O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Página 1

Sábado, 22 de fevereiro de 2014 II Série-D — Número 14

XII LEGISLATURA 3.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2013-2014)

S U M Á R I O

Delegações e Deputações da Assembleia da República: — Relatório relativo à participação da Delegação da Assembleia da República na 1.ª Parte da Sessão Ordinária de 2014 da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, que teve lugar em Estrasburgo de 27 a 31 de janeiro de 2014. — Relatório elaborado pelo Deputado Fernando Negrão, do PSD, relativo à Delegação da Assembleia da República que participou na 10.ª Assembleia Plenária e reuniões conexas, da União para o Mediterrâneo (AP-UpM), que teve lugar em Amã a 8 e 9 de fevereiro.

Página 2

II SÉRIE-D — NÚMERO 14

2

DELEGAÇÕES E DEPUTAÇÕES DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Relatório relativo à participação da Delegação da Assembleia da República na 1.ª Parte da Sessão Ordinária de 2014 da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, que teve lugar em

Estrasburgo de 27 a 31 de janeiro de 2014

A 1ª Parte da Sessão Plenária de 2014 da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) teve

lugar, como habitualmente, em Estrasburgo, de 27 a 31 de janeiro último. Participaram, por parte da

Delegação Portuguesa, os Deputados Mota Amaral (PSD) e Maria de Belém Roseira (PS), respetivamente

Presidente e Vice-Presidente da Delegação, José Mendes Bota (PSD), Relator-Geral para as Questões da

Violência contra as Mulheres, Carlos Costa Neves (PSD), Telmo Correia (CDS/PP) e António Braga (PS),

Sessão Plenária

 Da Ordem de Trabalhos (Anexo 1), destacaram-se:

Verificação dos mandatos dos membros das Delegações (Anexo 2 – Lista da Delegação da AR)

27 de janeiro - Eleição da Deputada Anne Brasseur (Luxemburgo/ALDE) para o cargo de Presidente da

Assembleia Parlamentar, à primeira volta, por maioria absoluta, para um mandato de um ano, renovável

pelo mesmo período. É a segunda Mulher a exercer este cargo na APCE.

Designação dos membros das comissões (Anexo 3 – Distribuição dos membros da Delegação da AR

por Comissões e Subcomissões).

Página 3

22 DE FEVEREIRO DE 2014

3

Apresentação e discussão de relatórios (Anexo 4) das diversas comissões, tendo sido adotados diversos documentos (Anexo 5) relativos a:

Recusar a impunidade para os assassinos de Sergei Magnitsky; Estratégia para a prevenção do

racismo e da intolerância na Europa; A luta contra o racismo na polícia; Avaliação da Parceria para a

Democracia relativamente ao Conselho Nacional da Palestina. O Deputado Mota Amaral interveio

durante o debate(Anexo 6); Internet e Política: impacto das novas tecnologias de informação e

comunicação na democracia; Refugiados sírios: como organizar e apoiar a assistência internacional;

Intensificar os esforços de luta contra as desigualdades a nível mundial: a contribuição da Europa para

o processo dos Objetivos do Milénio para o Desenvolvimento (OMD); Revisão da Convenção Europeia

sobre Televisão Transfronteiriça; Obrigação das organizações internacionais de responderem pelos

seus atos no caso de violações dos direitos humanos.

Debates conjuntos (documentos adotados)

29 de janeiro

 Migrantes: assegurar que constituem um benefício para as sociedades de acolhimento europeias

 Testes de integração: ajuda ou entrave à integração?

30 de janeiro

 Alterações climáticas: um quadro para o acordo mundial em 2015

 A diversificação da energia enquanto contribuição fundamental para o desenvolvimento

sustentável

Comunicação do Comité de Ministros (CM) à Assembleia Parlamentar, pelo atual Presidente, Sebastian

Kurz, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Áustria (27 de janeiro). O Deputado Mendes Bota (Anexo 6) interpelou o Presidente do CM acerca do futuro do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa

(Lisboa).

Apresentação e discussão do Relatório de Atividades do Bureau e da Comissão Permanente pelo

Presidente cessante, Deputado Jean-Claude Mignon (27 de janeiro). Intervenção do Deputado Mendes

Bota (Anexo 6), em nome do Grupo do PPE.

Comunicação do Secretário-Geral do Conselho da Europa, Thorbjorn Jagland (28 de janeiro).

