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Sábado, 11 de abril de 2015 II Série-D — Número 16

XII LEGISLATURA 4.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2014-2015)

S U M Á R I O

Delegações e Deputações da Assembleia da República:

— Relatório da participação da Comissão de Defesa Nacional na VI Conferência Interparlamentar sobre a Política Externa e de Segurança Comum/Política Comum de Segurança e Defesa (PESC/PCSD), que se realizou em Saeima, Riga, nos dias 4 a 6 de março de 2015.

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DELEGAÇÕES E DEPUTAÇÕES DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Relatório da participação da Comissão de Defesa Nacional na VI Conferência Interparlamentar sobre

a Política Externa e de Segurança Comum/Política Comum de Segurança e Defesa (PESC/PCSD), que

se realizou em Saeima, Riga, nos dias 4 a 6 de março de 2015

Composição da Delegação

Integraram a Delegação da Assembleia da República os seguintes Srs. Deputados:

 André Pardal (PSD), membro da Comissão de Defesa Nacional (CDN) e Chefe da Delegação;

 Marcos Perestrello (PS), membro da CDN;

 Sérgio Sousa Pinto (PS), Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades

Portuguesas (CNECP);

 António Rodrigues (PSD), membro da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades

Portuguesas (CNECP);

 Carlos São Martinho (PSD), membro da Comissão de Assuntos Europeus (CAE);

O apoio técnico foi prestado pelo Assessor da Comissão de Defesa Nacional, Francisco Pereira Alves, e

pela Representante Permanente da Assembleia da República junto da União Europeia, Maria João Costa.

Enquadramento

O Parlamento da República da Letónia, Saeima, no âmbito da dimensão parlamentar da respetiva

Presidência do Conselho da União Europeia, organizou em Riga, nos dias 4 a 6 de março de 2015, a VI

Conferência Interparlamentar sobre a PESC/PCSD. Esta Conferência, contou com a participação de todos os

Parlamentos nacionais da União Europeia, do Parlamento Europeu e dos Parlamentos dos países candidatos1.

A documentação disponibilizada pela organização desta Conferência encontra-se acessível em:

http://parleu2015.lv/en/events/view/4.

Reunião dos Chefes de Delegação

No início da manhã do dia 5 de março reuniram-se os Chefes de Delegação, sob a presidência do

Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do Parlamento da Letónia — Ojārs Ēriks Kalniņš -, tendo

sido debatido o texto das conclusões, numa versão preparada antecipadamente pela Presidência e pela

Troika2 e que tentou aceitar o maior número de alterações apresentadas. Esta versão suscitou ainda

comentários das delegações da Lituânia, da Suécia, da Alemanha e da Áustria. A delegação de Portugal

apresentou, à margem, duas sugestões de redação, que foram incorporadas no texto final (eliminação do

inciso final do ponto 14 e inclusão no ponto 18 do inciso "by partner countries").

A proposta de conclusões ficou quase fechada, tendo a presidência sido encarregue de apresentar o texto

que resultou desta reunião no decurso do dia.

Programa

Do Programa3 da Conferência constavam os pontos que seguidamente se apresentam:

1 http://parleu2015.lv/files/cfsp-csdp/final-list-of-participants-cfsp-csdp-2.pdf 2 Itália, Letónia, Luxemburgo e Parlamento Europeu 3 http://parleu2015.lv/files/cfsp-csdp/programme_cfsp_en-5.pdf

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Sessão de Abertura

Na Sessão de Abertura da Conferência foram oradores a Presidente do Parlamento da Letónia, Ināra

Mūrniece, o Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do mesmo Parlamento, Ojārs Ēriks Kalniņš, e

o Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu, Elmar Brok.

Inara Mūrniece lembrou que a importância das questões de segurança e defesa para a Europa aumentou

em consequência dos recentes eventos na Ucrânia, o que obriga a refletir acerca das medidas a adotar e a

questionar a capacidade de reação em tempo útil. Recordou o Acordo de Munique de 1938, que, ao permitir a

anexação de uma parte da antiga Checoslováquia, para tentar preservar a paz, não evitou a guerra, afirmando

que as lições do passado não devem ser esquecidas numa altura em que a situação é ainda mais complexa,

particularmente para os Países Bálticos, preocupados com o potencial nuclear da Rússia.

Considerou que, perante as novas formas de ameaça à segurança, a Europa deve desenvolver capacidade

para resistir à “guerra hibrida” lançada pela Rússia nas regiões do Leste da Ucrânia, e à guerra de informação

que a acompanha. Declarando o apoio da Letónia à revisão do conceito de defesa e segurança europeia e à

adoção de uma estratégia de comunicação comum da União Europeia, que lhe permita de forma eficaz

combater as campanhas de desinformação.

Por outo lado, enfatizou a necessidade de acompanhar de perto a aplicação dos acordos de Minsk,

enquanto base para uma solução sustentável na defesa da soberania e integridade territorial da Ucrânia.

Ojārs Ēriks Kalniņš começou por se referir à necessidade de fortalecer o papel da União Europeia no

panorama global e à importância de reavaliar a política de vizinhança, no sentido de reforçar a cooperação

como elemento da estratégia de defesa e segurança na Europa.

Recordou a agressão da Rússia em relação à Ucrânia, designadamente através da anexação da Crimeia,

considerando, todavia, que a questão da vizinhança oriental não pode ser considerada uma ameaça para a

União Europeia. Entende, deste modo, que deveriam ser desenvolvidos os contratos de associação com a

Ucrânia, a Geórgia e a Moldávia e ser flexibilizada a concessão de vistos, tanto em relação a estes países

como à Bielorrússia, à Arménia e ao Azerbaijão.

Por outro lado, as boas relações entre a União Europeia e os países da Parceria Oriental não deverão ter

como resultado prejudicar as relações com a Rússia. Referiu-se ainda ao problema do terrorismo, à imigração

ilegal e ao tráfico de pessoas e nas consequências que estes fenómenos têm na vida dos cidadãos dos países

desta região.

Realçou também o apoio eficaz da União Europeia à União para o Mediterrâneo (UpM) e apelou ao reforço

do diálogo com os países da Ásia Central.

Lembrou que a “guerra de informação” pode afetar o sentimento de segurança dos cidadãos e defendeu a

necessidade de adoção de uma política de comunicação comum da União Europeia e a reformulação do

conceito de estratégia de defesa e segurança europeia.

Defendeu também o fortalecimento do relacionamento entre os 28 e entre a União Europeia e a NATO,

aproveitando as respetivas sinergias, designadamente na luta contra o terrorismo e a contra informação,

dando como exemplo o Centro de Comunicações Estratégicas da NATO, em Riga.

Referiu-se, finalmente, ao Tratado de Comércio Transatlântico entre a União Europeia e os EUA,

considerando-o um tratado histórico.

Elmar Brok aludiu ao facto de a anexação da Crimeia pela Rússia ter posto em causa o sonho de uma

Europa em paz e com segurança. No entanto, defendeu que os conflitos devem ser resolvido através de

acordos legais e de soluções pacíficas, pois o mundo ocidental não quer desencadear uma guerra contra a

Rússia. Embora esta anexação se baseasse no argumento do desrespeito dos direitos das minorias russas na

Ucrânia, na verdade a Rússia nunca recorreu ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos para fazer valer

esses direitos.

Assinalou que a solidariedade demonstrada pelos países europeus, consubstanciada na adoção de

sanções, era impensável há um ano e representa um progresso para a União Europeia, e que poderá ser

aproveitada caso tenham de ser adotadas novas sanções em consequência da continuação do incumprimento

dos acordos de Minsk.

Defendeu, assim, a aprovação de uma estratégia comum em relação à Rússia, pois o fundamentalismo

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eslavo que esta promove é contra os valores europeus dos direitos humanos, da democracia, da liberdade, da

tolerância e do pluralismo. Evidenciou a necessidade da celebração de acordos de associação com a Ucrânia,

a Moldávia e a Geórgia, que conduzam ao seu desenvolvimento social e económico.

De igual modo, defendeu a concessão de mais ajuda económica aos países do Norte de África, de modo a

oferecer melhores condições de vida às suas populações e dar-lhes esperança, uma vez que toda esta região

está ameaçada pelo fundamentalismo, destacando a situação na Líbia e a necessidade de um acordo para

ajudar a derrotar as forças radicais e terroristas. Referiu-se ainda aos problemas da imigração, à necessidade

de encontrar soluções comuns e de trabalhar de forma construtiva, reconhecendo a escassez das medidas

práticas já tomadas.

Finalmente, referiu-se à necessidade de adotar medidas e compromissos comuns na política externa e

evidenciou a importância das relações entre a União Europeia, os EUA e a NATO para a defesa da Europa.

Sessão I

 Ponto de situação da Política Europeia de Vizinhança

Intervieram nesta sessão o Ministro dos Negócios Estrangeiros da República da Letónia, Edgars Rinkēvičs,

o antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Suécia, Carl Bildt, e o Secretário-geral da União para o

Mediterrâneo (UpM), Fathallah Sijilmassi.

