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Sábado, 4 de julho de 2015 II Série-D — Número 24

XII LEGISLATURA 4.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2014-2015)

S U M Á R I O

Delegações e Deputações da Assembleia da República:

— Relatório elaborado pelo Deputado Mota Amaral, do PSD, relativo à sua participação nos trabalhos dos Assuntos Políticos e da Democracia, da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, que decorreu em Roma, Itália, nos dias 4 e 5 do mês de Junho.

— Relatório referente à participação da Delegação da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública na Reunião Interparlamentar organizada pela Comissão Especial sobre as decisões Fiscais Antecipadas e Outras

Medidas de Natureza ou Efeitos Similares, que teve lugar no Parlamento Europeu, em Bruxelas, no dia 17 de junho de 2015. Grupos Parlamentares de Amizade:

Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Rússia:

— Relatório referente à visita oficial do Grupo Parlamentar de Amizade a Moscovo, que decorreu nos dias 17 e 18 de junho de 2015.

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DELEGAÇÕES E DEPUTAÇÕES DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Relatório elaborado pelo Deputado Mota Amaral, do PSD, relativo à sua participação nos trabalhos

dos Assuntos Políticos e da Democracia, da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, que

decorreu em Roma, Itália, nos dias 4 e 5 do mês de Junho

1. Participei nos trabalhos da Comissão dos Assuntos Políticos e da Democracia, da Assembleia

Parlamentar do Conselho da Europa, realizados em Roma, nos dias 4 e 5 de Junho.

2. A reunião da Comissão iniciou-se com um protesto pela inclusão de vários membros da Assembleia na

“lista negra”, recentemente divulgada pelo Governo da Rússia, das pessoas proibidas de entrar neste país, por

causa das suas posições relativamente à ilegal anexação da Crimeia, aliás incluídas em documentos

aprovados por toda a Assembleia.

3. Foi discutido um relatório sobre a situação na Hungria, que tem levantado preocupações no âmbito

europeu. Propus duas emendas, que não foram aceites. O exame da Hungria na Comissão ficou encerrado,

entendendo-se que o “monitoring” na Comissão competente será aberto no próximo ano, o que aliás constava

de uma das minhas emendas.

4. Sobre a cooperação com Marrocos intervim para assinalar os progressos feitos no sentido da

consolidação de instituições democráticas no nosso país vizinho do Sul, fazendo votos para que esses

progressos continuem. Com efeito, em Marrocos a “Primavera Árabe” tem sido bem-sucedida, ao contrário do

que aconteceu noutros países do Mediterrâneo.

5. A Comissão ouviu uma exposição da Ministra da Reforma Constitucional sobre os trabalhos em curso

na Itália.

6. A Comissão participou no Seminário organizado pela Câmara dos Deputados sobre o tema: “Código de

Conduta dos Parlamentares: comparação de experiências nacionais e internacionais”. Os documentos

distribuídos estão em anexo. Os oradores convidados abordaram a experiência dos códigos de conduta em

França, nos Estados Unidos e em geral nos países da OCDE; e também os trabalhos em curso sobre tal

matéria na Itália.

7. A Comissão promoveu uma reunião conjunta das subcomissões de Relações Externas e do Médio

Oriente e Mundo Árabe sobre o tema: “Dificuldades e oportunidades na região do Mediterrânio.”

8. O Embaixador de Portugal em Roma teve a gentileza de convidar-me para jantar na residência, o que

permitiu uma interessante troca de impressões sobre a situação política italiana e as relações Itália-Portugal,

enquadradas no âmbito da inserção dos dois países na UE.

Lisboa, 8 de Junho de 2015.

O Deputado do PSD, Mota Amaral.

Nota: O documento referido em anexo encontra-se disponível para consulta nos serviços de apoio.

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Relatório referente à participação da Delegação da Comissão de Orçamento, Finanças e

Administração Pública na Reunião Interparlamentar organizada pela Comissão Especial sobre as

decisões Fiscais Antecipadas e Outras Medidas de Natureza ou Efeitos Similares, que teve lugar no

Parlamento Europeu, em Bruxelas, no dia 17 de junho de 2015

Composição da Delegação

Integraram a Delegação da Assembleia da República a Sra. Deputada Elsa Cordeiro (PSD) e o Sr.