Intervenção do Presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz (29 de janeiro).

Debate de urgência (30 de janeiro) sobre “O funcionamento das instituições democráticas na Ucrânia”.

Eleição de Jon Fridrik Kjølbro para Juíz do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH), em

representação da Dinamarca, para um mandato de 9 anos. Os Juízes do TEDH são eleitos pela

Assembleia Parlamentar, a partir de uma lista de três candidatos de cada Estado que ratificou a

Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

Página 4

II SÉRIE-D — NÚMERO 14

4

 De referir ainda:

Eleição e designação de Membros da Delegação Portuguesa:

 Deputado Mota Amaral (PSD), reeleito Vice-Presidente do Grupo do Partido Popular Europeu

(PPE/DC) e, de novo, designado membro da Comissão para o Respeito das Obrigações e Deveres

dos Estados-Membros do Conselho da Europa (Comissão de Monitoring);

 Deputado José Mendes Bota (PSD) – foram renovados os mandatos de Relator-Geral sobre a

Violência contra as Mulheres e de Coordenador Político da Rede Parlamentar pelo Direito das

Mulheres à Não-Violência. Foi ainda eleito 2º Vice-Presidente da Comissão de Assuntos Sociais,

Saúde e Desenvolvimento Sustentável;

 Deputado Carlos Costa Neves (PSD), novamente designado representante suplente da Comissão

de Cultura, Ciência, Educação e Media, no Conselho Executivo do Centro Europeu para a

Interdependência e a Solidariedade Mundiais (Centro Norte-Sul de Lisboa).

 Deputado António Braga (PS), eleito Presidente da Subcomissão de Cooperação com os Países de

Origem e de Trânsito Não Europeus.

 Os membros da Delegação, presentes em Estrasburgo, participaram em reuniões (Anexo 7) do Bureau,

Comité Misto, Comissões, Subcomissões e Grupos Políticos, bem como em outras reuniões à

margem da Sessão Plenária.

Bureau – Designou o Deputado Mendes Bota, Relator-Geral sobre a Violência contra as Mulheres,

como representante da APCE na 58ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, que terá lugar

nas Nações Unidas, em Nova Iorque, a 10 e 11 de Março de 2014.

Comissão de Assuntos Jurídicos e Direitos do Homem – A Comissão concordou com a proposta do

Relator sobre o tema “Necessidade de reforçar a independência do Tribunal Europeu dos Direitos do

Homem”, no sentido de endereçar cartas às Delegações do Azerbaijão, Portugal e San Marino,

solicitando informação sobre a não ratificação do Protocolo 6 ao Acordo Geral do Conselho da Europa

sobre Privilégios e Imunidades. O Presidente da Delegação Portuguesa, Deputado Mota Amaral,

enviou, entretanto, uma carta ao Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros dando conta desta

situação, solicitando um ponto de situação deste assunto e sugerindo que se promova o andamento do

processo tendo em vista a vinculação do nosso País àquele instrumento do Conselho da Europa.

Comissão de Cultura, Ciência, Educação e Media - O Deputado Carlos Costa Neves apresentou um

anteprojeto do seu Relatório sobre “Identidades e diversidade nas sociedades interculturais”.

Reunião Conjunta da Rede dos Parlamentares de Referência da Campanha relativa à Violência

Sexual contra as Crianças e da Rede Parlamentar pelo Direito das Mulheres à Não-Violência, (29 de

janeiro). Co-presidida pelos respetivos Relatores-Gerais, Deputada Stella Kyriakides (Chipre) e

Página 5

22 DE FEVEREIRO DE 2014

5

Deputado Mendes Bota, a reunião teve como tema “A exploração sexual das raparigas” e contou com a

participação da Secretária-Geral Adjunta do Conselho da Europa, Gabriella Battaini-Dragoni, que fez

um ponto de situação sobre a Convenção de Istambul. Como oradores convidados, estiveram duas

peritas sobre o tema, Livia Aninosanu, Diretora de Programas do “Center for Partnership and Equality”

da Roménia e Roshan Heiler, Diretora do “Solwodi Counselling Centre” da Alemanha.

Reunião, à margem da Sessão Plenária, presidida pelo Deputado Mendes Bota (Intervenção de abertura – Anexo 6), sobre o tema “Promover a ratificação e implementação da Convenção do

Conselho da Europa contra o Tráfico de Seres Humanos – O papel do Parlamentares na luta contra o tráfico de seres humanos”.

