O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Página 1

Quarta-feira, 1 de junho de 2022 II Série-D — Número 9

XV LEGISLATURA 1.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2022-2023)

S U M Á R I O

Delegação da Assembleia da República:

Relatório relativo à participação da Assembleia da República na Conferência de Presidentes de Comissão sobre as políticas europeias ao serviço dos cidadãos: PAC, fundos regionais e turismo sustentável no novo contexto do Pacto Ecológico Europeu, que teve lugar nos dias 20 e 21 de março de 2022, em Vale do Loire.

Página 2

II SÉRIE-D — NÚMERO 9

2

DELEGAÇÃO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

RELATÓRIO RELATIVO À PARTICIPAÇÃO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA NA CONFERÊNCIA

DE PRESIDENTES DE COMISSÃO SOBRE AS POLÍTICAS EUROPEIAS AO SERVIÇO DOS

CIDADÃOS: PAC, FUNDOS REGIONAIS E TURISMO SUSTENTÁVEL NO NOVO CONTEXTO DO

PACTO ECOLÓGICO EUROPEU, QUE TEVE LUGAR NOS DIAS 20 E 21 DE MARÇO DE 2022, EM

VALE DO LOIRE

A presente reunião interparlamentar teve lugar no final da 3.ª sessão legislativa da XIV Legislatura, tendo o relatório sido concluído

no início da XV Legislatura.

Da agenda da reunião, constavam os seguintes pontos:

– Sessão de Abertura

Laetitia Saint-Paul, Vice-Presidente da Assembleia Nacional responsável pela coordenação da dimensão

parlamentar da Presidência francesa do Conselho da União Europeia,em substituição do Presidente da

Assembleia Nacional francesa, Richard Ferrand, deu as boas-vindas a todos os participantes, começou por

expressar a sua solidariedade com as autoridades e povo ucraniano, realçando a unidade europeia

demonstrada com a adoção da declaração de apoio à Ucrânia na Conferência dos Órgãos Especializados em

Assuntos da União dos Parlamentos da União Europeia – COSAC, e a necessidade da União Europeia (UE)

definir a sua autonomia estratégica face aos impactos da guerra.

De seguida, referindo-se à sessão de trabalhos dedicada às políticas europeias ao serviço dos cidadãos,

salientou que o primeiro debate temático iria abordar a Política Agrícola Comum (PAC) e a melhoria da

qualidade alimentar para os cidadãos europeus, tema premente devido ao conflito na Ucrânia, com destaque

para a importância de garantir o abastecimento de produtos, o acesso a produtos locais e de qualidade, com

foco na sua origem, e os desafios climáticos que exigem o desenvolvimento de novos métodos, referindo a

estratégia europeia do prado ao prato. Relativamente ao segundo debate temático sobre os fundos regionais

ao serviço da transição energética, sublinhou a necessidade de a Europa reforçar a sua capacidade para

providenciar fontes de energia limpas e acessíveis, de forma autónoma e sustentável, realçando a importância

de assegurar uma transição energética justa. Por fim, referiu a relevância do terceiro debate temático sobre

turismo sustentável no novo contexto do Pacto Ecológico Europeu, na sequência dos impactos no setor

provocados pela pandemia de COVID-19, salientando a necessidade de promover as riquezas culturais e

paisagísticas da Europa, e sugerindo, por exemplo, a criação de um rótulo de turismo europeu para enfatizar a

importância dos parques naturais europeus e da preservação da natureza, assim como iniciativas de

promoção de experiências locais e as boas práticas dos Estados-Membros.

Delegação:

– Deputado Luís Capoulas Santos (PS) – Presidente da Comissão de Assuntos Europeus;

– Deputado Jorge Paulo Oliveira (PSD) – Presidente da Comissão de Economia, Inovação, Obras

Públicas e Habitação.

A assessoria foi prestada por Catarina Ribeiro Lopes, Representante da Assembleia da República

junto das instituições da União Europeia, e pela Assessora Parlamentar da Comissão dos Assuntos

Europeus, Elodie Rocha.