Deputado Ivo Oliveira (PS), ambos membros da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública.

O apoio técnico foi prestado pela Representante Permanente da Assembleia da República junto da União

Europeia, Maria João Costa.

Enquadramento

A Comissão Especial sobre as Decisões Fiscais Antecipadas e Outras Medidas de Natureza ou Efeitos

Similares (Comissão TAXE) do Parlamento Europeu organizou, nas instalações do Parlamento, em Bruxelas,

no dia 17 de junho de 2015, uma reunião interparlamentar para, tendo presente as exclusivas competências

dos Parlamentos nacionais em matéria fiscal, debater a tributação transfronteiriça das empresas, o

planeamento fiscal e a coordenação fiscal no espaço da União Europeia.

Da Reunião

Do Programa da Reunião Interparlamentar constavam os pontos que seguidamente se apresentam :

• Introdução

O Presidente da Comissão TAXE, Deputado ao Parlamento Europeu Alain Lamassoure, na introdução

inicial, sublinhou o papel importante dos Parlamentos nacionais no debate atual, tendo em conta a

competência dos Estados-Membros nas matérias fiscais. Realçou que as recomendações que a Comissão

TAXE efetuar no seu Relatório final, não poderão deixar de ter apenas natureza política e não legislativa, pois,

em última instância, caberia aos governos e Parlamentos nacionais decidirem qual as ações que deveriam ser

tomadas. Finalmente, agradeceu os contributos recebidos, designadamente o da Assembleia da República, e

agradeceu a presença dos Deputados de vinte Câmaras parlamentares.

• Intervenções iniciais

Pascal Saint-Amans, Diretor do Centro de Política Tributária e Administração da OCDE, deu uma visão

geral do trabalho da OCDE no domínio da erosão da base fiscal e transferência de lucros, referindo que a

OCDE estava a colaborar com vários governos e Parlamentos nacionais nestas matérias. No âmbito da sua

intervenção, sublinhou que os acordos bilaterais para evitar a dupla tributação não devem conduzir à não

tributação e que a OCDE tem sugerido ao G20 que tome uma decisão concertada com vista a evitar as não

tributações. Realçou a preocupação da OCDE com a situação nos países emergentes, que têm

enquadramentos jurídicos deficitários, bem como com o planeamento fiscal agressivo das grandes empresas,

que deles abusam. Referiu ainda que a OCDE está a preparar um plano, que será apresentado em outubro,

baseado na definição de standards mínimos que evitem o “treaty shopping” (isto é, tentar criar uma regra geral

de tributação, que combata a possibilidade das empresas escolherem, com base em acordos para evitar a

dupla tributação, locais em que escapem à tributação dos lucros, os “tax rullings” secretos (defendendo a troca

automática de informações sobre estas medidas), entre outras práticas. Concluiu referindo que qualquer ação

apenas funcionará se for concertada por vários países.

Heinz Zourek, Diretor Geral da DG TAXUD da Comissão Europeia, apresentou o plano de ação adotado

pela Comissão no mesmo dia, realçando a boa cooperação entre a União Europeia e a OCDE nesta matéria.

Começou por defender que os Estados-Membros da União Europeia não podem continuar a defender uma

política de acordos bilaterais para evitar a dupla tributação e que deve ser adotado um conjunto de regras que

proteja o mercado interno, mas tendo presente que existirá sempre um desfasamento entre o que se quer

alcançar e o que se pode de facto ser alcançado. Considerou que existe uma clara divisão entre os Estados-

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Membros sobre o caminho a seguir no que diz respeito à tributação e que o consenso só poderá ser obtido

optando por uma coordenação e não por uma harmonização fiscal. Essa coordenação deverá permitir aos

Estados-Membros conhecer as práticas dos outros Estados-Membros e agir em conformidade. Aludiu à

melhoria da proposta de diretiva sobre a base tributável comum das empresas, considerando que apenas uma

reformulação da proposta apesentada em 2011 poderá permitir gerar um consenso. No entanto, considerou

que a consolidação pode não existir desde início, mas talvez possa ser introduzida gradualmente, mas de

forma obrigatória. Defendeu ainda um código de ética fiscal único para as empresas que atuam na União, que

tenha como base o regulamento da OCDE. Identificou que um dos objetivos principais da Comissão é garantir

que as empresas multinacionais que usufruem do mercado único, paguem impostos nos Estados-Membros.

