure the free exercise of the right to inform and the freedom of the Press.

It is up to it as well to prevent the non-concentration of ownership on entities pursuing Media activities, with

a view to safeguard plurality and diversity, safe from prejudice against the capacities lawfully assigned to the

Competition Authority by Law no. 18/2003, July 11th, ammended by laws: 46/2011, June 24th, 52/2008, August

28th, and by Decrees no.: 18/2008, January 29

th, and 219/2006, November 2

nd, later revoked by Law no.

19/2012, August 8th.

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The set of bills that, in its essence, regulate the media sector in Portugal, is composed of the following:

The Television Law – 8/2011 on 11 April, which regulates the access to the activity of televising and its

practice, including provisions regarding the exercise of the activity of network operator for the distribution by

cable, and the Publicity Code.

The Radio Law – 54/2010 on 24 December

The Press Law – 2/99 on 13 January, with several amendments, the one now into force being Law no.

19/2012 on 8 May.

As it is plain to see, this constitutes a recent juridical framework, designed and approved in the years of

2011 and 2012, and this has served as the main argument for the parliamentary majority to refuse altering

these bills even before they’re given time to consolidate their effects.

This does not mean the shunning of reflection on questions such as:

— The safeguard of editorial independence before political and economic powers;

— The reinforcement of the regulating entity’s capacities;

— The reinforcement on identifying and disclosing social shareholders surpassing certain levels;

— The imposition of the exclusivity principle for corporations owning general information Media, thus

preventing promiscuity with other economic activities;

Theme’s alignment within the European Union scope

We share the same respect for pluralism in the Media currently under appreciation by the european bodies,

especially from the 90’s onwards, with the European Parliament having alerted, namely through 25 September

2008 Resolution over the concentration and pluralism in the European Union’s Media, among other aspects, to

the implications of the concentrated ownership in the media system. Experience has shown that unrestricted

ownership concentration puts at risk plurality and cultural diversity, and that a system solely based on the

market’s free competition cannot of itself ensure plurality in the social media organs.

Within the recommendations stated in this Resolution, the European Parliament encourages “the disclosure

of ownership for all communication entities, in order to contribute for a greater transparency regarding the

purposes and identity of the broadcasting or editorial organism” and urges the Commission to “commit to the

promotion of a stable legal frame which can guarantee a high level of plurality protection in all member-states”.

Bearing in mind the EU’s commitment to respect the right to freedom of speech and information, and

plurality in the Media, assumed in conformity with provisions under article 11 of the Charter of Fundamental

Rights of the European Union, it rests on the European Commission the task of following the evolution in

Media, namely concerning concentrations and their impact over liberties in the internal market and information

pluralism.

In this context, the Commission promoted in 2007 several initiatives with a view to sparkle a debate over the

situation regarding plurality in the European Union’s member-states’ Media entities. These included the

preparation, by the Commission’s services, of a Work Document (SEC/2007/32) analysing the national

situations relative to the various aspects associated with the concept of pluralism, including information over

national rules for ownership of Media and various regulating models of all 27 member-states at the time.

We should highlight, as well, the elaboration of an independent study, with the purpose of defining and

testing objective indicators, among which is included the ownership factor in the Media, in order to evaluate

plurality in the European Union’s Media.

The reach of the plurality concept in the Media as is referred by the Commission on this working document

cannot be reduced to the issue of these organs’ ownership concentration; other questions arise regarding the

public radio broadcast service, political power, economic competition, cultural diversity, development of new

technologies, and transparency, as well as the working conditions for journalists in the European Union.

The public Radio Broadcast systems should possess the necessary resources and instruments in order to

safeguard their effective independence against political pressures and market forces.

Also within the Digital Agenda’s scope, and bearing in mind the national legislations of member-states and

their identification to common issues or concerns in this field, a report was prepared containing

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recommendations with an aim to ensure the compliance, protection, support and promotion of both freedom

and pluralism in Europe’s social media.

Finally, it’s of the essence to mention Directive 2010/13/UE, of the European Parliament and the Council,

from 10 March 2010, relative to the coordination of certain legislative, regulation and administrative provisions

of the member-states regarding the services offering from the television media. In it, are also included several

provisions promoting pluralism.

Regulation (EC) no. 139/2004 from the Council, on 20 January 2004, regarding the corporation

concentration control, allows member-states to apply, in conformity with article 21, additional control measures

with a view to protect plurality within the social media.

However, some voices bear in mind that the introduction by numerous EU member-states of excessively

restrictive rules in terms of Media ownership might stifle the competitiveness levels of European businesses in

the global market and increase the leverage of non-European media groups.

It is my conviction that a pluralist Media system constitutes a fundamental premise for the preservation of

the European society’s democratic model.

The ownership concentration of the Media system leads to a scenario prone to the monopolizing of the

publicity market, erects barriers to the arrival of new players in the market, and may also lead to the

standardization of media contents.

It is of the utmost importance that regulation over concentration in Media is extended to the production of

programs, electronic channels and access and publishing mechanisms of contents on the Internet, as well as

search engines.

We must take under consideration that the evolution of the Media system is ever more profit-oriented, and

may jeopardize values, codes of conduct, etc.

It is increasingly important to independently supervise Media on a national level. This supervision must be

effective, clear, transparent and settled on high standards.

Therefore, and in conclusion, the right of competition must be interconnected with the rights of the Media,

and it must fall on every member-state to procure a balance between both and a regulation that suits them.

ANEXO 2

l 1 l

TRANSPARENCY OF MEDIA OWNERSHIP l ACCESS INFO EUROPE & OPEN SOCIETY MEDIA

PROGRAM l SEPTEMBER 2013

CONFERENCE ON

TRANSPARENCY OF

MEDIA OWNERSHIP

ORGANISED BY

Open Society Media Program & Access Info Europe

IN CO-OPERATION WITH THE

Sub-Committee on Media and Information Society and the Parliamentary Projects Support Division

of the Parliamentary Assembly of the Council of Europe (PACE)

Brussels, 24 September 2013

(Hotel Thon EU, 75 Rue de la Loi/Wetstraat)

l 2 l

TRANSPARENCY OF MEDIA OWNERSHIP l ACCESS INFO EUROPE & OPEN SOCIETY MEDIA

PROGRAM l SEPTEMBER 2013

AGENDA

9:00–9:30 WELCOME

• Mark Thompson, Open Society Foundations

• Gülsün Bïlgehan, PACE Committee—Rapporteur and Author of Motion on

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Increasing Media Transparency in Europe

9:30 –10:00 PRESENTATION OF FINDINGS

• Fiona Harrison, Access Info Europe

presentation of Access Info and Open Society Media Program research in 20 countries

and the draft recommendations arising from it

10:00–11:00 PANEL 1: Challenges, Best Practices, and Recommendations

Moderator

• Susan Treadwell, Open Society Initiative for Europe

Statements by

• Alexander Kashumov, Access to Information Programme, Bulgaria

• Peggy Valcke, Professor of Media Law, University of Leuven, Belgium

• Andris Mellakauls, Chair of Council of Europe Steering Committee on Media and

the Infomation Society / Ministry of Culture, Latvia

11:00–11:30 Coffee and snacks

11:30–13:00 PANEL 2: Securing Transparency of Media Ownership—Policy Options

Moderator

• Helen Darbishire, Executive Director of Access Info Europe

Statements by

• Gülsün Bïlgehan, PACE Committee—Rapporteur and Author of Motion on

Increasing Media Transparency in Europe

• Renate Weber MEP, ALDE Group—Rapporteur for the Report on the “EU Charter:

standard setting for media freedom across the EU”