O Deputado Mendes Bota está atualmente a finalizar um relatório intitulado “Prostituição, tráfico e a

moderna escravatura na Europa” (nova designação), cuja aprovação final está prevista para a Sessão

de Abril da APCE.

O Deputado Mota Amaral participou e interveio na reunião, fazendo uma exposição sobre a experiência

portuguesa nesta matéria, nomeadamente em termos de reformas legislativas, e salientando que

Portugal está fortemente empenhado na prevenção e luta contra o tráfico de seres humanos, tanto para

fins de exploração sexual como para fins de trabalhos forçado ou escravo. Para o Deputado Mota

Amaral é vergonhoso que em países do Conselho da Europa estas chagas se manifestem, consistindo

em horríveis violações de direitos humanos, sendo o combate contra as mesmas de alta prioridade.

Audição de Peritos sobre “O direito das crianças à integridade física” (Comissão de Assuntos

Sociais, Saúde e Desenvolvimento Sustentável - 28 de janeiro), especificamente sobre a circuncisão de

crianças. A audição contou com a presença de Deputados da Assembleia Parlamentar, representantes

de organizações religiosas judaicas e muçulmanas, ONG’s, médicos de diversas especialidades e

investigadores.

Ao longo da semana, o Deputado Mendes Bota teve diversos encontros, no âmbito dos cargos de

Relator-Geral sobre a Violência contra as Mulheres e de Coordenador Político da Rede Parlamentar

pelo Direito das Mulheres à Não-Violência, nomeadamente com a Secretária-Geral Adjunta do

Conselho da Europa, Gabriela Battaini-Dragoni, que, na sequência da questão colocada em plenário ao

Presidente do Comité de Ministro sobre o futuro do Centro Norte-Sul, pretendeu transmitir-lhe o seu

ponto de vista sobre esta questão problemática.

 Reunião de Secretários das Delegações Nacionais

A reunião teve lugar, a 27 de janeiro, destacando-se da Ordem de Trabalhos os seguintes pontos:

Apresentação do Projeto de Ordem de Trabalhos da Sessão Plenária (procedimentos a adotar durante a

Sessão Plenária: eleições, temas em debate, oradores, tempos de intervenção etc.)

Página 6

II SÉRIE-D — NÚMERO 14

6

Próximas reuniões da Comissão Permanente:

 Paris (França) - 7 de março

 Baku (Azerbaijão) - 23 de maio (a confirmar).

Seminário de Informação para Secretários das Delegações Nacionais (a confirmar: tarde do dia 11 de

abril e dia 12)

A próxima reunião de Secretários de Delegações Nacionais ficou agendada para 7 de abril, primeiro dia da

2ª Parte da Sessão de 2014.

Ao longo da semana, a signatária teve diversos encontros de trabalho, nomeadamente, com o Diretor-Geral do

Secretariado da APCE, Dr Mário Martins, e com membros do Secretariado de algumas Comissões.

Resta salientar o sempre inexcedível apoio da Missão Permanente junto do Conselho da Europa,

nomeadamente do Representante Permanente, Embaixador Luís Filipe Castro Mendes e dos seus

funcionários.

ANEXOS

Anexo 1 - Ordem de Trabalhos da Sessão Plenária

Anexo 2 - Lista de membros da Delegação da AR à APCE

Anexo 3 - Distribuição dos membros da Delegação da AR à APCE pelas diversas Comissões e Subcomissões da Assembleia Parlamentar

Anexo 4 - Documentos de Trabalho da Sessão Plenária

Anexo 5 - Textos Adotados durante a Sessão Plenária

Anexo 6 - Intervenções de Membros da Delegação Portuguesa durante os debates da Sessão Plenária e outras reuniões

Anexo 7 - Calendário das reuniões das Comissões da APCE, do Bureau e dos Grupos Políticos

Palácio de S. Bento, 20 de fevereiro de 2014

A Assessora Parlamentar, Ana Milheiriço. Nota: Os referidos anexos encontram-se disponíveis para consulta nos serviços de apoio.

