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Quarta-feira, 19 de maio de 2021 II Série-D — Número 18

XIV LEGISLATURA 2.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2020-2021)

S U M Á R I O

Delegação da Assembleia da República: Relatórios da participação da Assembleia da República nas reuniões da troica presidencial da COSAC – Conferência de

Presidentes da Conferência dos Órgãos Especializados em Assuntos Europeus dos Parlamentos da União Europeia, que se realizaram nos dias 7 e 11 de janeiro de 2021, por

videoconferência.

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DELEGAÇÃO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA RELATÓRIOS DA PARTICIPAÇÃO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA NAS REUNIÕES DA TRÓICA

PRESIDENCIAL DA COSAC – CONFERÊNCIA DE PRESIDENTES DA CONFERÊNCIA DOS ÓRGÃOS ESPECIALIZADOS EM ASSUNTOS EUROPEUS DOS PARLAMENTOS DA UNIÃO EUROPEIA, QUE SE

REALIZARAM NOS DIAS 7 E 11 DE JANEIRO DE 2021, POR VIDEOCONFERÊNCIA

Relatório da reunião do dia 7 de janeiro de 2021

Enquadramento

Desde julho de 2020, a Assembleia da República integra a troica presidencial da COSAC, de acordo com o

previsto no número 2.5 do Regulamento da COSAC: A troika presidencial da COSAC é composta pelas

delegações dos Parlamentos nacionais da Presidência, da Presidência anterior, da Presidência seguinte e do

Parlamento Europeu. Cada delegação é constituída por dois membros do respetivo parlamento.

A partir de 1 de janeiro de 2021, a Assembleia da República preside à troica presidencial através do

Presidente da Comissão de Assuntos Europeus, Deputado Luís Capoulas Santos.

Da reunião da troica presidencial

Da agenda da reunião constavam os seguintes pontos:

1 – Adoção da agenda da reunião da troica presidencial da COSAC

O Presidente da Comissão de Assuntos Europeus da Assembleia da República, Luís Capoulas Santos, deu

as boas-vindas às delegações da troica presidencial da COSAC e reiterou os seus agradecimentos ao trabalho

da Presidência alemã durante estes tempos difíceis. Referiu-se então à ordem de trabalhos da reunião da troica,

que foi aprovada sem alterações.

2 – Aprovação do projeto de programa da reunião de Presidentes da COSAC

O Presidente referiu-se ao programa da reunião dos Presidentes da COSAC, que seria dividido em duas

sessões.

A primeira sessão centrar-se-ia nas prioridades da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia

e seria apresentada por Augusto Santos Silva, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal.

A segunda sessão trataria da recuperação e da resiliência da União Europeia, com Elisa Ferreira, Comissária

Europeia para a Coesão e Reformas, como oradora principal.

Roberta Metsola, Primeira Vice-Presidente do Parlamento Europeu, agradeceu à Presidência alemã pelo seu

trabalho e agradeceu à Presidência portuguesa por uma agenda ousada e ambiciosa, constituída por questões

que também são de interesse para o Parlamento Europeu.

Marko Pogacnik, Presidente da Comissão dos Assuntos Europeus do Drzavni zbor esloveno, agradeceu à

Presidência alemã pelo seu excelente trabalho e expressou a concordância com a agenda da reunião

apresentada, desejando à Presidência portuguesa sorte para os próximos seis meses.

Bojan Kekec, Presidente da Comissão para as Relações Internacionais e Assuntos Europeus do Drzavni svet

esloveno, recordou a difícil situação de pandemia e expressou a sua concordância com as prioridades

estabelecidas pela Presidência Portuguesa.

Gunther Krichbaum, Presidente da Comissão para os Assuntos Europeus do Bundestag alemão, afirmou

aguardar com expectativa a Presidência portuguesa e a possibilidade de realização da reunião plenária da

COSAC em formato presencial. Sublinhou a necessidade de uma estreita cooperação no seio da troica,

especialmente no que diz respeito à Conferência sobre o Futuro da Europa.

