O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Página 1

Sábado, 30 de Maio de 2009 Número 104

X LEGISLATURA

S U M Á R I O

Projecto de lei n.º 786/X (4.ª) — Regulamenta o

regime de reparação de acidentes de trabalho e de doenças profissionais, incluindo a reabilitação e reintegração profissionais, nos termos do artigo 284.º do Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro (PS).

Página 2

SEPARATA — NÚMERO 104

2

ÀS COMISSÕES DE TRABALHADORES OU ÀS RESPECTIVAS COMISSÕES COORDENADORAS, ASSOCIAÇÕES SINDICAIS E ASSOCIAÇÕES DE

EMPREGADORES

Nos termos e para os efeitos dos artigos 54.º, n.º 5, alínea d), e 56.º, n.º 2, alínea a), da Constituição, do artigo 134.º do Regimento da Assembleia da República e dos artigos 469.º a 475.º da Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro (Aprova a revisão do Código do Trabalho), avisam-se estas entidades de que se encontra para apreciação, de 30 de Maio a 28 de Junho de 2009, o diploma seguinte:

Proposta de lei n.º 786/X (4.ª) — Regulamenta o regime de reparação de acidentes de trabalho e de doenças profissionais, incluindo a reabilitação e reintegração profissionais, nos termos do artigo 284.º do Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro (PS).

As sugestões e pareceres deverão ser enviados, até à data limite acima indicada, por correio electrónico dirigido a: Com11CTSSAP@ar.parlamento.pt; ou em carta, dirigida à Comissão Parlamentar de Trabalho, Segurança Social e Administração Pública, Assembleia da República, Palácio de São Bento, 1249-068 Lisboa; ou através de formulário disponível em

http://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/IniciativasemApreciacaoPublica.aspx.

Dentro do mesmo prazo, as comissões de trabalhadores ou as comissões coordenadoras, as associações sindicais e associações de empregadores poderão solicitar audiências à Comissão Parlamentar de Trabalho, Segurança Social e Administração Pública, devendo fazê-lo por escrito, com indicação do assunto e fundamento do pedido.

Página 3

30 DE MAIO DE 2009

3

PROJECTO DE LEI N.º 786/X (4.ª)

REGULAMENTA O REGIME DE REPARAÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO E DE DOENÇAS

PROFISSIONAIS, INCLUINDO A REABILITAÇÃO E REINTEGRAÇÃO PROFISSIONAIS, NOS TERMOS DO

ARTIGO 284.º DO CÓDIGO DO TRABALHO, APROVADO PELA LEI N.º 7/2009, DE 12 DE FEVEREIRO

Exposição de motivos

Com vista à simplificação da legislação laboral, e tendo por base o objectivo de sistematização e

codificação, a Lei n.º 99/2003, de 27 de Agosto, que aprovou o Código do Trabalho, procedeu à revisão e

unificação dos diplomas legais que regulavam, até então, de forma dispersa, os regimes laborais da prestação

do trabalho subordinado.

Contudo, por força da citada lei, a entrada em vigor de diversos normativos constantes do Código do

Trabalho ficou suspensa até à aprovação de legislação especial, como é o caso do regime jurídico de

reparação dos acidentes de trabalho e doenças profissionais previsto, respectivamente, nos Capítulos V

(artigo 281.º a 308.º) e VI (artigo 309.º a 312.º) do Código do Trabalho.

Por seu turno, a Lei n.º 35/2004, de 29 de Julho, que veio regulamentar de forma abrangente as matérias

constantes do Código do Trabalho acabou por deixar de fora alguns dos regimes laborais que careciam de

legislação específica para poderem entrar em vigor, entre os quais se incluía o regime de reparação dos

acidentes de trabalho e doenças profissionais, mantendo-se, assim, em vigor o regime existente estabelecido

pela Lei n.º 100/97, de 13 de Setembro, pelo Decreto-Lei n.º 143/99, de 30 de Abril, e pelo Decreto-Lei n.º

248/99, de 2 de Julho.

