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Quinta-feira, 4 de janeiro de 2024 II Série-D — Número 11

XV LEGISLATURA 2.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2023-2024)

S U M Á R I O

Delegações da Assembleia da República:

— Relatório da participação da Assembleia da República na reunião interparlamentar do Grupo Especializado de Controlo Parlamentar Conjunto (GCPC) sobre a EUROPOL, que

decorreu em Bruxelas, nos dias 20 e 21 de setembro de 2023. — Relatório da participação da Assembleia da República na 4.ª reunião interparlamentar para avaliação das atividades da EUROJUST, que se realizou em Bruxelas, no dia 7 de novembro de 2023.

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DELEGAÇÃO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

RELATÓRIO DA PARTICIPAÇÃO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA NA REUNIÃO

INTERPARLAMENTAR DO GRUPO ESPECIALIZADO DE CONTROLO PARLAMENTAR CONJUNTO

(GCPC) SOBRE A EUROPOL, QUE DECORREU EM BRUXELAS, NOS DIAS 20 E 21 DE SETEMBRO DE

2023

Delegação:

– Deputado Jorge Seguro Sanches (PS) – Membro da Comissão de Assuntos Europeus

– Deputado Paulo Moniz (PSD) – Membro da Comissão de Assuntos Europeus

– Deputada Patrícia Gilvaz (IL) – Membro da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades

e Garantias

– Deputada Alma Rivera (PCP) – Membro da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades

e Garantias

A assessoria foi prestada por Ana Cláudia Cruz, Assessora da Comissão de Assuntos Constitucionais,

Direitos, Liberdades e Garantias, e Catarina Lopes, representante da Assembleia da República junto das

instituições da União Europeia.

Da agenda da reunião, constavam os seguintes pontos:

Quarta-feira, 20 de setembro de 2023

• Adoção ordem de trabalhos e notas introdutórias (14h30 – 18h00)

Juan Fernando López Aguilar, Copresidente do Grupo de Controlo Parlamentar Conjunto (GCPC) da

Europol e Presidente da Comissão das Liberdades Cívicas, de Justiça e dos Assuntos Internos do Parlamento

Europeu, declarou aberta a sessão, dando as boas-vindas àquela que era a 13.ª Reunião do GCPC sobre a

Europol, referindo que estavam representados vinte Estados-Membros (EM), aludindo à reunião, que

antecedera, da troica, com Espanha e Bélgica, e explicitando que o objetivo da reunião era escrutinar a atividade

da Europol, especialmente no que tocava ao respeito pelos direitos fundamenais no âmbito das investigações

criminais. Informou ainda, em nome da presidência sueca, que o representante sueco participara na reunião da

direção da Europol realizada a 7 e 8 de junho, em Estocolmo, tendo o respetivo relatório sido distribuído,

prevendo-se a realização da próxima para dezembro, em Saragoça, no âmbito da presidência espanhola.

De seguida,David Serrada Pariente, Copresidente do Grupo de Controlo Parlamentar Conjunto (GCPC) da

Europol e Chefe da Delegação de Espanha no GCPC da Europol, endereçou os seus cumprimentos e

apresentou sumariamente o ponto de situação dos trabalhos desenvolvidos pelo grupo de trabalho constituído

para a criação do Fórum Consultivo Direitos Fundamentais, o qual foi constituído a 8 de junho, tendo reunido a

nível técnico, a 29 de junho e a 5 de setembro, com o intuito de preparar um projeto que versasse os princípios

gerais, a sua composição, os métodos de trabalho, os recursos, entre outros aspetos, considerando as posições

expressas pelas delegações. Agradecendo a participação de todos, deu conta de que a troica presidencial

decidira prorrogar o mandato do grupo de trabalho até à próxima reunião do GCPC, a organizar em março, pela

presidência belga, altura em que a proposta resultante do grupo de trabalho seria apresentada e debatida.

López Aguilar procedeu, então, à apresentação da agenda para os dois dias de trabalho, dando nota dos

temas previstos, e colocou-a a votação, tendo esta sido adotada sem objeções.

• Vídeo messages (15h30 – 15h45)

Fernando Grande-Marlaska Gómez, Ministro do Interior de Espanha, partilhou as suas reflexões sobre a

Europol, referindo que, enquanto país que assume a Presidência, Espanha tinha a honra de representar os 27

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EM, afirmando a confiança na Europol e o seu papel essencial na luta contra a criminalidade grave e organizada,

nomeadamente no que toca ao terrorismo, atuando através da partilha de informação entre bases de dados,

identificando vínculos transfronteiriços, identificando ameaças atuais e antecipando as futuras. Aludiu ao

alargamento do mandato da Europol e à sua articulação com a Procuradoria Europeia, considerando este um

passo importante para prevenir a corrupção e a fraude financeira na União Europeia (UE). Mencionou os acordos

celebrados com países terceiros em matéria de intercâmbio de dados e as conversações iniciadas com países

da América Latina, com quem considerou ser necessária uma cooperação mais estreita. Apontou a melhoria do

papel inovador e investigador da Europol e a cooperação com empresas privadas, particularmente com as

gigantes tecnológicas. Assinalou que a capacidade da agência para processar dados recebidos diretamente das

operadoras de comunicações pode ser crucial para importantes instrumentos legislativos, como a proposta de

regulação contra a luta abusos sexuais online, a qual outorga à Europol um importante papel no procedimento

de recuperação de informação de países terceiros quanto à identificação das pessoas que podem representar

ameaça para a UE e que devem estar registadas no sistema Schengen. Destacou a importância dos centros

especializados da Europol e a sua nova estratégia, a qual incluía o reforço da cooperação operativa com os

países Schengen, com a Interpol e com outras agências europeias como a Frontex, de forma a fortalecer o

intercâmbio de informação. Por fim, aludiu ao apoio à Ucrânia na luta contra crimes de guerra e fornecimento de

armas. Concluiu com a esperança de ter transmitido a importância que a Presidência espanhola outorgava à

Europol, necessária para manter os níveis de segurança na Europa, e desejando a todos uma sessão produtiva.

Ylva Johansson, Comissária Europeia para os Assuntos Internos, assinalou os novos desenvolvimentos do

mandado da Europol, afirmando o reforço dos seus poderes na luta contra o crime, o que significava um maior

poder de fiscalização para o GCPC. Aludiu às iniciativas anunciadas pela Presidente da Comissão Europeia,

incluindo a Aliança Portuária Europeia, um marco de um novo plano de ação contra o tráfico de drogas, referindo

que este era o tipo de crime mais lucrativo e organizado. Afirmou ser necessário um network para combater um

network criminoso, assinalando que o crime organizado era das maiores ameaças à sociedade, a par do

terrorismo. Apelou ao apoio dos EM às propostas que apresentaria para eliminar as redes criminosas, frisando

o papel essencial da Europol nessas iniciativas. Recordou os relatórios recentes da Europol que revelavam o

grau de sofisticação da atividade criminosa. Aludiu aos abusos sexuais online e incitou as delegações a

apoiarem a sua iniciativa para o seu combate. Por fim, expressou os seus votos de uma reunião bem-sucedida.

• Atividades da Europol de março a outubro de 2023; apresentação do Projeto de programação

plurianual da Europol 2024-2026 e resposta aos contributos escritos das delegações (15h45 – 17h45)

David Serrada Pariente assumiu, neste ponto, a condução dos trabalhos, passando, de imediato a palavra

à Diretora Executiva da Europol, a quem cumprimentou.

Catherine De Bolle, Diretora Executiva da Europol, cumprimentou todos os presentes e expressou o seu

contentamento por poder fornecer informação atualizada quanto às estratégias, operações e atividades

desenvolvidas pela Europol. Deu nota de que, em junho, a Direção da Europol tinha aprovado a nova estratégia

da Europol, designada «Oferecer segurança em parceria». Referiu que a revisão da Estratégia 2020+ gerou

reflexão quanto ao futuro da Europol à luz da arquitetura de segurança interna europeia, considerando as

ameaças com que se confrontavam, os desenvolvimentos ao nível da segurança, a Guerra na Ucrânia e as

alterações ao Regulamento da Europol. Transmitiu que tinham sido consultadas as autoridades nacionais para

melhor perceber como corresponder às suas expetativas e necessidades operacionais, tendo o feedback

recebido sido positivo. Sublinhou que a proteção de direitos fundamentais se mantinha como princípio orientador

da estratégia e que, nesse contexto, o Provedor de Direitos Fundamentais da Europol tinha já iniciado as suas

funções. Apontou como principais alterações-chave à estratégia o objetivo de a Europol se tornar ainda mais

operacionalmente relevante para a comunidade policial dentro e fora da UE e o funcionamento do hub europeu

de informação como primeira prioridade estratégica, com o propósito de evoluir para uma combinação

significativa de recolha de dados e de melhoria de conexão com outras bases de dados, através do programa

de interoperabilidade da UE. Observou que o mundo digital atual se caraterizava por um excedente de

informação, sendo importante que se trabalhasse a informação que era efetivamente necessária para combater

eficaz e eficientemente o crime. Mencionou que a cooperação estreita com os EM beneficiaria da plataforma

conjunta de análise, antecipando o aumento da sua utilização. Identificou três linhas prioritárias de ação da

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Europol: a primeira, investigações em tempo real de larga escala; a segunda, formas específicas de

especialização, como o rastreamento de criptocurrências; e, a terceira, a assistência técnica, por exemplo,

através de meios de desencriptação. Referiu que visavam oferecer amplo apoio para enfrentar todos os aspetos

do modelo de negócio do crime, incluindo a comunicação, a violência e a logística, de forma a, em conjunto com

os seus parceiros, fortalecer a luta contra a facilitação da migração ilegal, corrupção e crimes ambientais.