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O projeto do programa da reunião dos Presidentes da COSAC foi aprovado sem alterações.

3 – Debate sobre o projeto de programa da reunião da LXV COSAC

O Presidente apresentou o projeto de programa da LXV COSAC, reiterando que a Presidência esperava que

fosse possível acolher em Lisboa. Referiu as cinco sessões temáticas que seriam abordadas durante a reunião:

a primeira sessão centrar-se-ia na Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia; a segunda sessão

trataria da Europa Social e da transição económica, digital e climática; a terceira sessão abordaria a

implementação dos planos nacionais de recuperação e resiliência e o papel dos Parlamentos nacionais; a quarta

sessão abordaria a Conferência sobre o Futuro da Europa; enquanto a quinta e última sessão seria dedicada a

um debate sobre uma questão de atualidade.

Roberta Metsola referiu-se à Sessão II sobre a Europa social e sugeriu convidar um membro da Comissão

do Emprego e Assuntos Sociais do Parlamento Europeu.

Gunther Krichbaum referiu a importância de manter uma troca de pontos de vista, em vez de uma reunião

orientada para oradores, caso esta fosse realizada de forma física, assegurando assim o debate. Acrescentou

que o debate de atualidade deveria ser sobre um tema com um enfoque na política externa, uma vez que todos

os outros temas da agenda se centravam em questões internas da UE.

O Presidente partilhou as preocupações de Krichbaum e referiu que seriam tidas em conta em relação ao

quinto tópico da reunião, sobre o qual os membros da troica foram convidados a apresentar sugestões.

4 – Aprovação do sumário do 35.º relatório bianual da COSAC

O Presidente apresentou o sumário do 35.º Relatório Bianual da COSAC, que seria dividido em quatro

capítulos: o primeiro capítulo procuraria analisar o Plano de Ação para a implementação do Pilar Europeu dos

Direitos Sociais; o segundo capítulo centrar-se-ia na Estratégia UE-África; o terceiro capítulo abordaria o Next

Generation EU e os planos nacionais de recuperação e resiliência; enquanto o quarto e último capítulo trataria

da Conferência sobre o Futuro da Europa.

O questionário seria distribuído no início de fevereiro, com respostas esperadas por parte das delegações

até 9 de março.

5 – Cartas recebidas pela Presidência

O Presidente referiu-se às seguintes cartas recebidas pela Presidência:

– Foram recebidas cartas de Sigríður Ásthildur Andersen, Presidente do Comité Permanente dos Negócios

Estrangeiros, islandês Althingi; Eric Nussbaumer, Presidente da delegação suíça EFTA-UE, Swiss Assemblée

fédérale; Tone Wilhelmsen TrØen, Presidente do Stortinget norueguês; Lord Charles Kinnoull, Presidente do

Comité da União Europeia, Câmara dos Lordes do Reino Unido; Maka Botchorishvili, Presidente do Comité para

a Integração Europeia do Parlamento da Geórgia. O Presidente referiu que, após consulta com a troica

presidencial, os convites seriam enviados a todos os parlamentos, com exceção do Parlamento da Geórgia, cuja

carta não foi recebida em tempo útil, não parecendo ainda existir qualquer ligação temática nas sessões da

reunião com o país, devendo o pedido de participação na LXV COSAC ser reavaliado mais próximo da data da

reunião. Além disso, o convite enviado ao Reino Unido só seria extensivo para esta reunião de Presidentes da

COSAC: a participação do Reino Unido na LXV COSAC seria reavaliada quando a cooperação interparlamentar

entre a UE e o Reino Unido fosse definida.

Gunther Krichbaum referiu-se às reuniões informais entre os Presidentes da COSAC e a Comissão Europeia,

salientando a sua importância e a necessidade de as manter. Sublinhou a necessidade de convidar Michel

Barnier, negociador-chefe da task-force para as Relações com o Reino Unido da Comissão Europeia, para estes

intercâmbios, ou, em alternativa, David McAllister, Presidente da Comissão de Assuntos Externos do Parlamento

Europeu, ou Bernd Lange, Presidente da Comissão do Comércio Internacional do Parlamento Europeu.