Edgars Rinkēvičs reconheceu que a situação atual é muito complexa, tanto a sul como a leste. Estando a

decorrer a revisão da política de vizinhança, evidenciou a necessidade de proceder à avaliação dos riscos, dos

desafios e dos objetivos em relação a estas vizinhanças, tendo presentes os fenómenos que afetam a

segurança da Europa como o terrorismo, a imigração, a situação volátil no Norte de África e no Médio Oriente

e a violação do direito internacional pela Rússia no leste da Ucrânia e na anexação da Crimeia. Reconheceu

que, se em relação à Rússia a União Europeia teve uma abordagem comum, já quanto ao sul ou ao processo

de paz do Médio Oriente, tal não aconteceu.

Defendeu que a União Europeia tem de dar um sinal forte acerca da importância da Parceria Oriental,

devendo ser adotada uma abordagem correta e individualizada para cada um dos países que a constituem,

pois são não são todos iguais e têm interesses e objetivos diferenciados.

Por outro lado, o pacote de ajuda a oferecer não deve ser apenas financeira, mas também de especialistas

para apoiar as reformas estruturais nas áreas sociais e políticas no sentido de lhes assegurar estabilidade,

prosperidade e segurança a longo prazo. Referiu-se ainda à necessidade da facilitação do regime de vistos,

designadamente em relação à Ucrânia e à Geórgia.

Quanto à situação na Líbia, recordou o apoio, tanto do ponto de vista financeiro como político, prestado

pela União Europeia, em conjunto com a ONU, para a sua estabilização, e como, também em relação a todo o

Norte de África, isso implica o empenho no desenvolvimento de objetivos estratégicos a longo prazo.

Defendeu o estabelecimento de metas e objetivos concretos e o aprofundamento do debate para a luta contra

o terrorismo, lembrando que esta não depende apenas da coordenação entre os países da União Europeia,

mas também dos países da região que devem ser envolvidos na procura de soluções para o problema.

Carl Bildt apontou as diferenças entre os países que constituem a Parceria Oriental e a União do

Mediterrâneo, referindo-se seguidamente à situação na Síria, na Líbia, no Egito e na Tunísia – que considera

ser o único que mantém a esperança de percorrer um caminho democrático -, na Ucrânia — mais

comprometida com a reforma do país e com a integração no espaço europeu -, na Bielorrússia e nos três

países do Cáucaso, e defendeu a necessidade de adoção de políticas diferenciadas em função das suas

especificidades. Realçou a importância que a União Europeia tem para os países vizinhos, tendo em conta

aspetos como a população, o desenvolvimento económico e o volume de trocas comerciais.

Referindo-se às relações com a Rússia, considerou que existe um retrocesso originado pela sua atuação.

Quanto à vizinhança a sul, aludiu ao surgimento do fundamentalismo que combate os valores do mundo

ocidental e com o qual a União Europeia tem muitas vezes dificuldades em lidar, levando muito tempo a reagir

e a formular respostas políticas estratégicas.

Entende ser necessário elaborar uma nova estratégia global de segurança para a União Europeia, pois

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esta não pode responder aos novos desafios com modelos do passado. Realçou a necessidade do

desenvolvimento económico nos países da vizinhança, o que criará classes médias capazes de mudar as

sociedades e que as “empurrem” para a democracia. Nesse sentido, defendeu o aperfeiçoamento das políticas

comerciais e de integração económica, não condicionando a sua aplicação à alteração obrigatória dos seus

sistemas políticas.

Afirmou apoiar a promoção dos direitos humanos, do Estado de Direito e dos governos representativos,

bem como o alargamento dos Acordo Abrangente e Aprofundado de Livre Comércio (DCFTA), a todos os

países integrantes das parcerias, tanto do leste como do sul, e defendeu a visão de uma "integração das

integrações" para o dia em que a Rússia e os seus parceiros na União Económica da Eurásia estiverem

prontos para isso. Porém, para o futuro próximo, pensa que é provável que a Rússia seja muito mais um

problema estratégico do que de um parceiro estratégico.

Mostrou-se preocupado coma situação no Egito, cujo caminho poderá representar uma catástrofe e em

relação ao qual a União Europeia não se deveria calar.

Finalmente, concluiu que a importância da política europeia de vizinhança, enquanto chave para a

segurança e para a prosperidade da Europa, é crucial para a nossa credibilidade global.

Fathallah Sijilmassi defendeu uma abordagem global da União Europeia em relação aos problemas da

vizinhança do Sul tendo como objetivos o crescimento, a estabilidade e a segurança. Realçou os projetos

comuns de cooperação existentes, designadamente na área do ambiente. Reafirmou a convicção de que

segurança e desenvolvimento estão interligados e há que procurar soluções globais e duradouras para os

problemas da região que, embora se debata com uma crise, apresenta muitas oportunidades de negócio e de

desenvolvimento.

Recordou que na UpM impera o princípio da igualdade, na qual os membros têm os mesmos direitos,

deveres e obrigações e trabalham em conjunto, sem exclusões, e respeitando os interesses de todos países.

Por outro lado, a revitalização da UpM implica a criação de uma agenda mediterrânica, na qual estejam

presentes, designadamente e entre outros, os temas do desemprego, dos direitos das mulheres, do ambiente,

do crescimento, dos transportes e da indústria. Defendeu a continuação da cooperação com a União Europeia,

baseada nas sinergias existentes, e a criação de projetos comuns, com o consequente reforço do

investimento, tendo por base o lema: ação e resultado. Evidenciou ainda a necessidade de promover a

integração regional para garantia da estabilidade política. Destacou, finalmente, a importância dos parlamentos

nesta aproximação, colocando o ênfase na reunião interparlamentar a ter lugar em Lisboa, em maio.

Debate

No debate que se seguiu intervieram deputados do Parlamento Europeu e representantes dos Parlamentos

da Lituânia, da Noruega, da Hungria, da Polónia, da França, da Geórgia, da Turquia, da Holanda, da Grécia,

da Lituânia e de Espanha, que colocaram questões e expressaram opiniões acerca do tema em discussão,

designadamente em relação às preocupações relativas à situação na Ucrânia, aos acordos de associação, à

posição da Rússia em relação aos acordos de Minsk, à adesão da Turquia, à posição dos países da União

Europeia quanto à Palestina, aos direitos humanos, à nova agenda europeia de segurança e para a imigração,

à instabilidade em Marrocos, na Argélia e no Egito e à questão dos jovens europeus jihadistas, às quais os

oradores responderam.

O Sr. Deputado António Rodrigues Interveio para se congratular com a discussão sobre a política de

vizinhança da União Europeia e realçou o facto de, ao falar-se das fronteiras orientais ou do sul ou da ameaça

do Daesh, se estar a discutir os direitos humanos, a proteção de fronteiras e a soberania. Recordou o número

de vidas que estão em perigo na Ucrânia ou das que se têm perdido no Mediterrâneo, quando os imigrantes

apenas procuram uma vida melhor. Defendeu que só a cooperação entre os países da União Europeia pode

fazer com que os problemas sejam resolvidos e que a política europeia de vizinhança não precisa de mais

dinheiro, mas sim de políticas, de políticos e de estratégia.

Apelou ao esforço dos Estados membros no sentido de adotarem medidas comuns, pois a política de

defesa e segurança, sendo parte integrante da política externa acaba por ter as suas consequências no

interior da EU, e incentivou-os a acreditar e a trabalhar para salvarem vidas e salvar a própria União Europeia.

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Sessão II

 Política Comum de Segurança e Defesa e a NATO – Melhor cooperação em face dos Novos

Desafios de Segurança

A sessão foi aberta pelo Presidente da Comissão de Defesa, Assuntos Internos e Prevenção da Corrupção

do Parlamento da Letónia, Ainars Laktovskis, que salientou que 22 dos Estados membros da União Europeia

são também membros da NATO e que partilham um conjunto de recursos de defesa, a fim de alcançar os

objetivos militares de ambas as organizações. Invocou a necessidade a uma maior cooperação e coordenação

entre a União Europeia e NATO em áreas como o planeamento das capacidades de defesa e de treino militar,

de forma a evitar a duplicação desnecessária de esforços. Referiu que a Letónia também vê possibilidades de

cooperação na área de comunicação estratégica entre a União Europeia e a NATO.

Também notou que a agressão da Rússia na Ucrânia revelou uma separação não oficial de funções entre

as duas organizações — a União Europeia usa ativamente instrumentos políticos e económicos, enquanto a

NATO está a reforçar a segurança nos seus Estados membros — e que esta separação indica a direção para

as suas atividades futuras.

Também interveio a Vice-presidente da Subcomissão da Segurança e Defesa do Parlamento Europeu,

Anna Fotyga, que se referiu à União Europeia como uma região estável, próspera, de paz e democracia e

alertou para os problemas nas suas fronteiras orientais e do Sul, esperando que os seus membros estejam

conscientes para, em conjunto, se empenharem numa estratégia de defesa de segurança europeia.

Foram, de seguida, oradores Raimonds Vējonis, Ministro da Defesa da República da Letónia, Alexander

Vershbow, Secretário-Geral Adjunto da NATO, e Maciej Popowski, Vice-Secretário-Geral do Serviço Europeu

para a Ação Externa.