• Lorena Boix-Alonso, Head of Unit Converging media and content, DG CONNECT

13:00 Buffet lunch

14:30–16:00 PANEL 3: Transparency of Media Ownership—The Role of Parliaments

Moderator

• Gvozden Flego, Rapporteur of the PACE Committee on Culture, Science,

Education and Media, Member of the Croatian National Assembly

Statements by the Chairs of national parliamentary committees

• José Mendes Bota, Chair of the Committee on Ethics, Citizenship and Media,

Assembly of the Republic of Portugal

• Mykola Kniazhytsky, Chair of the Sub-committee on Broadcasting, Verkhovna

Rada of Ukraine

• Chiril Lucinschi, Chair of the Committee on Culture, Education, Research, Youth,

Sports and Media, Parliament of the Republic of Moldova

• Jasen Mesic´, Chair of the Committee on Information and Media, Parliament of

Croatia

• Marija Obradovic, Deputy Head of the Culture and Information Committee of the

National Assembly of Serbia

• John Whittingdale, OBE, Chair of the Select Committee on Culture, Media and

Sport, House of Commons of the United Kingdom

DISCUSSION

16:00–16:30 Coffee break

16:30–18:00 PANEL 4: Transparency of Media Ownership—Views from the Media

Moderator

• Gülsün Bïlgehan, PACE Committee—Rapporteur and Author of Motion on

Increasing Media Transparency in Europe

Statements by

• Marc Gruber, Director, European Federation of Journalists

• Francine Cunningham, Executive Director, European Newspaper Publishers

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Association

• Ross Biggam, Director General, Association of Commercial Television in Europe

• Jean-François Furnémont, Chair of the European Platform of Regulatory Authorities

DISCUSSION

l 3 l

TRANSPARENCY OF MEDIA OWNERSHIP l ACCESS INFO EUROPE & OPEN SOCIETY MEDIA

PROGRAM l SEPTEMBER 2013

CONCLUSIONS

• Gülsün Bïlgehan, PACE Committee—Rapporteur and Author of Motion on

Increasing Media Transparency in Europe

• Helen Darbishire, Executive Director, Access Info Europe

18:00 End of the Conference

ANEXO 3

TEN RECOMMENDATIONS

ON TRANSPARENCY OF MEDIA

OWNERSHIP

These recommendations set out the structure for ensuring transparency of media ownership. They are

based on research into the law and practice in 20 countries surveyed by Access Info Europe and the Open

Society Media Program.

The recommendations require that a mandatory legal framework for transparency of media ownership be

put in place in each country and that it apply to broadcast, print and comparable online media. These entities

should all be required to submit suffi cient information to a national media authority to allow identification of their

beneficial and ultimate owners, back to natural persons. This information should be available to the public in an

accessible format free of charge and should be published in a regularly updated and centralised database.

The aim of the recommendations is not to promote one particular legal model or structure that should be

implemented in all countries but rather to promote an outcome, namely that the public and regulators are able

to find out who owns and controls the media in their countries.

TRANSPARENCY OF MEDIA OWNERSHIP l ACCESS INFO EUROPE & OPEN SOCIETY MEDIA

PROGRAM l SEPTEMBER 2013

RECOMMENDATIONS

To ensure that the public knows who really owns and influences media outlets, the legal framework of each

country should ensure:

1. Transparency of ownership of the media through disclosure to a national regulator and to the public of

essential basic information, which should include at a minimum:

Name and contact details of the media outlet.

Constitutional documents (via a web link to uploaded scans if necessary).

Size of shareholdings over a specifi ed threshold of 5%.

Name and contact details of direct owners with over 5% shareholding.

Identity of those with indirect control or a significant interest, over a specified threshold of 5%.

Citizenship/residence status of individuals with over 5% shareholding.

Country of domicile of company with over 5% shareholding.

Identity of beneficial owners where shares are held on behalf of another, e.g. via brokerage or silent

ownership.

Changes in ownership/shareholdings should be reported immediately by the shareholders to the media

outlet and within 10 working days by the media outlet to the national regulator.

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2. Information is findable and free:

Ownership information should be clearly signposted and easily accessible on the website of the media

authority and/or a central government portal.

Access to ownership information in electronic format should be free of charge. The charge for accessing

hard copies of the information should cover only actual delivery costs (e.g. copying costs and postage) and

should never be so high as to deter those wishing to obtain the information.

The information disclosed under a media-specific law should, on its own, be sufficient to identify ownership

in a centralised database, without the need to cross-reference with other registers, for example the national

companies register.

3. Information is regularly updated: New information should be disclosed to a national media authority

and on the media organisation’s website:

Within 10 working days of commencement of broadcasting/publishing;

In an annual update;

Within 10 working days of changes in shareholdings/ownership taking effect;

The media authority should update the online register in real time when it updates its own internal database.

4. Data is reusable and in open formats: The media authority shall ensure that the entire media

ownership database is available with no charges that limit reuse and with no restrictions on reuse such as

licences or intellectual property provisions.

The media ownership database shall be available wherever possible in an open format, which can be

downloaded from the website of the media authority. If there are original documents attached these should be

scanned (for example into PDF format), linked to the database, and also be available for downloading.

5. Progressive expansion of transparency: Countries which have secured transparency of essential basic

information should move towards greater transparency through mandatory disclosure of the following

information about owners with over 5% shareholding in the media company:

Interests by those owners in other media companies;

Interests by those owners in non-media companies;

Positions held by any owner in a political party or in a religious organisation, or employment as a public

official;

Family affiliations (including a definition of “affiliation”) between any owners.

6. Transparency of influence: In order to understand not just who owns but also who controls the media,

the following information is also required:

Sources of revenue. To facilitate this, media companies should be required to prepare their financial

accounts and audit reports in accordance with the International Financial Reporting Standards (IFRS) and in

sufficient detail to be able to identify possible sources of influence over editorial content;

Management, for example directors (of a company), key executive officers, managing editor;

Details of relative voting weights where not equally distributed among shareholders, and minutes of annual

general meetings including records of voting.

7. Clear and precise legal framework: Whether the provisions regarding disclosure of media ownership

are located in one single law covering print, broadcast and comparable online media or in multiple laws, the

reporting processes should not be unduly burdensome for a media outlet and the content of the reporting

requirements set out in the different laws should be absolutely clear and not conflict with each other.

Definitions of the media covered by the law should be clear, particularly with regard to print and comparable

online media, so as to ensure that media producers are able easily to determine their reporting obligations and

to comply with them where appropriate. The definitions should take into account the volume of circulation, to

avoid imposing burdensome reporting obligations on very small publications and websites with little reach or

influence, and so as not to confuse media ownership with exercise of freedom of expression.

8. Oversight by an independent body: An independent oversight body such as a media regulator which

already oversees registration of broadcast media should be mandated and adequately resourced to effectively

monitor and ensure compliance with the relevant law(s).

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The oversight body should be able to sanction media companies for any failure to fulfil the reporting

obligations as well as for reporting false information.

Sanctions for non-compliance must be sufficient in the national context to incentivise disclosure, taking into

account the range of resources which media companies have, and should be calculated proportionately.

The appointment, mandate, function and powers of the oversight body shall be designed to ensure that it is

independent of government. The laws governing the application of the sanctions must ensure that they cannot

be abused for political purposes and must provide media with effective and rapid appeal mechanisms.

9. Direct disclosure to the public: Media should be required to disclose directly to the public the same

information as that submitted to the media authority or similar regulator.

Ownership information should be clearly signposted and easily accessible on the website. Details of the web

page and links should be prominently displayed or indicated in the organisation’s publications or on-screen

information systems (e.g. teletext).