Roberta Metsola concordou com a possível audição com David McAllister, caso se mostrasse necessário.

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Quanto às cartas recebidas pela Presidência, referiu que o Parlamento Europeu concordava com o já decidido.

Gunther Krichbaum recordou a prática fixada durante a Presidência alemã e o acordo da troica em convidar

observadores para as reuniões apenas caso existisse uma ligação direta a um ponto da ordem do dia. Não seria

suficiente apenas solicitar a participação, estando relutante em concordar com a participação de um observador

que não estaria diretamente relacionado com os pontos da ordem de trabalhos, uma vez que a COSAC se

dedicava ao intercâmbio de práticas entre Estados-Membros da União Europeia. Especificamente no que diz

respeito à Geórgia, não havendo relação direta com o previsto projeto de programa apresentado que justificasse

a sua participação.

O Presidente concordou com a posição de Krichbaum e explicou que o seu objetivo era precisamente esperar

e avaliar se o tema da quinta sessão, ainda por definir, justificaria estender o convite a outros observadores ou

não.

6 – Outros assuntos

O Presidente referiu-se aos fóruns de discussão e expressou a vontade da Presidência de levar a cabo tais

iniciativas, mencionando especificamente a possibilidade de intercâmbio com o Michel Barnier para discutir o

processo de saída do Reino Unido; com a Comissária Věra Juourová para discutir o Plano de Ação Europeu

para a Democracia; e com a Comissária Stella Kyriakides para discutir o tema da saúde.

O Presidente concluiu assim a reunião, agradecendo aos colegas e recordando-lhes que o procedimento de

cofinanciamento do Membro Permanente do Secretariado da COSAC terminaria no final do ano 2021, sendo

necessário proceder à sua renovação para o biénio 2022-2023, pelo que seria remetida aos parlamentos

nacionais uma carta de intenção para continuação desta partilha de custos.

Assembleia da República, 12 de maio de 2021.

O Presidente da Comissão de Assuntos Europeus,

(Luís Capoulas Santos)

——

Relatório da reunião do dia 11 de janeiro de 2021

Enquadramento

Nos termos do Regulamento da COSAC (ponto 2.3), «Realizar-se-á antes de cada reunião plenária da

COSAC uma reunião preparatória dos Presidentes das Comissões dos Assuntos da União e do(s)

representante(s) do Parlamento Europeu, com o acordo da troika Presidencial da COSAC. Cada delegação é

constituída por dois membros do respetivo parlamento.»

A Assembleia da República, por conseguinte e no âmbito da dimensão parlamentar da respetiva Presidência

do Conselho da União Europeia (UE), organizou, via videoconferência, no dia 11 de janeiro de 2021 a reunião

de Presidentes da COSAC. Esta reunião contou com a participação dos parlamentos nacionais da UE, do

Parlamento Europeu (PE), dos Parlamento da Suíça, Noruega, Islândia e Reino Unido, conforme consta da lista

de participantes.

A Delegação da Assembleia da República foi composta pelo Presidente da Comissão de Assuntos Europeus,

Deputado Luís Capoulas Santos (PS).

A assessoria foi prestada pelo Representante Permanente da Assembleia da República junto da União

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Europeia, Bruno Dias Pinheiro, pelas Assessoras da Comissão de Assuntos Europeus, Catarina Ribeiro Lopes

e Elodie Rocha.