Raimonds Vējonis referiu-se à situação criada pela Rússia na Ucrânia, à ascensão do fundamentalismo

no Médio Oriente, aos ataques terroristas na Europa e aos problemas de imigração para justificar a

necessidade de reforçar a capacidade de resposta da União Europeia e de rever a estratégia de segurança e

defesa perante estas novas realidades, apoiar as iniciativas do Serviço Europeu para a Ação Externa e

melhorar os mecanismos de cooperação com a NATO, enquanto seu principal parceiro.

Alertou ainda para necessidade de cooperação também nas áreas da administração interna e para

desenvolver estratégias de comunicação que façam frente à guerra de informação levada a cabo,

especialmente pela Rússia.

Deu como exemplo de boa cooperação com a NATO o centro de excelência localizado em Riga. Defendeu

também uma maior interação entre as forças militares da União Europeia e da NATO numa base regular, e a

adoção de boas práticas para a gestão de crises, com troca de informações entre os parceiros. Finalmente,

estando consciente das dificuldades económicas atuais, apelou aos parlamentos para que fizessem um

esforço no sentido de reforçar as verbas para defesa e segurança.

Alexander Vershbow discorreu acerca da atual realidade estratégica e das novas ameaças e desafios,

designadamente resultantes da atuação da Rússia — que, ao querer restabelecer esferas de influência,

quebra as regras internacionais e prepara-se para redesenhar as fronteiras à força -, e com a qual a NATO

não quer um confronto. Neste contexto, debruçou-se também sobre o surgimento de uma nova forma de

guerra híbrida, que combina intimidação militar, intervenção disfarçada, fornecimentos secretos de armas,

chantagem económica, diplomacia dupla e manipulação dos media, defendendo, no entanto, que os acordos

de Minsk são um passo importante para acabar com a violência e promover uma solução política para o

conflito na Ucrânia.

Alertou para o grande desafio das fronteiras meridionais, no Médio Oriente e no Norte de África, onde a

ideologia violenta do ISIL/DAESH aproveitou o falhanço da Primavera Árabe para incentivar o extremismo e o

sectarismo, e particularmente para a situação da Líbia, recordando que a Turquia, que é membro da NATO,

está na linha de frente dos combates.

Entende que devem ser melhorados os sistemas de informações para proteger as infraestruturas e agilizar

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os processos de tomada de decisões.

Defendeu que se deve continuar a trabalhar com a Ucrânia e outros países vizinhos do leste que aspiram a

um futuro europeu, em especial a Geórgia e a República da Moldávia, no sentido de os ajudar a tornarem-se

mais fortes, e ajudá-los a permanecer no caminho da democracia, abrir suas economias e criar instituições

eficazes, estando a NATO a dar-lhes um contributo importante na reforma dos seus sectores de defesa.

Quanto aos vizinhos do Sul, afirmou que os esforços da NATO devem ser complementares. Recordou que

ao longo das últimas duas décadas, desde os Balcãs ao Afeganistão, a NATO tem demonstrado uma

capacidade única para montar operações complexas, que envolvem aliados e parceiros, trabalhando em

conjunto com as Nações Unidas, com a União Europeia e com a Liga Árabe, e incentivou a União Europeia a

ajudar estes países a efetuar reformas políticas e económicas, criar instituições fortes e combater a corrupção.

Defendeu ainda a necessidade de maior coordenação no combate à guerra híbrida, à propaganda e à

desinformação, e na defesa dos valores democráticos ocidentais, trabalhar em conjunto na gestão das crises e

levar a estabilidade para além das nossas fronteiras. Finalmente, realçou a intensificação da cooperação

NATO-UE nos últimos anos, tendo ainda frisado que o apoio parlamentar é fundamental neste aspeto, pelo

que apelou ao reforço dos orçamentos tendo em vista colmatar as necessidades de equipamento.

Maciej Popowski assinalou o aprofundamento das relações entre a União Europeia, os Estados Unidos e

a NATO, designadamente em África, no Kosovo e no Afeganistão, bem como a crescente troca de

informações, e congratulou-se com o retorno da França à estrutura militar da União Europeia.

Apelou ao empenho político no reforço da colaboração com a NATO e o interesse da complementaridade

na intervenção de ambas as instituições, de acordo com as valências de cada uma delas.

Reconheceu que, por vezes, é difícil compreender o que é a PSCD, pois embora não constitua uma aliança

militar, tem ambição militar e que, no atual contexto, a resposta da União Europeia a cada nova ameaça pode

ser diferente da que é dada pela NATO. De qualquer modo, entende que é necessário reavaliar o seu nível de

ambição e, porque a União Europeia tem a possibilidade de reagir a nível político, deve encontrar uma nova

formulação para política de segurança e defesa.

Referiu-se à colaboração na Ucrânia, onde a NATO está ajudar a reformar o setor da defesa, e onde a

União Europeia poderia colaborar na reorganização dos serviços de polícia, tribunais e de outras instituições

civis, com consequências importantes para a política de segurança da Europa.

Afirmou que não de deve apenas olhar aos custos com a defesa mas que também se deve avaliar a

qualidade dos projetos para onde são canalizados os investimentos, defendendo que uma parte substancial

deve ser aplicada em investigação e desenvolvimento.

Entende que o facto de o próximo Conselho Europeu debater a política de segurança e defesa é um sinal

importante atendendo à situação na Ucrânia e na vizinhança sul. Finalmente, afirmou que muito ainda há a

fazer na parceria União Europeia/NATO, designadamente na estratégia de comunicação em que todos de

devem empenhar.

Debate

No debate que se seguiu intervieram deputados do Parlamento Europeu e representantes dos Parlamentos

da Bulgária, da Itália, da Alemanha, de Portugal, de França, da Turquia, da Letónia, da Grã-Bretanha, da

Holanda, do Luxemburgo e da Geórgia, que colocaram questões e expressaram opiniões acerca do tema em

discussão, designadamente em relação à eficácia e à capacidade de defesa europeia, à cooperação

parlamentar ente a NATO e a União Europeia, à luta cibernética, às ameaças híbridas, ao fundamentalismo, à

criação de uma entidade militar da União Europeia, à defesa da Europa, às agressões da Rússia, à Turquia, à

situação na Ucrânia, à guerra hibrida, à revisão do artigo 5.º do Tratado da NATO, ao financiamento e aos

recursos da União Europeia, aos refugiados, à duplicação de funções, aos acordos de Minsk e à politica de

portas abertas, aos quais os oradores responderam.

O Sr. Deputado André Pardal usou da palavra para questionar acerca do que deve ser feito para

aprofundar as relações entre a NATO e a União Europeia, atendendo a que 22 países são membros de

ambos. Também questionou os oradores, no sentido de saber como seria possível incrementar o orçamento

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da NATO, tendo presente a atual situação de crise financeira que se vive na Europa. Por fim, como estavam a

União Europeia e a NATO a lidar com os problemas da cibersegurança e da ciberdefesa.

Sessão III

 Prioridades e Desafios da Política Externa e de Segurança Comum

Esta sessão, que teve lugar na manhã do dia 6 de março, contou com a intervenção de

Federica Mogherini, Vice-Presidente da Comissão e Alta Representante para a Política Externa e

Segurança.

Federica Mogherini começou a sua intervenção referindo a importância da cooperação com os

Parlamentos nacionais e a respetiva partilha de visões, e dando conta de que nesse mesmo dia se iria realizar

uma reunião informal de Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, em Riga, na qual seriam

abordados os seguintes temas: Ucrânia, Líbia; Preparação da Cimeira de Riga; Revisão da Política Europeia

de Vizinhança e Revisão da Estratégia Europeia de Segurança.

Relativamente à Ucrânia, apresentou o calendário próximo que assenta na preparação de um documento a

ser apreciado na próxima reunião de Ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia. Esse

documento visa estabelecer uma estratégia relativamente à Ucrânia tendo por base os Acordos de Minsk. A

estratégia deverá assentar em três níveis:

1) No quadro dos Acordos de Minsk:

 Apoio concreto aos diferentes pontos dos Acordos de Minsk através de diálogos a três (UE, Ucrânia e

Rússia), com especial ênfase para as questões energéticas (cooperação com o Vice-Presidente Sefcovic) e

questões comerciais (Acordos de Associação);

 Acompanhar a implementação dos Acordos de Minsk – considerou que o cessar-fogo não é perfeito,

mas é um passo importante; de igual modo referiu a necessidade de apoiar as forças no terreno,

designadamente o apoio técnico à força da OSCE;

 Apoio humanitário não apenas diretamente, mas também apoiando as organizações no terreno,

nomeadamente, a Cruz Vermelha;

 Apoiar a implementação dos Acordos de Associação, designadamente, apoiar as agendas reformistas e

a respetiva implementação.

2) Elemento de pressão:

 Manutenção das sanções, que não serão levantadas e que podem ser reforçadas – considerou, no

entanto, que deve ser dado um tempo para avaliar da necessidade de mais sanções e que se deve primeiro

olhar para os primeiros passos positivos já conseguidas.