Finalmente referiu a importância da transparência das decisões fiscais, ainda que sublinhando não se tratar de

uma solução milagrosa, mas referindo que o melhor conhecimento dos regimes fiscais e das decisões fiscais

dos outros Estados-Membros pode conduzir a um mercado único mais saudável em termos concorrenciais.

• Troca de opiniões com os Deputados dos Parlamentos nacionais

Nas suas intervenções, os Deputados dos Parlamentos nacionais acolheram a iniciativa da Comissão

TAXE, bem como o seu trabalho em geral. Alguns referiram, no entanto, que não se deve ir além das práticas

nocivas identificadas pois não se pode correr o risco de diminuir a capacidade da Europa de atrair

investimento (por exemplo, Deputado Elorriaga — Cortes Espanholas). Vários Deputados sublinharam nas

suas intervenções, a necessidade de intensificar a luta contra a evasão fiscal, tendo alguns sublinhado o papel

importante da OCDE neste contexto (neste sentido, Deputada Karlsson — Riksdag Suécia; Deputado Völner e

Deputado Szatmáry — Assembleia Nacional da Hungria; e Deputado Twomey — Oireachtas da Irlanda). Foi

ainda referida a necessidade de preservar a competitividade internacional dos Estados-Membros (por

exemplo, Deputada Akesson — Riksdag da Suécia e Deputado Van Rompuy — Chambre des Représentants

da Bélgica).

Algumas intervenções enfatizaram a importância de garantir condições de concorrência equitativas no

mercado único, que é onde a União pode e deve atuar (neste sentido, o Deputado Papadopoulos —

Parlamento de Chipre; Deputado Gilkinet — Chambre des Représentants da Bélgica). De igual modo, alguns

Deputados apelaram a abordagens mais consistentes relativamente à tributação e demonstraram o apoio a

que se consiga um consenso relativamente à proposta de directiva sobre a CCCTB (por exemplo, Deputado

Saura — Cortes Espanholas; Deputado Laffineur — Assemblée Nationale de França, FR; Deputado Gambke

— Bundestag da Alemanha; Deputado Vanvelthoven — Chambre des Représentants da Bélgica).

Para lá destas intervenções, cumpre destacar a oposição demonstrada a quaisquer medidas que

ultrapassem a mera coordenação fiscal (nesse sentido, Deputado Papadopoulos — Parlamento de Chipre;

Deputado Twomey — Oireachtas da Irlanda; Deputado Fenech — Parlamento de Malta).

Em especial, o Deputado Elorriaga (Cortes Espanholas) aludiu ao regime fiscal de Gibraltar; o Deputado

Schwarz (Bundestag da Alemanha) defendeu a importância da troca de informações sobre decisões fiscais

antecipadas; e o Deputado Gilkinet (Chambre des Représentants da Bélgica) apontou para a necessidade de

olhar para a legislação nacional e pediu mais cooperação entre os parlamentos nacionais no desenvolvimento

de respostas ao problema de evasão fiscal.

O Sr. Deputado Ivo Oliveira começou por cumprimentar o Presidente da Comissão TAXE por esta iniciativa.

De seguida referiu que a Europa construiu uma União económica e até monetária com regimes fiscais muito

diferenciados, que deturpam a concorrência e que é fundamental combater as práticas fiscais agressivas.

Nesse âmbito recordou o caso Luxleaks para referir a necessidade de combater as práticas fiscais agressivas

de alguns Estados-Membros (Holanda, Luxemburgo e Irlanda, entre outros), que minam a base territorial e

provocam uma erosão insustentável da base tributária. Defendeu que a União Europeia precisa de uma

solução o mais breve possível, porque países como Portugal não têm condições de competir em pé de

igualdade com esses países. Considerou ser necessário aprofundar a partilha automática de informações

sobre decisões fiscais antecipadas (“Tax rullings”), aprofundar a tributação de entidades híbridas e harmonizar

a sua classificação, acordar uma base comum consolidada tributária para as empresas (CCTB), desenvolver

uma estratégia comum em matéria fiscal e acabar com estas práticas agressivas que minam a competitividade

e a coesão fiscal entre os diversos Estados-Membros.