Da reunião dos Presidentes da COSAC

Do programa da reunião constavam os seguintes pontos:

Sessão de Abertura

Mensagem de boas-vindas do Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues

O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, deu as boas-vindas a todos os

participantes e agradeceu o trabalho desenvolvido pela Presidência alemã em condições tão difíceis. De

seguida, realçou a importância de os parlamentos nacionais respeitarem os Tratados, contribuindo, assim, para

o bom funcionamento da União, referindo a relevância da Decisão dos Recursos Próprios e o Programa de

Trabalho da Comissão para 2021, bem como ao impacto da COVID-19 e a necessidade de um processo de

vacinação comum. Sublinhou ainda a importância de progredir no âmbito do Pilar Europeu dos Direitos Sociais,

de se definir os termos da futura relação da UE com o Reino Unido e de reforçar as relações transatlânticas na

sequência das recentes eleições nos EUA. No que concerne à dimensão parlamentar da Presidência

portuguesa, salientou a reunião interparlamentar sobre a biodiversidade, a Conferência de Alto Nível sobre

Migração e Asilo e a reunião sobre as relações com África previstas. Além disso, informou sobre a previsão da

realização de uma Conferência sobre Democracias, a fim de debater a forma de valorizar a democracia e

aproximar os cidadãos das instituições parlamentares. Relativamente à Conferência sobre o Futuro da Europa,

destacou o apoio à sua implementação, expressando a sua expectativa de que as suas conclusões conduzam

a uma Europa mais forte e coesa e que se inicie a implementação de decisões estratégicas em 2021.

Notas Introdutórias do Presidente da Comissão de Assuntos Europeus da Assembleia da República

Luís Capoulas Santos, Presidente da Comissão de Assuntos Europeus da Assembleia da República,

agradeceu ao trio de presidências pelo trabalho desenvolvido, felicitou a Alemanha pela sua Presidência e

expressou a sua solidariedade para com os colegas croatas na sequência da recente tragédia que atingiu o

país. Dirigiu ainda uma saudação especial a Roberta Metsola, no seu novo cargo de Primeira Vice-Presidente

do Parlamento Europeu, responsável pelas relações com os parlamentos nacionais, e deu as boas-vindas aos

novos Presidentes de Comissões de Assuntos Europeus que estiveram presentes nesta reunião pela primeira

vez: Stefan Musoiu, Câmara Deputatilor, Roménia; Angel Tîlvar, Senatul, Roménia; Emanuel Mallia, Kamra tad-

Deputati, Malta; e Mailis Reps, Riigikogu, Estónia.

De seguida, o Presidente apresentou o projeto de programa da reunião dos Presidentes da COSAC, o qual

foi aprovado sem alterações.

Logo depois, transmitiu os resultados da reunião da troica presidencial, realizada no dia 7 de janeiro,

nomeadamente a aprovação da agenda da presente Conferência de Presidentes, do sumário do relatório bianual

da COSAC e do projeto de programa relativo à reunião plenária da COSAC, que terá lugar entre nos dias 30 de

maio e 1 de junho, dando nota também das cartas remetidas pela Presidência enviados pelos Parlamentos da

Suíça, Noruega e Islândia, da Câmara dos Lordes do Reino Unido e do Parlamento da Geórgia.Relativamente ao projeto de programa da LXV COSAC, informou que, além das questões procedimentais

habituais, contará com cinco sessões temáticas, designadamente a Presidência portuguesa do Conselho da EU,

a Europa social e o modelo para a transição económica, digital e climática, a implementação dos planos

nacionais de recuperação e resiliência e o envolvimento dos Parlamentos, a Conferência sobre o Futuro da

Europa e ainda um debate de atualidade sobre um tema a fixar mais perto da data da reunião. Expressou ainda

sua expetativa de que a reunião plenária possa ser em formato presencial.

Apresentou, seguidamente, o projeto de relatório bianual da COSAC, o qual terá quatro capítulos, o primeiro

sobre o Plano de Ação para a implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais; o segundo sobre a

Estratégia UE-África; o terceiro sobre o Programa Next Generation EU: escrutínio dos Planos Nacionais de

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Recuperação e Resiliência – implicações no Semestre Europeu; e um quarto sobre a Conferência sobre o Futuro

da Europa. Mencionou ainda que os temas se encontram associados às prioridades da Presidência e aos

debates da COSAC, e que o questionário será curto, prevendo-se o seu envio às delegações no início do mês

de fevereiro.