3) Relações com a Rússia no futuro:

 É tempo de começar a pensar em como serão desenvolvidas as relações com a Rússia a médio prazo;

 Considerou que não se deve voltar a uma lógica da década de 50 e que, por isso, é claro que a União

Europeia não vai iniciar um conflito com a Rússia. Nem vai iniciar conflitos com nenhum dos seus vizinhos.

 Acrescentou que mesmo que na Rússia alguém prepare uma armadilha para levar a União Europeia ao

confronto, “não podemos e não iremos cair nessa armadilha”. A Rússia tem de perceber também que a União

não os vai confrontar.

 A União Europeia quer trabalhar com os Russos e não pode correr o risco de perder uma nova geração

de jovens russos. É urgente estabelecer pontes. É fundamental criar condições para que os jovens russos não

cresçam sem uma perspetiva de aproximação à Europa.

No seguimento da referência à situação na Ucrânia e na Rússia, fez uma breve referência ao homicídio de

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Boris Nemtsov, referindo que todos tinham ficado chocados.

De seguida abordou a questão da Líbia, referindo que um não-Estado na fronteira sul é tão perigoso para a

Europa como a anexação da Crimeia e a desestabilização na Ucrânia. Acrescentou que a União Europeia não

pode compactuar com situações de instabilidade em nenhuma das fronteiras europeias. Aludiu ao Daesh para

referir que coloca desafios não apenas à Líbia, mas também a todos os países do Norte de África e, logo, à

Europa. Considerou que a Líbia seria o primeiro ponto da agenda da reunião informal desse dia e que a União

tem de estar pronta para apoiar qualquer resultado da tentativa de reconciliação e de diálogo nacional.

Finalizou, referindo que não se pode considerar a Líbia um estado falhado, tem de se lutar contra essa ideia,

ainda que a transição seja difícil e que existam muitos obstáculos para ultrapassar.

Relativamente ao processo de paz do Médio Oriente, após aludir à visita efetuada à região, referiu que o

pós-eleições será uma oportunidade. Nesse sentido, assumiu o compromisso de reiniciar o quarteto e relançar

o processo de paz. Acrescentou que a não existência de um calendário é mais preocupante do que nunca e

que um calendário pode dar esperança e atenuar alguns comportamentos tendencialmente extremados.

Referiu ainda que o relançamento do processo de paz é tão importante quanto o alargamento da presença do

Daesh é preocupante.

No que diz respeito ao Irão e ao acordo que se encontra a ser negociado, esclareceu que um bom acordo é

possível e que este deve ter por base a vontade política e não negociações técnicas.

Depois da referência às situações que marcam a agenda, referiu que também era importante olhar para o

futuro e que a resolução de crises não pode impedir a União de pensar uma dimensão global estratégica.

Nesse âmbito aludiu a dois aspetos que considera vitais serem enquadrados:

1) Relações com a América Latina;

2) Relações com África (avançar da ajuda humanitária para diálogos políticos de parceria).

Relativamente à Estratégia de Segurança, referiu que foi preparada em 2003 num outro contexto e em

outras circunstâncias. Citou passagens para demonstrar a alteração da situação e aludiu à instabilidade nas

diversas fronteiras. Por isso concluiu que era necessário alterá-la e que, nesse sentido, está a ser preparada

uma avaliação das alterações de segurança face a 2003, que servirá de base para a alteração da Estratégia.

No que diz respeito ao calendário, referiu que, em junho, serão apresentadas as primeiras orientações no

Conselho e que será iniciado o debate em torno, não da revisão da Estratégia, mas sim da criação de uma

nova Estratégia. Esta nova Estratégia não será apenas de segurança, mas terá de englobar também

elementos de política externa – considerou que atualmente é impossível separar os dois aspetos.

Ainda sobre a alteração da Estratégia de Segurança referiu que tem de ser um processo partilhado e de

pertença dos europeus, não apenas dos governos, mas dos Parlamentos, das organizações, da sociedade

civil – um processo de todos. Nesse sentido, apelou aos Parlamentos nacionais para contribuírem ativamente.

De seguida, abordou a revisão da Política Europeia de Vizinhança (PEV). Começou por referir que a

história da PEV tem histórias de sucesso, a leste ou recentemente na Tunísia, no entanto, também tem um

lado negro e só a perceção disso permitirá fazer uma boa revisão.

Apresentou brevemente os 4 eixos da revisão: (i.) pensar o que os parceiros querem e precisam, mas

também o que pretendem da relação com a União Europeia; (ii.) estabelecer parcerias numa base de

igualdade ao nível político; (iii.) manter elementos da atual estratégia, mas garantir a introdução de elementos

de PESC e PCSD; (iv.) introduzir de instrumentos de cooperação (“capacity building”). Referiu que as crises na

Ucrânia e na Líbia não vão ser resolvidas através de uma alteração desta Política, mas que o futuro das

fronteiras europeias terá de passar por uma estratégia que vá mais além e que enquadre o futuro. Deixou uma

palavra final para incentivar os Parlamentos nacionais a participarem na revisão.

Relativamente à Cimeira de Riga, começou por vincar que uma parceria com a União Europeia não é, nem

será, uma hostilização de ninguém. Acrescentou que não se pode considerar que os acordos de associação e

de parceria possam de alguma forma implicar uma lógica de blocos, esta ideia está ultrapassada, faz parte de

uma Era que já não existe. Reiterou a ideia, frisando que se engana quem acha que existem blocos e quem os

quer reabilitar. Realçou que compete a todos criar novos laços e que a Parceria Oriental nunca foi um

exercício de governos, “é um exercício de todos”.

Finalmente, aludiu ao Conselho Europeu de Junho que terá na agenda a Política de Defesa. Acrescentou

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que não será um exercício de retórica, mas sim um debate sério para enfrentar os desafios atuais. Referiu que

União necessita de poder ter uma resposta evidente e de ter uma capacidade de defesa, o que só se assegura

com uma forte indústria de Defesa. No entanto, acrescentou que uma Política de Defesa Europeia só existirá

se os Parlamentos nacionais e se as sociedades a apoiarem, pelo que incitou cada deputado a defender no

seu parlamento e no seu país a importância dessa Política Europeia.

No seu entender, apesar de todas as crises e de todas as circunstâncias, o maior desafio continua a ser

interno: ultrapassar a narrativa de que entre “nós” e “eu” existe um fosso. Não existe nem existirá uma política

externa sem os 28, mas uma política comum e uma cooperação entre todos é fundamental para a firmar a

União Europeia com um ator global.

Debate

Intervieram, para colocar questões e fazer comentários, deputados do Parlamento Europeu e

representantes dos parlamentos da Bulgária, de Portugal, da Alemanha, de Espanha, do Reino Unido, da

Suécia, da Lituânia, da Roménia, de Chipre, da Grécia, da Estónia, da Polónia, de França, da Hungria, de

Malta, da Bélgica, da Turquia, da Holanda, de Itália e da Letónia.

O Sr. Deputado António Rodrigues usou da palavra para se referir às relações com os Estados Unidos e

frisar que por vezes acabam por se envolver em questões que dizem mais diretamente respeito à Europa; para

concordar com a visão da Alta Representante em relação à não confrontação com a Rússia, mas a favor da

confrontação com o Daesh; para alertar para o drama que se vive no Mediterrâneo e o problema de direitos

humanos no Norte de África, especialmente na Líbia, e que exige uma atuação forte; e, finalmente para realçar

a necessidade de a Europa falar a uma só voz e a para a importância da política de vizinhança como uns

valioso instrumento de política externa comum da Europa.

Em resposta às diversas intervenções, a Alta Representante referiu que relativamente à política europeia

sobre migrações tinham sido estabelecidas na última reunião do colégio de Comissários as orientações

políticas, que assentam nos seguintes eixos: questões humanitárias; regulamentação da migração legal;

questões económicas. Referiu ainda que a estratégia será delimitada por ela em conjugação com o

Comissário Avramopoulos. Neste âmbito, referiu que a Líbia será a chave para a política de migração, pois o

controlo dos movimentos migratórios na Líbia, implica o controlo das rotas mais importantes de migração para

a Europa. Por isso considerou ser fundamental criar na Líbia instituições ou uma Autoridade, que possa ser

interlocutora para estas questões e que assine a Convenção de Genebra.

Relativamente ao Iraque, afirmou que é importante apoiar o novo governo (até no quadro do combate ao

Daesh) e que a população curda deve ser enquadrada e apoiada institucionalmente, mas também através de

apoio humanitário.

Realçou a importância do TTIP no quadro da unidade transatlântica e de questões económicas. Referindo

que a Comissão Europeia espera concluir um acordo até ao final de 2015.

Sobre a Ucrânia reafirmou que existem diversas dimensões e que, por isso mesmo, nem todos os Estados-

Membros partilham a mesma visão. Recordou, no entanto, que faz parte do espólio europeu a sua diversidade

geográfica e que o desafio é, no respeito pela diversidade, criar uma posição comum. Realçou ainda que a

União Europeia esteve desde o início nas negociações dos Acordos de Minsk e que é errado afirmar que a

União não tem estado presente. Acrescentou que, mesmo quando dois chefes de estado estão sentados nas

mesas de negociação, estão com a União e com o apoio da União – informando mesmo que existiram

consultas diárias. Qualificou as negociações com um trabalho de equipa e referiu que o formato foi escolhido

por todos os europeus para conseguir atingir uma solução diplomática. Considerou mesmo que este foi o

formato mais adequado e mais eficaz. No entanto, recordou que as respostas terão de ser dadas pelos 28

Estados-membros.