Página 3

1 DE JUNHO DE 2022

3

– Sessão I: PAC e a melhoria da qualidade alimentar para os cidadãos europeus

Roland Lescure, Presidente da Comissão de Assuntos Económicos da Assembleia Nacional francesa,

sublinhou a relevância da indústria alimentar para a saúde pública e para o meio ambiental, salientando a

importância de assegurar o acompanhamento dos produtores na transição verde e o acesso a produtos de

qualidade e a preços razoáveis. Referindo-se à criação da PAC, referiu que a guerra na Ucrânia demonstrou a

importância da questão alimentar, nomeadamente da definição de critérios de segurança e de produção

rigorosos, de legislação sobre rotulagem, do uso de mecanismos sustentáveis a nível ambiental, frisando a

necessidade de adaptar a estratégia europeia do prado ao prato. Apontou, ainda, novos desafios como a

rastreabilidade dos produtos e a capacidade de controlo da sua origem, realçando o papel que a tecnologia

pode desempenhar, e a importância de assegurar quer o acesso a produtos de qualidade, quer a um

rendimento razoável aos produtores.

Concluindo, destacou 3 pilares essenciais nesta matéria: a importância de prever a reciprocidade de

critérios, nomeadamente através de clausulas espelho nos acordos comerciais; a disponibilização de

informação adequada ao consumidor, com rótulos e rotulagem de qualidade; e a melhoria da questão

ambiental, recorrendo a alternativas saudáveis e sustentáveis.

Jean-François Longeot, Presidente da Comissão de Desenvolvimento Sustentável do Senado francês,

salientou os desafios económicos, sociais e de saúde associados às questões alimentares, referindo que a

guerra na Ucrânia reafirmou a sua importância. Apontou, assim, a necessidade de reforçar a resiliência do

modelo europeu, destacando a estratégia europeia do prado ao prato, tendo em vista a melhoria da qualidade

dos produtos e da sua produção. Realçou ainda a relevância da sustentabilidade, com base nos fatores sociais

e ambientais, sem os quais não é possível alcançar uma transição agroambiental, e alertou para a

necessidade de assegurar os meios adequados para os agricultores conseguirem acompanhar este processo,

dando nota sobre a lei francesa sobre o clima e a resiliência.

Olivier de Schutter, antigo relator especial da ONU para o Direito à Alimentação e copresidente do painel

de Peritos sobre sistemas alimentares sustentáveis, referiu a importância de debater o futuro da PAC e o seu

impacto no abastecimento de produtos na Europa, bem como a sua reforma e a necessidade de assegurar a

sua compatibilidade com a estratégia europeia do prado ao prato, dando nota sobre as iniciativas legislativas

direcionadas para uma agricultura mais sustentável. Referindo-se ao conflito na Ucrânia e às suas

consequências nos mercados internacionais, designadamente o aumento significativo do preço dos

combustíveis e do gás com repercussões diretas nos custos de produção agrícola e nos orçamentos

familiares, salientou os perigos da dependência de meios de produção com base na energia fóssil, o uso de

máquinas agrícolas de combustível, e o desenvolvimento de cadeias de abastecimento longas. Por fim, frisou

que a soberania alimentar implica uma estratégia de produção alimentar europeia que reduza a sua

dependência da importação de bens e a necessidade de acelerar a transição verde, colocando a PAC ao

serviço do interesse comum visando uma alimentação mais saudável, mais resiliente ao choque e mais

sustentável.

Karine Jacquemart, Diretora-executiva da NGO Foodwatch, destacou a importância do debate e do direito

fundamental à alimentação, referindo que este exige uma responsabilidade acrescida às autoridades públicas

e, em particular, às instituições europeias, já que a maioria da regulamentação alimentar provém da UE.