Quanto às cartas recebidas pela Presidência portuguesa com pedidos para participação nas reuniões da

COSAC de Presidentes e da COSAC Plenária, referiu que, após consulta da troica, entendeu-se estender o

convite às delegações da Noruega, Suíça e Islândia para participação nestas reuniões, tendo em conta as

matérias envolvidas. No caso do Reino Unido, o convite foi extensivo apenas para esta reunião, aguardando-se

a definição do futuro da cooperação interparlamentar. Relativamente ao pedido da Geórgia, tendo presente a

data de receção da carta e o facto de esta se tratar de uma reunião preparatória, referiu que se entendeu não

dirigir o convite para participação nesta reunião e que será reavaliado o pedido para a reunião plenária.

Por fim, referindo-se ao previsto no Regulamento da COSAC, recordou que os custos do Membro

Permanente do Secretariado da COSAC são partilhados pelos parlamentos nacionais que desejem contribuir.

Tendo em conta que o acordo para o período de financiamento em vigor termina no final de 2021, informou que

a Presidência portuguesa enviará uma carta às comissões de assuntos europeus dos parlamentos nacionais

para confirmarem a sua intenção de manter o atual mecanismo de cofinanciamento para o Secretariado da

COSAC para os próximos dois anos, com início a 1 de janeiro de 2022.

De seguida, relembrou as questões técnicas sobre os pedidos de intervenção no período de debate, tendo

sido transmitido um pequeno vídeo explicativo.

No período de debate intervieram Roberta Metsola (Parlamento Europeu) que desejou sucesso à Presidência

portuguesa, manifestou o seu apoio às decisões tomadas no âmbito da reunião da troica e referiu o ambicioso

programa da reunião plenária da COSAC, bem como ao esboço do relatório bianual, expressando a sua

confiança no lançamento rápido da Conferência sobre o Futuro da Europa.

Sessão I – Prioridades da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia

A primeira sessão teve como orador principal o Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de

Portugal, Augusto Santos Silva, que começou por referir que a Presidência portuguesa definiu três grandes

prioridades, as quais se encontram alinhadas com os objetivos da Agenda Estratégica da União para o período

de 2019-2024. A primeira prioridade tem como objetivo uma Europa resiliente, visando uma reação eficiente da

UE à crise sanitária causada pela pandemia da COVID-19, nomeadamente através de uma estratégia

coordenada de vacinação comum garantida para todos os cidadãos europeus e o reforço dos instrumentos

europeus relacionados com a saúde. Assim, seguindo as propostas feitas pela Comissão Europeia relativamente

à criação de uma União Europeia da Saúde, referiu que a Presidência portuguesa procuraria avançar com a

revisão e o reforço das responsabilidades do Centro Europeu para a prevenção e Controlo de Doenças e da

Agência Europeia de Medicamentos.

Além disso, deu nota de que a Presidência portuguesa pretendia abordar também o impacto económico

causado pelo pandemia da COVID-19, salientando a importância do relançamento da economia europeia e do

reforço do mercado interno, designadamente de dois instrumentos cruciais: o Quadro Financeiro Plurianual

2021-2027 (QFP) e o plano de recuperação, constituído pelo programa Next Generation EU e o Mecanismo de

Recuperação e Resiliência (RRF) destacando a importância da recuperação ter por base a transição verde e

digital, tendo manifestado a sua expetativa quanto à aprovação da primeira legislação climática, o início das

discussões sobre o digital, bem como a conclusão da reforma da política agrícola comum (PAC) e da nova

Estratégia Florestal da UE.

A fim de alcançar estes objetivos, salientou que a Presidência também abordará as consequências sociais

da pandemia, visando mobilizar os parceiros sociais e os cidadãos, e realçou a importância da implementação

do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, e referiu que a Presidência procurará promover a discussão sobre temas

como a nova «Garantia para a Infância» e a diretiva relativa a salários mínimos adequados na UE.

Finalmente, destacou que a Presidência pretende reforçar o papel da Europa como ator global, através da

retoma do diálogo com os Estados Unidos, a definição da futura relação com o Reino Unido, promovendo as

relações da Europa com a Índia e com África, bem como com a América Latina.