Ainda sobre a Ucrânia, reafirmou que não se alteram fronteiras através da força e reconheceu a política de

comunicação da Rússia sobre esta matéria.

Neste contexto, recordou que nenhum Estado-membro está disposto a abdicar da sua política externa e

que por isso as iniciativas da União não devem contrariar as dos Estados-Membros, nem vice-versa. Um

Estado-membro, afirmou, pode defender uma política desde que esteja coordenada com a União, porque

assim a União pode falar em 28 línguas, mas a uma só voz.

Deu o exemplo da Bósnia Herzegovina e da iniciativa de dois Estados-Membros, que foi adotada pela

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União e que a Alta Representante assumiu, tendo depois levado a cabo a parte final do processo. Aproveitou

para comentar que 20 anos após Srebrenica é importante existirem boas notícias a vir dos Balcãs.

Relativamente a África, na sequência da pergunta efetuada pelo Deputado António Rodrigues, não se

alongou muito, mas reafirmou que juntamente com a América Latina serão duas apostas futuras, mas que a

discussão estratégica caberá ao Conselho.

Relativamente à Líbia, afirmou que o Representante Permanente está a desenvolver o necessário diálogo e

que espera que possa ter frutos.

Relativamente a alguns comentários sobre a implementação de disposições e possibilidades do Tratado de

Lisboa, ainda não totalmente exploradas, referiu que o Tratado de Lisboa está em vigor e que está a ser

implementado na medida da vontade dos Estados-Membros. No entanto, se os Estados-Membros consideram

que se pode ir mais longe, apresentem ideias e apoiem o reforço da PESC e da PCSD. Pelo seu lado,

assumiu o compromisso de agir em conformidade.

Relativamente ao processo de paz no Médio Oriente, referiu que a União tem o seu papel a desempenhar

em conjunto com os parceiros, mas tem um papel próprio, que não deve afastar e deve assumir. Referiu a

importância, neste quando, de associar países árabes ao processo.

Finalmente, apelou à necessidade de “re-energizar” a ideia de Europa, recordando que muitas vezes os

europeus se esquecem, ou não sabem, como são vistos de fora e como existe a perceção de que a União,

apesar de tudo, é um caso de sucesso em termos de cooperação para a paz.

Workshops

Decorreram, de seguida, reuniões paralelas de quatro grupos de trabalho.

Grupo de Trabalho 1

 A caminho da Cimeira de Riga: Parceria Oriental

Este grupo foi moderado por Lolita Čigāne, Presidente da Comissão de Assuntos Europeus do Parlamento

da Letónia.

Foram oradores Andrzej Galazewski, Vice-Presidente da Comissão dos Assuntos Externos do Sejm do

Parlamento da República da Polónia, Maciej Popowski, Vice-Secretário-Geral do Serviço Europeu para a Ação

Externa, Juris Poikāns, Embaixador para a Parceria Oriental do Ministério dos Negócios Estrangeiros da

República da Letónia, Kadri Liik, Senior Policy Fellow das Relações Exteriores do Conselho da Europa, e Eka

Tkeshelashvili, Presidente do Instituto de Estudos Estratégicos da Geórgia e Andris Spruds, Diretor do Instituto

de Relações Internacionais da Letónia.4

Foi relator o membro da Comissão Europeu dos Assuntos Externos do Parlamento Europeu, Petras

Auštrevičius, tendo-se referido à necessidade de consolidar a Parceria Oriental, designadamente através do

incentivo aos programas de reformas que reflitam os valores europeus da democracia. Porém, e tendo

presente a agressão da Rússia, deve haver mais investimento para assegurar a segurança da região, bem

como na comunicação e para anular a propaganda russa e facilitar a mobilidade entre os parceiros e a União

Europeia.5

Grupo de Trabalho 2

 Resposta europeia à Instabilidade e Ameaças no Mediterrâneo Sul e no Médio Oriente

Este Grupo de Trabalho contou com a moderação de Atis Lejiņš, Membro da Comissão de Negócios

Estrangeiros do Saeima da Letónia como fundador e ex-diretor do Instituto de Relações Internacionais da

Letónia, e com a colaboração, na qualidade de Relator, de Francis Zammit Dimech, Membro da Comissão de

Assuntos Europeus e Negócios Estrangeiros do Parlamento de Malta.6

A sessão começou com as intervenções dos quatro oradores: Guy-Michel Chauveau, Membro da

Comissão de Negócios Estrangeiros da Assembleia Nacional francesa; Pier Antonio Panzeri, Membro da

4 As notas foram preparadas por Diāna Potjomkina, Investigadora do Instituto de Assuntos Internacionais da Letónia

(http://parleu2015.lv/files/cfsp-csdp/wg1-eastern-partnership-background-notes-en.pdf) 5 Vídeo em (http://cdn.tiesraides.lv/960x540/saeima.lv/20150306162148_saeima.lv.audio.23.3_1) . 6 As notas foram elaboradas pelo Diretor do Instituto de Relações Internacionais do Parlamento da Letónia, Kārlis Bukovskis

(http://parleu2015.lv/files/cfsp-csdp/wg2-mena-background-notes-en.pdf)

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Comissão de Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu e Presidente da Delegação para as Relações

com os países do Magrebe; Christian Berger, Diretor do Serviço Europeu de Ação Externa para o Nore de

África, Médio Oriente, Península Arábica, Irão e Iraque; e Pēteris Veits, Membro associado do Instituto de

Relações Internacionais da Letónia.

As quatro intervenções focaram essencialmente a situação no Norte de África e do Mediterrâneo Sul, tendo

sido abordada a situação na Tunísia – o caso de sucesso da Primavera Árabe, mas suscetível de ter um

retrocesso por influência da instabilidade na Líbia (nota: estão documentados cerca de 3000 jovens tunisinos

nas fileiras do Daesh); a situação preocupante na Líbia – nomeadamente, a crescente influência do Daesh e a

necessidade de implementar um cessar-fogo, que permita reconstruir o estado; situação dos direitos humanos

na região, que se deteriorou; importância da cooperação europeia, no quadro da Política Europeia de

Vizinhança, para fortalecer as instituições destes países, mas também para colaborar na construção de

infraestruturas. Relativamente à situação nessa área do globo, Christian Berger classificou as transições

democráticas na região da seguinte forma: Transição inclusiva na Tunísia, Transição exclusiva no Egipto,

Transição desastre na Síria e na Líbia e Transição ilusória (“tudo no papel, mas nada no terreno”) no Iémen.

Neste contexto, foi abordada a necessidade de uma estratégia europeia coerente relativa às migrações.

Os oradores abordaram ainda o Daesh e as razões que fortalecem o movimento, nomeadamente, a forte

instabilidade na região, as instituições fracas ou inexistentes, a falta de perspetivas para o futuro e os níveis de

desemprego. Partilharam ainda a reflexão sobre a capacidade de influência e apelo junto dos jovens europeus

e referiram que se tal acontecesse não é difícil perceber o que sucede nos campos de refugiados, onde não

existe perspetiva de futuro.

No debate que se seguiu, existiu uma grande ênfase na situação na Líbia, tendo existido consenso

relativamente às oportunidades perdidas, à responsabilidade da Europa colaborar na criação e formação de

forças de segurança próprias, às preocupações sobre um efeito dominó que possa ocorrer na região, bem

como na importância de se aprender as lições de outros conflitos e os erros de construir países sem

instituições (exemplos: Timor-Leste e Iraque).

Questionou-se ainda até onde os europeus estão dispostos a intervir nos países vizinhos e se a estratégia

não deveria passar por impulsionar os locais a agirem. De igual modo, foi abordada a liderança da resposta,

tendo sido questionado o papel da ONU. Foi abordada a questão religiosa e como separar a religião e o

fanatismo.

Abordou-se também a importância da União e dos Estados-Membros estabelecerem relações com as

instituições existentes nesses países, nomeadamente, ao nível parlamentar.

A concluir, o Moderador referiu que a Europa não tem um ideal que seja apelativo para os jovens e que os

impeça de partir, tendo identificado esse como um dos maiores problemas.

O Relator apresentou as conclusões que depois seriam novamente apresentadas na sessão final da

Conferência. Nas conclusões aludiu à Líbia como o falhanço da Primavera Árabe e a Tunísia como o sucesso.

Referiu que os jovens em ambos os países ambicionam por uma vida normal com perspetivas de futuro e que

apenas isso pode impedir a proliferação de movimentos como o Da’esh. Referiu a importância de apoiar as

transições nesses países, designadamente, através de programas de educação, mas também nas áreas da

energia e cooperação. Realçou a importância da Política Europeia de Vizinhança e referiu a importância de se

considerar a criação de acordos de associação com os países do Mediterrâneo Sul, que possam enquadrar a

assistência económica e a cooperação. Relativamente ao papel da União Europeia, sublinhou que evitando

interferências internas, a União não pode deixar de estar presente ou outros ocuparão o seu lugar e é

importante que a Europa assuma as suas responsabilidades e apoie a criação de instituições, de

infraestruturas e o processo de democratização em geral.