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A co-relatora, Deputada Elisa Ferreira (S&D), salientou a necessidade de uma concorrência leal e

tributação efetiva, razão pela qual a evolução da integração europeia é extremamente necessária no campo da

tributação. Referiu ainda que a Comissão TAXE não iria propor harmonização, mas sim formas de garantir a

concorrência leal entre Estados, designadamente, através de coordenação, mas sem esquecer que a matéria

fiscal é uma competência dos Estados-Membros e não do Parlamento Europeu. Nesse sentido, concluiu,

apelando a um debate sério sobre este assunto nos Parlamentos nacionais.

O outro co-relator, Deputado Theurer (ALDE), argumentou que, no mínimo, era necessário um grau de

abertura para abordar esta questão e, ainda que a troca automática de informações sobre decisões fiscais

fosse importante, não pode deixar de se discutir seriamente a questão de uma base tributária comum.

No final da reunião, o Presidente da Comissão TAXE apresentou aos Deputados um projeto de declaração

(em anexo), que apenas o vincula a ele e que, sugeriu, poderia ser usado como ponto de partida para uma

discussão mais aprofundada, nomeadamente, durante a Conferência Interparlamentar ao abrigo do artigo 13.º

do Pacto Orçamental.

Em conclusão, voltou a insistir que nada na abordagem da Comissão TAXE ou do Parlamento Europeu

visou indiretamente ou veladamente tentar mudar a partilha de competências relativamente à tributação.

Argumentou ainda que a harmonização da base tributária das empresas não poria em causa a soberania dos

Estados-Membros. Finalmente recordou, que à semelhança da evolução do IVA, também a fiscalidade das

empresas deve iniciar o seu caminho, pois a concorrência fiscal entre Estados-Membros deve recair sobre os

preços e não sobre a base tributária.

Assembleia da República, 23 de junho de 2015.

A Deputada da COFAP, Elsa Cordeiro — O Deputado da COFAP, Ivo Oliveira.

Anexo: Declaração final do Presidente da Comissão TAXE.

Nota: O documento referido em anexo encontra-se disponível para consulta na respetiva Comissão.

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GRUPO PARLAMENTAR DE AMIZADE PORTUGAL-RÚSSIA

Relatório referente à visita oficial do Grupo Parlamentar de Amizade a Moscovo, que decorreu nos

dias 17 e 18 de junho de 2015

No âmbito dos seu programa de atividades o GPA Portugal-Rússia efetuou uma visita oficial a Moscovo, a

convite do Grupo Parlamentar homólogo.

Participaram nesta visita os Deputados Couto dos Santos (PSD), Presidente do GPA; António Filipe (PCP),

Vice-Presidente da Assembleia da República e do GPA; Marcos Perestrello (PS); e Raúl de Almeida (CDS-

PP). Esta delegação foi acompanhada, em praticamente todas as reuniões, pelo Embaixador de Portugal na

Federação da Rússia, Mário Godinho de Matos.

Reunião com o Grupo Parlamentar de Amizade Rússia-Portugal

Participaram nesta reunião os Deputados Alexander Romanovich (Presidente do GPA), Nadejda

Chaidenko, Ekaterina Kuzmitcheva e Mikhail Zapolev.

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O Senhor Romanovich afirmou que deve ser realçado o trabalho dos Deputados portugueses numa altura

difícil das relações com a UE. No entanto há uma diminuição do volume do comércio bilateral (cerca de menos

40%) e o número de turistas russos em Portugal também diminuiu em 2014. Já as relações culturais

registaram um aumento com a organização de várias iniciativas em Lisboa, com destaque para o Festival

Maratona (junho 2014) que procurou demonstrar a unidade cultural e o diálogo de civilizações na Europa.

Deve ainda ser destacada, como resultado positivo do trabalho dos Deputados russos e portugueses, a

abertura do Consulado Honorário de Portugal em São Petersburgo.

O Deputado Couto dos Santos referiu que esta era uma visita eminentemente política. Realçou três

aspetos que considerou fundamentais: Portugal, embora sendo membro de um conjunto de organizações

internacionais com as quais existem compromissos, não deixa de ser soberano e autónomo; Portugal, nas

suas relações com a Rússia, sempre considerou este país como integrante da Europa (o desenvolvimento

político e económico da Europa deve incluir a Rússia); Portugal faz parte dos países que tudo fará para que se

encontrem soluções satisfatórias. Isso traduziu-se, em plena crise de relações UE-Rússia, com a criação do

Consulado Honorário em São Petersburgo.