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Seguiu-se a fase de debate sobre o tema, no qual vários intervenientes sublinharam a importância da

resiliência e recuperação da Europa, designadamente através da proteção dos valores comuns como o Estado

de direito e a democracia e a relevância do papel da UE enquanto ator global, defendendo nomeadamente um

novo ímpeto às relações UE – África (Roberta Metsola, Parlamento Europeu; Bogdan Klich, Senado polaco;

Radville Morkūnaitė- Mikulėnienė, Seimas, Lituânia). Foi ainda destacado a importância da promoção da

digitalização e da transição verde da Europa (Mailis Reps, Riigikogu, Estónia; Sabine Thillaye, Assemblée

nationale, França; Gunther Krichbaum, Bundestag, Alemanha).

Vários oradores destacaram a importância de reforçar a dimensão social e a implementação do Pilar Europeu

dos Direitos Sociais, congratulando-se pela organização de uma Cimeira Social (Sergio Battelli, Camera dei

Deputati, Itália; Angel Tîlvar, Senatul, Roménia). Vários outros oradores referiram-se às relações UE-África

manifestando o seu apoio à realização de uma Cimeira UE-África e da promoção de uma parceria equitativa,

bem como da definição das futuras relações com o Reino Unido mediante um acordo de comércio livre que

aborde também questões de defesa (Susana Sumelzo Jordán, Cortes Generales, Espanha; Jean François

Rapin, Sénat, França).

Foi ainda referida a questão da migração enquanto desafio político fundamental para a Europa, tendo sido

manifestadas algumas preocupações sobre o pacote de migrações e asilo proposto pela Comissão Europeia,

bem como foi defendida uma abordagem baseada num mecanismo de obrigatoriedade em vez de solidariedade

voluntária nesta matéria (Dimitris Kairidis, Vouli ton Ellinon, Grécia; Silvana Giannuzzi, Senato della Repubblica,

Itália).

Além disso, aludiu-se à necessidade de, tirando partido das lições aprendidas durante a pandemia, melhorar

a resposta coordenada da UE para enfrentar crises, tendo sido feitos apelos a uma ação concertada a nível a

UE para fazer face às pesadas consequências sociais e económicas da pandemia (Domagoj Hajduković,

Hrvatski sabor, Croácia), bem como na área da saúde.

No que concerne à Conferência sobre o Futuro da Europa, vários oradores expressaram a sua expectativa

de que esta se inicie rapidamente, com foco no papel dos parlamentos nacionais (Ria Oomen Ruijten, Eerste

Kamer, Países Baixos).

Finalmente, vários oradores expressaram a sua expetativa relativamente do desenvolvimento do processo

de negociações sobre a adesão à UE da Sérvia e da Macedónia do Norte (Elvira Kovacs, Narodna skupština,

Sérvia; Arber Ademi, Sobranie, Macedónia do Norte).

O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal respondeu às questões colocadas,

reiterando o interesse da Presidência em manter os esforços encetados quanto à implementação do mecanismo

da UE sobre o Estado de direito, de avançar com a estratégia digital e verde e de estabelecer rapidamente

contactos com a nova administração dos EUA. Agradeceu o apoio manifestado em relação à dimensão social

da agenda portuguesa e reconheceu a migração como um desafio político fundamental para a Europa,

sublinhando a importância de se progredir com os instrumentos técnicos para alcançar progressos em toda a

dimensão da política de migração. Referindo-se ao alargamento da UE, referiu que a Presidência portuguesa

pretende convocar uma Conferência Intergovernamental com a Macedónia do Norte e a Albânia, bem como

prosseguir as negociações com os outros países candidatos. Por fim, destacou a importância da cooperação

com o Reino Unido em áreas essenciais como a segurança e defesa e salientou a relevância da parceria da UE

com África, defendendo uma estratégia conjunta entre a UE e a União Africana.