The media authority or regulator should also be required to publish this information in a centralized

database that is freely accessible to the public.

This information should be permanently available online for free and in an open electronic format.

Standardised requirements as to the content and layout should be established by law to ensure the

information is comprehensible and to facilitate comparability within and between countries.

10. Transnational access and comparability: The EU/Council of Europe should complement national

transparency of media ownership mechanisms by exploring a system by which data collected at the national

level for all three media sectors (broadcast, print and comparable online) is compiled and made available to

other government regulators and the public.

———

Relatório referente à participação da Delegação da Assembleia da República no IX Fórum

Parlamentar Ibero-americano (FPIA), cidade do Panamá, que decorreu em 16 e 17 de setembro de 2013

Decorreu, nos dias 16 e 17 de setembro de 2013, o IX Fórum Parlamentar Ibero-americano, sob a

Presidência da República do Panamá, tendo como tema central “O papel político, económico, social e cultural

da Comunidade Ibero-americana no Novo Contexto Mundial”. Este encontro antecedeu a XXIII Cimeira de

Chefes de Estado e de Governo dos Países da Comunidade, que se realizou na Cidade do Panamá a 18 e 19

de outubro de 2013, e à qual tem como missão remeter as suas conclusões.

O Fórum contou com a presença dos Presidentes dos Parlamentos da Argentina, do Equador, de El

Salvador, de Espanha e do Paraguai, dos Vice-Presidentes da Assembleia Nacional da Nicarágua e da

Assembleia da República de Portugal, bem como, com parlamentares da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,

Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, México, Panamá, Paraguai, Portugal, República

Dominicana, Uruguai e Venezuela. Foi uma das edições mais participadas de sempre, com representações

parlamentares de 19 estados ibero-americanos, compostas por mais de 100 Deputados de 22 países, além de

convidados especiais de diversos países do Caribe.

A Delegação portuguesa foi chefiada pelo Vice-Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro

Rodrigues, sendo ainda composta pelos Deputados Ulisses Pereira (PSD) – Presidente da Delegação

permanente da Assembleia da República ao Fórum Parlamentar Ibero-americano, Pedro Silva Pereira (PS) –

Vice-Presidente da mesma Delegação, Mota Andrade (PS), Hugo Velosa (PSD) e Pedro Lynce (PSD), tendo

sido apoiada pela Diretora do Gabinete de Relações Internacionais e Protocolo, Rita Pinto Ferreira e pela

Assessora, Ana Maria Guapo.

O Programa, em anexo, iniciou-se com uma sessão solene de abertura na nova sede do Parlamento

Latino-americano (PARLATINO), com as intervenções do Vice-Presidente da Assembleia Nacional do

Panamá, Abraham Martínez, em representação do Presidente, Sergio R. Galvéz Evers, do Secretário-Geral

Ibero-americano, Enrique V. Iglesias, e do Presidente do Parlamento Latino-americano, Elías Castillo.

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Estavam ainda presentes na Mesa, o Presidente da Assembleia Legislativa de El Salvador, Sigfrido Reyes,

a Presidente do Senado de San Martin, Gracita Ardel, o Presidente do Congresso dos Deputados de Espanha,

Jesús Posada, o Presidente do Senado de Espanha, Pío Garcia-Escudero Márquez, e a Presidente da

Assembleia Nacional do Equador, Gabriela Rivadeneira.

Assistiram ainda a esta sessão inaugural a Alcaldesa do Panamá, Roxana Méndez, o Ministro do Comércio

e Indústria, Ricardo Quijano, a Governadora do Panamá, Mayín Correa e o Procurador da Administração,

Oscar Ceville, entre outras personalidades.

Na sessão de abertura, usou da palavra o Presidente do Parlamento Latino-americano (PARLATINO), Elías

Castillo, que saudando todos os presentes, enalteceu o local da realização do evento, a Sede do Parlatino na

Cidade do Panamá, com inauguração prevista para o mês de outubro, por ocasião da Cimeira de Chefes de

Estado e de Governo.

Começou por destacar a importância do tema do Fórum “O papel político, económico, social e cultural da

Comunidade Ibero-americana no Novo Contexto Mundial”, salientando a importância das suas conclusões

serem submetidas à Cimeira de Chefes de Estado e de Governo.

Face ao tema do Fórum, advertiu para o facto da situação económica da América Latina poder vir a ser

gravemente afetada com a continuação da crise económica que há cerca de cinco anos começou a afetar o

mundo. Referiu que apesar da crise mundial não dar indícios de abrandamento, a América Latina apresenta

importantes indicadores socioeconómicos e altas taxas de crescimento.

No entanto, no plano social, apenas a dois anos do prazo estabelecido para o cumprimento dos “Objetivos

do Milénio”, estes encontram-se ainda muito longe de serem alcançados. Elías Castillo, assegurou ainda que

para além das estatísticas, a pobreza, a pobreza extrema e a fome, a desigualdade, a violação dos direitos

humanos, as agressões à natureza, o analfabetismo, o desemprego, os problemas de habitação e saúde, e

muitas outras questões relacionadas com a satisfação das necessidades básicas do ser humano, continuam a

afetar a grande maioria da população mundial.

Fez ainda referência a problemas de âmbito cultural que conduzem a um aumento da violência, dado que

se tratam de conflitos étnicos e religiosos, ou como são por vezes chamados “conflitos civilizacionais”, que em

conjunto com os interesses económicos e outros, como as reivindicações territoriais, constituem, em conjunto,

um ambiente no qual prosperam a violência, a destruição e a morte.

Para o Presidente do Parlatino, os 22 países ibero-americanos representam um bloco que dispõe do

potencial necessário, de todas as vantagens comparativas e competitivas, para gerir com êxito o

desenvolvimento nacional dos seus membros, a integração, e mostrar ao resto do mundo uma influência

benéfica, exemplo de um trabalho articulado, realizado em função de um único interesse: o bem comum.

O Secretário-Geral Ibero-americano, Enrique V. Iglesias, agradeceu à República do Panamá o acolhimento

da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo e do Fórum Parlamentar, congratulando-se pela inauguração

do edifício sede do Parlatino. Começou por recordar os trabalhos que a SEGIB tem vindo a desenvolver desde

2005, o ano em que se realizou o I Fórum Parlamentar Ibero-americano (Bilbao) visando o fortalecimento das

instituições e das democracias. Destacou ainda a importância da Cimeira de Cádis que alertou para as

enormes mudanças a nível global.

Salientou que o objetivo deste IX Fórum é permitir discutir os assuntos de Estado, abordar, refletir e

contribuir com conceitos e visões sobre diversas temáticas no âmbito cultural, económico, social e político, de

forma a fazer chegar as suas conclusões aos governantes. Abordou ainda a conjuntura global e refletiu sobre

a crise económica e o seu impacto nos países Ibero-americanos, e a transferência de poder do Ocidente para

o Oriente. Mencionou também as mudanças decorrentes das novas tecnologias do conhecimento e das

contestações a nível mundial, bem como o aparecimento de uma nova classe média mundial.

Referiu ainda as conclusões do Relatório Lagos, emanado da Comissão mandatada na anterior Cimeira de

Cádis e liderada pelo ex-Presidente do Chile, Ricardo Lagos, que visa oferecer aos Chefes de Estado e de

Governo uma proposta para melhorar o funcionamento das Cimeiras, de modo a que os seus objetivos e

resultados sejam cada vez mais concretos e que permita adaptar a SEGIB aos novos desafios. Nesse sentido,

a partir da próxima Cimeira, a ter lugar no México em 2014, será estabelecida uma periodicidade bienal, de

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modo a que se crie uma alternância entre as Cimeiras Ibero-americanas e as Cimeiras da Comunidade de

Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) — União Europeia (UE).