Reiterou que as parcerias eram uma prioridade na agenda da Europol, que isso incluía os países do espaço

Schengen e que a Interpol continuava a ser o principal parceiro a nível internacional. Referiu que outro aspeto

central da estratégia era a cooperação com entidades privadas, bem como a inovação e a investigação, e que

a estratégia revista seria então incluída no programa multianual 2024-2026, a adotar formalmente no final de

novembro. Informou que continuavam a preparar ações performativas para ETIAS e que tinham iniciado a

implementação da responsabilidade de acordo com a Lei de Serviços Digitais, que entrara em vigor com novas

obrigações. Aludiu à relação próxima mantida com a Autoridade Europeia da Proteção de Dados, recordando o

relatório de orientações apresentado em junho e o lançamento do PERCI, em julho, referindo que 22 EM

estavam conectados e que aquela plataforma permitia a transmissão de ordens de remoção e diferimento de

conteúdo terrorista ilegal online, tratando-se de uma solução inovadora que trabalhava num ambiente de nuvem

controlado pela Europol, enaltecendo o trabalho conjunto da Europol e da ADP, que revelava que os agentes

da aplicação da lei e da proteção de dados podiam cooperar, e mencionando a décima primeira reunião da rede

de especialistas em proteção de dados, realizada em Madrid em setembro. Quanto a relações externas, referiu

que o foco principal era o bairro UE, particularmente o envolvimento com os países das Balcãs, os parceiros

ocidentais e o Reino Unido. Assinalou os esforços continuados para construir pontes na luta contra a migração

ilegal e tráficos de armas e de drogas, revelando que tinham a expetativa de diálogo com Marrocos e o Egipto

e que os acordos na região Mena e com a América Latina eram também uma prioridade. Quanto ao apoio à

Ucrânia, aludiu a uma visita realizada e à discussão de novas formas de cooperação e ao apoio ao

desenvolvimento de uma equipa própria da Ucrânia de análise, tendo sido recebido, entre 28 agosto e 1 de

setembro, nas instalações da Europol, um grupo para treinamento estratégico. Referiu que se mantinham

atentos às atividades criminosas com origem russa, nomeadamente no que tocava ao tráfico de seres humanos

e de armas. Frisou que o tráfico de drogas continuava a ser o maior mercado criminoso da UE, sendo que a

maior parte entrava via contentores marítimos, dando exemplos de operações desenvolvidas em cooperação

com Espanha, Bélgica e Países Baixos e alertando para a infiltração de agentes criminosos em portos marítimos,

a corrupção e a inspeção de contentores. Quanto à migração ilegal, reportou o recurso frequente à violência

nessas redes e aludiu à cooperação entre Europol e Frontex e às operações conjuntas no Mediterrâneo, nas

rotas Balcãs e no canal inglês. Relativamente ao crime económico e financeiro, deu nota da cooperação com a

OLAF, a EPO e a Eurojust e da participação na primeira reunião do Organismo Europeu de Luta Antifraude,

realizada em maio. Apontou a apresentação do Fórum NextGenerationEU e deu nota do relatório publicado

sobre terrorismo e desenvolvimentos extremistas em 2022, sinalizando que na semana anterior se realizara uma

task force de identificação terrorista. No que respeitava ao cibercrime, referiu como prioridade a análise de

ransomware e a continuidade do trabalho quanto aos abusos sexuais online, mencionando a convenção de

polícias que teria lugar na semana subsequente. Em conclusão, sinalizou o foco na implementação da nova

estratégia para permitir que a agência fosse ao encontro das expetativas da comunidade de aplicação da lei e

dos cidadãos da UE e agradeceu o apoio contínuo do GCPC, ansiando a cooperação com o Fórum Consultivo

sobre Direitos Fundamentais e ficando à disposição para questões e esclarecimentos.

Peter de Buysscher, Presidente do Conselho de Administração da Europol, informando que assumira

funções em julho e que era a primeira vez que se apresentava perante o GCPC, o qual considerava ser parceiro

importante para a responsabilização/fiscalização da Europol, agradecendo a oportunidade de prestar contas

sobre as atividades nos últimos meses, notou que a agência vinha operando num contexto de desafios

internacionais, como a guerra na Ucrânia. Aludiu à legislação da UE que entraria em vigor e ao impacto que

esta teria no trabalho desenvolvido, destacando aqueles que versam sobre partilha de informação, serviços

digitais, inteligência artificial e abusos de crianças online, e constatando que estes trariamnovas oportunidades,

mas também novos desafios. Considerou que a diretiva sobre partilha de informação, por exemplo, tinha o

potencial de reforçar o papel da Europol como «informadora», mas requereria alterações da parte dos EM e da

Europol para lidar com grandes volumes de informação a ser partilhada, pelo que salientou a importância de

reuniões de especialistas entre os EM. Reportou que, em junho, o Conselho de Administração reuniu, tendo-se

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debruçado sobre a nova estratégia da Europol, apresentando-se de acordo com o foco nas operações conjuntas

e os objetivos estabelecidos para uma melhor partilha de informações; o papel crucial da Europol no apoio a

investigações em tempo real; o apoio especializado e o desenvolvimento das suas capacidades inovadoras e

investigativas. Referiu que o Conselho de Administração apoiaria a Europol na implementação da nova

estratégia, que adotara o relatório de atividades referente a 2022 e elogiou a agência pelas suas concretizações,

especialmente num ano marcado pela guerra na Ucrânia e de entrada em vigor do regulamento alterado,

notando o crescimento contínuo do canal de comunicações SIENA, os desenvolvimentos dos seus centros e a

preparação para participar no sistema de informação Schengen. Referiu que o Conselho de Administração,

ciente das dificuldades orçamentais para as instituições europeias, instou a Autoridade Europeia de

Financiamento a garantir opções apropriadas sustentáveis nos próximos anos; discutiu o progresso da Europol

no cumprimento das suas obrigações ao nível da interoperabilidade, tendo concordado com o estabelecimento

de uma nova unidade; debateu o lançamento do PERCI e continuou a adotar decisões necessárias para cumprir

a revisão do regulamento da Europol. Concluiu aludindo às próximas atividades do Conselho de Administração:

conclusão do documento de programação para o período 2024-2026; elaboração do programa de trabalho para

2024, de acordo com a nova estratégia; acompanhamento dos atos legislativos com impacto na ação da Europol;

e definição de objetivos e prioridades para o laboratório de inovação da Europol. Terminou com um convite ao

GCPC para participar na reunião de dezembro, a ocorrer em Saragoça, que se debruçaria, entre outros temas,

sobre o orçamento para 2024.

Aberto o período de debate, foram, sobretudo, suscitadas questões relacionadas com o tráfico de seres

humanos; a imigração ilegal; a colaboração com a Frontex; a rota do Mediterrâneo; a cooperação com a Agência

da União Europeia para a Cibersegurança (ENISA); a infiltração das redes criminosas; a utilização de

ferramentas de inteligência artificial, nomeadamente a Clearview; o tráfico de drogas; a implementação do

PERCI; a criminalidade ambiental; a criptocurrência; a articulação com a Interpol; o tráfico de armas; a adesão

da Roménia ao espaço Schengen; os recursos humanos e financeiros da Europol; os acordos de repatriação e

a garantia de direitos humanos, às quais Catherine de Bolle e Peter de Buysscher responderam

individualmente.

Interveio no debate o Deputado Jorge Seguro Sanches, nos seguintes termos:

«A minha questão é dirigida especialmente à Diretora Executiva da Europol, Catherine de Bolle, e, em

primeiro lugar gostava de agradecer a atenção e a resposta que, na última reunião de março, em Estocolmo, foi

dada ao tema dos metadados. Gostava ainda de sublinhar que este é um tema essencial que continua a merecer

a nossa maior atenção e preocupação. Recordo que subsiste um problema que a Delegação portuguesa tem

vindo a assinalar, que se reporta à interpretação da diretiva de 2006, que veio a ser fortemente restringida pela

jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia. Gostava de saber, na vossa perspetiva, quais os

passos seguintes neste tema.

Num segundo tema, gostava de sublinhar que o Governo português definiu como prioritário o combate e a

prevenção do crime de tráfico de seres humanos. O tema do tráfico de seres humanos é um dos maiores desafios

que se coloca à UE, o que nos coloca, como conjunto de Estados, no centro e na atenção de toda a humanidade.

A missão da Europol é decisiva nesta questão. A Europol é fundamental para a cooperação entre autoridades

policiais na UE e, em especial, neste tipo de criminalidade que tanto afeta a nossa vida comum na UE e influencia

tantos seres humanos. É ainda fundamental uma política europeia que olhe para os direitos humanos dos

emigrantes. Finalmente e sobre o grupo de trabalho para o estabelecimento do Fórum Consultivo de Direitos

Fundamentais gostava de sublinhar o progresso dos trabalhos e a boa identidade de pontos de vista entre os

membros.»

Em resposta, Catherine de Bolle referiu que a questão dos metadados fora discutida em Lisboa, na

Conferência de Polícias da UE, da qual emergiu uma declaração conjunta reconhecendo o problema e instando

os Parlamentos nacionais a adotar medidas legislativas, apontando o receio de as autoridades ficarem «às

escuras» sem acesso a informação necessária para combater o crime organizado e o terrorismo. Deu conta de

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que, durante a presidência sueca, houve desenvolvimentos através da criação de um grupo de alto nível, com

especialistas da UE, para refletir sobe o tema e com o objetivo de apresentar propostas concretas. Referiu que

o tráfico de seres humanos era uma prioridade do Centro Europeu contra o Contrabando de Migrantes, que se

focava na análise das formas de exploração, tendo revelado vítimas dentro da UE. Informou que, nos primeiros

seis meses de 2023, a Europol apoiou 32 operações transfronteiriças e que, em 2022, registaram-se 247

reportes, dos quais 67 % eram para exploração sexual, 14 % para exploração laboral e 7 % para crimes

forçados. Explicou que principal desafio era o recrutamento e a exploração online de mulheres e crianças e

transmitiu que foram criadas equipas de investigação conjunta de apoio aos Estados-Membros com o intuito de

identificar e desmantelar as redes.