Sessão II – Recuperação e Resiliência da União Europeia

Esta sessão contou com a presença da Comissária Europeia responsável pela área da Coesão e Reformas,

Elisa Ferreira, que iniciou a sua intervenção destacando o papel crucial dos parlamentos nacionais, felicitando

a Presidência alemã pelo seu trabalho bem-sucedido, particularmente no que diz respeito finalizar as decisões

sobre os vários pacotes financeiros, e referindo que caberá à Presidência portuguesa implementar estas

decisões, conforme refletido no seu lema: «Tempo de agir».

Deu também nota de que a pandemia de COVID-19 teve um efeito sem precedentes na saúde, na mobilidade

e na economia da UE, afetando de forma desproporcional certos setores, regiões e grupos sociais. Salientou a

rápida resposta da UE dando como exemplos as medidas excecionais em matéria de auxílios estatais e de

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fundos de coesão, nomeadamente a Iniciativa de Investimento de Resposta ao Coronavírus (CRII e CRII+) e o

instrumento europeu de apoio temporário para atenuar os riscos de desemprego numa situação de emergência

(SURE).

Destacou ainda o trabalho da Comissão Europeia para assegurar as vacinas COVID-19, expressando a sua

convicção de que a aquisição conjunta seria a abordagem correta, já que aumenta a vantagem, baixa os preços,

assegurando que todos os Estados-Membros são tratados de forma justa e igualitária. Realçou ainda o programa

Next Generation EU (NGEU) como mecanismo sem precedentes de apoio aos Estados-Membros, a previsão de

novos recursos próprios, incluindo um mecanismo de fronteiras para prevenir a fuga de carbono e uma taxa

digital. Prosseguiu delineando os diferentes instrumentos de recuperação ao abrigo da NGEU, designadamente

a Ajuda à Recuperação da Coesão e dos Territórios da Europa (REACT-EU), o Fundo de Recuperação e

Resiliência (RFF) e, ainda, o Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 (QFP) e a política de coesão. Por fim,

apelou à utilização dos fundos europeus existentes, frisando a relevância do Programa Horizonte Europa para

tornar a Europa mais inovadora e resiliente.

Concluiu, sublinhando a importância dos Parlamentos nacionais, designadamente no que concerne à

ratificação da Decisão dos Recursos Próprios e à supervisão do plano de recuperação, assegurando informação

adequada aos cidadãos europeus para que as ações europeias sejam devidamente explicadas e

compreendidas.

Durante o debate que se seguiu, vários oradores tomaram a palavra para reiterar o papel dos parlamentos

nacionais relativamente aos planos nacionais de recuperação e de resiliência e à sua responsabilidade quanto

à ratificação da Decisão dos Recursos Próprios, bem como no processo de adoção dos programas de

recuperação e respetivo acompanhamento da sua implementação (Sabine Thillaye, Assemblée nationale,

França; Dragomir Stoynev, Narodno sabranie, Bulgária; Sergio Battelli, Camera dei deputati, Itália). Outros

oradores apelaram à adoção de decisões oportunas e adequadas para enfrentar os impactos económicos e

sociais da crise, com especial atenção às pequenas e médias empresas (PME) e nos setores estratégicos como

a área tecnológica, de sustentabilidade ambiental e inovação, incluindo a inteligência artificial (Gunther

Krichbaum, Bundestag, Alemanha; Sergio Battelli, Camera dei Deputati, Itália).

Foi ainda referido que a recuperação seria um tema central em 2021 e que o acordo da UE sobre os fundos

de recuperação correspondiam a um momento histórico e determinante para a EU, tendo Roberta Metsola

(Parlamento Europeu) sublinhado a ligação entre a dispersão dos fundos da UE e a proteção do Estado de

direito, a independência do poder judicial, a democracia e a liberdade dos meios de comunicação social,

referindo que o Parlamento Europeu permaneceria vigilante quanto à utilização dos fundos da UE e o respeito

pelos valores e o modo de vida europeus. Outros oradores salientaram a utilidade da flexibilidade dos auxílios

estatais e do quadro temporário, apelando à sua prorrogação até, pelo menos, dezembro de 2021, sugerindo o

alargamento do seu âmbito relativamente a outros setores como o turismo, logística e saúde (Silvana Giannuzzi,

Senato della Repubblica, Itália; Nicos Tornaritis, Vouli ton Antiprosopon, Chipre; Mailis Reps, Riigikogu, Estónia).