Referindo-se aos progressos alcançados na área, nomeadamente com o Regulamento (CE) n.º 178/2002, o

qual permitiu definir uma arquitetura transparente, clara e útil das regras alimentares na Europa, prevendo a

necessidade do direito à alimentação saudável, e estipulando no seu artigo 14.º disposições quanto a bens

alimentares potencialmente perigosos para a saúde. Alertou para a necessidade de se alocarem recursos para

os Estados-Membros assegurarem as cadeias alimentares, reduzindo o uso de pesticidas e evitando a

contaminação de solos e produtos, garantindo informação nutricional e uma rotulagem simples e clara que

permite uma alimentação mais saudável e um acesso igual a produtos de qualidade, nomeadamente através

de um logo nutricional transparente e independente, e regulamentando as campanhas publicitárias de

incentivo ao consumo de açúcar, gordura e sal excessivo. Concluiu, destacando a estreita ligação entre a

agricultura e a alimentação, tendo a crise atual demonstrado que o sistema não funciona, e reiterou o apelo

para a redução do uso de pesticidas e para a criação de maior resiliência, evitando a especulação e

assegurando o direito fundamental à alimentação.

Página 4

II SÉRIE-D — NÚMERO 9

4

Stewart Whitehead, Diretor de vendas da start-up de rastreabilidade alimentar Oritain, referiu que a sua

empresa pretende garantir a proveniência e autenticidade dos produtos alimentares, através de meios e dados

científicos, tendo em vista a proteção e promoção da proveniência e a integridade dos bens alimentares, e,

simultaneamente, assegurando a confiança das cadeias de abastecimento e a escolha dos consumidores e

dos produtores. Frisando a conexão existente entre a proveniência e a segurança alimentar, realçou que os

consumidores e produtores procuram cada vez mais informação sobre os bens alimentares, nomeadamente

se são seguros e sustentáveis. Defendeu a importância de introduzir a questão da rastreabilidade dos

produtos nas políticas, como a estratégia europeia do prado ao prato, uma vez que permite orientar o

consumidor na sua escolha, designadamente que os bens provêm de fontes seguras. Destacou, por fim, a

importância de adotar métodos científicos para assegurar a transparência e rastreabilidade dos bens.

No período de debate que se seguiu foram abordadas questões como o impacto da guerra da Ucrânia nas

cadeias de abastecimento de comida e a importância de garantir o acesso a comida saudável, de forma

sustentável e segura (Jerzy Chróścikowski, Senado polaco), e a necessidade de rever a PAC, com novas

cadeias de produção, mais pequenas, definindo um plano de segurança alimentar (Viktoras Pranckietis,

Parlamento lituano), visando assegurar a autonomia estratégica da UE. Foi ainda referida a relação da saúde

humana e animal com o ambiente, e a importância de assegurar critérios de segurança no armazenamento,

consumo e produção de bens alimentares, e a defesa da redução do uso de pesticidas e de utilizar uma

rotulagem adequada (Savia Orphanidou, Parlamento cipriota), bem como a relevância de definir critérios de

qualidade e regras claras nos acordos comerciais celebrados com países terceiros (Marijana Petir, Parlamento

croata; Teresa Macias Mateos, Senado espanhol). Vários oradores apontaram a importância do

reconhecimento científico, a rastreabilidade dos alimentos, a necessidade de combater práticas de dumping

económico, social, ambiental e de segurança alimentar, e a inclusão da sustentabilidade florestal na PAC

(Joan Capdevila I Esteve, Congresso dos Deputados espanhol), assim como o combate às alterações

climáticas e a proteção da biodiversidade, promovendo uma agricultura sustentável, com destaque para os

produtos locais, assegurando a confiança dos consumidores através do seu controlo laboratorial (Plamen

Abrovsky, Assembleia nacional búlgara). Por fim, visando fazer face aos impactos da guerra, foi referida a

possibilidade de recorrer aos planos de recuperação e resiliência para revigorar as cadeias de abastecimento

(Teresa Macias Mateos, Senado espanhol), a ativação de mecanismos excecionais como a reserva para

crises da PAC, a derrogação de auxílios estatais para o uso de energia carbónica e a adaptação da PAC

(Monica Ciaburro, Câmara dos Deputados italiana).