• Follow-up dos membros relativamente às questões escritas e orais e outros assuntos e questões

(17h45 – 18h00)

Alfredo Nunzi, Diretor do Departamento de Assuntos Institucionais e Jurídicos da Europol, explicitando as

competências do seu departamento e saudando a intervenção com o GCPC, informou que receberam quatro

questões desde a sessão de março, três das quais tinham sido respondidas e que a restante seria respondida

nos dias subsequentes.

A Deputada do Parlamento Europeu, Saskia Bricmont, questionou se as manifestantes feministas pelo

aborto na Polónia ou os jovens ativistas pelo ambiente eram consideradas terroristas pela Europol e porque

figuravam no relatório, tendo Alfredo Nunzi referido que recolheria informação e responderia posteriormente.

Quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Manhã

Lopéz Aguilar deu início ao segundo dia de trabalhos, recordando que havia ficado por responder a questão

colocada pela Deputada Saskia Bricmont e dando a palavra a Jean-Philippe Lecouffe para o efeito, que

esclareceu que a inclusão no relatório TE-STAT consubstanciava um registo de ocorrências e não uma avaliação

de risco e que, em todo o caso, a metodologia iria ser revista.

• Apresentação do Supervisor da Autoridade Europeia para a Proteção de Dados (9h00 – 10h00)

Wojciech Wiewiórowski, da Autoridade Europeia para a Proteção de Dados (AEPD), apresentou as

atividades AEPD no âmbito da supervisão da Europol nos últimos seis meses. Começou por aludir ao relatório

de inspeção anual de 2022 que focou o processamento de dados relativos a menores providenciados à Europol

por organizações internacionais e as autoridades policiais dos países terceiros, explicando que em concreto

analisaram as notificações SIENA e concluíram que a metodologia seguida estava bem desenvolvida, devendo,

sem prejuízo, a Europol avaliar se os dados que foram recebidos eram legalmente admissíveis e apontando

como preocupação a observância do princípio da proporcionalidade no processamento de dados. No contexto

da inspeção, identificaram casos em que os menores tinham estado envolvidos em infrações menores, tendo-

lhes sido atribuído o mesmo grau de suspeição daqueles envolvidos em atividades organizadas graves, sem

que tivessem sido consideradas as nuances concretas, o que entenderam não ser proporcional. Assinalou a

importância do tópico de processamento de dados de menores envolvidos em responsabilidade criminal,

recordando que, em 2018, havia sido já realizada uma inspeção sobre o assunto, que revelou diferentes

enquadramentos jurídicos pelos Estados-Membros, o que dificultava a avaliação da recolha, armazenamento e

processamento pela Europol dentro da legalidade dos dados remetidos pelas autoridades nacionais, de modo a

serem considerados «suspeitos». Concluiu que o processamento a nível europeu não pode ser desassociado

do processamento a nível nacional, assinalando a importância da cooperação pan-europeia. Referiu que

emitiram opinião quanto à automatização de dados provenientes dos EUA – conteúdos de abuso sexual de

menores – e a sua disseminação para os Estados-Membros, expressando as preocupações da AEPD quanto

ao processamento desses dados, focando a fiabilidade da sua proveniência, assinalando que potenciais falhas

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tinham repercussões no processamento pela Europol. Abordou os direitos de acesso pelos indivíduos aos dados

armazenados a fim de verificar a sua veracidade e garantir o seu legítimo processamento. Identificou como

principal tarefa da AEPD garantir que as restrições eram aplicadas corretamente e em observância do princípio

da proporcionalidade. Salientou que a sua ação não era um sinal de falta de confiança na Europol, mas o

cumprimento das suas atribuições, desde logo face ao aumento do volume de dados recebidos e processados

pela Europol, o que motivava a abertura de investigações para garantia do respeito da proteção de dados.

Concluiu referindo que a AEPD iria abrir uma investigação para analisar o processamento de informação

proveniente da Frontex, adiantando que um teste de identidade não era suficiente.

Jürgen Ebner, Diretor Adjunto de Operações da Europol, saudou a cooperação com a AEPD, assinalando

o respeito tido pelo seu o papel. Considerou positiva a inspeção de 2022, destacando o tópico dos menores e

observando que as dez recomendações da AEPD tinham sido bem recebidas pela Europol e estavam a ser

implementadas, por outro lado, referindo que se tratavam de casos excecionais e que respeitavam a furtos de

bagatela, sendo que esses menores desempenhavam em alguns casos o papel de soldados dentro de grupos

organizados. Referiu que estavam a trabalhar nas recomendações quanto aos materiais de exploração sexual

infantil, destacando o diálogo permanente com a AEPD e identificando a necessidade de melhorar a

comunicação atempada com os Estados-Membros. Por fim, explicou que a Europol nunca trocou dados

operacionais com a Frontex, uma vez que do lado da Frontex não estavam implementadas regras e criadas as

condições necessárias, informando que fora criado um grupo de trabalho para analisar de que forma esse

intercâmbio podia ocorrer.

David Serrada Pariente moderou o período de debate que se seguiu e no qual foram suscitadas questões

relacionadas com a cooperação com a Frontex, a interoperabilidade, a sensibilidade do tratamento de dados de

menores, acordos com países terceiros, os recursos usados pela Europol na proteção de dados e o uso de

ferramentas americanas, às quais Wiewiórowski e Ebnerresponderam individualmente.

• Apresentação do Encarregado de Proteção de Dados da Europol (10h00 – 10h30)

Daniel Drewer, Encarregado de Proteção de Dados da Europol, apresentou pela primeira vez o seu relatório

e explicou que tinha a função de garantir de forma independente a legalidade e o cumprimento das regulações

europeias, assinalando a importância de ser um membro do staff da Europol, desde logo pelo acesso direto ao

que faz a agência, esclarecendo de que forma desempenhava o cargo. Aludiu à promoção da cultura de proteção

de dados, ao treinamento de funcionários e sensibilização de stakeholders. Mencionou a 11.ª EDEN,

conferência, realizada em Madrid, que congregou uma rede de especialistas em proteção de dados. Referiu que

atuava como ponto focal com a AEPD e outras instituições; prestava consultadoria quanto à implementação de

regulação e no âmbito de operações de proteção de dados, identificando como desafio principal os big data.

Explicitou que os pedidos de acesso a dados eram tratados pelo Encarregado, salvaguardando a proteção da

privacidade do cidadão que se dirigiu à Europol. Aludiu às consultas prévias determinadas pelo 39.º

Regulamento da Europol e destacou a implementação do PERCI. Explicou as suas atividades relacionadas com

os pedidos de acesso, lembrando que a Europol devia atuar num âmbito de parecer dos Estados-Membros e

que procurava contribuir para a justiça e liberdade do cidadão. Concluiu aludindo à equipa que o apoiava,

assinalando que a carga de trabalho era elevada e continha muita pressão e expressando o empenho da Europol

no sentido de se cumprir adequadamente com a proteção de dados no âmbito da investigação criminal.

López Aguilar moderou o período de debate que se seguiu e no qual foram suscitadas questões

relacionadas com a independência face à agência, a interoperabilidade, os recursos humanos, a partilha de

dados com países terceiros, as lacunas identificadas, a partilha de dados relativos a ativistas, a menores de 15

anos e migrantes, às quais DanielDrewer respondeu individualmente.

• Apresentação do Encarregado de Direitos Fundamentais da Europol (10h45-11h30)

Dirk Allaerts, Encarregado de Direitos Fundamentais da Europol, apresentou brevemente as suas funções,

as quais iniciou em janeiro de 2023, dando nota da sua experiência profissional. Transmitiu que os primeiros

meses foram bastante intensos, frisando que aquela se tratava de uma posição nova na Europol, cujos

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procedimentos internos careciam de definição e organização. Assinalou a necessidade de formação em direitos

fundamentais na Europol, identificando quatro grupos: o dos novos funcionários, incluindo o staff não

operacional, explicando que ele próprio ministrou duas sessões de formação no âmbito do curso inicial

obrigatório; o dos funcionários destacados no campo, entendendo que estes necessitam de um curso mais

específico, de forma a tornarem-se mais independentes, explicando que essas sessões de formação eram dadas

pela FRA; o dos funcionários envolvidos em tarefas operacionais que envolvam processamento de dados, cuja

formação é promovida de forma articulada com a FRA e CEPOL, afirmando a importância de um objetivo de

treino horizontal; e o último grupo, o dos gestores seniores, constatando como fundamental o seu envolvimento,

servindo de exemplo, e atento o seu papel na fiscalização do respeito pelos direitos fundamentais em todos os

procedimentos. Aludiu aos conselhos obrigatórios da FRA à Europol e à sua participação num conjunto de

processos, explicando que os seus pareceres não vinculativos se focaram em garantir que a Europol tem em

consideração os direitos fundamentais no âmbito dos seus acordos de trabalho, nomeadamente com países

terceiros. Salientou a necessidade de a Europol ter uma estratégia sobre direitos humanos e pronunciou-se

sobre o uso de ferramentas inovatórias e sobre as avaliações de risco, identificando as áreas que carecem de

particular atenção – a da proteção de dados e a dos destacamentos. Explicou que exercia as suas funções

mediante pedido ou por iniciativa própria, tendo necessitado de um período para compreender todas as

operações em curso e iniciando procedimentos de pedidos de informação para promover as suas avaliações.