Referiu ainda a cooperação existente entre a Universidade de Aveiro (UA) e a Universidade de São

Petersburgo: há um trabalho conjunto na área da ciência/tecnologia e na língua (espera-se que o russo seja

ensinado brevemente na UA); o Festival Maratona de 2014 e o envolvimento das escolas do norte de Portugal

neste processo. Na área da cultura, a Casa da Música do Porto vai dedicar o ano de 2016 à Rússia.

Este trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na área da cooperação parlamentar tem tido êxito na

cultura, na educação, no ensino da língua mas ainda não existem resultados positivos na área económica.

Este é o próximo desafio, tendo sido proposto um encontro anual que envolva personalidades dos dois países

em várias áreas.

A Senhora Kuzmitcheva mencionou que existe um potencial para mais cooperação entre os dois países na

área da cultura. Informou ainda que a Rússia está a reformular a sua legislação nesta área.

O Senhor Zapolev afirmou que a situação internacional é bastante tensa e o risco de conflito é elevado. A

posição portuguesa sobre a atual situação internacional demonstra bom senso, devendo ser encontradas

soluções no diálogo. Existe uma contradição entre os princípios da integridade territorial e da

autodeterminação dos povos, mas para solucionar esta questão devemos olhar para os documentos básicos

da ONU.

O Vice-Presidente António Filipe salientou a importância que a AR atribui ao estreitamento de relações

entre os dois Parlamentos. A Rússia é um grande parceiro europeu, com o qual Portugal deve manter boas

relações a todos os níveis. É nosso dever enquanto parlamentares envidar todos os esforços para

salvaguardar a paz na Europa.

O Deputado Marcos Perestrello afirmou que não poderemos aprofundar as relações políticas, económicas

e culturais se não conseguirmos ter um clima de paz e segurança. Parecem existir problemas entre Estados e

organizações internacionais que não respeitam o "espaço vital" de cada um; persistem grandes dificuldades

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em encontrar líderes políticos com coragem para diminuir a tensão internacional, assistimos a isso na tensão

crescente entre a UE e Rússia mas também dentro da UE com a crise grega. É preciso encontrar um líder

político que tenha a coragem de parar, pensar e dar os passos certos para diminuir tensões.

O Deputado Raúl de Almeida afirmou esta delegação representa cerca 94% dos portugueses, sendo

Portugal um país amigo da Rússia. Destacou a cooperação na área do conhecimento entre a UA e a

Universidade de São Petersburgo, a qual deve ser reforçada. Afirmou que a diminuição do número de turistas

não é positivo, isso deve ser alterado porque o aumento das relações culturais passa também pelo aumento

de contactos turísticos e Portugal tem uma tradição de receber bem todos os que o visitam. A economia

também ajuda a que as relações entre os povos se intensifiquem, devendo esta área ser reforçada,

nomeadamente nas trocas do setor agro-alimentar. O futuro das relações entre os dois países passa por uma

Europa em paz e que saiba dialogar.

Reunião com o Senhor Mikhail Emelianov, 1º Vice-Presidente da Comissão da Duma Estatal de

Política Económica, Desenvolvimento, Inovação e Empreendedorismo

O Senhor Emelianov informou que competia à sua Comissão, entre outras, a área do comércio externo. A

distância geográfica entre Portugal e Rússia não pode constituir barreira para o desenvolvimento das relações

económicas bilaterais.

A economia russa está completamente aberta para o exterior de acordo com as regras da OMC. Os

empresários portugueses quando entram no mercado russo têm acesso também ao Cazaquistão, Quirguistão,

Bielorrússia e Tadjiquistão (Comunidade Económica Euro-Asiática).

Apesar das sanções europeias, e das contra-sanções russas, continuamos dispostos a cooperar. A política

não pode entrar nos negócios e impedir o desenvolvimento de relações entre os países. O bom senso

económico vai vencer e as sanções serão em breve eliminadas, o que vai permitir corrigir o desequilíbrio na

balança comercial bilateral.