O Deputado Luís Capoulas Santos, referindo-se ao 60.º aniversário da entrada em vigor da PAC, apontou

os seus objetivos iniciais e a sua capacidade de adaptação às vicissitudes da história, corrigindo os seus

excedentes, abrindo-se aos mercados, acomodando os alargamentos, garantindo a qualidade e evoluindo na

direção certa no que diz respeito à adaptação e mitigação das alterações climáticas e aos novos desafios

ambientais. Frisou, no entanto, que a UE não conseguiu reduzir o carácter injusto da distribuição de fundos

entre os Estados-Membros, regiões e agricultores, salientando que as tímidas regras de convergência

adotadas após 2013, referindo o seu papel enquanto relator do Parlamento Europeu, não foram suficientes.

Realçando a avaliação global positiva da aplicação da PAC, referiu que a última reforma, concluída no final de

2021, sob a Presidência portuguesa, foi um bom compromisso, prevendo instrumentos mais adaptados às

diversas realidades e visando melhor concretizar o Pacto Ecológico Europeu e a implementação da estratégia

do prado ao prato. Continuou, referindo o impacto da pandemia e da agressão russa nas cadeias de

abastecimento alimentar, dando como exemplo Portugal, que desenvolveu um processo de especialização

produtiva, abandonando quase por completo a produção de cereais, tornando a Ucrânia e a Rússia os seus

principais fornecedores. Questionou, por fim, sobre a forma de assegurar um maior grau de autossuficiência

em alimentos de qualidade, a nível nacional e à escala europeia.

Em resposta, Karine Jacquemart frisou a importância de assegurar informação adequada ao consumidor,

e referindo-se ao impacto da guerra na Ucrânia, sublinhou a necessidade de encontrar soluções rápidas que

evitem a especulação de preços, alertando para os perigos do uso de pesticidas perigosos e os seus custos

escondidos, assim como a necessidade de criar um modelo de segurança alimentar mais resiliente, Olivier de

Schutter salientou que a maioria das questões colocadas relacionam-se com a proveniência dos produtos,

afirmando que as cadeias de abastecimento devem ser definidas com base em informação, transparência e

rastreabilidade, e apontando as vantagens de uma rotulagem adequada.

Página 5

1 DE JUNHO DE 2022

5

– Sessão II: Fundos Regionais ao serviço da transição energética

Elisa Ferreira, Comissária Europeia para a Coesão e Reformas, começou por sublinhar a importância da

política de coesão, expressão da solidariedade europeia, que une a transição energética a nível nacional e

local, reduzindo as diferenças e desigualdades existentes na UE, uma ferramenta indispensável para

responder aos desafios atuais resultantes da invasão russa na Ucrânia. Realçou, de seguida, a importância da

UE acelerar a transição energética e de reduzir a sua dependência da energia fóssil, mobilizando todos os

esforços e recursos para que se estenda a todas as regiões, utilizando os planos de recuperação e resiliência

para realizar investimentos. Destacou, assim, 3 planos de ações: a melhoria da eficiência energética,

reduzindo o consumo de energia, uma estratégia da reabilitação de edifícios públicos, novos programas de

investimento de reabilitação de prédios, na área da saúde, educação e habitação; o investimento em energias

renováveis, com transportes de baixo consumo inovadores; e o reforço do mercado interno através da

interconectividade de redes elétricas e de gás, transfronteiriças, visando reforçar a autonomia energética

europeia. Terminou salientando que a transição deve ser justa, sem deixar nenhuma região para trás, frisando

a importância da transição verde para a segurança da UE.

François Bonneau, Presidente da Região Vale do Loire Centro, em representação da Associação de

Regiões francesas, salientou a necessidade de se implementarem soluções sustentáveis para as questões

climáticas, referindo que a situação na Ucrânia exige uma solidariedade europeia e salientou a importância

dos fundos de coesão no apoio e acolhimento a refugiados ucranianos. Destacando a prioridade ambiental e

energética, referiu que o processo de transição deve ser feito com recurso a energias renováveis,

nomeadamente no setor do transporte e no desenvolvimento energético do edificado, realçando a importância

de assegurar uma transição das regiões suave e com neutralidade carbónica.