Grupo de Trabalho 3

 Guerra híbrida: Um novo desafio de Segurança para a Europa

O terceiro grupo foi moderado por Rihards Kols, Vice-Presidente da Comissão das Relações Exteriores do

Parlamento da Letónia, tendo sido oradores Jānis Kārkliņš, Diretor do Centro de Excelência de Comunicações

Estratégicas da NATO, Contra-Almirante Waldemar Głuszko, Diretor-geral Adjunto do Estado-Maior do Serviço

Europeu de Ação Externa da União Europeia; James Sherr, Membro Associado do Programa do Instituto Real

de Assuntos Internacionais Rússia e Eurásia — Chatham House, Oleksiy Melnyk, Co-Director das Relações

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Exteriores e de Programas de Segurança Internacional no Centro Razumkov (Ucrãnia), bem como Andis

Kudors, Diretor Executivo do Centro de Estudos Políticos da Europa de Leste (Letónia)7

Foi relator Raimonds Bergmanis, Vice-Presidente da Comissão de Defesa, Administração Interna e

Prevenção da Corrupção do Parlamento da Letónia, tendo recordado o conceito de guerra híbrida e as

ameaça que consistem no emprego coordenado de uma série de instrumentos militares e civis, convencionais

e não convencionais e que inclui métodos de pressão psicológica, guerras de informação e ataques

cibernéticos, realçando a importância dos centos de excelência da NATO – de segurança energética,

cibersegurança e comunicações estratégicas – instalados nos Países Bálticos, e que com os quais a União

Europeia deve trabalhar mais intimamente. Apontou, finalmente, ainda a necessidade de agilizar as decisões

no combate a estas novas ameaças8.

Grupo de Trabalho 4

 Desafios e Soluções para o envio de forças militares no quadro legal existente

O quarto Grupo de Trabalho foi moderado por Michael Gahler, Membro da Comissão de Relações

Exteriores e da Subcomissão da Segurança e Defesa do Parlamento Europeu.

Foram oradores Frank E. van Kappen, Presidente do Comité Permanente dos Negócios Estrangeiros,

Defesa e Cooperação para o Desenvolvimento do Senado Holandês; Tenente-general Ton van Loon, Tenente-

General aposentado do Exército Holandês, bem como Nora Vanaga, Investigadora do Centro de Segurança e

Investigação Estratégica da Academia Nacional de Defesa da Letónia.9

As intervenções, assim como o debate, incidiram nos pontos referentes à capacidade de resposta rápida da

EU — através dos battlegroups, e às dificuldades que encontram, designadamente a falta de vontade política -

, a questão do financiamento e a divisão do risco envolvido, as questões decorrentes dos procedimentos

nacionais de autorização, a necessidade da existência de regras comuns e mais céleres, e ainda questões

operacionais de interoperabilidade com as forças da NATO e a necessidade de propor um novo conceito de

segurança e defesa europeia que lhes dê efetividade.

O relator foi Massimi Artini, Vice-Presidente da Comissão de Defesa da Câmara dos Deputados de Itália.10

Sessão de Encerramento

A sessão de encerramento foi presidida por Ojārs Ēriks Kalniņš, Presidente da Comissão de Negócios

Estrangeiros do Parlamento da Letónia, e Elmar Brok, Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do

Parlamento Europeu.

Foram apresentadas pelos vários relatores, as sínteses dos quatro Grupos de Trabalho, bem como as

respetivas conclusões.

De seguida, a Presidência apresentou uma versão das conclusões, que pretendia constituir uma versão

consensual tendo presentes as diversas alterações propostas pelas delegações. Esta versão das conclusões,

distribuída no decurso da sessão de encerramento, acabaria por ser aprovada. Todas as propostas de

alteração que foram sendo apresentadas foram analisadas pelos membros da delegação da AR, que

expressou a sua concordância com o documento final submetido pela Presidência.

Em anexo: Conclusões Finais da Conferência.

Assembleia da República, 24 de março de 2015.

O Chefe de Delegação, André Pardal.

7 As notas foram elaboradas pelo Diretor Executivo do Centro de Estudos Políticos do Leste Europeu, Andis Kudors

(http://parleu2015.lv/files/cfsp-csdp/wg3-hybrid-war-background-notes-en.pdf) 8 Vídeo em (http://cdn.tiesraides.lv/960x540/saeima.lv/20150306162148_saeima.lv.audio.23.3_1 9 As notasforam elaboradas por Nora Vanaga, Investigadora do Centro para a Investigação de Segurança e Estratégia da Academia

Nacional de Defesa da Letónia (http://parleu2015.lv/files/cfsp-csdp/wg4-battlegroups-background-notes-en.pdf) 10 Video em http://cdn.tiesraides.lv/960x540/saeima.lv/20150306162148_saeima.lv.audio.23.3_1

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ANEXO

FINAL CONCLUSIONS

Interparliamentary Conference for the Common Foreign and Security Policy (CFSP) and the

Common Security and Defence Policy (CSDP)

4 – 6 March, Riga

The Interparliamentary Conference,

Having regard to the decision of the Conference of Speakers of European Union Parliaments taken in April

2012 in Warsaw regarding the establishment and mandate of this Conference;

Having regard to Title II of Protocol I (and Article 9) of the Treaty of Lisbon regarding the promotion of

effective and regular interparliamentary cooperation within the Union;

Cognisant of the new powers and instruments foreseen by the Treaty of Lisbon for the European Union (EU)

institutions in the area of the foreign, security and defence policy; being aware that the new instruments create

better opportunities for the EU to wield an international influence commensurate with its political and economic

weight;

Conscious of the multi-layered decision-making process in the areas of the Common Foreign and Security

Policy (CFSP) and the Common Security and Defence Policy (CSDP); aware that effective implementation of

these policies must involve numerous policy actors at both the EU and national levels; conscious of the

responsibility to engage in parliamentary scrutiny at the respective levels and advance interparliamentary

cooperation in the areas of CFSP and CSDP;

Aware that the evolution of the international scenario has strengthened the role of the Parliaments as central

actors of global decision making, with specific reference to conflicts and crises.

Highlights of the Common Foreign and Security Policy

1. Acknowledging that the crises in and around Europe have ended the illusion of guaranteed peace for

Europe, expresses its utmost concern for the changed security landscape from Ukraine to the Middle East and

Africa; welcomes the commitment of the High Representative/Vice President (HRVP), on the basis of the

mandate from the European Council of December 2013, to initiate as a matter of priority a process of strategic

reflection of the EU's framework for the foreign and security policy in close consultation with the Member States

and the parliaments of the EU; insists that this reflection should lead, following consultation with the European

Parliament and National Parliaments, to a new European Security Strategy; remains convinced that the

Interparliamentary Conference for the CFSP and the CSDP should contribute to this important strategic

reflection.

2. Strongly condemns the murder of opposition leader Boris Nemtsov and calls for a clear commitment by

the Russian Government to ensure a full, rapid and transparent international investigation of the crime.

Fight against International Terrorism and Regional Radicalisation

3. Strongly condemns the barbaric terrorist attacks in France, Denmark and other countries; expresses its

deepest condolences to the relatives of the victims; emphasises that freedom of speech is an essential

fundamental freedom embedded in the foundation of the EU and that attacks in Paris and Copenhagen are to

be regarded as attacks on the fundamental values of the EU; strongly condemns any form of anti-Semitism and

islamophobia; underlines the need for a unified EU stance and an effective and comprehensive preventive

approach, more efficient use of the existing resources such as Europol, as well as enhanced cooperation

between the Member States in the field of intelligence sharing to tackle the radicalisation and recruitment of EU

citizens, as well as early identification and containment of foreign fighters and terrorists, according to the UNSC

Resolution 2178 (2014).

4. Calls with urgency for renewed efforts, in particular through global partnership and in a close cooperation

with Muslim countries in the region, to fight the self-proclaimed Islamic State of Iraq and the Levant (Da'esh)

and various Al-Qaeda-affiliated terrorist organisations in the Middle East and Northern Africa (MENA).

5. Is concerned about the decreasing level of security in Syria, Iraq and Libya where, as a result of the civil

wars and activity of the Da’esh, the humanitarian situation has deteriorated to a catastrophic level; emphasises

that the expansion of the Da’esh has turned these countries into a safe haven for Islamic radicals, thus posing

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a threat to the entire MENA region, as well as significantly increasing terrorism and security risks for Europe;

welcomes the recent military operations conducted by the international coalition, Iraqi army and Kurdish

peshmerga fighters in Iraq and recognises their contribution to the international coalition; condemns the

barbaric killing of the Coptic Christians in Libya and any form of persecution towards religious minorities by

Da’esh, as well as the repeated acts of violence towards women; strongly condemns the destruction of cultural

and archaeological heritage in Iraq and Syria, including targeted destruction of religious sites and objects;

welcomes the Joint Communication by the Commission and the HRVP, containing elements regarding EU’s

regional strategy for Syria and Iraq, as well as the Da'esh threat, as an important step towards a fully shared

and coordinated EU reaction.