Concluiu focando a promoção do respeito de direitos fundamentais na ação da Europol e salientando a

necessidade de promover um maior conhecimento público da ação da Europol.

Aberto o período de debate, moderado por David Serrada Pariente, foram colocadas questões relacionadas

com a necessidade de mais recursos humanos, a proteção de dados, o trabalho com organizações não

governamentais, a inteligência artificial e o acesso aos relatórios elaborados, às quais Dirk Allaerts respondeu

individualmente.

• Ponto de situação quanto às atividades da Europol relacionadas com a guerra na Ucrânia (11h30-

12h30)

Seguiu-se a apresentação do 5.º relatório sobre a situação na Ucrânia porJean-Philippe Lecouffe, Diretor

Adjunto de Operações da Europol, explicando que se tratava do relatório mais recente e que o número seis

estava em elaboração e seria divulgado em novembro. Deu nota de que o relatório continha contributos de

países parceiros, especialmente da Ucrânia, e de outras agências, como o Eurojust e a Frontex, pelo que se

tratava de uma avaliação conjunta. Explicou que se analisaram ameaças específicas e que para cada uma delas

se identificou o plano de ação. Mencionou a resposta coordenada face às ameaças emergentes, assente na

troca contínua de informação com os parceiros relevantes e na avaliação de desenvolvimentos nas áreas

criminosas mais prementes, como o tráfico de armas e de seres humanos, e frisou o foco numa resposta da UE

para mitigar o risco do aumento de crime grave e organizado e apoiar a Ucrânia e os países afetados pela

guerra. Aludiu à operação Oscar e destacou a cooperação com contatos focais na Ucrânia. Reiterou os riscos

associados à proliferação de armas, o uso de mercados negros, o aproveitamento das redes criminosas das

armas em circulação. A esse propósito explicou que estava a ser lançado um hub para identificação de armas

em conexão com as bases de dados nacionais e da Interpol. Quanto ao cibercrime, aludiu ao aumento dos

ciberataques e esquemas de fraude online. Mencionou ainda a relocação de redes criminosas russas e de

mecanismos de fuga às sanções, o branqueamento de capitais e o recurso a testas-de-ferro para sanções.

Quanto à investigação de crimes de guerra, referiu que cerca de 14 000 fotos e vídeos e centenas de declarações

tinham sido coligidas, contando com a participação de 14 países. Salientou a importância de cooperação com o

Eurojust e a necessidade de permanecer vigilante quanto a ameaças terroristas. Referiu a realização de visitas

de campo à Ucrânia, nomeadamente de especialistas anticorrupção, e identificou os meios de fornecimento de

apoio operacional através de ações operacionais conjuntas, de destacamentos e da avaliação do cenário de

ameaças.

Maite Pagazaurtundúa, Vice-Presidente da Comissão das Liberdades Cívicas, de Justiça e dos Assuntos

Internos do Parlamento Europeu substituiu, então, López Aguilar, e moderou o debate que se seguiu, no âmbito

do qual foram suscitadas questões relacionadas com as crianças vítimas e raptadas, a cooperação com países

fronteiriços com a Ucrânia, a partilha de dados, as sanções e o branqueamento de capitais, a articulação com

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as autoridades nacionais e a Procuradoria Europeia, a operação Oscar, a utilização de software Pegasus, os

ataques à democracia, o papel da Europol, o asilo, o tráfico de seres humanos, o tráfico de armas, os misseis

perdidos, a espionagem e a não qualificação como crime de guerra dos crimes cometidos contra as mulheres,

às quais Jean-Philippe Lecoufferespondeu individualmente.

Tarde

Sessão de escrutínio I – A situação do crime organizado na União Europeia e as atividades do Centro

Europeu de Crime Grave e Organizado da Europol

(14h30 – 15h30)

López Aguilarconduziu os trabalhos da parte da tarde, dando de imediato a palavra novamente a Jean-

Philippe Lecouffe, Diretor Executivo Adjunto da Europol, que abriu a sessão de escrutínio sobre a situação do

crime organizado na UE e as atividades do Centro Europeu de Crime Grave e Organizado da Europol,

assinalando desde logo que era o momento ideal para realizar essa avaliação, dado que se estava a chegar ao

final de um ciclo da EMPACT. Referiu que o Centro Europeu de Crime Grave e Organizado da Europol era um

dos cinco centros especializados da Europol, com cerca de 200 funcionários, estruturado em três unidades

operacionais, e versando sobre que drogas, tráfico de armas e de explosivos, auxílio à migração ilegal, crimes

de propriedade, crimes ambientais e tráfico de seres humanos. O propósito do Centro é fornecer apoio

operacional, identificando principais ameaças, coordenar a cooperação na UE e na Europol, prestar apoio aos

Estados-Membros na implementação de atividades operacionais e fornecer análise especializada e estratégica.

Identificou como áreas criminosas mais ameaçadoras, e também as mais rentáveis e com mais vítimas, as do

tráfico de drogas, do tráfico de seres humanos, do auxílio à migração ilegal, dos crimes ambientais e de

propriedade e do tráfico de armas e de explosivos, às quais se associa, de forma instrumental, o branqueamento

de capitais e a corrupção. Explicou que, no complexo contexto geopolítico vivido, as redes criminosas

continuavam a crescer, cada vez mais menos hierarquicamente organizadas, com diversas nacionalidades e

com um alcance global – cerca de 70 % ativas em mais de três países, infiltrando-se na economia paralela e em

estruturas legais de negócio e recrutando indivíduos vulneráveis. Frisou que o tráfico de drogas era das

principais áreas a combater, aludindo às operações realizadas – cerca de 519, mencionando o volume

significativo de droga consumido na UE, bem como a violência associada, identificando os pontos de entrada e

salientando o risco associado às drogas sintéticas. Focou os crimes contra as pessoas – auxílio à migração

ilegal e tráfico de seres humanos, explicando que continuavam a prestar apoio local às autoridades locais e que

tinham destacamentos em 11 países e pontos de migração em Malta, Chipre, Itália e Grécia e que tinham sido

realizadas cerca de 150 ações conjuntas, tendo sido produzidos cerca de 500 relatórios. Referiu ainda a

utilização de rotas externas à UE, mas que conexões ao solo europeu, e frisou a constante alteração de rotas,

o que dificultava as investigações e explicou a necessidade de mais partilha de informação vinda dos Estados-

Membros e países terceiros, de monitorizar plataformas online e de mais ações conjuntas. Deu conta de que na

UE eram organizadas operações de larga escala para investigar o tráfico de armas e de explosivos e os crimes

de propriedade e ambientais. Referiu que, no âmbito da EMPACT, foram realizadas operações em 31 países

que levaram à detenção de 22 fornecedores de armas mercado negro. Explicou que o tráfico de armas era uma

ameaça emergente e em crescimento, a que estava associada muita violência, dando o exemplo do aumento

de invasões domiciliárias. Terminou referindo que a Europol se preparava para o futuro, mas que as redes

criminosas estavam em constante evolução, modernizando-se rapidamente, sendo necessário que as

operações pudessem recorrer também a ferramentas cada vez mais inovadoras.

Floriana Sipala, Diretora da Unidade de Polícia de Crime Organizado e Drogas do Diretorado Geral para as

Migrações e Assuntos Internos da Comissão Europeia, referiu que o crime organizado era uma ameaça

significativa para a economia, as pessoas e as instituições e a sociedade, lembrando os crimes cometidos em

solo europeu contra crianças, jornalistas, bem como corrupção, frisando ser necessário combater o crime com

as ferramentas necessárias. Aludiu à estratégia europeia sobre crime organizado, salientando que um dos

pontos chave era a cooperação operacional. Apontou a importância da EMPACT como mecanismo que permite

operacionalizar as prioridades fixadas entre Estados-Membros e Europol, bem como com a ajuda dos parceiros

e dos países terceiros. Frisou a prioridade, sinalizada em 2022 e que se mantém, de elevado risco das redes

criminosas, que utilizam violência e corrupção para desenvolverem as suas atividades. Saudou a participação

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de todos os Estados-Membros, da Eurojust e de cerca de 20 países terceiros (Balcãs, EUA e América Latina)

no combate às redes criminosas, referindo que fora possível identificar 42 grupos e investigar 50 criminosos de

alto risco. Transmitiu que a Comissão fornecia ainda apoio operacional e fundava networks especializados, bem

como o Centro de Análise e Operações Marítimas – Narcóticos, em Lisboa. Apontou a importância de melhorar

o conhecimento na UE, pelo que estavam focados em desenvolver um exercício de mapeamento que permitiria

melhor conhecer e identificar as redes criminosas. Aludiu também à situação dos portos marítimos e à sua

infiltração por redes criminosas para desenvolvimento dos seus tráficos, referindo que estavam a trabalhar em

ideias para solucionar as questões emergentes e partilhando que tinha sido lançada uma avaliação, dentro do

espaço Schengen, para coligir as boas práticas utilizadas pelos Estados-Membros. Mencionou o trabalho

legislativo em curso que acreditava vir contribuir para um melhor combate ao crime, em concreto o

estabelecimento de uma nova agência de drogas, a interconexão de registos de contas bancárias, que permitirá

rastrear o circuito do dinheiro, e o confisco de bens. Como último ponto, frisou a cooperação internacional,

transmitindo eventos que visavam reforçar as ligações intercontinentais da Europa.