O Vice-Presidente da Assembleia Nacional do Panamá, Abraham Martínez, em representação do

Presidente, Sergio R. Galvéz Evers, depois de saudar todos os presentes, fez uma síntese histórica sobre o

Panamá e o seu papel atual na Ibero-América, como sendo um país rico em talento humano e recursos

naturais que não tem diminuído os seus esforços com o objetivo prosperar. Salientou ainda a importância

geoestratégica do país, no ano em que também se comemora o Quinto Centenário da Descoberta do Mar do

Sul. Destacou ainda a importância do Canal do Panamá para o comércio mundial, referindo-se ao Panamá

como ponte do Mundo, permitindo a ligação marítima entre os dois oceanos.

Ressalvou também a necessidade de debater as estratégias de combate à pobreza e a importância da

cultura e da identidade para o desenvolvimento humano.

Quanto à América Latina, Abraham Martínez, referiu a prioridade de avançar na procura da paz, assim

como em alcançar maiores acordos e consensos que ajudem à consolidação e permanência de um governo

democrático que proporcione aos cidadãos a sua participação na tomada de decisões.

Seguiu-se a conferência inaugural, subordinada ao tema “O Quinto Centenário da Descoberta do Pacífico e

a Comunidade Ibero-americana de Nações”, proferida pelo historiador, Omar Jaén Suárez.

Concluída a Sessão de abertura iniciou-se o trabalho nas Mesas.

A Mesa 1, subordinada ao tema “A política na América Latina: desafios e oportunidades”, iniciou os seus

trabalhos sob a presidência do Vice-Presidente da Assembleia Nacional do Panamá, Abraham Martínez, que

deu de imediato a palavra aos parlamentares presentes. Teve como moderador, Jorge Giannareas, Professor

universitário, Licenciado em Direito e Ciências Políticas e especialista em Políticas Públicas da UNICEF.

O primeiro orador foi o Senador Alejandro Muñoz Alonso, do Senado de Espanha, que expressou os

princípios básicos em que deve assentar a democracia: separação de poderes, direitos e liberdades públicas,

Estado de Direito e segurança pública, pluralismo, partidos políticos, eleições e Forças Armadas submetidas

ao poder civil.

Nas diversas intervenções foi realçada a importância do aprofundamento da democracia na América Latina,

a garantia da liberdade de imprensa e o equilíbrio entre os poderes como forma de Governo, o que implica

uma série de características institucionais que incluem a separação de poderes, direitos e liberdades, Estado

de Direito, pluralismo, separação entre a Igreja e o Estado, partidos políticos, eleições e Forças Armadas

submetidas ao poder civil.

Ressalvou-se ainda que no aspeto político a democracia legitima-se, não só através de eleições periódicas

e livres, mas em especial, na sua preocupação pelo bem-estar dos cidadãos. Para isso é especialmente

pertinente uma política fiscal onde o Estado mantenha os serviços públicos e essenciais e contribua para a

redistribuição equitativa da riqueza nacional.

Nesse contexto, deve ainda garantir um sistema educativo, obrigatório até determinada idade, com a

colaboração público-privada, um sistema de saúde que cubra as necessidades da população, uma segurança

pública efetiva e a implementação dos serviços públicos.

A pesquisa, o desenvolvimento e a inovação, os investimentos em tecnologias da informação e a

comunicação são desafios que devem ser encarados com decisão.

Foi ainda referida a importância do papel da mulher e da juventude, que desejam ver os seus direitos

reconhecidos e respeitados, bem como ter uma maior participação no processo político.

A Senadora do México, Angélica de La Peña Gomez, recordou que o próximo Fórum terá lugar no México e

salientou a importância da continuidade deste tipo de encontros. As causas do desencanto das populações,

devem-se ao baixo crescimento económico, à desigualdade, à pobreza, à corrupção e à polarização política

fomentada pelos partidos políticos e alguns líderes.

O Primeiro Secretário da Mesa da Câmara dos Deputados do Brasil, Deputado Márcio Bittar, mencionou a

necessidade do lançamento de novos desafios dentro dos temas da política ibero-americana,

designadamente, no quadro político, no sistema institucional de colaboração ibero-americano, no duplo papel

político do espaço ibero-americano, da importância da sensibilidade ibero-americana quando se fala na sua

política e de uma maior cooperação política na ibero-américa.

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O Deputado destacou ainda a necessidade de aprofundamento da democracia na América Latina, a

garantia da liberdade de imprensa e o equilíbrio entre os poderes. Citou a recente decisão do parlamento

brasileiro de apreciar os vetos presidenciais e o orçamento impositivo.

Na sua intervenção neste Grupo de Trabalho, o Deputado Pedro Silva Pereira (PS), Vice-Presidente da

Assembleia da República ao Fórum Parlamentar Ibero-americano, defendeu quatro prioridades para o reforço

da cooperação política ibero-americana, tendo em vista a resposta aos desafios e oportunidades atuais: i) o

aperfeiçoamento do sistema político-institucional da cooperação ibero-americana, consolidando e

aprofundando a reforma já iniciada; ii) a coordenação da participação ibero-americana nas organizações

multilaterais globais, com o propósito de afirmar uma sensibilidade ibero-americana na agenda internacional e

de defender, no quadro de uma reforma das Nações Unidas, a presença de um Estado ibero-americano como

membro permanente do Conselho de Segurança; iii) o aprofundamento da cooperação ibero-americana para

os direitos humanos (incluindo os direitos sociais e os direitos dos migrantes) e para a promoção dos valores

democráticos e da boa governação; iv) a definição mais seletiva das políticas sectoriais a privilegiar no âmbito

da cooperação ibero-americana para o desenvolvimento económico e social sustentável.

Refira-se que todas as intervenções coincidiram no sentido de um fortalecimento da democracia no espaço

ibero-americano.

A Delegação portuguesa esteve representada, nesta Mesa, pelo Deputado Pedro Silva Pereira (PS) – Vice-

Presidente da Delegação.

A Mesa 2, subordinada ao tema “Crise e crescimento: as duas faces da economia Ibero-americana”, foi

presidida pelo Presidente do Congresso dos Deputados de Espanha, Jesús Posada, e teve como moderador o

ex-Presidente da República do Panamá, Nicolás Ardito Barletta.

O ex-Presidente da República do Panamá introduziu o tema da mesa salientando que a economia da Ibero-

América apresenta duas faces diferentes quando falamos do crescimento da América Latina e das dificuldades

que têm confrontado os países da Península Ibérica nestes dois últimos anos.

Nos últimos cinco anos, a América Latina tem-se caracterizado por um crescimento económico estável e

sustentado, que se deve à política fiscal e monetária estável que tem evitado um aumento da inflação das

reservas de divisas e em que a dívida pública e o défice fiscal diminuíram tendo levado à abertura comercial.

Estes fatores têm permitido criar uma maior quantidade de empregos e consequentemente reduzir a taxa de

desemprego e a pobreza.

Relativamente a Espanha e Portugal, foi referido que a crise na zona Euro dos últimos 4 anos, tem afetado

seriamente a economia dos dois países com a diminuição do seu PIB e com os consequentes problemas de

desemprego, ajuste fiscal, contestação social e diminuição da qualidade de vida das populações. Estes fatores

têm levado a um fluxo migratório para os países da América Latina.