—————

Página 7

22 DE FEVEREIRO DE 2014

7

Relatório elaborado pelo Deputado Fernando Negrão, do PSD, relativo à Delegação da Assembleia da República que participou na 10.ª Assembleia Plenária e reuniões conexas, da União para o

Mediterrâneo (AP-UpM), que teve lugar em Amã a 8 e 9 de fevereiro

A 10ª Reunião Plenária da Assembleia Parlamentar da União para o Mediterrâneo teve lugar em Amã a 8 e

9 de fevereiro (agenda anexo I) – durante a Assembleia, Portugal assumiu a Presidência desta Assembleia

Plenária pelo período de 1 ano.

A Delegação Parlamentar da Assembleia da República a esta sessão plenária integrou o Vice-Presidente da AR, Guilherme Silva (PSD), em representação da Senhora Presidente da Assembleia da República, Maria Assunção Esteves, o Deputado Fernando Negrão (PSD) – Presidente da Delegação, o Deputado Eduardo Cabrita (PS), o Deputado António Rodrigues (PSD), a Deputada Emília Santos (PSD) e a Chefe de Gabinete da Presidente da Assembleia da República, Dra. Noémia Pizarro.

Para além da sessão plenária reuniram na véspera as cinco Comissões Permanentes onde se discutiram e

analisaram as propostas apresentadas pelos Presidentes das Comissões e as recomendações submetidas ao

plenário para aprovação, e ainda o Grupo de Trabalho para as Regras e Procedimentos.

O Vice-Presidente Guilherme Silva, o Presidente da Delegação da AR à AP-UpM, Deputado Fernando

Negrão e a Chefe de Gabinete da Presidente da Assembleia da República, Dra. Noémia Pizarro, participaram na Reunião do Bureau e na Reunião Alargada do

Bureau aos Presidentes das Comissões e Grupos de Trabalho. O Presidente do Parlamento Jordano, Atef Al’Tarawenh, dirigiu

estes encontros que contaram ainda com a presença da Vice-Presidente do Parlamento Europeu, Isabelle Durant, e o Vice-Presidente do Parlamento de Marrocos, Ouadia Benabdallah.

A Vice-Presidente do Parlamento Europeu, Isabelle Durant, e

o Deputado Ali Erkosun, da Turquia, fizeram apresentações das

missões que realizaram aos campos de refugiados na Jordânia,

Líbano e na Turquia. O Vice-Presidente do Parlamento de

Marrocos sugeriu que o relatório ficasse conhecido como a

Declaração de Amã mas ficou decidido que deveria antes ficar contemplado num documento à parte – uma

Declaração do Bureau sobre a situação dos refugiados Sírios – O Apelo de Amã (ver anexo II). Nesta reunião foi decidido que o Bureau recomendaria ao Plenário da AP-UpM a adoção das

recomendações propostas e acordadas em sede de comissão. Foram ainda aprovadas as propostas de

alteração às regras e procedimentos da AP-UpM (rotatividade do Secretariado e anualidade do orçamento da

AP-UpM - anexo IV).

Na reunião do Bureau Alargado, a Embaixadora Delphine Borione, Secretária-Geral Adjunta da UpM, fez

um ponto de situação dos projetos desta organização.

Página 8

II SÉRIE-D — NÚMERO 14

8

Os Presidentes das Comissões fizeram um tour de table para apresentar as suas propostas de

recomendações.

Dasessão da Assembleia plenária, que contou com a presença do Presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz,onde aproveitou para se despedir como participante neste fórum na atual qualidade,destaca-se ainda intervenção do Presidente do Parlamento Jordano, Atef Al’Tarawneh, onde referiu a importância

da UfM como uma tribuna da coordenação dos trabalhos para os assuntos do mediterrâneo. Referiu a

importância para a Jordânia deste fórum, em particular numa altura que recebe centenas de milhares de

refugiados sírios. Sobre a questão de Jerusalém, a Jordânia continua a ter um papel de mediador na procura

de uma solução definitiva de 2 Estados. Sublinhou a necessidade de se saber ler as causas das revoltas

Árabes, já não se fala na Primavera, o que o Rei Abdullah soube fazer com grande sabedoria através da

implementação de reformas profundas. A crise Síria afecta toda a região, mas em particular a Jordânia,

atualmente já têm 750 mil refugiados, e apesar do fardo desproporcional para o seu país, assegurou que irão

continuar a prestar o apoio humanitário necessário.

