O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

10 | II Série RC - Número: 004 | 15 de Dezembro de 2010

De modo que só queremos reafirmar o que, provavelmente, já teremos dito n vezes aquando da apresentação desta proposta por parte do CDS noutras revisões constitucionais, isto é, que repudiamos completamente esta proposta. De resto, não é surpresa, pois não, Sr. Deputado Telmo Correia?

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Não, de todo! Surpresa seria o contrário!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Exactamente!

O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra o Sr. Deputado Mota Amaral.

O Sr. Mota Amaral (PSD): — Sr. Presidente, julgo que, dos presentes, fui o único que votei este texto e, portanto, subscrevo-o. E não me causa qualquer problema o seu conteúdo, nem na altura nem hoje, porque o texto tem, ao longo da sua redacção, um sujeito: o sujeito destas frases é a Assembleia Constituinte.
Portanto, a Assembleia Constituinte votou, no dia 2 de Abril de 1976, a Constituição, incluindo esse texto.
Desde logo, não faz qualquer sentido alterar o que a Assembleia Constituinte declarou.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Claro!

O Sr. Mota Amaral (PSD): — Ou seja, fazer alterações pontuais, riscar palavras daqui ou tirar dali não faz sentido, porque o que a Assembleia Constituinte votou foi isto, no quadro em que decorreram os seus trabalhos conforme a maioria nela existente e conforme o sentido exacto dos responsáveis políticos da época, nos quais, obviamente, o PSD também se inscrevia.
Mesmo a declaração, que tanto choca alguns, «de abrir caminho para uma sociedade socialista» está balizada na afirmação da garantia da democracia. Não se trata «de abrir caminho para uma sociedade socialista» imposta pela força, nem por sombras! A base fundamental do regime instituído pela Constituição é a democracia, o pluralismo e expressamente se diz que esta meta de uma sociedade, que, afinal, está traduzida abaixo como sendo um país «mais justo e mais fraterno», se irá realizar «no respeito da vontade do povo português».
A Assembleia Constituinte, claramente, assumiu uma realidade que é óbvia: a de que a história avança e as posições do povo português, manifestamente, também se modificam.
Portanto, dentro destas condições, o que me parece nítido é que a vontade do povo português nunca se manifestou no sentido da construção de uma sociedade socialista diferente dos moldes daquela que hoje vivemos, com a presença do Estado com capacidade para intervir na actividade económica, mas reconhecendo as virtualidades e o papel decisivo da iniciativa privada, com todas as suas consequências.
Julgo, portanto, que o preâmbulo da Constituição de 1976, votado pela Assembleia Constituinte, que é, portanto, uma responsabilidade da Assembleia Constituinte e dos Constituintes — tomo a minha parte nela, 1/250 do dito preâmbulo — , não prejudica de forma alguma, nem alguma vez foi considerado incompatível com a vontade do povo português manifestada sucessivamente, com nuances variadas, ao longo destes quase 40 anos de vigência da Constituição.
O aspecto afirmativo do preâmbulo no que toca à garantia dos direitos fundamentais, no que toca à rejeição da ditadura, no que toca ao abrir para Portugal, finalmente, de uma democracia pluralista em toda a sua amplitude, sobretudo na base fundamental dela, que é o direito de sufrágio, que nunca existiu antes em Portugal (há, de facto, aqui uma fundação de um regime democrático numa plenitude como nunca tinha existido anteriormente no nosso País), é daqueles conteúdos que, na minha opinião pessoal, devemos manter e respeitar, respeitando assim também a Assembleia Constituinte e o seu trabalho, tão fundamental para a instauração da democracia no nosso País.

O Sr. Presidente: — O Sr. Deputado Mota Amaral é o único Deputado Constituinte que faz parte desta Comissão e, portanto, é o único dos presentes que é destinatário directo da homenagem — justa, aliás — que todos nós aqui fizemos. E, naturalmente, a sua participação honra esta Comissão.
Tem a palavra o Sr. Deputado Vitalino Canas.

Resultados do mesmo Diário
Página 0001:
ao Preâmbulo, tendo usado da palavra, além do Sr. Presidente, os Srs. Deputados Telmo Correia e José Manuel
Pág.Página 1
Página 0002:
que temos para discussão dizem respeito ao preâmbulo da Constituição: são duas propostas de eliminação, uma apresentada
Pág.Página 2
Página 0003:
de eliminação do preâmbulo se basta a si mesma, Sr. Presidente. Ou seja, bastará fazer uma leitura do preâmbulo
Pág.Página 3
Página 0004:
o preâmbulo da Constituição da República Portuguesa», no do Sr. Deputado José Manuel Rodrigues, nesta
Pág.Página 4
Página 0005:
que estamos a discutir o preâmbulo, porque ele próprio constitui uma homenagem ao 25 de Abril, de que o nosso colega
Pág.Página 5
Página 0006:
constitucional. Portanto, sendo o preâmbulo algo que está fora da Constituição dado o seu valor histórico
Pág.Página 6
Página 0007:
7 | II Série RC - Número: 004 | 15 de Dezembro de 2010 países em que o preâmbulo é
Pág.Página 7
Página 0008:
para alçm do preâmbulo,» O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — E muito bem! O Sr. José Manuel Pureza
Pág.Página 8
Página 0009:
que se compreende esta intenção do CDS de eliminar o preâmbulo, tendo o CDS tido a posição que teve na própria
Pág.Página 9
Página 0011:
do Partido Socialista está expressa em relação ao preâmbulo, mas há dois ou três aspectos que entendo
Pág.Página 11
Página 0012:
12 | II Série RC - Número: 004 | 15 de Dezembro de 2010 preâmbulo devia ser alterado
Pág.Página 12
Página 0013:
/250 da responsabilidade da decisão de aprovação do preâmbulo, porque os Deputados Constituintes do CDS
Pág.Página 13
Página 0014:
, o meu modelo, a minha ideia de Constituição. O preâmbulo vale como documento histórico, vale como respeito
Pág.Página 14
Página 0015:
a manutenção do preâmbulo na Constituição da República use os argumentos mais dispares e até, nalguns casos
Pág.Página 15
Página 0016:
ser balizado, perspectivado exactamente nesse quadro de valores que está referenciado no preâmbulo
Pág.Página 16
Página 0017:
os interesses colectivos. Isso não aceitamos, nem no preâmbulo nem no articulado — só se houver uma ruptura
Pág.Página 17
Página 0018:
, em que o Professor Jorge Miranda aventava a hipótese de se reescrever, de se alterar o preâmbulo, e gostaria de dizer
Pág.Página 18
Página 0019:
de união entre todos os portugueses e, para tanto, optámos por não reescrever este preâmbulo
Pág.Página 19
Página 0028:
-se de um preconceito, porque a realidade é diferente. Há pouco falávamos do preâmbulo. Se alguns pensam
Pág.Página 28