Considerando adequado e urgente proceder à regulamentação do Código do Trabalho na parte atinente

aos acidentes de trabalho e doenças profissionais, e, em particular, inovando no que respeita à reabilitação e

reintegração do trabalhador sinistrado por acidente de trabalho ou afectado por doença profissional, o XVII

Governo Constitucional apresentou à Assembleia da República a proposta de lei n.º 88/X, que «Regulamenta

os artigos 281.º a 312.º do Código do Trabalho», referentes aos acidentes de trabalho e doenças profissionais,

discutida e aprovada na generalidade em 1 de Fevereiro de 2007.

No decurso da discussão na especialidade da referida proposta de lei, entendeu a Comissão de Trabalho,

Segurança Social e Administração Pública, dado que em simultâneo surgiu o primeiro relatório do Livro Branco

das Relações Laborais que recomendava a retirada do Código do Trabalho dos normativos relativos a

acidentes de trabalho e doenças profissionais, o que a verificar-se colocaria em crise a proposta de lei

apresentada, suspender o processo legislativo em curso até à aprovação da revisão do Código do Trabalho, o

que viria a ocorrer com a aprovação da Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro.

Na Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, que aprovou a revisão do Código do Trabalho, o legislador, seguindo

parcialmente a recomendação formulada pela Comissão do Livro Branco das Relações Laborais, optou por

estabelecer no Código do Trabalho o Capítulo IV relativo à prevenção e reparação dos acidentes de trabalho e

doenças profissionais, que integra uma única disposição legal relativa reparação dos acidentes de trabalho e

doenças profissionais, o artigo 283.º, cuja regulamentação é, nos termos do artigo 284.º, objecto de legislação

específica.

Constata-se, assim, que os artigos 281.º a 312.º do anterior Código do Trabalho, sobre os quais incidia a

proposta de lei n.º 88/X, foram revogados, pelo que a mesma se encontra presentemente desfasada,

carecendo de adequação aos normativos constantes do novo Código do Trabalho.

Assim, entendeu o Grupo Parlamentar do Partido Socialista, inspirando-se na proposta de lei n.º 88/X, cujo

conteúdo considera adequado, oportuno e necessário, bem como no conjunto de audições feitas na Comissão

de Trabalho, Segurança Social e Administração Pública em torno da mesma, apresentar o presente projecto

de lei que regulamenta o artigo 283.º do Código do Trabalho, relativo ao regime de reparação dos acidentes

de trabalho e doenças profissionais, incluindo a reabilitação e reintegração profissionais.

Página 4

SEPARATA — NÚMERO 104

4

A regulamentação específica que se propõe não visa romper com o regime jurídico estabelecido quer pela

Lei n.º 100/97, de 13 de Setembro, regulamentada quer pelo Decreto-Lei n.º 143/99, de 30 de Abril, quer pelo

Decreto-Lei n.º 248/99, de 2 de Julho, quer mesmo pelas disposições normativas constantes no anterior

Código do Trabalho entretanto revogadas, mas, sim, proceder a uma sistematização das matérias que o

integram, organizando-o de forma mais inteligível e acessível, e corrigir os normativos que se revelaram

desajustados na sua aplicação prática, quer do ponto de vista social quer do ponto de vista constitucional e

legal, como é exemplo o caso da remição obrigatória de pensão por incapacidade parcial permanente.

Por outro lado, assume-se a dimensão inovatória de regular a intervenção do serviço público competente

para o emprego e formação profissional no processo de reabilitação profissional dos trabalhadores, na

avaliação da respectiva situação, em apoios técnicos e financeiros para a adaptação do posto de trabalho e na

formação profissional promovida pelo empregador, na elaboração de um plano de reintegração profissional do

trabalhador e em acordos de cooperação com diversas entidades com vista à reintegração do trabalhador

sinistrado.