David Serrada Parientemoderou o período de debate que se seguiu e em queforam colocadas questões

relacionadas com o crime de propriedade, em concreto o furto de máquinas agrícolas, o controlo de fronteiras e

entrada de drogas, o recurso à criptomoeda, a utilização de inteligência artificial, as rotas migratórias e o

recrutamento, a colaboração com a Eurojust, as drogas sintéticas, o branqueamento de capitais e os dados

recolhidos, às quais os oradores responderam individualmente.

Interveio no debate, o Deputado Paulo Moniz (PSD), nos seguintes termos:

«Obrigado, Sr. Copresidente! Trago o problema das fronteiras marítimas, trago especificamente o caso do

arquipélago dos Açores e da ilha das Flores, em particular, que é o ponto mais ocidental da Europa e o primeiro

ponto de chegada a quem vem do Ocidente. Acontece que esta fronteira não tem controlo Schengen, é uma

fronteira que permite que qualquer cidadão de outro país extracomunitário apanhe um avião e esteja no espaço

Schengen. É um conjunto de ilhas – as Flores e o Corvo –, que o Governo português não tem conseguido

englobar no sistema de vigilância de costa contra a criminalidade do tráfico de droga. A pergunta que faço a

ambos os oradores iniciais é se estão despertos para sensibilizarem o Governo português a resolver esse grave

problema na segurança externa da União Europeia e esta grave falha no Schengen e se estão disponíveis para

visitar a ilha das Flores, como têm feito a oriente da Europa, e a inteirarem-se de uma realidade grave em matéria

de segurança para todos.»

Em resposta, Sipala referiu que estavam conscientes desta preocupação, de que as fronteiras da UE

padeciam desta situação específica e a ameaça inerente, nomeadamente o auxílio à migração ilegal, o tráfico

de seres humanos e o tráfico de drogas. Frisando o risco especial de tráfico de drogas e referindo as estruturas

articuladas de cooperação para o combater, as quais debateriam com as autoridades portuguesas.

• Sessão de escrutínio II – Análise de ameaça sobre crime financeiro e económico do Centro

Europeu de Crime Financeiro e Económico da Europol, incluindo o foco na corrupção na UE (15h30 –

16h55)

Burkhard Mühl, Chefe de Departamento na Europol, Centro Europeu de Crimes Financeiros Económicos,

apresentou a primeira avaliação de ameaças da Europol sobre crime económico e financeiro ao nível da UE,

explicando que aquele relatório se baseava numa combinação de informações e de conhecimento estratégico

contribuído pelas autoridades policiais nacionais. Referiu que a escala de crime financeiro e económico a afetar

a UE correspondia a centenas de biliões de euros, sendo muitas pessoas revitimizadas através de esquemas

fraudulentos e de contrafação. Aludiu ao desmantelamento de soluções de desencriptação que permitiram ter

perceção do funcionamento do submundo das operações criminosas, geridas remotamente, fora do território

europeu e tendo como principal alvo a UE, em espaços sem jurisdição e em que os regimes de branqueamento

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de capitais estão pouco desenvolvidos. Explicou que assim conheceram como as redes criminosas movimentam

milhões de euros de um canto do mundo para outro e como infiltram entidades comerciais para facilitar as suas

operações e como usam a corrupção para obter informação e aceder a serviços públicos. Referiu que a realidade

atual era de redes criminosas de rápida adaptação rápida, que tiram partido da aceleração digital e do contexto

geopolítico da Ucrânia/Rússia. Explicou serem três as componentes motoras do crime: o branqueamento de

capitais, o reinvestimento e a corrupção. Observou que o crime económico-financeiro era muito difícil de

investigar, bem como a recuperação de bens e ativos – 4. 1 bilião de bens apreendidos, com base nas

estatísticas providenciadas pelos Estados-Membros por ano, corresponde apenas a 2 % do que se estima estar

na posse das redes criminosas. Salientou ser uma prioridade melhorar a capacidade de recuperação de bens e

que para cada investigação criminosa era necessária uma investigação financeira simultânea. Explicou que a

atividade financeira criminosa explora formas alternativas de gestão de ativos proveniente das atividades ilícitas

de forma a evitar a sua deteção, sendo o financiamento composto por ativos de várias formas. Referiu que estas

recorrem à corrupção para obter informação e poder, de modo a facilitar a atividade criminosa e dessa forma

afetam pessoas e o setor público-privado. Apontou a dependência de conhecimentos técnicos/peritos e de mulas

financeiras e referiu que a maior parte das fraudes ocorria na área dos investimentos, online – campanhas de

phishing, esquemas relacionados com eventos desportivos. Pronunciou-se ainda sobre crimes de propriedade

intelectual e de contrafação. Concluiu que o crime económico financeiro está muito difundido e compromete as

estruturas societárias, dinamizando outros tipos de crime, por outro lado considerou que a Europol estava cada

vez mais capacitada para o seu combate e que a criação do centro económico de crime financeiro era exemplo

disso, relatando ainda algumas operações ocorridas.

Jeroen Blomsma, Chefe do Setor de Integridade e Anticorrupção da Comissão Europeia, explicou que era

legislador em matéria de anticorrupção e que o relatório apresentado era muito valioso para o seu trabalho,

sublinhando três aspetos: o primeiro, que ninguém era imune ao crime financeiro e económico, observando que

os cidadãos eram facilmente vitimizados e dando o exemplo de uma rede desmantelada que se expandia do

centro da Europa a Israel e que vitimizou 90 milhões de europeus; o segundo relacionado com o recurso a meios

complexos e sofisticados, dando o exemplo de uma rede clandestina desmantelada em maio em Espanha; e

em terceiro apontou a corrupção como facilitadora do crime, constatando que não havia tráfico de seres

humanos ou de drogas ou de armas sem corrupção, pois vários pontos na cadeia de crime tinham de ser

corrompidos, ocorrendo esta a vários níveis. Os custos de corrupção são elevados para as redes criminosas,

bem como para a UE, estimando-se 120 biliões de euros de prejuízo. Com esse enquadramento, sublinhou o

pacote anticorrupção adotado pela Comissão Europeia, mencionando a proposta de alteração de legislação nos

Estados-Membros e notando que nem todos os Estados-Membros tinham as ferramentas necessárias de

investigação, e aludindo ao network da UE que estava a ser organizado contra a corrupção, composto não

apenas por especialistas, mas também por membros da sociedade civil e organizações internacionais,

concluindo ser necessário um network para combater um network.

Martín Sanchez, Inspetor-Chefe e Chefe de Unidade do Gabinete do Procurador Especial para a Corrupção

e Criminalidade Organizada da Polícia Nacional Espanhola, participou por videoconferência, referiu que para a

Polícia Nacional a Europol era o centro de intercâmbio principal, enaltecendo a parceria com a Europol e os

conhecimentos, ferramentas e experiências partilhadas que facilitam as investigações. Notou que as prioridades

identificadas através da EMPACT eram uma ferramenta essencial, por ajudarem a delinear as principais linhas

de atuação. Mencionou a criminalidade grave e organizada como o principal desafio à segurança interna

enfrentado pela UE, patente em estruturas mais fluídas, recurso à violência e à corrupção e à infiltração de

setores legais e ao facto de tirarem partido de um sistema financeiro que lhes permite reinvestir os proveitos da

atividade criminosa. Notou que a digitalização potenciava o desenvolvimento da atividade criminosa e que se

tratava de uma luta desigual, necessitando as forças policiais de se adaptar rapidamente. Aludiu à estratégia

nacional espanhola contra a corrupção, apontando a necessidade de formação, de capacitação dos

trabalhadores e de fomentar a investigação patrimonial, enumerando as medidas a implementar, nomeadamente

o uso de ferramentas digitais para o tratamento de grandes volumes de dados. Mencionou também a dificuldade

de rastreabilidade de criptoativos. Por último salientou a importância de manter e melhorar a cooperação

internacional a todos os níveis, dando o exemplo do trabalho levado a cabo em Espanha em parceria com o

fisco e a fundamental articulação entre autoridades policiais e judiciárias.

David Serrada Parientemoderou o período de debate que se seguiu e em queforam colocadas questões

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relacionadas com o impacto na sociedade dos crimes económicos e financeiros, as formas de impedir o

reinvestimento, os recursos humanos necessários para a investigação, a necessidade de especialistas em

criptoativos e o branqueamento de capitais, às quais os oradores responderam individualmente.

• Sessão de encerramento (16h55 – 17h00)

Coube a López Aguilar o encerramento da 13.ª Reunião do GCPC sobre a Europol, sintetizando os painéis

existentes e as discussões suscitadas e agradecendo a todos a presença e a união de forças para cumprir o

mandado do Grupo de Controlo Parlamentar Conjunto de escrutínio das atividades da Europol.

David Serrada Parienteagradeceu a oportunidade e saudou os contributos de todos para cumprir os valores

europeus e ajudar a Europol, enquanto plataforma de informação entre as policiais europeias, a qual considerou

ser fundamental para a cooperação e para a garantia de um espaço mais seguro e de respeito pelos direitos

fundamentais.

Por fim, López Aguilardeu nota de que a próxima reunião se realizaria em 18 e 19 de fevereiro, em Gante.

Assembleia da República, 20 de dezembro de 2023.

O Chefe da Delegação da Assembleia da República, Deputado Jorge Seguro Sanches.

———

DELEGAÇÃO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

RELATÓRIO DA PARTICIPAÇÃO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA NA 4.ª REUNIÃO

INTERPARLAMENTAR PARA AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DA EUROJUST, QUE SE REALIZOU EM

BRUXELAS, NO DIA 7 DE NOVEMBRO DE 2023

Delegação:

– Deputado Pedro Anastácio (PS) – Chefe da delegação e Membro da Comissão de Assuntos

Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias

– Deputado Hugo Carneiro (PSD) – Membro da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades

e Garantias

– Deputado Jorge Seguro Sanches (PS) – Membro da Comissão de Assuntos Europeus

– Deputado Ricardo Sousa (PSD) – Membro da Comissão de Assuntos Europeus

A assessoria foi prestada por Ana Cláudia Cruz, Assessora da Comissão de Assuntos Constitucionais,

Direitos, Liberdades e Garantias.