A situação de Espanha e Portugal e da América Latina é diferente. O crescimento económico gera

emprego mas o crescimento deve ser dirigido a objetivos sociais e de desenvolvimento. Há que cuidar do

sistema financeiro através de um sistema de regulação forte para que não conduza à crise; a fiscalidade é

uma questão fundamental, se um país quer ser competitivo tem que evitar economias paralelas. O

crescimento não serve para nada se não for gerido com políticas fundamentais.

O Deputado Hugo Velosa (PSD), na sua intervenção, centrou-se na experiência portuguesa e europeia

quanto à crise e ao crescimento, referindo as razões financeiras que levaram à crise e quais as políticas a

serem seguidas para um crescimento sustentado. Chamou a atenção para o papel da banca e os perigos do

crescimento apoiado em sistemas financeiros off-shore. Defendeu ainda a necessidade de uma fiscalidade

competitiva e de combate à fraude e evasão fiscais. Destacou igualmente que o modelo de crescimento não

pode opor o tema social e o meio ambiente, há que saber conciliar a austeridade com o crescimento.

Na sua intervenção, o Deputado Pedro Lynce (PSD), procurou explicar as dificuldades que Portugal

atravessa, nomeadamente o modo como o Governo tem tentado reduzir um défice alto e acima de tudo uma

dívida externa muito elevada. Referiu ainda que o país se encontra perante uma situação em que o Governo

pretendeu equilibrar a austeridade com o crescimento, ainda que as dificuldades fossem grandes e exigissem

prioritariamente a consolidação das finanças públicas, provocando um período inicial de recessão, o que tem

exigido aos portugueses grandes sacrifícios, designadamente o acréscimo do desemprego.

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Afirmou ainda, que o Governo acredita que este sacrifício não será em vão, pois os indicadores

económicos já conhecidos, demonstram uma ténue recuperação económica, e em junho de 2014, concluído o

Programa de Assistência Económica e Financeira (FMI, BCE, UE), que já mereceu oito avaliações positivas

dos credores, o país voltará aos mercados e recuperará certamente a sua autonomia financeira, numa

situação mais sustentável, face às reformas estruturais que o Governo iniciou.

O Deputado Luís Gerardo Villanueva, da Costa Rica, questionou sobre o tipo de crescimento pretendido,

devendo saber-se como se utiliza a economia para abrir os mercados. O êxito do modelo exportador do seu

país, não impede que exista desemprego e pobreza. O que realmente importa é que exista crescimento com

distribuição de riqueza. Crescimento com equidade, que tem de fazer reduzir a pobreza.

O Deputado Rodrigo Cabezas, do Parlamento Latino-americano (Venezuela), referiu que a democracia e a

supressão da ditadura fascista podem ser algumas das chaves dos êxitos da América Latina neste século. A

América Latina está a ter uma vivência de integração muito interessante: CELAC, MERCOSUR. O grande

desafio continua a ser a pobreza.

Carlos Baraibar, Vice-Presidente do Parlamento Latino-americano (Uruguai), referiu a importância da

realização deste fórum parlamentar por representar uma antecâmara da Cimeira Ibero-americana, onde será

salientada a posição do istmo do Panamá face à América Latina, que o torna um local estratégico do

continente que une o Caribe e as Américas Central e do Sul. Referiu-se ainda ao tema da pobreza na América

Latina, afirmando a importância de um país saber distribuir as suas riquezas para afastar de uma vez a

desigualdade.

Na sequência das diversas intervenções, concluiu-se que a economia da região apresenta dois lados

diferentes, o crescimento das economias da América Latina, por um lado, e as dificuldades enfrentadas nos

últimos anos pelos países da Península Ibérica, por outro. Os participantes consideraram que os fatores

internacionais que podem afetar este crescimento são a mudança do ritmo de crescimento da China, o

aumento das taxas de juro nos Estados Unidos da América, bem como a lenta recuperação da Europa.

Para transformar o crescimento em desenvolvimento será necessário aprofundar políticas que melhorem a

produtividade e a competitividade dos países da América Latina, investir na educação, atualmente deficiente,

de forma a melhorar a qualidade do capital humano, superar a deficiência de infraestruturas, apostar na

inovação e tecnologia e ainda diversificar as exportações para que os produtos da América Latina possam

competir no mercado internacional.

No encerramento dos trabalhos, o Presidente do Congresso dos Deputados de Espanha, Jesús Posada,

afirmou que os Parlamentos devem promover uma aproximação ao povo de forma a conseguir uma maior

sintonia, que permita resolver os problemas mais críticos. Apesar dos países procurarem aproximar-se das

pessoas, existe sempre um certo afastamento entre os políticos e a cidadania.

A Delegação portuguesa esteve representada, nesta Mesa, pelos Deputados Hugo Velosa (PSD) e Pedro

Lynce (PSD).

A Mesa 3, subordinada ao tema “Estratégias para enfrentar a pobreza na Ibero-américa”, foi presidida pelo

Presidente da Assembleia Legislativa de El Salvador, Sigfrido Reyes, e teve início com uma apresentação do

Sociólogo, Alexis Rodríguez Mojica, sobre as estratégias e as pesquisas para a redução da pobreza.

Na sua intervenção abordou os direitos sociais dos povos, o seu impacto nas camadas da população mais

vulneráveis, bem como o nível de efetividade e eficiência da aplicação de políticas sociais.

Durante o debate, que se seguiu, a Deputada Ana Elisa Osorio, da Venezuela, disse que as políticas

económicas da América Latina são autónomas e independentes. Referiu que a América do Sul é um dos

continentes mais pobres e com maiores desigualdades. A Deputada assinalou que a Venezuela conquistou a

participação democrática através da reforma constitucional de 1999, tendo sido alcançado um Estado de

Direito com uma vertente social. Desde então, em 2003/2004, o Estado assumiu o controlo da indústria

petrolífera.

Conforme reconhecido pela ONU, atualmente a pobreza extrema foi reduzida, não existindo fome e

desnutrição infantil e houve uma enorme redução na taxa do trabalho infantil. Foi criada uma política para

fornecer um cabaz básico de alimentos às famílias mais necessitadas e desenvolveram-se programas para

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aumentar a produção de farinha de milho, um dos produtos mais consumidos pela população. Os mercados de

alimentos são subsidiados, sobretudo nas zonas mais carenciadas.

No âmbito da saúde o país conta com o apoio de médicos cubanos, oferecendo um acesso gratuito e total

aos cuidados de saúde primários e secundários. No setor da educação, a educação primária é gratuita e os

livros são distribuídos gratuitamente pelo Estado, estando prevista a distribuição de um computador portátil a

toda a população escolar. A Venezuela é ainda o terceiro país da América Latina com maior frequência

universitária.

Seguiu-se a intervenção do Vice-Presidente da Assembleia da República de Portugal, Deputado Eduardo

Ferro Rodrigues (PS), que fez um balanço do aspeto económico de Portugal nos últimos 18 anos, dividido em

três períodos: antes de 2003 quando se verificou um crescimento económico; após a entrada de Portugal no

Euro, em que se verificou uma estagnação, seguindo-se uma queda da economia após a crise financeira de

2007-2009.

O Deputado Ferro Rodrigues (PS), mencionou ainda algumas das medidas instituídas em Portugal para a

redução da pobreza, na época em que foi Ministro, tais como o rendimento social de inserção, que ainda hoje

perdura com outro nome. O aumento das pensões mais baixas, e o complemento solidário para idosos que

estavam abaixo do limiar da pobreza, foram outras das políticas sociais implementadas em Portugal.