Do novo regime de reparação dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais, que se propõe

através do presente projecto de lei, destacam-se, pela sua importância, os seguintes aspectos:

— Aperfeiçoa o conceito de acidente de trabalho, que passa a abranger o acidente de trabalho que se

verifique nos trajectos normalmente utilizados pelo trabalhador, bem como o acidente ocorrido fora do local de

trabalho quando no exercício do direito de reunião ou de actividade de representante dos trabalhadores, nos

termos previstos no Código do Trabalho;

— Reconhece à família do trabalhador sinistrado o direito a apoio psicoterapêutico, sempre que necessário;

— Prevê a atribuição de pensão calculada nos termos aplicáveis aos casos em que não haja actuação

culposa do empregador, quando o acidente tenha sido provocado pelo empregador, seu representante ou

entidade por aquele contratada, ou resultar de incumprimento de regras de segurança e saúde no trabalho, já

que não faz sentido que o sinistrado nestas circunstâncias não tenha direito à pensão a que tem direito

sempre que o acidente não é devido a culpa daquele;

— Reconhece ao beneficiário legal do sinistrado o direito ao pagamento de transporte sempre que for

exigida a sua comparência em tribunal, consagrando-se um procedimento que já é corrente;

— Prevê que a reabilitação e reintegração profissional e a adaptação do posto de trabalho sejam

garantidas ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou afectado por doença profissional, cabendo ao

empregador assegurar a sua ocupação e criar condições para a sua integração no mercado de trabalho;

— Consagra a atribuição ao sinistrado de um subsídio para a frequência de acções no âmbito da

reabilitação profissional, direito não previsto na legislação precedente relativamente a sinistrados por acidente

de trabalho;

— Estabelece o direito a pensão por morte do sinistrado a pessoa que tenha celebrado casamento

declarado nulo ou anulado, bem como a exclusão de pessoa que tenha sido excluída da sucessão por

indignidade e deserdação, situações até ao momento apenas reguladas para a doença profissional;

— Elimina a regra que determina que a pensão por acidente de trabalho só pode ser revista nos 10 anos

posteriores à sua fixação, passando a permitir-se a sua revisão a todo o tempo, tal como já sucede no regime

de reparação das doenças profissionais;

— Altera o regime de remição de pensões, seguindo a recente jurisprudência do Tribunal Constitucional

quanto a esta matéria e esclarece que o regime da remição de pensão por doença profissional é sempre

facultativo e só é admissível no caso de doenças profissionais sem carácter evolutivo;

— Regula a prestação de trabalho a tempo parcial e da licença para formação ou novo emprego de

trabalhador vítima de acidente de trabalho ou afectado por doença profissional;

— Estabelece e desenvolve regras relativas à intervenção do serviço público competente para o emprego e

formação profissional no processo de reabilitação profissional dos trabalhadores.

Página 5

30 DE MAIO DE 2009

5

Assim, nos termos constitucionais, legais e regimentais aplicáveis, os Deputados do Partido Socialista,

abaixo assinados, apresentam o seguinte projecto de lei:

CAPÍTULO I

Objecto e âmbito

Artigo 1.º

Objecto da lei

1 — A presente lei regulamenta o regime de reparação de acidentes de trabalho e de doenças

profissionais, incluindo a reabilitação e reintegração profissionais, nos termos do artigo 284.º do Código do

Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro.

2 — Sem prejuízo do disposto no Capítulo III, às doenças profissionais aplicam-se, com as devidas

adaptações, as normas relativas aos acidentes de trabalho constantes da presente lei e, subsidiariamente, o

regime geral da segurança social.

Artigo 2.º

Beneficiários

O trabalhador e os seus familiares têm direito à reparação dos danos emergentes dos acidentes de

trabalho e doenças profissionais nos termos previstos na presente lei.

CAPÍTULO II

Acidentes de trabalho

SECÇÃO I

Disposições gerais

Artigo 3.º

Trabalhador abrangido

1 — O regime previsto na presente lei abrange o trabalhador por conta de outrem de qualquer actividade,

seja ou não explorada com fins lucrativos.

2 — Quando a presente lei não impuser entendimento diferente, presume-se que o trabalhador está na

dependência económica da pessoa em proveito da qual presta serviços.

3 — Para além da situação do praticante, aprendiz e estagiário, considera-se situação de formação

profissional a que tem por finalidade a preparação, promoção e actualização profissional do trabalhador,

necessária ao desempenho de funções inerentes à actividade do empregador.