Durante a Assembleia Plenária, os participantes debateram dois temas: “O Processo de Paz no Médio-Oriente” e “Os Refugiados Sírios”. Estes debates tiveram como oradores convidados Mohammad Al’Momani,

Ministro de Estado e dos Assuntos para os Média e Comunicações e Ministro interino dos Negócios

Estrangeiros e Expatriados, e o Senhor François Reybet-Degat, Diretor Adjunto do ACNUR para o Médio

Oriente e África do Norte. A Eurodeputada Isabelle Durant fez a apresentação sobre a situação no campo de

refugiados e o Deputado Austríaco, Stephan Schennach, sobre o campo de refugiados turco – que considerou

como um campo modelo – apesar de não ter podido confirmar que os outros campos nesse país assegurariam

as mesmas condições.

Seguiu-se a apresentação pelos Presidentes, e votação, das recomendações preparadas respetivamente

pelas cinco Comissões permanentes da AP-UpM:

Comissão de Assuntos Políticos, Segurança e Direitos Humanos, Presidente Tokia Saïfi (PPE - França), referiu que a Comissão teve como tema central de discussão durante este ano a questão da “Recuperação de ativos pelos países árabes em transição e a luta contra a corrupção”. Da recomendação

destacou, entre outros, o parágrafo que sublinha a necessidade de se ajudar os países do Norte de África a

recuperar ativos como “um imperativo moral e legal” e uma forma de apoio ao desenvolvimento económico

desses países e ao processo de transição democrática no Egipto, Tunísia e Líbia; referiu o apelo aos

parlamentos nacionais para promover as medidas judiciais necessárias que permitam uma cooperação mais

próxima entre as autoridades policiais e judiciais no processamento da recuperação de fundos adquiridos de

forma inapropriada; e ainda o apelo à UE para facilitar a constituição de equipas de peritos multidisciplinares

para a troca de melhoras práticas na área de recuperação de fundos e no combate à cooperação.

Presidente da Comissão dos Assuntos Económicos, Financeiros, Sociais e da Educação, Presidente Ali Ercoskun (Turquia), apresentou recomendações, das quais se destacam: o apelo aos Estados da UpM

Página 9

22 DE FEVEREIRO DE 2014

9

para simplificar e flexibilizar procedimentos regulatórios, baixar as taxas de juro e promover um

enquadramento para as PMEs na região; facilitação no acesso das PMEs ao financiamento através do

desenvolvimento de programas de financiamento e através de instituições internacionais financeiras e bancos

regionais para o desenvolvimento; promoção no acesso à formação e treinamento para jovens empresários e

empreendedores, especialmente no âmbito das PMEs; e o reconhecimento da necessidade de um

enquadramento e de uma maior inclusão financeira do microfinanciamento como vetor essencialmente para o

desenvolvimento económico, em particular, nos países do sul do mediterrâneo. Finalmente destacou a

recomendação ao PE sobre a importância de se criar uma zona de comércio-livre para a zona Euro-

mediterrânica através da consolidação do Acordo de Agadir onde se recomenda que as PMEs e

microempresas sejam beneficiárias de procedimentos regionais já existentes.

Comissão para a Promoção da Qualidade de Vida, dos Intercâmbios Humanos e da Cultura,Presidente Khalid Chaouki (Itália) referiu que a Comissão lida com muitos assuntos diferentes, questão que dificulta os trabalhos, destacando a questão da mobilidade nomeadamente sobre vistos e intercâmbios entre

jovens, professores, investigadores etc. Referiu a importância da se apoiar o funcionamento e a sobrevivência

da televisão só para mulheres que existe na Tunísia – útil para toda a região. Disse quererem discutir a ideia

de se criar um Grupo de Trabalho sobre “quem são nossos jovens?” para se poder refletir sobre o diálogo

intercultural e inter-religioso a um outro nível.

Comissão da Energia, Ambiente e Recursos Hídricos, o Presidente Stefan Schennach (Áustria) apresentou recomendações sobre três áreas, a eficácia energética, fontes de energia renováveis e as

iniciativas sobre água. Das atividades da Comissão, destacou a reunião em Estocolmo onde se discutiu a

gestão da zonas costeiras do Mediterrâneo, a valorização e proteção dos parques marítimos e aplicação da

Convenção de Barcelona sobre as éco-villages. Sublinhou o trabalho da Comissão no apoio ao projeto da

UpM sobre “Um Plano Solar para o Mediterrâneo” – e apela agora, como próximo passo, a criação de planos

nacionais nessas área.