Salientou também que, no momento atual, com as dificuldades financeiras existentes, estes apoios sociais

encontram-se um pouco enfraquecidos, mas estes instrumentos existem e continuarão a cumprir o seu papel,

uma vez ultrapassada a fase crítica que o país atravessa. É necessário criar uma nova política europeia, a

ideia de fazer da recessão uma terapia, prejudica a Europa e, em particular, o mundo em geral.

A Vice-Presidente da Assembleia Nacional da Nicarágua, Irís Montenegro, referiu que no seu país a saúde

e a educação foram privatizadas nos anos 90. Enfatizou que segundo a FAO (Food and Agriculture

Organization of the United Nations), a Nicarágua é um dos países da América Latina que atingiu os Desafios

do Milénio. A partir de 2007, foi estabelecida uma política de promoção do desenvolvimento humano, a

pobreza diminuiu, a fome foi reduzida e foi criado um plano de apoio às pequenas e médias empresas, com

financiamentos a baixas taxas de juro. Referiu ainda que a cooperação internacional tem sido muito importante

para o desenvolvimento do seu país.

O Senador Andrés Villca Daza, da República da Bolívia, pertencente ao setor mineiro cooperativo,

mencionou que existe uma transformação profunda nos povos indígenas. O modelo económico da Bolívia

procura fraternizar os setores estratégicos, como a experiência da exportação de hidrocarbonetos e minerais.

A partir de 2006, o rendimento per capita aumentou, o que provocou um impacto positivo na Bolívia, em

termos de distribuição de rendimentos. O país conseguiu a reduzir a pobreza, em cerca de um milhão de

pessoas.

O Senador Josep Lluis González do Senado de Espanha, aludiu à crise económica do Estado espanhol, e

referiu que a Espanha reduziu temporariamente a cooperação internacional. Indicou ainda que são

necessárias políticas sociais para enfrentar a pobreza, destacando uma política de igualdade de

oportunidades, de apoio à educação e ao emprego. Mencionou ainda que os valores humanos devem estar

presentes na política e, em particular, nas políticas sociais. Deverá existir um equilíbrio entre a assistência

social e as políticas transformadoras, a inserção, a transição da escola para o mercado de trabalho e a

proteção às famílias em risco de exclusão.

A Senadora Maria de los Ángeles Higonet, da Argentina, assinalou que a política é uma verdadeira

ferramenta de transformação. Referiu os problemas endémicos e sociais da América Latina: em 2001, a

Argentina tinha 50% de pobres e esse valor, no 1º semestre de 2013, encontra-se nos 5%. Referiu que o seu

país tem um desafio relativamente à educação e ao acesso às novas tecnologias. Estão a implementar o

programa “Ligar Igualdade”, que vai permitir fornecer um computador a todos os alunos das escolas públicas.

O Senador Jesús Casilla, do México, relatou a cruzada contra a fome recentemente empreendida pelo

Presidente do México. Assinalou que anteriormente cada uma das Secretarias do Governo executava os seus

próprios programas de políticas sociais e neste momento, trabalham em comum.

O Deputado Miguel Alonso, também do México, referiu que é necessário localizar os problemas comuns a

todos os países da América Latina e procurar encontrar as soluções. Assinalou que todos os países enfrentam

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situações de desemprego, de pobreza e outras, sendo os jovens os mais afetados Seria necessário conhecer

o que se está a passar em cada região, como está o problema da pobreza em cada país e que políticas estão

em execução.

O Deputado Osvaldo Vera, da Venezuela, referiu-se que deviam ser tomadas em consideração as

experiências da Mercosur. Mencionou ainda a importância do setor empresarial.

Os Deputados da Bolívia, Julio Salazar e Flora Aguilar, referiram que o mundo tem provocado muitos

danos nos recursos naturais e defenderam a partilha desses recursos. Afirmaram que graças às políticas

sociais e setoriais do seu país ninguém é excluído.

O Deputado Teodoro Reyes da República Dominicana, disse que o Estado aplica 33% do seu orçamento

para subsidiar as companhias de eletricidade, o que produz um efeito prejudicial no desenvolvimento do país.

No aspeto social, concluiu-se que o objetivo de alcançar a satisfação de um dos seus direitos sociais

básicos é partilhado por todos os Estados da Comunidade ibero-americana e pelas forças partidárias e

movimentos sociais da região, que são unânimes em considerar como prioridades, a erradicação da pobreza

extrema e a prestação de cuidados aos mais vulneráveis da sociedade.

No âmbito das políticas sociais, o setor empresarial é considerado um dos mais importantes, dada a sua

capacidade de gerar emprego.

O impacto do crescimento sobre os recursos naturais deve ser objeto de especial atenção, assim como as

populações em torno das zonas de maior impacto sobre o ambiente, no caso das grandes obras de

infraestrutura ou de extração de minério. A rápida mudança nas condições de vida e os efeitos sobre o tecido

social das populações circundantes, devem ser alvo de especial atenção por parte dos governos.

Os Estados Ibero-americanos devem trabalhar em conjunto para combater a pobreza. Do ponto de vista

institucional, deve ser feito um levantamento sobre as realidades de cada região, com recurso a uma série de

indicadores, bem como das políticas em execução em cada país, que permita um verdadeiro intercâmbio de

informação. Esta coordenação de esforços poderá levar a melhores resultados.

É ainda relevante o impacto da educação na luta contra a pobreza extrema. A educação transforma cada

indivíduo no protagonista do seu processo pessoal de superação da pobreza. A intervenção do Estado na

criação de um contexto apropriado para este processo é fundamental, e condição necessária para que outras

iniciativas contra a pobreza venham a ter sucesso. Destaca-se a importância atual das novas tecnologias quer

na educação, quer na vida laboral.

A Delegação portuguesa esteve representada, nesta Mesa de Trabalho, pelo Vice-Presidente da

Assembleia da República, Deputado Eduardo Ferro Rodrigues (PS) e pelo Deputado Mota Andrade (PS).

A Mesa 4, subordinada ao tema “A Cultura na Ibero-américa: identidade e desenvolvimento”, teve como

coordenador o Diretor da Conferência Ibero-americana, José Ignacio Siles, e como orador convidado o

Professor Enrique Noel, que iniciou a apresentação do tema fazendo uma dissertação sobre a amplitude do

conceito de cultura e como este se tem alargado para processos que permitem dar sentido à realidade das

pessoas, que estabelecem vínculos de convivência que garantem a qualidade de vida e criam uma identidade

própria.

O conceito de cultura engloba desde o simbólico, crenças e tradições, até à própria representação dos

direitos humanos; é um elemento constitutivo do social. Todos os povos geram cultura. É também um meio

que promove a qualidade de vida. O desenvolvimento deixa de ser interpretado apenas do ponto de vista

economicista vinculado ao crescimento económico mas a uma visão linear de progresso. Surgem novos

paradigmas de desenvolvimento baseados no desenvolvimento humano, na sustentabilidade, na equidade e

na liberdade. Trata-se de uma nova visão que permite homologar e redefinir bem-estar. A cultura deve estar

integrada em todos os processos de desenvolvimento como sendo uma condição necessária. Deste modo, a

cultura contribui para fomentar o diálogo, preservar as identidades e garantir os direitos culturais. A cultura

gera empregos e serviços e fomenta uma economia criativa.

As identidades são plurais, e promovem o respeito e a diversidade cultural. O diálogo equitativo promove

as relações entre culturas diferentes, a tolerância, a convivência e o reconhecimento das diferentes memórias

coletivas.