Artigo 4.º

Exploração lucrativa

Para os efeitos da presente lei não se considera lucrativa a actividade cuja produção se destine

exclusivamente ao consumo ou utilização do agregado familiar do empregador.

Página 6

SEPARATA — NÚMERO 104

6

Artigo 5.º

Trabalhador estrangeiro

1 — O trabalhador estrangeiro que exerça actividade em Portugal é, para efeitos da presente lei,

equiparado ao trabalhador português.

2 — Os familiares do trabalhador estrangeiro referido no número anterior beneficiam igualmente da

protecção estabelecida relativamente aos familiares do sinistrado.

3 — O trabalhador estrangeiro sinistrado em acidente de trabalho em Portugal ao serviço de empresa

estrangeira, sua agência, sucursal, representante ou filial pode ficar excluído do âmbito da presente lei desde

que exerça uma actividade temporária ou intermitente e, por acordo entre Estados, se tenha convencionado a

aplicação da legislação relativa à protecção do sinistrado em acidente de trabalho em vigor no Estado de

origem.

Artigo 6.º

Trabalhador no estrangeiro

1 — O trabalhador português e o trabalhador estrangeiro residente em Portugal sinistrados em acidente de

trabalho no estrangeiro ao serviço de empresa portuguesa têm direito às prestações previstas na presente lei,

salvo se a legislação do Estado onde ocorreu o acidente lhes reconhecer direito à reparação, caso em que o

trabalhador poderá optar por qualquer dos regimes.

2 — A lei portuguesa aplica-se na ausência de opção expressa do trabalhador sinistrado em acidente de

trabalho no estrangeiro ao serviço de empresa portuguesa, salvo se a do Estado onde ocorreu o acidente for

mais favorável.

Artigo 7.º

Responsabilidade

É responsável pela reparação e demais encargos decorrentes de acidente de trabalho, bem como pela

manutenção no posto de trabalho, nos termos previstos na presente lei, a pessoa singular ou colectiva de

direito privado ou de direito público não abrangida por legislação especial, relativamente ao trabalhador ao seu

serviço.

SECÇÃO II

Delimitação do acidente de trabalho

Artigo 8.º

Conceito

1 — É acidente de trabalho aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho e produza directa ou

indirectamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de

trabalho ou de ganho ou a morte.

2 — Para efeitos do presente capítulo, entende-se por:

a) Local de trabalho, todo o lugar em que o trabalhador se encontra ou deva dirigir-se em virtude do seu

trabalho e em que esteja, directa ou indirectamente, sujeito ao controlo do empregador;

Página 7

30 DE MAIO DE 2009

7

b) Tempo de trabalho, além do período normal de trabalho, o que precede o seu início, em actos de

preparação ou com ele relacionados, e o que se lhe segue, em actos também com ele relacionados, e ainda

as interrupções normais ou forçosas de trabalho.

Artigo 9.º

Extensão do conceito

1 — Considera-se também acidente de trabalho o ocorrido:

a) No trajecto de ida para o local de trabalho ou de regresso deste, nos termos referidos no número

seguinte;

b) Na execução de serviços espontaneamente prestados e de que possa resultar proveito económico para

o empregador;

c) No local de trabalho e fora deste, quando no exercício do direito de reunião ou de actividade de

representante dos trabalhadores, nos termos previstos no Código do Trabalho;

d) No local de trabalho, quando em frequência de curso de formação profissional ou, fora do local de

trabalho, quando exista autorização expressa do empregador para tal frequência;

e) No local de pagamento da retribuição, enquanto o trabalhador aí permanecer para tal efeito;

f) No local onde o trabalhador deva receber qualquer forma de assistência ou tratamento em virtude de

anterior acidente e enquanto aí permanecer para esse efeito;

g) Em actividade de procura de emprego durante o crédito de horas para tal concedido por lei aos

trabalhadores com processo de cessação do contrato de trabalho em curso;

h) Fora do local ou tempo de trabalho, quando verificado na execução de serviços determinados pelo

empregador ou por ele consentidos.