Criou-se a imagem da Rússia como um país dependente dos hidrocarbonetos mas isso não é verdade já

que existem tecnologias desenvolvidas na área aeroespacial e materiais compósitos, entre outros.

Existem ainda oportunidades na indústria farmacêutica já que a Rússia importa 80% do que consome.

O Deputado Couto dos Santos afirmou que as principais áreas de cooperação económica abrangem os

setores agroalimentar, indústria farmacêutica, tecnologias da informação e novos materiais (daí a cooperação

da UA com a Universidade de São Petersburgo). Surgiu outra oportunidade de desenvolvimento de

cooperação científica entre as Universidades do Porto e de Perm. Há também um potencial de crescimento

com as PME portuguesas.

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Sendo a balança comercial de Portugal com Rússia deficitária, é objetivo desta visita que seja discutido o

reforço das relações económicas. Para tal foi sugerida uma reunião entre a Comissão de Economia da AR

com a sua congénere da Duma e empresários dos dois países para reforçar a cooperação económica.

O Embaixador Mário Godinho de Matos disse que há uma comissão mista Portugal-Rússia para assuntos

económicos e que o Acordo de cooperação sobre matérias económicas e técnicas está em discussão. Está-se

também a tentar minimizar o desequilibro da balança comercial que provém da importação de

hidrocarbonetos. Foram feitos progressos na exportação de produtos agroalimentares mas, com as sanções,

estas trocas foram afetadas. Dois dos produtos essenciais nas exportações portuguesas são vinho e azeite

que não foram afetados pelas medidas russas, ao contrário de outros produtos como máquinas e calçado.

Reunião com o Senhor Serguei V. Jelezniak, Vice-Presidente da Duma Estatal

O Deputado Couto dos Santos começou por referir que esta visita tem um caráter político. A delegação

manifesta sua vontade inequívoca de cooperação já que existe uma grande preocupação face ao estado das

relações UE-Rússia. Portugal sempre teve excelentes relações com a Rússia e existe algum incómodo por ter

que enquadrar as relações bilaterais na atual situação política.

Fez votos para que a situação das sanções se resolva rapidamente de forma a entrar-se novamente num

caminho de normalização das relações políticas e económicas.

Salientou a importância da criação do Consulado Honorário em São Petersburgo com o objetivo de

fomentar as relações entre os dois países e o facto de Portugal ser líder na CPLP, com 300 milhões de

pessoas a falar a mesma língua e com uma atuação de relevo na ONU.

Disse ainda que os empresários da UE não concordam com estas sanções, daí que seja fundamental

informar mais e melhor a sociedade civil sobre a atual situação internacional; a UE não tem liderança e há um

conjunto de interesses que são manipulados por agentes exteriores à UE, a qual não tem uma política própria

e autónoma. Neste contexto é fundamental avançar no campo bilateral para não se colocar em causa a

soberania de cada um.

O Vice-Presidente Jelezniak agradeceu a abordagem construtiva e afirmou que o único interesse dos

Deputados russos é manter a paz e a estabilidade; é uma tragédia quando no centro da Europa há

derramamento de sangue e o renascimento de ideais nazis e radicais. Entendemos a complexidade que

enfrentam os deputados portugueses neste clima de sanções. Devemos agir a bem dos eleitores de forma a

cumprir os seus desejos de paz, emprego e segurança.

As pressões sobre a Rússia não terão nenhum resultado mas a nossa missão é construir pontes. É muito

mais fácil encontrar soluções de forma bilateral, junto de cada um dos países da Europa, do que com as

instituições europeias. Os mecanismos de cooperação entre os nossos dois Parlamentos devem continuar a

funcionar, numa perspetiva de igualdade e respeito.

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Disse também que uma parte dos países da UE, a chamada “Nova Europa”, não quer uma “relação

positiva” com a Rússia porque tem um "trauma pós soviético" e toma decisões contrárias aos seus interesses:

“o que interessa é que as decisões prejudiquem a Rússia”.

Sobre os conflitos na Ucrânia e Geórgia afirmou que a Rússia tinha a sensação que estes não são

motivados por razões internas, mas são fomentados por potências exteriores. Sabemos o quanto os EUA

“investiram” na mudança de regimes naqueles dois países. Estas medidas tiverem como objetivo enfraquecer

a Rússia e destruir os laços de cooperação, nomeadamente económica, com a Europa.