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A Senadora, Blanca Alcalá Ruiz, do México, mencionou a necessidade de estabelecer mecanismos

culturais que possam refletir-se em políticas públicas de coesão e fortalecimento da identidade, que estejam

focalizados na democratização da cultura, o impulso das indústrias culturais e a cooperação internacional com

o propósito de desenvolver “um saldo” de património como ferramentas para preservar a nossa identidade

cultural. Enfatizou que as políticas culturais devem ser um fator para atingir as metas de desenvolvimento do

milénio, que devem ser incluídas nos orçamentos e que devem estar sujeitas a políticas compensatórias e de

acesso universal à cultura. Mencionou ainda que as indústrias culturais são geradoras de dinâmica de riqueza

e como tal deveriam estar isentas de impostos.

A Deputada Daysie Tourne, do Uruguai, afirmou que a discussão da cultura é essencialmente política, que

a cultura se deve entender como uma construção coletiva e que devia impulsionar-se o acesso universal da

cultura e a sua democratização.

A Deputada da Venezuela, Gladys Requena, exaltou os avanços alcançados no seu país no âmbito da

cultura desde a Constituição de 1999, a qual consagra os direitos culturais e educativos e destaca a cultura

como tema integral e integrador dirigido à libertação do povo venezuelano. Na sua intervenção afirmou que a

cultura é vista como forma de identidade que promove a multicultura, a diversidade e o uso dos meios de

comunicação como instrumento de libertação. A cultura é um eixo articulador da identidade e da

independência do Estado Venezuelano e é vista como um instrumento na luta pela desmontagem do modelo

colonizador e como um elemento fundamental para a libertação dos povos.

O representante de Cuba, Luis Morlotte, referiu-se à necessidade de que a cultura sirva como um espaço

para o desenvolvimento pleno do ser humano e da difusão de valores espirituais; indicou que o debate cultural

deveria contribuir para o desenvolvimento das novas tecnologias e para o acesso real à cultura. Atestou que a

educação deveria fomentar a liberdade criativa, a formação de instrutores de arte e a superação da

invisibilidade da riqueza cultural.

O Deputado Ulisses Pereira (PSD), Presidente da Delegação da Assembleia da República ao Fórum

Parlamentar Ibero-americano, destacou a necessidade de se respeitar a diversidade cultural e de se

recolherem todas as manifestações da cultura como parte da identidade nacional e na qual os cidadãos

tenham uma especial participação.

Referiu ainda que o Património tangível e o Património intangível, ao representar a herança comum de

todos os portugueses, é simultaneamente um importante fator de identidade nacional, referências

fundamentais na educação dos portugueses e elementos de enorme potencial para a economia portuguesa.

Salientou ainda, que a Cultura torna possível o desenvolvimento, dado que, a cultura vista como setor de

atividade – incluindo o património material e imaterial e as indústrias criativas – é em si mesma, um poderoso

vetor de desenvolvimento.

Finalizou realçando que é essa a esperança de desenvolvimento que Portugal tem para o espaço ibero-

americano, com a cultura a desempenhar um papel de relevo.

Francisco García, da Venezuela sublinhou que a cultura faz parte do debate político e que esse debate

político devia servir para promover a convivência entre os cidadãos.

Elena Corregido, da Argentina destacou que a cultura devia ser uma ferramenta para a construção da

Pátria Grande, independente e soberana.

Miguel Angel Pérez de Juan, Senador Espanhol, referiu-se à necessidade de estabelecer um marco de

cooperação cultural entre os países ibero-americanos que facilite mostrar a Ibero-América como um destino

turístico e contribua para o intercâmbio de estudantes entre os países ibero-americanos.

No aspeto cultural, concluiu-se que se devem estabelecer políticas públicas de coesão e fortalecimento da

identidade, que estejam focadas na democratização da cultura, na promoção das indústrias culturais e na

cooperação internacional.

A Delegação portuguesa esteve representada, nesta Mesa de Trabalho, pelo Deputado Ulisses Pereira

(PSD) – Presidente da Delegação.

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Concluído o debate nas Mesas, suspenderam-se os trabalhos para se dar início à Sessão Plenária,

presidida pelo do Vice-Presidente da Assembleia Nacional do Panamá, Abraham Martínez. Em primeiro lugar

apresentaram-se as conclusões das Mesas de trabalho pelos respetivos Presidentes.

Seguiu-se a intervenção de todos os Presidente de Parlamentos e Chefes de Delegação por ordem

alfabética sobre os temas tratados nas Mesas de trabalho e, em geral, sobre a matéria objeto do Fórum

Parlamentar: “O papel político, económico, social e cultural da Comunidade Ibero-americana no Novo Contexto

Mundial”.

Neste primeiro dia, tiveram lugar as intervenções do Vice-Presidente da Nação Argentina e Presidente do

Senado, Amado Bodou, dos Chefes de Delegação do Senado da Bolívia, Andrés Villca Daza, e da Câmara,

Flora Aguilar, da Câmara dos Deputados do Brasil, Márcio Bittar, do Chile, da Costa Rica, Luis Gerardo

Villanueva Monge, de Cuba, do Vice-Presidente da Mesa Diretiva do Senado do México, Luis Sánchez

Jiménez, da Presidente da Assembleia Nacional do Equador, Gabriela Rivadenera, e do Presidente da

Assembleia Legislativa de El Salvador, Sigfrido Reyes.

No segundo dia do Fórum, retomou-se a Sessão Plenária, presidida pelo do Vice-Presidente da

Assembleia Nacional do Panamá, Abraham Martínez, iniciando-se os trabalhos com as intervenções do

Presidente do Congresso dos Deputados de Espanha, Jesús Posada, do Presidente do Senado de Espanha,

Pío Garcia-Escudero Márquez, da Vice-Presidente da Assembleia Nacional da Nicarágua, Iris Montenegro, do

Presidente da Câmara dos Deputados do Paraguai, Juan Bartolomé Ramírez, do Vice-Presidente da

Assembleia da República de Portugal, Eduardo Ferro Rodrigues, do Chefe de Delegação da Câmara de

Deputados da República Dominicana, Carlos Gabriel García, e por último, dos Deputados do Parlatino do

Uruguai, Carlos Gamou e Carmelo Vidalin.

O Vice-Presidente da Assembleia da República de Portugal, Eduardo Ferro Rodrigues, proferiu a seguinte

intervenção:

Senhor Vice-Presidente da Assembleia Nacional do Panamá, a quem agradecemos a organização deste

Fórum

Senhoras e Senhores Presidentes, Vice-Presidentes e Chefes de Delegação,

Senhoras e Senhores Deputados,

Com a realização do IX Fórum Parlamentar Iberoamericano estamos a prosseguir um processo iniciado em

2005, por impulso do Senado de Espanha, em especial o seu Presidente Javier Rojo, que reuniu em Bilbau os

Presidentes e Deputados de todos os países desta Comunidade.

Nessa ocasião foi clara a intenção de desenvolver este espaço de contacto entre parlamentares, a

expressão plural do contacto entre os povos dos dois lados do Atlântico, usando duas línguas próximas e uma

história e culturas comuns. Como disse em Cádis a Presidente do Parlamento de Portugal, “ é tarefa dos

Parlamentos estabelecer uma conciliação permanente entre o espaço da Nação e o espaço do Mundo “.

Na história destes Fora já se debateram temas comuns a todos os países desta Comunidade, como a

educação, a migração, direitos humanos, juventude, competitividade das empresas num mundo globalizado,

infraestruturas, inovação tecnológica, política fiscal e saúde. Reconhecendo-se sempre diferenças na forma

como muitos assuntos são encarados nesta Comunidade de 22 países, as experiências partilhadas permitem

a todos discutir e preparar o futuro. Foi o que se passou nestes dois dias em que analisámos questões

políticas, económicas, sociais e culturais.