6. Calls for an immediate and unconditional ceasefire in Libya; underlines that there is no military solution to

the conflict and that the current multidimensional crisis must be resolved in the framework of an all-inclusive

political dialogue by setting a roadmap on forming a unity government; welcomes the UN-facilitated political

dialogue process started in Geneva; calls on international partners – the UN, the EU, the African Union and the

League of Arab States – to ensure broader mutual coordination and to work with neighbouring countries with

the aim to end proxy wars; notes with concern the growing rise of the radical jihadism in Libya; calls on all

external parties to refrain from actions that might exacerbate current divisions and undermine Libya's

democratic transition, to strictly respect the arms embargo and to fully support the UN-led dialogue process;

calls for individually targeted sanctions against parties boycotting the UN-led talks; welcomes Egypt’s efforts to

protect Christians against violence motivated by religious prejudice.

7. Draws the attention of the EU and the international community to the escalation of violence by the

terrorist group Boko Haram in Nigeria and categorically condemns the terrifying crimes against innocent

civilians, as well as draws the attention to the recently increased activity of this terrorist group in the

neighbouring countries, namely Cameroon, Chad and Niger; welcomes the recent initiative of the African Union

to create the Multinational Joint Task Force to fight Boko Haram militants; in this context underlines its concern

about the postponement of the elections in Nigeria; calls for the elections to be held as soon as possible and

with a strong democratic participation and transparency.

8. Welcomes the initiative of the Latvian Presidency to address the issue of terrorism and foreign fighters

during the informal meeting of Ministers of Justice and Home Affairs in Riga on 29 and 30 January 2015, where

the ministers concluded that the threats to EU’s internal security should be addressed in the framework of the

European Agenda on Security, e.g., strengthening efforts on prevention of radicalisation, particularly in social

media, sharing information on terrorism prevention within the EU and strengthening judicial cooperation in the

fight against the terrorism.

9. Calls on the governments and societies of EU Member States to remain united and to prevent accusation

and stigmatisation of particular religious groups, thus to hinder terrorists from attaining their goal of intimidating

and dividing Europeans.

Situation in Ukraine

10. Reaffirms unwavering support for the sovereignty and territorial integrity of Ukraine; unequivocally

condemns the occupation and annexation of Crimea by Russia, which has violated the UN Charter,

international law and its own commitments, including the ones under the Helsinki Final Act of the OSCE and

the 1994 Budapest Memorandum on Security Assurances to Ukraine; reaffirms the respective European

Council Conclusions underlining the importance of the EU in pursuing a policy of non-recognition regarding the

illegal annexation of Crimea and Sevastopol; expresses great concern for deteriorating situation with regard to

human rights and freedom of expression, as well as the continuing persecution and intimidation of the Crimean

Tatar and Ukrainian community.

11. Condemns the hybrid warfare conducted by Russia in the Eastern regions of Ukraine and notes the

evidence of a continued support given to the separatists by Russia.

12. Calls for full implementation of the Agreements reached in Minsk that in particular provide for a

ceasefire, an exchange of prisoners and withdrawal of heavy weapons; is concerned by the continuing

violations of the ceasefire and urges an immediate cessation of all military activities; calls on Russia to take real

steps towards de-escalating the crisis in the Eastern Ukraine and to abide by the Minsk Agreements, which,

inter alia, provide for a complete ceasefire and withdrawal of heavy weapons, as well as cessation of the

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transfer of weapons and armed combatants across the border from Russia to Ukraine, withdrawal of Russian

armed forces and mercenaries from the territory of Ukraine, setting up a permanent monitoring of the Ukraine-

Russia border by the OSCE Special Monitoring Mission, restoring to Ukrainian authorities a full control over

Ukraine’s border with Russia, freeing all hostages and illegally detained persons, such as pilot Nadia

Savchenko, as well as the restoration of Ukraine's control over its whole territory, including Crimea.

13. Welcomes the decision of the extraordinary EU Foreign Affairs Council of 29 January 2015 to extend

sanctions to persons and entities threatening or undermining Ukraine's sovereignty and territorial integrity;

indicates that the decision of the EU to ease, lift or increase sanctions imposed against Russia will directly

depend on the implementation by Russia of its commitments under the Minsk Agreements; in the case of any

further Russian actions destabilising Ukraine, invites the European Council to take further restrictive measures

and broaden their scope; in this regard notes that further preparatory work has to be undertaken by the

Commission and the EEAS on any appropriate action.

14. Emphasises that a sustainable and peaceful solution to the conflict in Donetsk and Luhansk regions in

Ukraine can be achieved only by political means and diplomatic negotiations; notes the need to keep the

channels of communication with Russia open; acknowledges that these relations shall be based on the respect

for international law.

15. In view of the new threats posed by the massive and comprehensive propaganda of Russia, expresses

support for developing a common EU communication strategy which would enable the EU to effectively counter

disinformation campaigns carried out in such an information war; welcomes the decision of the extraordinary

EU Foreign Affairs Council of 29 January 2015 to task the HRVP to step up efforts, in cooperation with Member

States and EU institutions, to further improve strategic communication in support of EU policies and to explore

options for the establishment of a dedicated communication team to lead these actions.

16. Encourages Ukraine to maintain a strong focus and make progresses on the key reform areas by further

stabilising the political, economic, social, judicial and financial situation in the country, in particular by

implementing constitutional reform and fighting corruption; emphasises the key role played by the EU in

supporting the Ukrainian reform efforts, including by financial and technical means.

European Neighbourhood

17. Underscores that both the Eastern and Southern dimension of the EU Neighbourhood Policy are equally

important and should be supported without an unnecessary competition between them; recognises that, in the

light of the new political and military challenges in both principal bordering regions, the EU has to substantially

revise its policy towards its neighbourhood by, inter alia, placing a greater emphasis on establishing closer

cooperation with inhabitants and civic society.

Eastern Partnership: Towards the Riga Summit

18. Reiterates the decisive strategic role of the Eastern Partnership policy in supporting security, stability,

economic and social development, the rule of law and democracy in the EU's neighbourhood; emphasises that,

despite regional challenges, the Eastern Partnership remains a top priority in EU’s foreign policy; points out that

the Eastern Partnership must continue to serve as a joint political platform which offers differentiated

approaches to the partnership countries according to their individual aspirations in relations with the EU, also

by acknowledging the European perspective, and that in accordance with Article 49 of the TEU any European

country may apply to become member of the EU provided it adheres to the Copenhagen criteria and principles

of democracy, respect for fundamental freedoms and human rights; notes the necessity to help modernise

democratic governance, strengthen the rule of law, reform public administration and undertake economic

reforms in all the partner countries.

19. Expects the Eastern Partnership Summit in Riga on 21 – 22 May 2015 to provide a good opportunity to

take stock of what has been achieved since the Vilnius Summit and, whilst reconfirming commitment to the

Eastern Partnership policy, its further development and deepening, highlights the need to assess the progress

in implementing the Association Agreements during the Riga Summit; and therefore encourages National

Parliaments to finalise the ratification of the EU Association Agreements with Ukraine, Georgia and Moldova

before the Riga Summit.

20. Calls on the Riga Summit to provide strong and motivating political support for the most ambitious

partner countries that have achieved the greatest progress in their reform process by acknowledging their

European perspective and offering them a new deepened cooperation opportunities with the EU, based on a

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differentiated approach; also urges adoption of an individualised approach to the EU’s bilateral relations with

partner countries that have chosen a less ambitious level of cooperation.

21. Notes that progress in the mobility area with the Eastern Partnership countries is one of the deliverables

expected by the partner countries from the Riga Summit; hopes that the second stage of the Visa Liberalisation

Action Plan with Georgia and Ukraine will be completed, and that the possibility to sign the Visa Facilitation and

Readmission Agreement and the Mobility Partnership with Belarus and to achieve progress towards visa

liberalisation with Armenia and Azerbaijan will be successfully used until the Summit.

Southern Neighbourhood: The situation in the Mediterranean and the Middle East

22. Highlights the utmost importance of the MENA region, which, due to its geographic and cultural

proximity to the EU, has a direct impact on the EU Member States in the event of any conflicts or instability;

underlines the increasing spread of the irregular migration and human trafficking in the Mediterranean region,

which not only poses a threat to the security of the external borders of the EU, but also claims countless

victims; expresses its deepest condolences for the victims of sea tragedies; takes note of the Commission's

decision to extend the European initiative "Operation Triton" until December 2015; underlines the necessity for

a more functional management of migration flows, while urgently addressing current humanitarian emergency,

sea rescue operations and refugees in a coordinated manner; decides to follow-up on migration issues at a

workshop in Luxembourg.

23. Emphasises that, in light of the increasing security threats within the region, the Neighbourhood Policy

must be capable of providing an effective, united and sustainable support to its neighbours on the South of the

Mediterranean by focusing on providing assistance in forming a democratic system of governance, developing

a civic society and fostering people-to-people contacts.