Da agenda da reunião constavam os seguintes pontos:

• Adoção da agenda e notas introdutórias (9h – 9h25)

Juan Fernando López Aguilar, Presidente da Comissão das Liberdades Cívicas, de Justiça e dos Assuntos

Internos do Parlamento Europeu, declarou aberta a sessão, dando as boas-vindas a todos e salientando a

importância daquele exercício conjunto de controlo político. Procedeu-se à adoção da agenda, identificando os

três pontos previstos e referindo que estavam representados 14 Estados-Membros (doravante EM). Deu ainda

nota de que, em virtude de outros trabalhos, teria, entretanto, de se ausentar e apresentou os restantes

integrantes da Mesa.

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Fernando Martínez-Maíllo Toribio, Representante das Cortes Gerais do Senado, Espanha, agradeceu a

presença de todos, bem como a honra de participar na reunião. Observou que falar de cooperação judiciária em

matéria penal era uma exigência de qualquer país democrático, não existindo democracia sem separação de

poderes. Referiu que a luta contra o crime organizado e transfronteiriço afetava vários países e que a União

Europeia (doravante «UE»), enquanto união de Estados livres e democráticos, tinha de ser um instrumento de

cooperação na prossecução da ação penal, especialmente entre mais de um país. Saudou a criação da Eurojust

em 1999, a qual resolve muitos conflitos de jurisdição que surgem entre os territórios, facilitando a cooperação

entre as autoridades nacionais e a emissão de mandatos europeus de detenção. Afirmou que a Europa era um

espaço de liberdade, mas que não havia liberdade sem segurança. Desejou a todos uma sessão profícua.

Ana Gallego, Diretora-Geral da DG Just da Comissão Europeia, expressou a honra por participar na reunião

e na avaliação das atividades da Eurojust, sublinhando alguns dos aspetos resultantes da cooperação entre a

Comissão Europeia e a Eurojust. Destacou o papel crucial da Eurojust no apoio às jurisdições nacionais,

reconhecendo a complexidade de trabalhar com 27 jurisdições. Aludiu ao papel da Eurojust no contexto da

guerra Rússia-Ucrânia, à cooperação com a Europol e outras agências e à criação de uma plataforma de equipas

conjuntas para reforçar essa cooperação, às novas iniciativas legislativas da Comissão para promover

cooperação, à matéria da digitalização e à transformação digital e à cooperação internacional com países

terceiros e organizações internacionais – Tribunal Penal Internacional e Interpol. Observou que, com as

ferramentas adequadas, a Eurojust teria todas as condições para fornecer mais valias ao nível da cooperação

judiciária.

• Sessão I – Relatório anual da Eurojust e perspetivas futuras (9h25 – 10h30)

Ladislav Hamran, Presidente da Eurojust, iniciou a sua intervençãoreferindo que se vivia uma situação sem

precedentes de criminalidade e de necessidade de cooperação. Recordou a função da Eurojust de suportar

investigações nacionais no âmbito de casos criminais, observando que muito se alterou desde o seu

estabelecimento em 2002. Apontou que, em 2022, a Eurojust prestou apoio em mais de 11 000 casos, tendo

esse número vindo a aumentar exponencialmente e verificando-se um envolvimento sem precedentes em

investigações de larga escala. Afirmou que a Europa nunca tinha trabalhado tão proximamente como então.

Referiu que no último ano a Eurojust ajudou a coordenar mais de 500 reuniões de cooperação, ajudou a

estabelecer mais de 78 equipas de investigação conjuntas (doravante «EIC»), num total de 278 EIC. Em termos

de resultados tangíveis, transmitiu que mais de 400 suspeitos foram detidos, 2200 acordos foram concluídos

para prosseguir com a ação penal e 12 biliões de euros foram apreendidos. Com base em tal considerou que

investir em estruturas europeias, como a Eurojust e a Europol, compensava. Agradeceu o reconhecimento do

papel-chave desempenhado pela Eurojust em termos de responsabilização da UE no contexto da guerra da

Rússia com a Ucrânia, recordando que nunca um mecanismo de responsabilização tinha sido estabelecido tão

rapidamente, graças a liderança política na UE. Focou a questão da confiança mútua observando que o

paradigma estava a mudar quanto ao princípio de reconhecimento mútuo em matéria criminal. Saudou o quadro

jurídico que permitia uma cooperação eficiente e assinalou a necessidade de digitalização profunda e de canais

de comunicação seguros para as autoridades policiais e judiciárias, dando nota de um sistema em

desenvolvimento, para uma melhor cooperação. Defendeu que todos os parceiros a nível europeu tivessem

igual acesso a esse sistema, de forma que as provas não circulassem fora desse sistema. Mencionou a

cooperação com países terceiros, fora da UE, referindo que quando estavam em causa crimes de auxílio à

migração ilegal, tráfico de seres humanos e tráfico de drogas normalmente estavam envolvidos países terceiros,

sendo a UE vista como país de trânsito ou destino final. Referiu também as transferências de dinheiro e o recurso

a paraísos fiscais e buracos jurídicos que facilitam o branqueamento de capitais. Nesse contexto, agradeceu a

legislação que estava a ser construída, considerando que, atendendo ao cenário corrente, era fundamental

avaliar o que tinha sido alcançado e o que poderia ser feito para melhorar a cooperação, mostrando-se orgulhoso

dos avanços e reiterando que nunca existiram tantas equipas de investigação conjunta.

Maite Pagazaurtundúa, Vice-Presidente da Comissão das Liberdades Cívicas, de Justiça e dos Assuntos

Internos do Parlamento Europeu substituiu, então, Lopez Aguilar, e moderou o debate que se seguiu, no âmbito

do qual foram suscitadas questões relacionadas com o mandato de detenção europeia, a eficiência da

cooperação, a luta contra as redes de imigração ilegal, o branqueamento de capitais, os direitos das vítimas a

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obter indemnizações, a inteligência artificial, o aumento da cibercriminalidade, o terrorismo e o antissemitismo,

o ataque a Israel pelo Hamas e a questão da autoridade palestiniana, às quais Ladislav Hamranrespondeu

agrupadamente.

Interveio no debate o DeputadoPedro Anastácio (PS), nos seguintes termos:

«Muito bom dia! Cumprimentar os membros do painel e nesta intervenção, perante o relatório anual de 2022,

gostaria de destacar alguns aspetos que me parecem particularmente positivos. A primeira nota é o facto de a

Eurojust ter, em relação a 2021, prestado auxílio e apoio a mais do dobro dos processos na elaboração e

execução de mandatos europeus e aqui gostaria de questionar se existe capacidade de continuar a processar

este apoio e esta ajuda nos processos, considerando a subida assinalável que se regista com o aumento para

o dobro do número de processos. Dizer também que se é verdade que hoje temos uma articulação e uma

cooperação mais robusta, vemos que este desafio é cada vez mais amplo e exigente, considerando que os

processos em que esteve envolvida em 2022, em relação ao ano anterior, representam mais do triplo do número

de vítimas, o que expressa bem a importância deste desafio. Dizer também que esta é a expressão que o crime

consegue ter – cada vez mais lastro e ser potencialmente mais lesivo naquilo que são os seus impactos.

Considerando também o trabalho que foi desenvolvido no contexto da guerra da bárbara invasão da Rússia à

Ucrânia e no que respeita à investigação e à responsabilização destes crimes de guerra, destacar o facto de já

terem sido iniciadas várias investigações e que estão atualmente a decorrer em 20 países, incluindo 16 EM da

UE, o que expressa este compromisso da UE com a responsabilização pelos bárbaros crimes de guerra

cometidos pela Federação Russa. Destacar aqui o contexto da proposta que foi possível submeter num curto

espaço de tempo para se conseguir armazenar elementos de prova para um apuramento posterior destes

crimes. Referir também, como já foi aqui dito, no que toca à questão do tráfico de seres humanos, o que vemos

ser algo que tem pouca expressão no contexto da cooperação penal e que deve merecer uma maior ponderação.

Apesar desta preponderância ter sido assumida ao longo dos anos, importa ainda que os EM sejam mais

envolvidos no reporte deste tipo de crime e no envolvimento da Eurojust, porque, como se viu, este é um crime

que necessariamente envolve pelo menos, à partida, mais do que um Estado. Destacar o aprofundamento da

cooperação entre a Eurojust e a Europol, que este relatório refere, em que vemos que esta colaboração já

aconteceu em cerca de 55 processos e parece-nos que esta deve ser uma tendência para aprofundar e

desenvolver. Do ponto de vista nacional e do Estado português, e também atento aquele que é o teor do relatório

do membro nacional, dizer que existem um conjunto de aspetos que a nosso ver devem merecer

aprofundamento no sentido de melhorar as possibilidades de cooperação. Destacar ainda o problema da má

qualidade de muitas traduções, nomeadamente de cartas rogatórias e de decisões europeias de investigação,

que mantêm e dificultam o atraso e o processamento e a compreensão dos casos, inclusivamente levando à

sua devolução. Dizer que este aspeto nos parece fundamental, porque podemos aumentar a cooperação, mas

se depois temos esta dimensão da língua e da tradução dos atos que concretizam essa cooperação mais difícil,

acabamos por minar e colocar o seu objetivo em causa e precisa de ser endereçada como uma verdadeira

prioridade da Eurojust para os EM.»