Sob o ponto de vista económico, a realidade atual desta Comunidade é bem diferente da de 2005, ano em

que se viviam tempos de crescimento económico nos 2 lados do Atlântico, embora a velocidades diferentes.

A crise económico-financeira que se iniciou em 2007/2008 veio demonstrar a necessidade de

interrelacionar as nossas economias, sendo que os países europeus entraram em ciclos negativos, apesar dos

excelentes resultados de muitas das suas empresas na América Latina.

De facto, comparando dados estatísticos referentes ao ano de 2008, distribuídos no 5º Fórum realizado em

Lisboa em outubro de 2009, com os atuais, verificamos que muitas diferenças em certos índices encurtaram

significativamente, devido aos excelentes comportamentos das economias latino americanas e à recessão das

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europeias, com Portugal a viver, desde 2011, um Programa de assistência financeira e Espanha a recorrer a

um empréstimo europeu para fazer face ao mesmo tipo de problemas e à pressão dos mercados.

Da crise económica e financeira mundial, cujos efeitos mais fortes se fazem sentir nos últimos 2 anos em

Portugal, resultam também graves problemas sociais, como a taxa de desemprego, que na Europa assumem

valores muitíssimo elevados – mais de 25% em Espanha e de 16% em Portugal.

Outro flagelo é o da pobreza, tema que muito justamente ocupa uma das mesas de trabalho deste Fórum e

que atinge cerca de 30% da população da América Latina. No entanto, também Portugal tem cerca de 20% da

população pobre ou no seu limiar, o que significa grandes desigualdades, potenciadoras de conflitos sociais e

políticos.

A situação em Portugal continua a ser preocupante em termos sociais, económica e financeira. Apesar de

alguma evolução positiva no 2º trimestre de 2013, o ano será ainda de recessão e alto desemprego. Em

Portugal, como noutros países sob diferentes tipos de assistência, a opinião pública divide-se entre aqueles

que apoiam as políticas de austeridade (que consideram inevitáveis) e os que as repudiam (por as

considerarem suicidas). Uma coisa é certa – a crise na União Europeia tem fortes e graves reflexos globais e

também na América Latina.

Entretanto, as relações entre os nossos países, sofreram alterações e países que já víamos culturalmente

como irmãos, como o Brasil, passaram a ser também importantes parceiros de negócios. Países que víamos

com distância aprofundaram as relações comerciais com Portugal, como são também os exemplos recentes

da Colômbia e do Perú.

Os nossos Governos têm feito um trabalho de aproximação, que interessa a todos e desenvolve as nossas

economias. Cabe aos Parlamentos incentivar estes passos e assegurar que estas evoluções estejam

enquadradas com o ambiente cultural, linguístico e histórico que sempre facilitou estes contactos.

De facto, quase 650 milhões de falantes das línguas portuguesa e espanhola na nossa Comunidade

significam um potencial que temos de saber aproveitar.

Cabe aos Parlamentos cumprir o seu trabalho e, usando o Estatuto deste Fórum, podemos deixar aos

Governos as mensagens plurais que só os Parlamentos podem ter, reforçando assim um papel interventor,

mas também de dinamização das relações bilaterais e multilaterais entre os nossos países.

Permitam-me ainda uma reflexão breve: num recente estudo publicado pela Organização Ibero-americana

de Juventude (OIJ) é apresentado um quadro com o índice de confiança dos jovens nas instituições. Os

políticos seguem em último lugar, com pouco mais cerca de 5% em todas as regiões desta Comunidade. A

Democracia chega a atingir cerca de 25% em várias regiões, tendo o seu pior resultado na Península Ibérica,

com 10%. A crise social e económica ameaça os regimes democráticos.

São estes sinais que temos de saber interpretar no desempenho da nossa função parlamentar, reforçando

o papel das instituições e apresentando a estrutura democrática como a única solução para cada um dos

nossos Países, estrutura esta respeitadora dos direitos humanos e da diversidade cultural. E este Fórum é

também o espaço certo para explicar a todos os nossos povos a importância da nossa Comunidade,

culturalmente rica como nenhuma outra composta por 22 países.

Se a Comunidade está a avançar para uma reflexão profunda sobre o seu funcionamento institucional, que

aplaudimos, devemos ser capazes de demonstrar a relevância dos encontros de Parlamentares, que

contribuam de forma decisiva para as Cimeiras de Chefes de Estado e de Governo.

Contribuir para o fortalecimento das relações económicas e culturais no nosso espaço, num contexto de

avanço da democracia, de maior coesão social, de respeito e de paz é um objetivo exigente.

É esta a tarefa que temos pela frente. O Parlamento português continuará a trabalhar com este objetivo.

Estou certo que todos os parlamentos ibero-americanos assim farão também.

Muito obrigado.

De seguida, procedeu-se à Sessão de Encerramento do IX Fórum, com o consenso entretanto obtido em

relação ao projeto de Declaração Final.

Esta Sessão teve início com a intervenção do Vice-Presidente da Assembleia Nacional do Panamá,

Abraham Martinez, que apresentou as conclusões do Fórum e agradeceu em nome da Assembleia Nacional

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do Panamá, à SEGIB e ao PARLATINO, reconhecendo os esforços envidados para a realização do IX Fórum

Parlamentar Ibero-americano.

Agradeceu ainda a todos os participantes, exultando empenho e o espírito construtivo que predominou em

todas as Mesas de trabalho e na Sessão Plenária, referindo que as conclusões alcançadas no Fórum, e que

devem servir como orientação num futuro imediato, irão permitir o início de uma nova etapa que se afigura

com êxito para todos os países da região Ibero-americana, ao serem presentes à Cimeira de Chefes de

Estado e de Governo,

Prosseguiu, salientando que sob o tema inspirador “O papel político, económico, social e cultural da

Comunidade Ibero-americana no Novo Contexto Mundial”, o Fórum tinha sido estimulante e rico em reflexões,

referindo que de acordo com as palavras dos intervenientes, apesar de serem uma comunidade e uma família

muito diferentes, esse facto não os impede de alcançar as metas mais ambiciosas.

Com o Fórum será garantida a sustentabilidade de uma Ibero-américa próspera e democrática através de

uma educação universal e de qualidade dos cidadãos, e atingir esta meta depende de cada um dos seus

países. Apesar das desavenças históricas entre os países da Ibero-américa, foram superados os obstáculos e

encontrado o caminho para a solução e para a paz, pelo que o IX Fórum faz um apelo permanente ao diálogo

entre todos os Parlamentos. Recordou ainda que os Parlamentos da Ibero-américa devem ser peças

protagonistas no desenho e na execução de iniciativas que permitam alcançar a prosperidade e a paz.

Seguiu-se a intervenção do Vice-Presidente da Mesa Diretiva do Senado do México, Luis Sánchez

Jiménez, enquanto país anfitrião do próximo Fórum, que expressou os seus agradecimentos e o prazer em

acolher todos os parlamentares ibero-americanos no México, em 2014, para trabalharem em conjunto no X

Fórum Parlamentar Ibero-americano, que reconhece como um instrumento eficaz para ajudar ao

desenvolvimento dos países da Ibero-américa. Terminou dirigindo uma saudação à Ibero-américa.

Assembleia da República, 24 de outubro de 2013

Anexos:

1. Intervenção do Vice-Presidente da Assembleia da República;

2. Conclusões das Mesas de trabalho;

3. Declaração Final do IX Fórum Parlamentar Ibero-americano;

4. Programa.

Nota: Os anexos encontram-se disponíveis e podem ser consultados nos serviços de apoio.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.

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