No que concerne à relação futura da UE com o Reino Unido, foi destacado o impacto no setor da pesca em

certas regiões dependentes deste, apelando-se à solidariedade para restaurar este impacto negativo, tendo sido

referida ainda a necessidade de adotar uma pesca sustentável e o controlo da sobrepesca (Jean-François Rapin,

Sénat, França).

Por fim, tirando partido das lições aprendidas com a pandemia da COVID-19, Satu Hassi (Eduskunta,

Finlândia) sugeriu o recurso mais regular a reuniões virtuais, limitando assim os voos com impacto ambiental.

Domagoj Hajduković (Hrvatski sabor, Croácia) realçou ainda o papel de uma UE forte e resiliente enquanto ator

global.

Nas suas respostas, a Comissária Europeia, Elisa Ferreira, recordou a ligação que a implementação dos

planos nacionais de recuperação e de resiliência pode ter na reforma e modernização da administração pública,

bem como na implementação da transição verde e digital sem esquecer a necessidade de coesão social e

regional. Reconhecendo o papel desempenhado pela ajuda estatal na atenuação dos riscos de desemprego,

referiu que os fundos de coesão estavam a ser utilizados com total flexibilidade, tendo sido prolongado através

do REACT-EU com 47,5 mil milhões de euros a serem utilizados pelos Estados Membros até 2023, e que estes

fundos poderiam também ser utilizados para financiar projetos passados (estabelecidos após 1 de fevereiro de

2020). Neste contexto, sublinhou a importância de ratificação a Decisão de Recursos Próprios pelos

Parlamentos nacionais, a fim de permitir à Comissão Europeia contrair empréstimos nos mercados a taxas mais

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favoráveis do que qualquer Estado-Membro individualmente.

No que diz respeito à relação futura com o Reino Unido e ao apoio específico às regiões mais afetadas pelo

Brexit, destacou o estabelecimento da Reserva de Ajustamento ao Brexit, com um orçamento global de cinco

mil milhões de euros, incluindo as regiões e setores que dependem das atividades de pesca.

Concluiu, afirmando que a maior parte da legislação relativa aos mecanismos de recuperação já se

encontravam finalizada e publicada, sendo agora necessário concretizá-la, destacando neste âmbito o papel

dos Parlamentos nacionais.

Encerramento da reunião

A sessão de encerramento ficou a cargo do Presidente da Comissão de Assuntos Europeus da Assembleia

da Republica, Luís Capoulas Santos, que agradeceu a presença de todos e a qualidade das intervenções,

afirmando que a Presidência portuguesa pretende dar continuidade aos fóruns de discussão, mencionando

especificamente a possibilidade de intercâmbio com o Michel Barnier para discutir o processo de saída do Reino

Unido; com a Comissária Věra Juourová para discutir o Plano de Ação Europeu para a Democracia; e com a

Comissária Stella Kyriakides para discutir o tema da saúde.

Concluiu, convidando os participantes a assistir virtualmente a um recital português com recurso ao

instrumento Cravo José Joaquim Antunes, tesouro nacional construído em 1758 e tocado por José Carlos Araújo

que interpreta uma sonata composta por um dos mais conceituados compositores portugueses do século XVIII,

Carlos Seixas.

Notas Finais

Além dos documentos citados e mencionados em nota de rodapé, toda a documentação referente à reunião

de Presidentes da COSAC pode ser encontrada em:

https://secure.ipex.eu/IPEXL-EB/conference/getconference.do?type=082dbcc564afa0210164b2da9f5102f8

Assembleia da República, 12 de maio de 2021.

O Presidente da Comissão de Assuntos Europeus,

(Luís Capoulas Santos)

A DIVISÃO DE REDAÇÃO.

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