Em resposta, Ladislav Hamran concordou que o número de casos tinha duplicado e que o apoio tinha

aumentado, mas que, infelizmente, o apoio prestado não tinha correspondência monetária. Aludiu a cortes no

orçamento e à necessidade de procurar soluções para prestar apoio com menos recursos, observando que

tinham atingido o seu limite e que tal comprometeria a qualidade do apoio prestado. Explicou que necessitavam

de mais pessoas e que era necessário um investimento em modernização e meios de comunicação, de forma a

garantir que o apoio era diverso. Referiu que o Parlamento Europeu reconheceu essas necessidades, pelo que

seriam criados 52 novos postos para Eurojust. Não obstante, considerou que os países europeus tinham mais

disponibilidade para fornecer investimento para a investigação policial do que para a cooperação judiciária, o

que considerava ser um problema, sendo necessário um esforço concertado entre policiais, procuradores e

juízes, pois de outro modo não havia condenações efetivas. Concordou também que a atividade criminosa

estava cada vez mais complexa e inteligente, referindo que, não obstante, também a Eurojust procurava

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acompanhar essa evolução e que graças à cooperação com a Europol e as autoridades nacionais era possível

aceder a networks que lhes permitiam ter um conhecimento sem precedentes. Confirmou o problema das

traduções, assinalando que as traduções eram tratadas a nível nacional, pelo que careciam de melhorias

promovidas pelos EM. Sem prejuízo, referiu que a Eurojust também fornecia apoio e serviços de tradução.

Interveio igualmente no debate o Deputado Hugo Carneiro (PSD), nos seguintes termos:

«Muito obrigado! Agradecer antes de mais a organização desta reunião e cumprimentar-vos a todos. De

facto, nós temos verificado que o número de processos em cooperação com Portugal tem vindo a aumentar e

para isso muito tem contribuído o gabinete nacional na sensibilização dos Srs. Magistrados e das autoridades

nacionais para a possibilidade desta cooperação com a Eurojust, o que nós saudamos, e registámos que, no

âmbito global do relatório, tem existido um aumento do número de processos abertos, nomeadamente para

investigar crimes tão graves como a burla, a fraude, o branqueamento de capitais e o tráfico de seres humanos,

entre outros. Registámos também que tem existido da parte das instituições europeias a capacidade de se

entenderem no reforço de poderes da própria Eurojust, como, por exemplo, a possibilidade de armazenar,

conservar e utilizar elementos de prova, através de registos eletrónicos para memória futura, o que nós

naturalmente saudamos. Assim como saudamos também o congelamento de ativos de pessoas ligadas às

entidades russas, no âmbito da guerra com a Ucrânia, embora aqui devamos dizer que provavelmente o trabalho

da Eurojust será dificultado, em alguns momentos, pelo facto de alguns desses cidadãos, a quem se pretende

apreender bens ou ativos, terem obtido a nacionalidade de um país de um EM da UE e talvez isso seja uma

dificuldade e, já agora, questiono a Eurojust se, em algum momento, sentiu que isso era uma dificuldade na

apreensão desses mesmos bens. Saudamos também as investigações dos crimes de guerra na Ucrânia e

também na Síria e no Iraque e nós não devemos esquecer esses outros locais onde são cometidas atrocidades

que devem continuar a ser investigadas. E lançava também aqui uma questão aos representantes da Eurojust

que tem que ver com a federalização da iniciativa processual penal e a sua articulação com a Procuradoria

Europeia e também o papel das autoridades nacionais neste âmbito. Isto é, qual é o futuro da Eurojust no seu

papel de articulação com a Procuradoria Europeia, se há ou não uma concorrência de competências e de que

modo é que podemos melhorar a articulação com as autoridades nacionais ou qual é que deve ser o seu papel?

Nomeadamente saber se a Eurojust deve ter ou não prevalência na iniciativa sobre autoridades nacionais

quando falamos de investigações processuais penais transfronteiriças, portanto, que abrangem mais do que um

EM. O meu colega há pouco falou também na questão da tradução e eu reforçava também esse ponto: de que

modo é que se pode concretamente melhorar esse elemento, a tradução dos documentos? O que é que pode

ser feito ao nível dos Parlamentos nacionais ou mesmo das instituições europeias – com reforço de meios,

financiamento –, o que é que falta para conseguirmos melhorar essa componente que, por vezes, obsta a que

os processos possam ser concluídos de modo mais bem-sucedido? E uma última questão, para terminar, tem

que ver com o papel do Tribunal de Justiça da UE: em algum momento, por força da jurisprudência do Tribunal

de Justiça Europeu, a Eurojust viu serem criadas dificuldades ou não, tendo em conta o enquadramento jurídico

da própria Eurojust e dos EM?»

Em resposta, Ladislav Hamran assinalou que tinham de respeitar a soberania dos países e que estavam

dependentes dos procuradores nacionais, sendo que alguns não respondiam atempadamente, pelo que os

atrasos geravam atrasos subsequentes, o que era prejudicial para a justiça. Frisou a importância de cooperação

com países terceiros, especialmente dado o envolvimento com questões migratórias, notando que alguns países

utilizavam os migrantes como armas. Relativamente à federalização e a cooperação com a Procuradoria

Europeia, frisou que a parceria e a cooperação eram a receita mágica para o combate ao crime transfronteiriço,

pelo que estavam focados em promover essa cooperação da melhor forma possível, não entendendo que

houvesse concorrência. Por outro lado, observou que os meios financeiros da UE não eram infinitos, recordando

que quando se propôs a criação da Procuradoria Europeia se mencionou que não existiram custos adicionais,

o que se verificou ter sido uma constatação irrealista. Considerou que a federalização estava nas mãos dos

Parlamentos nacionais e dos EM. Quanto aos problemas relacionados com o confisco de bens, referiu que as

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sanções eram medidas administrativas para criar pressão política, não tendo um efeito punitivo, pelo que eram

um desafio. Assinalou a cooperação com os EM na pesquisa das pessoas que constam da lista de sanções,

tendo em vista a transferência dos procedimentos administrativos para processos penais.

O Deputado Ricardo Sousa (PSD) usou também da palavra, nos seguintes termos:

«Muito obrigado, Sr.ª Presidente! Cumprimentar a Mesa e cumprimentar o Sr. Presidente da Eurojust. Este

relatório e a atividade da Eurojust ficam naturalmente marcados pela guerra na Ucrânia, um conflito que está

para durar. É, até podemos dizer, um novo normal a que a Eurojust terá de adaptar a sua atividade. Mas temos

também outros desafios, outros desafios importantes que são simultâneos com este. O combate à corrupção e

à fraude do meu ponto de vista exige esforços abrangentes e sistemáticos. O orçamento da UE é utilizado para

diverso tipo de atividades, desde subsídios a agricultores, subvenções para investigação ou projetos de

infraestruturas de grande escala. Tanto a UE, como os EM, têm a obrigação de proteger estes interesses

financeiros de infrações penais, que anualmente geram significativos prejuízos financeiros. Se repararmos há

um inquérito do Eurobarómetro sobre corrupção, realizado no ano passado, que evidencia que mais de metade

da população europeia considera que a corrupção aumentou ao longo dos últimos anos. Esta pode ser uma

perceção injusta, pode também ter que ver com o aumento do número de casos, mas é uma perceção pública

que convém analisar, porque anualmente a corrupção tem um custo de muitos milhões para os cofres da UE,

continuando a constituir um dos maiores desafios que a UE tem, uma vez que tem um impacto muito prejudicial

e compromete o nível de confiança dos cidadãos. E, portanto, a minha pergunta é uma pergunta muito concreta:

o que é que pode ser feito no sentido de intensificar a cooperação entre a Eurojust, a UE e os próprios EM, no

sentido de diminuir o impacto da corrupção, mas também de diminuir a perceção pública que este fenómeno

tem hoje em dia?»

Em resposta, Ladislav Hamran referiu que, no ano anterior, a Eurojust lidou com 87 processos de corrupção,

incluindo dois centros de coordenação e equipas conjuntas de investigação. Considerou que esses números

eram baixos e que não correspondiam à corrupção a nível nacional. Notou, contudo, que a Eurojust tinha

capacidades limitadas, uma vez que todos os casos comunicados à Eurojust eram contributos das autoridades

nacionais, sendo que apenas as autoridades nacionais podiam decidir que casos referenciar à Eurojust e

referindo que a Eurojust tinha toda a capacidade para receber e apoiar essas investigações nacionais. Deu conta

de fundos europeus para o combate à corrupção e à fraude que seriam disponibilizados pela UE, aludindo a

uma reunião realizada com todos os envolvidos na matéria e destacando o papel crucial desempenhado pela

OLAF, bem como da Procuradoria Europeia e da Europol. Considerou que era necessário, a nível da UE, reforçar

a cooperação com essas agências, notando que apesar de terem o mesmo mandato, tinham competências

distintas, sendo importante a sua interconexão. Expressou entendimento de que deveria ser criado um sistema

que permitisse o trabalho conjunto, criando-se uma arquitetura específica da UE para um melhor combate à

corrupção e à fraude.