Finalmente mencionou que o perigo do “Estado Islâmico” é preocupante. É um “demónio que foi criado

pelos serviços secretos dos EUA” e que já vai para além do Médio Oriente, já está no norte de África e

Mediterrâneo o que afeta diretamente Portugal. Este desafio implica a união dos nossos esforços.

O Vice-Presidente António Filipe afirmou que atribuía grande importância política a esta visita. Considerou

que a posição da UE face à Rússia não é nem justa nem defende os interesses da Europa. A Rússia deve ser

um dos principais parceiros da UE; os diferendos devem ser dirimidos pelo diálogo e não através do confronto

e as relações com a Rússia devem ser normalizadas; existe um potencial de crescimento das relações

bilaterais políticas, económicas e culturais.

Informou ainda que a AR aprovou por unanimidade um voto que assinalou os 70 anos do fim da Segunda

Guerra Mundial, tendo sido salientado o papel de todos os países que derrotaram o nazismo, nomeadamente

a URSS; manifestou também a sua preocupação pelo surgimento na Europa de ideias nazis e fascistas.

Referiu igualmente a celebração, este ano, dos 40 anos da Ata Final de Helsínquia que criou novas bases de

cooperação na Europa, sendo simbólico que estejamos atualmente numa nova fase de confronto.

O Deputado Marcos Perestrello afirmou que o principal objetivo dos povos é viver em paz e segurança; e

as relações económicas dependem precisamente da capacidade dos Estados de viverem num clima de

segurança. As relações da Rússia com a UE estão numa fase difícil e todos têm interesse em ultrapassar esta

situação. Por vezes é difícil entender determinadas decisões, como a previsível renovação de sanções

europeias; só seremos capazes de construir uma solução num clima de diálogo, em que todas as partes

estejam dispostas a dar passos concretos para a normalização das relações, em respeito pelo espaço vital de

cada um. A UE deve contribuir para a descompressão mas para isso talvez a Rússia tenha que dar o primeiro

passo porque “a Rússia é uma e a UE são muitos”.

O Deputado Raúl de Almeida disse que o objetivo de aprofundar as relações e a cooperação com a Rússia

é transversal a todo o espetro político português. As relações de boa vizinhança só são possíveis com o

respeito total pela soberania de cada um. A estabilidade que defendemos conduz ao progresso de todos: UE e

Rússia. Se as relações bilaterais forem reforçadas, a atual tensão com a UE será insustentável.

Reunião final com o Senhor Alexander Romanovich, Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade

Rússia-Portugal e Vice-Presidente da Comissão de Relações Internacionais da Duma Estatal

O Senhor Romanovich fez o balanço da visita do GPA português e defendeu que as próximas atividades

conjuntas poderiam passar pela abertura de novos Consulados Honorários portugueses na Rússia. O impacto

destas ações será muito positivo nas sociedades dos dois países já que se tratam de medidas concretas.

O Embaixador Mário Godinho de Matos referiu visitas recentes a várias regiões da Rússia. Para além das

questões económicas e culturais foram abordadas outras hipóteses de cooperação: criação de Consulados

Honorários e geminação de cidades o que permitiria estabelecer uma rede que iria diversificar as relações

entre os dois países, nomeadamente ao nível económico.

O Deputado Couto dos Santos mencionou que existe a hipótese de criação de Consulados Honorários em

Samara, Perm e Novossibirsk. No caso de Samara e Novossibirsk existe ainda a possibilidade de geminação

com Braga e Aveiro, respetivamente.

Os GPA devem assumir o compromisso de efetuar um encontro anual, um ano em Moscovo e outro em

Lisboa, com um tema específico e convidar representantes da sociedade civil e do mundo empresarial (a

próxima reunião entre os dois GPA poderá decorrer em Lisboa, em abril de 2016); também deverão trabalhar

em conjunto, dentro dos respetivos Parlamentos, para agendar reuniões entre as Comissões especializadas,

sendo que a primeira reunião poderia ocorrer entre as Comissões de Economia da AR e da Duma. Poderão

também decorrer reuniões entre as Comissões de Educação.