24. Commends the Union for the Mediterranean as the most efficient and multifaceted cooperation forum in

the region, aimed at promoting regional cohesion and integration between the EU and Southern Mediterranean

countries.

25. Concurs with the Conclusions of the Foreign Affairs Council of 19 January 2015 on Tunisia welcoming

the successful and peaceful democratic path Tunisia has taken, as well as congratulating Tunisia on its

presidential and parliamentary elections; notes that the democratic transition in Tunisia is becoming an

example for the entire region; calls for the development of a comprehensive political and economic cooperation

and a support plan to consolidate Tunisia's new-born democracy.

26. Expresses hope that parliamentary elections in Egypt scheduled for March and April 2015 will proceed

in accordance with the general democratic principles, ensuring freedom of expression and assembly with due

consideration for the position and participation of women, and will be a significant step towards reunifying

society; considers the recent decision of Egyptian President to attend a Coptic Christmas service for the first

time in history of the state as a positive signal for the social reconciliation which should be extended to all other

faiths; calls on Egypt to refrain from executing imposed death penalties and imposing new ones.

27. Expresses concern about the deteriorating security situation in Yemen resulting from the offensive of

Houthi rebels which has provoked the resignation of the President of Yemen, the Yemeni Prime Minister and

his Cabinet; encourages and supports a peaceful transition in Yemen.

28. Expresses deep concern about the humanitarian situation in Gaza and tensions on Israeli borders that

highlight the need for urgent resumption of credible peace negotiations; underlines that there is no alternative

for a two-state solution to be reached through direct peace negotiations, and considers the EP Resolution of 17

December 2014 on Palestinian statehood an important step in this direction; emphasises that all parties,

including regional actors, should work towards this aim and help to achieve a sustainable solution in the Middle

East Peace Process.

29. Condemns the brutal violence used by the Assad regime against Syrian citizens, and calls for stepping-

up the pressure to bring about a genuine political transition in Syria, including by increasing support to the

moderate Syrian opposition; welcomes the efforts of the UN Special Envoy to achieve a strategic de-escalation

of violence.

30. Considering that environmental threats can also cause important security challenges, follows with

concern Turkey’s intention to develop a nuclear plant in Akkuyu — a highly seismic region on its Southern

Mediterranean coast; invites the European Commission to raise the issue in the next round of the pre-

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accession talks with Turkey.

Common Security and Defence Policy: Towards the June 2015 European Council

31. Stresses that the CFSP and the future revised European Security Strategy can be fully effective only if

they are underpinned by a credible Common Security and Defence Policy, as well as timely, effective and full

implementation of the Conclusions of the European Council on Defence of December 2013; in this respect

welcomes the commitment of the new HRVP, in her capacity as the Head of the European Defence Agency, to

make this a key priority during her tenure; recalls its determination to follow closely the progress in this area

and calls for tangible results ahead of the next European Council dedicated to this topic in June 2015; reiterates

that an annual meeting of the European Council on this topic, as well as regular meetings of the Council on

Defence, could further support progress in this area.

32. Supports the HRVP’s ambition to review the European Security Strategy (2003), which, along with the

European Parliament and the National Parliaments, should broadly involve wider foreign and security policy

community participation; underlines the need to redefine the role and security interests of the EU in the

constantly evolving security environment by taking into account the recent threats posed by radical movements

and break-down of the rule-based international order, as well as the level of ambition for further development of

the CSDP, inter alia, in developing the defence capabilities.

33. Recalls, after the European Council of December 2013, that the EU with its CSDP and other instruments

has a strong role to play through its unique comprehensive approach to preventing and managing conflicts and

their causes; stresses the importance of enabling the EU to assume increased responsibilities as a security

provider at the international level and in particular in its neighbourhood, thereby also enhancing its own security

and its role as a strategic global actor; emphasises the importance of cooperation between the EU and its

partners, in particular the UN, NATO, the OSCE and the African Union, as well as strategic partners and

partner countries in its neighbourhood, with due respect to the institutional framework and decision-making

autonomy of the EU.

34. Emphasises the need to continue to strengthen EU-NATO cooperation and coordination, especially in

defence capability development and synchronising military exercises; notes that the Transatlantic cooperation

has geopolitical importance with a great potential to strengthen European security as the Member States of

both organisations are facing new security challenges; in view of the fact that most Member States maintain

armed forces that participate in both NATO— and EU-led crisis management operations, reiterates, however,

the need to respect the security policies of those EU Member States which are not NATO members; underlines

the importance of ensuring strengthened cooperation in order to ensure that the tools employed to achieve the

CSDP and NATO objectives are compatible and that defence capabilities should be further strengthened and

developed through projects that are complementary rather than overlapping.

35. Recalls the necessity to strengthen the EU´s civilian crisis management structures bearing in mind the

fact that the majority of CSDP missions are civilian ones with a steadily growing demand thereof; notes the

existing problem of staffing those civilian CSDP missions with personnel from the Member States; suggests to

follow-up on this issue at the workshop in Luxembourg in the context of implementation of Conclusions of the

upcoming June European Council.

36. Urges Member States to realize that only through real and intensive cooperation Europe will be able to

build its own defence capacity in order to strengthen our sovereignty; highlights the need to increase the

number of Pooling & Sharing projects in implementing the CSDP; welcomes successful Pooling & Sharing

projects launched with the support from the European Defence Agency (EDA) and the EU Military Committee

(incl. the use of Remotely Piloted Aircraft Systems (RPAS) in line with international humanitarian law,

government satellite communications, Air-to-air refuelling (AAR), as well as developing Cyber Defence

capability); urges the Member States to use this opportunity by focusing on systematic medium— and long-

term cooperation and by exploring the benefits of the Pooling & Sharing initiative before developing their own

capabilities.

37. Considering that further developing of deployable rapid response capabilities is crucial and will require

more interoperability, more combined training and most of all regular evaluation of readiness standards,

underlines that the EUBGs and NATO’s NRF and VJTF concepts should be seen as complimentary and not as

competing structures; points to the role of EU Battlegroups, which, though yet to be deployed, raise levels of

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interoperability and readiness of armed forces and could serve as an important tool for implementing an aspect

of the CSDP; calls on the Member States to consider by default the deployment of EU Battlegroup as an initial

entry force where Member States have decided that a military rapid response is appropriate; underlines the

need to adopt a modular concept for the deployment of EU Battlegroups in order to create a more flexible

European capability which can operate as a force for rapid intervention and stabilisation operations in crisis

areas; encourages the European Council to find a constructive and permanent solution for financial

arrangements of EU Battlegroups deployment based on the ATHENA mechanism provisions; calls on the

HRVP to come up with proposals by the June European Council on how to improve EU Battlegroups by taking

into account the Conclusions of this Conference; decides to follow-up on implementation of Conclusions of the

June European Council on defence at a workshop in Luxembourg.

38. Encourages the Member States to organise themselves in order to start identifying capabilities that will

be needed to undertake missions that the Foreign Affairs Council may decide to entrust to a group of Member

States willing to perform this role, and to evaluate methods and procedures to jointly manage those tasks.

39. Underlines the new security challenges posed by the so-called 4th generation warfare — a hybrid war

which is manifested as a combination of unconventional and conventional military methods, elements of cyber,

economic and information warfare, as well as political pressure; stresses the need to strengthen the EU’s

resilience against challenges of the hybrid warfare by creating better civil-military synergies as well as the need

to increase dedicated Member States capabilities, including strategic communication and securing EU’s

external borders; invites the EU to further explore possibilities to improve strategic communication and

coordinate its efforts with the Alliance (i.e. the NATO Strategic Communications Centre of Excellence (CoE) in

Riga, Latvia).

40. Stresses the need to carry out a review of the existing ATHENA financing mechanism, as foreseen by

the Council Decision of 19 December 2011, notably on the scope of common funding; takes note of the on-

going work within the Council in this respect; invites the Council to start working on the definition of a simplified

mechanism within ATHENA mechanism for the financing of common costs related to implementation of

missions undertaken under Articles 43, 44 and 46 of the TEU.

41. Recalls the commitment of EU Member States to increase defence research and technology spending to

2% of all defence expenditure and calls on the Member States to live up to these ambitions; welcomes the

launch of a pilot project on CSDP research and the initial work on a preparatory action seeking synergies,

especially by using the European Defence Agency, with national research programmes.

42. Reminds that, given the increasing security challenges and threats, it is of paramount importance to

ensure that the EU is capable of fully assuming its responsibilities within the international community and

underlines the need to implement the relevant TEU provisions, in particular the Permanent Structured

Cooperation (PESCO); calls on the HRVP to be fully and proactively involved in proceedings related to

implementation of permanent structured cooperation under Article 42 (6) of the TEU.

43. Welcomes the HRVP's commitment to work closely with the European Parliament and National

Parliaments to ensure that EU’s foreign policy is focussed on delivering security, democracy, human rights,

stability and hope for a prosperous future for the citizens of Europe; welcomes the opportunity to work with the

HRVP on further strengthening dialogue and cooperation between parliamentarians and the HRVP on

important matters discussed at this Conference.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.

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