• Sessão II – Ações da Eurojust relativamente à guerra da Ucrânia (10h30 – 11h10)

Margarita Sniutyté-Daugéliené, Vice-Presidente da Eurojust, apresentou o ponto de situação quanto às

atividades da Eurojust em relação à Ucrânia, aludindo às equipas de investigação conjuntas criadas (Ucrânia,

Lituânia, Polónia, Letónia, Eslováquia, Estónia e Roménia) e à plataforma para partilha de informação

implementada. Referiu os esforços empreendidos para recolher prova e a definição de prioridades na

prossecução da ação penal e na construção dos casos, o que requeria cooperação próxima com a Eurojust e

outras agências europeias. Transmitiu que se realizaram 20 reuniões de coordenação de larga escala,

permitindo o encontro presencial das EIC, e salientou a importância de a Europol ter integrado as EIC,

fornecendo conhecimento analítico especializado. Referiu que 13 países, incluindo a Ucrânia e os EUA, tinham

fornecido cerca de 1300 contributos para a base de dados dos crimes internacionais, os quais permitiram

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identificar um conjunto significativo de ligações. Convidou os EM que detivessem informação relevante a

partilhá-la com a Eurojust para que pudessem ajudar os procuradores a construir casos mais fortes. Recordou

que, em julho de 2023, foi estabelecido o Centro Internacional de Ação Penal pelo Crime de Agressão contra a

Ucrânia (CIAPCAU) com o propósito de ajudar a coordenar a recolha de prova no âmbito das equipas de

investigação conjuntas. Transmitiu que os representantes do CIAPCAU estavam instalados em Haia, próximos

da Eurojust, beneficiando da sua pirâmide de apoio operacional, financeiro, logístico e técnico. Informou que os

representantes – Ucrânia, Lituânia, Polónia, Letónia, Roménia e EUA – se encontravam a desenvolver o regime

jurídico operacional para as investigações, o que incluía definir uma estratégia de prossecução com o

aconselhamento dos colegas do Tribunal Penal Internacional, preparar um resumo das provas já recolhidas e

definir as prioridades para a recolha futura de provas, bem como a definir o conjunto de conhecimentos

especializados de que necessitavam, após o que provavelmente seria lançada uma call aos EM para indicarem

especialistas. Explicou que, até aquela data, não havia ainda conclusões e que as provas e documentos

relevantes seriam traduzidos para inglês e ucraniano, com o intuito de garantir que pudessem ser apresentadas

perante diferentes jurisdições e tribunais internacionais. Como nota final referiu que o Secretariado da Rede de

Genocídio tinha elaborado um relatório, o qual estava disponível no website da Eurojust.

Aberto o período de debate foram sobretudo suscitadas questões relacionadas com as ameaças à segurança

interna da Europa, o papel do Tribunal Penal Internacional e a responsabilização da Rússia pelos crimes de

guerra.

• Sessão III – Cooperação entre a Eurojust e a Europol (11h10 – 12h15)

Boštjan Škrlec, Vice-Presidente da Eurojust, começando por assinalar que a Europol era um parceiro-chave

e que a colaboração próxima era uma condição para o sucesso no combate contra o crime organizado

transfronteiriço e o terrorismo. Referiu que a melhor forma de ilustrar isso era dando o exemplo de um caso: as

duas agências tinham apoiado recentemente uma investigação conjunta de Itália, que expôs o caso em 2018,

da Bélgica e da Alemanha contra uma organização internacional de tráfico de drogas, tendo, em junho de 2023,

tido lugar um dia de ação, com 808 agentes no terreno, que resultou na detenção de 31 suspeitos e na apreensão

de bens no valor de 3,8 milhões, incluindo drogas, dinheiro e automóveis. Explicou que, após o dia da ação,

continuaram a fornecer apoio para construir um caso a apresentar em tribunal e passou a palavra ao colega da

Europol.

Jürgen Ebner, Diretor Executivo Adjunto para a Governação da Europol, agradeceu à Eurojust o convite

para participar na reunião. Referiu que era frequente encontrarem-se nas mesmas reuniões e considerou o caso

apresentado um ótimo exemplo da cooperação e do trabalho de complementaridade existente. Esclareceu que

enquanto a Eurojust se focava na coordenação dos problemas legais, a Europol fornecia pacotes de

conhecimentos especializados às autoridades nacionais de auxílio nas investigações. Referiu que o caso

mencionado era uma consequência das investigações das autoridades nacionais, tendo as autoridades italianas

entendido recorrer ao apoio das agências europeias. Explicou que o dia de ação foi coordenado pela Europol,

utilizando o mecanismo da EMPACT. Coloca-se a questão de saber se mais investigações desta escala deviam

ser empreendidas, informando que normalmente têm lugar cerca de cinco operações de larga escala por ano.

Boštjan Škrlec aludiu, então, ao acordo de cooperação existente entre a Eurojust e a Europol, celebrado em

2010, e à plataforma estabelecida para diálogo a nível sénior e de trabalho, de forma a potenciar a interação

diária e reforçar a cooperação. Mencionou a reunião anual realizada entre ambas as agências para discutir as

operações realizadas e definir as prioridades estratégicas em áreas de interesse mútuo, na qual discutiram a

possibilidade de organizar uma reunião conjunta com os corpos governativos. Referiu que o acordo também

previa que representantes de cada agência fossem destacados para trabalhar numa e noutra e que no momento

a Eurojust tinha um representante no Centro Europeu de Cibercrime da Europol e outro no centro de

contraterrorismo. Constatou que os mandatos de ambas tinham sido alterados ao longo dos tempos, tendo as

respetivas regulamentações acolhido as formas de cooperação. Referiu que estavam a conduzir um projeto-

piloto para afinar a cooperação, apontando que os EM continuavam a ser os detentores dos dados, dependendo

deles a partilha desses dados e muitas vezes não detendo as ferramentas adequadas para o seu tratamento.

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Concluiu frisando que a Europol e a Eurojust cooperavam em muitas áreas, em especial no combate à

criminalidade organizada, o tráfico de seres humanos e terrorismo, e que para tal era fundamental a ação da

EMPACT e do SOCT, das equipas de investigação conjuntas, e a busca de soluções inovadoras.

Jürgen Ebner acrescentou algumas considerações sobre as equipas de investigação conjuntas, salientando

que o crime organizado só podia ser combatido em parceria. Constatou que a Europol era cada vez mais uma

instituição de coordenação operacional. Explicou que a Europol frequentemente organiza task-forces para

fomentar a investigação e promover a cooperação internacional. Quanto a soluções inovativas, mencionou o

projeto SIRIUS – um sistema de utilização integrada de recuperação de informação científica – e o hub de

inovação. Congratulou-se pela cooperação com a Europol e pelo trabalho que vinham a desenvolver para

estabelecer os princípios de responsabilidade pelo uso de inteligência artificial.

Aberto o período de debate foram sobretudo suscitadas questões relacionadas com o terrorismo, o mandado

de detenção Europol, verificação e transferência de provas.

Interveio no debate o Deputado Jorge Seguro Sanches (PS), nos seguintes termos:

«Muito obrigado, Sr.ª Presidente! Antes de mais, queria expressar o agradecimento e o reconhecimento pelo

trabalho que a delegação portuguesa tem vindo a desempenhar no âmbito da Europol e da Eurojust. Este

reconhecimento é ainda mais oportuno no termo de funções do atual membro nacional português, António Cluny,

que tem mantido ao longo do seu mandato uma relação impecável de informação com a Assembleia da

República. Reconhecidamente o papel da Eurojust é ajudar a tornar a Europa um lugar mais seguro,

coordenando o trabalho das autoridades nacionais dos EM da UE, bem como dos Estados terceiros, na

investigação e repressão da criminalidade. Essa é também uma missão da Europol e, aliás, esta pergunta é

mais dirigida às duas entidades do ponto de vista da cooperação na investigação. Sabemos do papel do Tratado

de Lisboa e dos Parlamentos, mas entendemos que o papel do Parlamento Europeu e dos Parlamentos

nacionais pode ser reforçado nesse objetivo e é essa a primeira questão: Como lhes parece que o podemos

fazer? Reforçar a proximidade dos Parlamentos nacionais e do Parlamento Europeu na missão de cooperação

entre a Eurojust e a Europol? As questões seguintes têm que ver com o objetivo da digitalização e a necessidade

de apostar na cooperação utilizando os meios da digitalização, que são cada vez mais necessários e mais

importantes: quais são os mecanismos que estão previstos? Quais são os mecanismos em que entendem que

se pode e deve apostar? E qual o papel que os Parlamentos nacionais podem ter?»

Em resposta, Boštjan Škrlec apontou asdiferenças na relação com os Parlamentos nacionais, referindo que

alguns reportavam regularmente, enquanto outros o faziam com menor frequência. Reconheceu, não obstante,

que nos debates parlamentares os EM focavam as prioridades identificadas, o que saudou. Referiu que o

processo de digitalização era um dos aspetos-chave em que se focavam no âmbito da cooperação judiciária

dentro da UE.

Jürgen Ebner agradeceu as questões colocadas pela delegação portuguesa, referindo que, com a alteração

ao Regulamento da Europol, os direitos dos EM tinham sido reforçados no sentido de receber mais informação,

nomeadamente através de questões escritas e orais, do escrutínio realizado pelo Grupo de Controlo Parlamentar

Conjunto e da possibilidade de participação nas reuniões da administração.

• Conclusões (12h15 – 12h30)

Maite Pagazaurtundúa assumiu o encerramento da sessão, agradecendo a todos e saudando a qualidade

das perguntas, reconhecendo a dificuldade concreta das situações enfrentadas de criminalidade e, nesse

seguimento, salientando a necessidade de cooperar

Fernando Martínez-Maíllo Toribioconsiderou que ficou demonstrada a cooperação em matéria penal, bem

como o interesse dos EM em promover essa cooperação, reconhecendo a sua eficácia e contribuindo para a

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sua melhoria. Concluiu referindo que a UE era um espaço de liberdade, não devia ser um espaço de impunidade,

e que essa era a luta conjunta dos EM e das instituições europeias.

Assembleia da República, 20 de dezembro de 2023.

Pela Delegação da Assembleia da República, Deputado Pedro Anastácio.

A DIVISÃO DE REDAÇÃO.

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