Comissão para os Assuntos das Mulheres, aPresidente Samira Meria-Friaa (Tunísia) destacou algumas das recomendações adotadas pela Comissão como: a questão das mulheres sírias nos campos de

refugiados na Jordânia; sobre a mulher e a criação de emprego na região; o apelo aos países euro

mediterrânicos para reforçar o financiamento de programas de formação para as mulheres, em particular para

mulheres sem formação formal – constando que as mulheres são as primeiras vítimas do desemprego perante

situações de crise económica/financeiras.

As cinco recomendações finaise adotadas encontram-se na íntegra em www.paufm.org/.

No final, os presidentes das Comissões foram mandatados para transmitir as respetivas recomendações à

copresidência da União para o Mediterrâneo, ao Secretário-Geral da União para o Mediterrâneo, à Liga dos

Estados Árabes, ao Conselho de Ministros da União Europeia, à Comissão Europeia, aos parlamentos e

membros de governos da União para o Mediterrâneo e ao Parlamento Europeu.

Página 10

II SÉRIE-D — NÚMERO 14

10

O debate contou ainda com a presença doPríncipe Al’Hassan Ben Talal que, na sua intervenção, salientou a passagem do mandato para Portugal, ter como curiosidade ser para um país, como a Jordânia,

não-geograficamente mediterrânico – mas sim em termos de cultura e espírito. Salientou, inter alia, a

importância da questão da água para a região, da mobilidade de pessoas - deslocados e sem papéis – dos

refugiados. Referiu a necessidade do entendimento entre povos, tribos – os conflitos como fonte de pobreza.

Falou ainda sobre a questão da corrupção como um flagelo na região e que rouba os mais desprotegidos e

perpetua a pobreza. A região tem que beneficiar de um programa de reconstrução e desenvolvimento – uma

banco para a reconstrução – nós precisamos de vocês.

Encerramento da Sessão Plenária No fim dos trabalhos a Presidência do Parlamento Jordano fez a entrega do mandato de Presidente da AP-

UpM à Assembleia da República de Portugal, na pessoa do Vice-Presidente Guilherme Silva, que fez uma intervenção:

“Antes de mais queria transmitir-vos o lamento e a pena que a Senhora Presidente da Assembleia da

República de Portugal, Maria Assunção Esteves, tem de, exclusivamente por razões de saúde, e contra a sua

vontade e desejo, não poder cá estar, tendo-me conferido a honra e o prazer de a representar, mas, tendo

feito questão, como sinal do seu empenho nesta 10ª Reunião Plenária da Assembleia Parlamentar da União

para o Mediterrâneo, de ter elaborado, ela própria, a intervenção que daqui a pouco terei o gosto de vos ler.

Permitam-me que, em meu nome pessoal, em nome da Senhora Presidente da Assembleia da República

de Portugal, em nome do Parlamento português, e em nome de Portugal, comece por saudar Suas Altezas o

Rei e a Rainha da Jordânia, bem como Sua Alteza O Príncipe, que nos deu a honra da sua presença e

enriqueceu esta 10ª Reunião Plenária da Assembleia Parlamentar da União para o Mediterrâneo com o

excelente discurso que aqui acabou de proferir.

Queria também cumprimentar, de forma especial, o Senhor Atef Al-Tarawneh, Presidente da Câmara dos

Deputados do Reino Hachemita da Jordânia, pela Presidência da Assembleia Parlamentar da União para o

Mediterrâneo e pelo excelente trabalho realizado em condições particularmente difíceis, saudando, na sua

pessoa, todos os membros da Câmara dos Deputados do Reino Hachemita da Jordânia.

Como queria ainda agradecer-lhe a hospitalidade da Câmara dos Deputados, e da Jordânia, não apenas

nesta ocasião da 10ª Reunião Plenária, mas por ocasião de outras reuniões, no âmbito da Assembleia

Parlamentar da União para o Mediterrâneo, que tiveram lugar na Jordânia, durante a sua Presidência.

Queria, igualmente, cumprimentar os Presidentes das diferentes

Comissões e felicitá-los, bem como aos seus membros, pelo trabalho

realizado e dizer-lhes que a Presidência Portuguesa conta com o seu

empenho.