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Reunião com o Senhor Leonid Tyagachev, Vice-Presidente da Comissão de Assuntos Internacionais

do Conselho da Federação

O Senhor Tyagachev considerou que seria útil adotar um programa de trabalho com os parlamentares

portugueses. Existiram várias visitas bilaterais, nomeadamente dos dois Presidentes, portanto o

relacionamento político não corresponde ao atual estado das relações com a Europa. A sociedade russa

considera que as sanções europeias são injustas e os parlamentares devem ter um papel para ultrapassar

esta dificuldade.

O turismo, a cultura e o desporto são áreas consideradas importantes nas trocas entre Portugal e a Rússia.

A este propósito referiu que o fluxo de turistas russos reduziu-se de forma significativa nos últimos meses

devido às sanções, o que está a afetar Portugal. A visita da Presidente do Conselho da Federação a Portugal,

Valentina Matvienko, também foi cancelada devido a estas sanções.

O Deputado Couto dos Santos reafirmou a vontade de cooperar para que exista paz; salientou a soberania

de Portugal, independentemente dos Acordos e Tratados Internacionais a que o país está sujeito; disse

esperar que a visita da Presidente do Conselho da Federação possa ser realizada brevemente; e sublinhou a

sua preocupação com a UE, que por falta de uma liderança forte, vacila na sua unidade política.

Disse também que a melhor maneira de ultrapassar as atuais dificuldades é trabalhar de forma bilateral ao

nível parlamentar, também com o Conselho da Federação; e que Portugal, sendo uma nação muito antiga,

sempre teve excelentes relações com a Rússia.

Apesar dos constrangimentos provocados pelas sanções foi aberto o Consulado Honorário em São

Petersburgo; foi iniciada a cooperação técnico-científica da UA com a Universidade de São Petersburgo; e foi

concretizado o Festival Maratona; a Casa da Música do Porto vai dedicar o ano de 2016 à Rússia.

Finalmente referiu que, no âmbito da cooperação parlamentar futura, irão ser agendados encontros com as

Comissões de Economia e Educação e Cultura; e que a cooperação desportiva também deve ser reforçada.

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Reunião com o Senhor Alexander Rybakov, Vice-Presidente da Câmara de Comércio e Indústria da

Federação da Rússia

O Senhor Rybakov afirmou que defende uma “zona económica comum para toda a Europa”, do Atlântico

aos Urais, o que evitaria os conflitos com a Ucrânia e Geórgia já que estes países não teriam que "escolher"

entre diferentes áreas económicas.

Informou que a maioria do tecido empresarial russo está presente nesta Câmara de Comércio: 180

delegações no país, 76 conselhos bilaterais com outros países e 52.000 empresas associadas.

Referiu que o potencial da economia portuguesa é bem conhecido, nomeadamente em áreas como as

energias renováveis (algumas regiões russas têm um deficit energético), novas tecnologias, novos tipos de

têxteis e construção civil (eficiência energética dos edifícios); encorajou a cooperação com as diferentes

regiões da Rússia e não apenas com Moscovo; e disse que pretendia selecionar empresários interessados em

Portugal nas áreas mencionadas, nomeadamente na área da reciclagem (este setor está a dar os primeiros

passos na Rússia) e tecidos (que a Rússia importa em grande quantidade).

Mencionou que as sanções europeias refletiram-se mais nos grandes bancos, no setor militar e empresas

de gás; em 2014 as trocas comerciais com os EUA tiveram um aumento de 15%; e a Câmara de Comércio

visitou Portugal há dois meses e ouviu “queixas” de empresários portugueses do setor agroalimentar que

estão a ser afetados pelas sanções: “estamos a tentar ultrapassar estas dificuldades através de outras

exportações portuguesas, também na área agroalimentar”.

O Deputado Couto dos Santos referiu que os empresários portugueses estão interessados em exportar

mais para a Rússia e a atual situação não os satisfaz. Existem áreas que podem ser mais desenvolvidas ao

nível das trocas bilaterais: construção, materiais e infra-estruturas metalomecânicas para o Campeonato do

Mundo de futebol; medicamentos e dispositivos médicos; e ambiente (tratamento de lixos e energias

renováveis).

Participou também nesta reunião a delegada do AICEP em Moscovo, Maria José Rézio.

Assembleia da República, 24 de junho de 2015.

O Assessor Parlamentar, Nuno Paixão.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.

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