Stefano Bonaccini, Presidente da Região de Emília-Romana, deu nota da experiência da sua região, a

qual tem uma capacidade produtiva significativa, exportando a nível europeu e mundial nas áreas da

maquinaria, cerâmica, bens alimentares e vestuário. Referindo-se ao impacto da guerra na Ucrânia, apontou o

encerramento de fábricas devido à subida dos preços de energia e salientou a importância da autonomia

energética da Europa, com recurso à energia renovável e a utilização de fundos europeus. No caso da sua

região, destacou a criação de uma fundação que reúne sindicatos, trabalhadores e autarquias, visando o

rastreamento de energias poluentes, promove o uso de bicicletas, o transporte de autocarro gratuito a

estudantes, apoios para famílias e empresas com boas práticas. Concluiu, referindo a importância de

implementar o programa Next Generation EU a nível local e regional, apoiando projetos de inovação e

tecnologia.

Ronan Dantec, Senador do Loire-Atlantique e porta-voz para o clima do Conselho dos municípios e

regiões da Europa, sublinhou os objetivos climáticos europeus delineados, realçando que a atual economia de

guerra exige acelerar a transição energética, através da energia renovável e a reabilitação do edificado, bem

como a sincronização das políticas europeias, com o apoio das autoridades locais e regionais. Salientou a

necessidade de assegurar a simplificação das regras relativas aos fundos de coesão, aos critérios de

distribuição, limites de financiamento e volume, com destaque para o programa Fit for 55 e o Pacto Ecológico

Europeu, e a garantia do seu acesso direto às autoridades locais e municípios.

Grégoire Chauvière le Drian, Diretor da secção do Banco Europeu de Investimento em Paris, apontou a

importância de, face à situação na Ucrânia, garantir a disponibilidade rápida de dinheiro, referindo o apoio

prestado pelo Banco Europeu de Investimento (BEI). Sublinhou, de seguida, o apoio do BEI à ambição

climática a longo prazo, através do compromisso em torno de 3 questões principais: a exclusão do

investimento em projetos prejudiciais ao ambiente e a aposta em projetos de combate às alterações climáticas,

encorajando parceiros privados a apoiar o Pacto Ecológico Europeu; apoio financeiro a projetos europeus

carbonicamente neutros e de inovação tecnológica, dando como exemplo os projetos apoiados em vários

Estados-Membros; e o novo mandato do BEI no quadro dos planos de recuperação e resiliência e no combate

às alterações climáticas, tendo em vista o apoio à transição justa e à autonomia estratégica da Europa.

Zoé Lavocat, responsável para o clima e territórios da Climate Action Network, referiu a urgência climática,

a redução do uso de energia fóssil e a necessidade de adotar uma resposta global, designadamente no que

concerne à guerra na Ucrânia. Sublinhou, de seguida, a existência de soluções apelando à sua aplicação

adequada nas regiões, referindo que, segundo dados recolhidos pela ONG a que pertence, os fundos

Página 6

II SÉRIE-D — NÚMERO 9

6

europeus têm sido usados de forma insuficiente no combate às alterações climáticas e na transição

energética, e de forma desigual entre Estados-Membros, existindo uma falta de coerência entre os planos

nacionais e regionais. Por fim, destacou a importância de aplicar o financiamento europeu a projetos a longo

prazo, nomeadamente no apoio a habitações mais vulneráveis, frisou o papel que as regiões, Parlamentos

nacionais e Governos nacionais podem desempenhar no desbloqueio de obstáculos e dificuldades,

assegurando o acesso ao financiamento e à engenharia necessária, apostando em investimentos

sustentáveis, direcionados para a energia renovável e de baixo consumo.