Cumprimento também os Presidentes das Delegações dos diferentes

Países e os restantes membros que as integram, com cuja colaboração

a Presidência Portuguesa conta para dar continuidade ao trabalho

realizado e abrir novas perspetivas de intervenção desta Assembleia

Parlamentar.

Quero também saudar o Secretariado Geral e todos os assessores e

serviços de apoio desta Assembleia Parlamentar e das diferentes

Delegações, bem como os Senhores intérpretes, dizendo-lhes que

todos são necessários para a qualidade e eficácia dos nossos trabalhos

e que a Presidência Portuguesa conta com todos para as tarefas que agora inicia.

Uma palavra especial de profunda preocupação pelo drama dos refugiados em particular das crianças e

dos mais idosos.

E dizer que, se é verdade, lamentavelmente, que é aqui, nesta região, que temos o mal: - a guerra na Síria,

é igualmente verdade que é também aqui, na Jordânia, no Líbano e na Turquia, que temos um dos maiores

exemplos de ação humanitária, de generosidade e de solidariedade, com o acolhimento e o apoio inexcedíveis

que vêm dando a milhares e milhares de refugiados.

Página 11

22 DE FEVEREIRO DE 2014

11

A Presidência Portuguesa não descurará esta questão tão sensível e esforçar-se-á pela obtenção de

maiores apoios da Comunidade Internacional, em articulação com o Alto Comissariado das Nações Unidas

para os Refugiados, como se empenhará no sentido de ser encontrada, o mais cedo possível, uma solução

política para o grave conflito Sírio.

Passo agora a ler a comunicação que a Senhora Presidente da Assembleia da República de Portugal, Dra.

Assunção Esteves, me incumbiu de apresentar, no âmbito desta 10ª Sessão Plenária, na ocasião em que

Portugal assume a Presidência da Assembleia Parlamentar da União para o Mediterrâneo.”

Seguidamente, o Senhor Vice-Presidente Guilherme Silva leu o discurso da Presidente da Assembleia da República,Maria da Assunção Esteves:

“Ao assumir a Presidência da Assembleia Parlamentar da União para o Mediterrâneo, saúdo todos os

presentes e, em especial, os parlamentares tunisinos, com o presidente da Assembleia Constituinte, o senhor

Mustapha Ben Jaafar, pela nova Constituição. Uma Constituição cujo significado não fica apenas nos limites

da Tunísia, que passa para as relações euro-mediterrânicas e é um sinal para o mundo. Consequência de um

difícil processo, como difíceis são todas as mudanças, votada por uma esmagadora maioria, transportando o

reconhecimento dos direitos humanos e da liberdade de consciência.

A nova Constituição tunisina é um passo importante para os objetivos expressos pela Declaração de

Barcelona de 1995, da Parceria Euro-Mediterrânica, na qual os estados signatários sublinharam a sua

convicção de que « o objetivo geral de fazer da bacia do Mediterrâneo uma área de diálogo, troca e

cooperação que garante a paz, a estabilidade e a prosperidade requer o reforço da democracia e o respeito

pelos direitos humanos, um desenvolvimento económico e social equilibrado e sustentado e a prossecução de

medidas de combate à pobreza e de promoção de um entendimento entre as culturas.

A dimensão humana e cívica das nossas relações estará no eixo do programa da Presidência portuguesa

da Assembleia Parlamentar da União para o Mediterrâneo. Devemos empreender em políticas que aproximem

os cidadãos das duas margens, ouvindo uma multiplicidade de vozes, incluindo aquelas que nos são menos

familiares. Como disse Fernand Braudel, no Mediterrâneo, se queremos que a música seja harmoniosa é

preciso tocar com todos os dedos, das duas mãos. E temos que assumir que a sociedade política não é capaz,

só por si, de construir o diálogo e o entendimento sobre uma enorme diversidade. A política, aliás, não impõe o

diálogo, a política promove e proporciona o diálogo. O novo papel dos Estados é, pois, o de fazerem os

cidadãos, eles mesmos, engendrarem a política. É o de promoverem a inclusão amparando o encontro dos

líderes sociais e religiosos, para que todos nos possamos entender. É esse o único caminho da dignidade e da

justiça. A presidência portuguesa fará tudo para levar o diálogo ao terreno, não apenas pelas mãos dos

Estados mas também, e sobretudo, amparando a ação dos líderes da sociedade civil, intelectuais, fundações,

indivíduos de largo curriculum de intervenção.

Atentos aos impulsos da vida, seremos capazes de construir um espaço de paz, democracia e

desenvolvimento, um espaço de justiça. E aqui, a Imigração constitui o eixo central da nossa estratégia. Por

ela nos mobilizaremos, ligando vontade e criatividade. Os imigrantes e as suas odisseias já entram na agenda

da Assembleia Parlamentar da União para o Mediterrâneo. E a realidade impõe que assim continue a ser,

cada vez mais.

Todos os anos, são milhares os que tentam chegar à Europa através do Mediterrâneo (os dados das

Nações Unidas dizem que são mais de 300 mil). O Mediterrâneo é fronteira, ponto de passagem, travessia da

África para a Europa, perigosa e tantas vezes mortal. Como Lampedusa, Ceuta ou Melilla. Outros lugares

também! A perguntarem como se dorme o nosso sono.

E, no entanto, é tão rica a troca humana que a imigração comporta. O impulso das economias dos países

de origem, como no Líbano, na Jordânia e na Tunísia, que crescem com as remessas de emigrantes. E, ao

mesmo tempo, o desenvolvimento económico dos países de acolhimento, compensando o desequilíbrio

demográfico e as suas perversas consequências.

É a política das migrações que colocaremos no centro da nossa agenda. Os direitos dos migrantes são

indissociáveis dos direitos humanos. A cultura de relação com os imigrantes dá a imagem dos índices

civilizacionais de cada comunidade.

Como o Parlamento Português afirmou no voto sobre Lampedusa: “a política de migração tem de partir das

Página 12

II SÉRIE-D — NÚMERO 14

12

causas e não dos resultados”. Exige-nos um combate em todas as frentes: repensar as condições para a

migração legal com os olhos postos nas tendências demográficas. Empreender em políticas de

desenvolvimento, coordenadas e ativas. Concertar as políticas de migração. Combater as redes de tráfico.

Promover o diálogo civilizacional no terreno, com o apoio dos poderes da sociedade civil! Evitar as zonas de

não-direito sobre as migrações. Distinguir entre migração e ilicitude, distinguir sempre!

A Presidência Portuguesa promoverá uma cimeira de Presidentes dos Parlamentos em Lisboa, no próximo

mês de outubro, para trazer todo este caminho para a mesa. E criará o impulso para uma reunião

descentralizada do Bureau num dos lugares onde a migração se fez um drama.

A Assembleia Parlamentar da União para o Mediterrâneo será sempre um fórum de impulso civilizacional,

seja qual for o seu desenho como formação política. Para construir este desígnio, as Comissões deverão

adaptar-se, por assim dizer, metodologicamente. Elas devem seguir o Programa Anual estabelecido, evitando

o tratamento errático de muitos temas. Evitando uma agenda particular e prolixa, sob pena de nada se fazer. A

nossa Assembleia Parlamentar não poderá ser uma Torre de Babel, se quer ter consequência!

Nesta Assembleia, não podemos esquecer a Síria. A Síria vive uma tragédia humana que nos toca a alma

em cada dia. Uma tragédia que se atenua apenas nas portas abertas de países como a Jordânia, o Líbano ou

a Turquia. Aceitando os refugiados, a sua generosidade não tem limites. Aqui lhes manifestamos a nossa

gratidão. Nós, os que temos a responsabilidade pelo mundo, para citar Hannah Arendt, somos os primeiros

que não podem ficar indiferentes. Que não podem nunca. Somos os que têm que correr, incansáveis, até

encontrar a solução.

Estamos à vossa espera em Lisboa.”

Outros assuntos

O Vice-Presidente Guilherme Silva presidiu aos trabalhos da Assembleia Plenária. O Vice-Presidente Guilherme Silva participou numa Conferência de Imprensa. A Delegação da Assembleia da República participou num jantar oficial oferecido pelo

Parlamento Jordano por ocasião da 10ª Assembleia Plenária da UpM.

A Delegação foi recebida no Aeroporto Queen Ali pelo Cônsul Honorário de Portugal na Jordânia, Rani Khoury.

Palácio de S. Bento, 13 de fevereiro de 2014.

A Chefe de Divisão de Relações Internacionais, Isabel Botelho Leal.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.

Descarregar páginas

Página Inicial Inválida
Página Final Inválida

×