No período de debate foi salientada a importância da transição verde e energética para a segurança e paz

na Europa, a necessidade de acelerar a transição energética e de esta ser inclusiva, e de reduzir a

dependência energética e de gás (Hussein Al-Taee, Parlamento finlandês), a relevância de reduzir o consumo

energético, apoiando as famílias e empresas, através da reabilitação do edificado (Cristiano Anastasi, Senado

italiano) revendo as infraestruturas energéticas e investindo em energias renováveis com recurso a soluções

tecnológicas (Elias Myrianthous, Parlamento cipriota). Além disso, foi realçada a importância de disponibilizar

os fundos europeus estruturais e de investimento de forma célere e menos burocrática, com destaque para o

Fundo de Transição Justa, diversificando fontes energéticas e promovendo investimentos em projetos

sustentáveis a longo prazo e carbonicamente neutros (Haris Theoharis, Parlamento helénico; Daniel Milewski,

Diète polaca), tendo sido salientadas as vantagens no desenvolvimento da energia renovável e na mobilidade

sustentável (Ružica Vukovac, Parlamento croata).

O Deputado Jorge Paulo Oliveira destacou a urgência da autonomia energética da UE, a qual se tornou

uma absoluta prioridade com o conflito na Ucrânia, exigindo a aceleração da transição energética e a

salvaguarda da segurança energética a curto e médio prazo para os cidadãos europeus. Neste contexto,

realçou a necessidade de alocar novos fundos para estas áreas prioritárias, apostando em fontes alternativas

sustentáveis e no desenvolvimento de projetos baseados no hidrogénio. Alertou que a transição energética

deve ser inclusiva, apoiando as regiões da União Europeia de forma diferenciada, pois há regiões com

maiores carências que outras. Salientou que as preocupações não podem basear-se apenas no

desenvolvimento de energia mais limpa, devendo ser considerado o papel das energias transitórias, em

particular o gás, destacando o papel que Portugal e Espanha podem desempenhar neste domínio. Apelou,

assim, que a interconexão dos Pirenéus, fosse novamente considerada um projeto de interesse comum, que

permitiria diversificar a origem do gás importado para a Europa, tirando partidodos terminais de gás natural

liquefeito existentes em Portugal e Espanha, que podem, no futuro, servir para o transporte de hidrogénio.

Em resposta, Zoé Lavocat sublinhou a importância da vontade política, salientando a importância da

transição verde ser inclusiva, referindo a existência de medidas para a reabilitação habitacional e a mobilidade

sustentável, e a necessidade de acabar com o uso de energias fósseis e desenvolver fontes de energias

renováveis, Grégoire Chauvière le Drian realçou a importância de investir na autonomia industrial europeia,

de utilizar os recursos financeiros de forma eficaz, nomeadamente na adaptação e no desenvolvimento de

reforma nas empresas europeias visando a transição energética e François Bonneau sublinhou a

necessidade de acelerar a transição energética, apoiando a criação de emprego, reforçando o apoio público

para fazer face aos desafios comuns e protegendo as regiões e o planeta de forma sustentável, a médio e

longo prazo, com destaque para a importância dos transportes e das infraestruturas.

– Sessão III: Turismo sustentável no novo contexto do Pacto Ecológico Europeu

Alessandra Priante, Diretora regional europeia da Organização Mundial do Turismo, referiu a resposta

rápida e coordenada da UE face à pandemia de COVID-19 e à situação na Ucrânia, destacando a unidade

demonstrada pela Europa, a qual se deve manter nomeadamente no que diz respeito à harmonização de

políticas do setor do turismo, com destaque para os fundos europeus e os planos de recuperação e resiliência.

Realçando os sinais positivos e de recuperação sentidos, sobretudo a partir do verão de 2021, alertou para a

necessidade de apoiar as pequenas e médias empresas (PME) e alguns Estados-Membros que dependem do

setor do turismo, frisando a importância de assegurar, simultaneamente, a sustentabilidade económica, social,

cultural e ambiental. Referindo-se à declaração de Glasgow, adotada na COP 26, e à pegada carbónica do

turismo, salientou a relevância de apoiar iniciativas de redução do uso de plástico, a promoção de políticas de

Página 7

1 DE JUNHO DE 2022

7

igualdade de género no emprego no turismo, a inovação e a formação profissional e as vantagens que podem

desempenhar as parcerias entre o setor público e privado.

Lazare Eloundou Assomo, Diretor do Centro do Património Mundial da UNESCO (vídeo) referiu a

necessidade de rever os critérios base da política do turismo, visando a sua sustentabilidade, destacando os

impactos da pandemia da COVID-19 nas comunidades locais. Salientando a decisão da UNESCO em

preservar bens imateriais, com base nos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), destacou o

programa de património mundial e o seu papel como plataforma de promoção do turismo, em colaboração com

parceiros públicos e privados. Alertou ainda para a necessidade do setor do transporte e do turismo apostarem

em iniciativas sustentáveis, como o european eco-label que visa reduzir o uso de plásticos, apoiar negócios

locais e a realização de viagens inclusivas e sustentáveis, com o apoio da ONU, promovendo as heranças

culturais, assegurando o compromisso dos diversos parceiros.

Alexandre Desseigne-Barrière, Vice-Presidente do Barrière Group responsável pela área de Estratégia,

sublinhou a importância do ambiente e da sustentabilidade, realçando a necessidade de o setor do turismo

assumir as suas responsabilidades. Dando como exemplo as atividades desenvolvidas pelo seu grupo

hoteleiro, destacou a adoção de medidas favoráveis ao ambiente, e a realização de parcerias com

associações locais, visando a proteção do ambiente, concluindo, referindo a importância de avaliar formas de

tornar o setor do turismo mais sustentável, em conjunto com as comunidades locais e os governos.

Jean-Marie Perrier, Presidente da Assocation for Fair and United Tourism, sublinhou a importância de

adotar planos de desenvolvimento de turismo sustentável, designadamente através de campanhas de alerta

ambientais, frisando a interligação entre a transição digital e social, e a necessidade de prever um apoio

financeiro, com a definição de regras de contratação baseadas em práticas sustentáveis, visando a transição

verde e justa, uma rotulagem de comércio justo e a apoio das pequenas e médias empresas.

No período de debate que se seguiu, foram abordadas questões como a resposta da UE face às

consequências económicas e sociais da pandemia da COVID-19 e o seu impacto no setor do turismo, como o

certificado digital, a importância da sustentabilidade económica, social e ambiental, bem como a proteção dos

valores culturais, paisagísticos e ambientais, e a partilha de boas práticas entre Estados-Membros (Monica

Ciaburro, Câmara dos Deputados italiana), a necessidade de garantir a disponibilização de fundos europeus,

nomeadamente para as PME (Marko Pavić, Parlamento croata), a promoção das zonas rurais e interiores

(Elias Myrianthous, Parlamento cipriota) a aposta em meios de transporte sustentáveis (Lucie Potůčková,

Parlamento da Chéquia; Andrei Korobeinik, Parlamento da Estónia), na transformação digital e em políticas de

proteção do emprego e de formação no setor (Susana Díaz Pacheco, Congresso dos Deputados espanhol;

Katerina Notopoulou, Parlamento helénico).

Em resposta, Jean-Marie Perrier referiu que o impacto negativo do turismo predatório nos negócios locais

e no meio ambiente, salientando a importância de apoiar projetos que promovem o emprego justo, bem como

a necessidade de se definirem regras fortes sobre a sustentabilidade no setor do turismo, Alexandre

Desseigne-Barrière salientou o aumento do turismo local, na sequência das restrições resultantes da

pandemia da COVID-19, fazendo um apelo para reforçar o apoio ao turismo local e das respetivas

comunidades.

A Vice-Presidente da Assembleia Nacional responsável pela coordenação da dimensão parlamentar da

Presidência francesa do Conselho da União Europeia, Laetitia Saint-Paul, encerrou a reunião, agradecendo a

participação de todos os membros.

Assembleia da República, 31 de maio de 2022.

O Presidente da Comissão de Assuntos Europeus da XIV Legislatura, Deputado Luís Capoulas Santos —

O Presidente da Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação da XIV Legislatura, Deputado

Jorge Paulo Oliveira.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO.

Descarregar páginas

Página Inicial Inválida
Página Final Inválida

×