2 — A alínea a) do número anterior compreende o acidente de trabalho que se verifique nos trajectos

normalmente utilizados e durante o período de tempo habitualmente gasto pelo trabalhador:

a) Entre qualquer dos seus locais de trabalho, no caso de ter mais do que um emprego;

b) Entre a sua residência habitual ou ocasional e as instalações que constituem o seu local de trabalho;

c) Entre qualquer dos locais referidos na alínea precedente e o local do pagamento da retribuição;

d) Entre qualquer dos locais referidos na alínea b) e o local onde ao trabalhador deva ser prestada qualquer

forma de assistência ou tratamento por virtude de anterior acidente;

e) Entre o local de trabalho e o local da refeição;

f) Entre o local onde por determinação do empregador presta qualquer serviço relacionado com o seu

trabalho e as instalações que constituem o seu local de trabalho habitual ou a sua residência habitual ou

ocasional.

3 — Não deixa de se considerar acidente de trabalho o que ocorrer quando o trajecto normal tenha sofrido

interrupções ou desvios determinados pela satisfação de necessidades atendíveis do trabalhador, bem como

por motivo de força maior ou por caso fortuito.

4 — No caso previsto na alínea a) do n.º 2 é responsável pelo acidente o empregador para cujo local de

trabalho o trabalhador se dirige.

Página 8

SEPARATA — NÚMERO 104

8

Artigo 10.º

Prova da origem da lesão

1 — A lesão constatada no local e no tempo de trabalho ou nas circunstâncias previstas no artigo anterior

presume-se consequência de acidente de trabalho.

3 — Se a lesão não tiver manifestação imediatamente a seguir ao acidente, compete ao sinistrado ou aos

beneficiários legais provar que foi consequência dele.

Artigo 11.º

Predisposição patológica e incapacidade

1 — A predisposição patológica do sinistrado num acidente não exclui o direito à reparação integral, salvo

quando tiver sido ocultada.

2 — Quando a lesão ou doença consecutiva ao acidente for agravada por lesão ou doença anterior, ou

quando esta for agravada pelo acidente, a incapacidade avaliar-se-á como se tudo dele resultasse, a não ser

que pela lesão ou doença anterior o sinistrado já esteja a receber pensão ou tenha recebido um capital de

remição nos termos da presente lei.

3 — No caso de o sinistrado estar afectado de incapacidade permanente anterior ao acidente, a reparação

é apenas a correspondente à diferença entre a incapacidade anterior e a que for calculada como se tudo fosse

imputado ao acidente.

4 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, quando do acidente resulte a inutilização ou danificação

das ajudas técnicas de que o sinistrado já era portador, o mesmo tem direito à sua reparação ou substituição.

5 — Confere também direito à reparação a lesão ou doença que se manifeste durante o tratamento

subsequente a um acidente de trabalho e que seja consequência de tal tratamento.

SECÇÃO III

Exclusão e redução da responsabilidade

Artigo 12.º

Nulidade

1 — É nula a convenção contrária aos direitos ou garantias conferidos na presente lei ou com eles

incompatível.

2 — São igualmente nulos os actos e contratos que visem a renúncia aos direitos conferidos na presente

lei.

3 — Para efeitos do disposto do n.º 1, presume-se realizado com o fim de impedir a satisfação dos créditos

provenientes do direito à reparação prevista na lei todo o acto do devedor, praticado após a data do acidente

ou do diagnóstico inequívoco da doença profissional, que envolva diminuição da garantia patrimonial desses

créditos.

Artigo 13.º

Proibição de descontos na retribuição

O empregador não pode descontar qualquer quantia na retribuição do trabalhador ao seu serviço a título de

compensação pelos encargos resultantes do regime estabelecido na presente lei, sendo nulos os acordos

realizados com esse objectivo.

Página 9

30 DE MAIO DE 2009

9

Artigo 14.º

Descaracterização do acidente

1 — O empregador não tem de reparar os danos decorrentes do acidente que:

a) For dolosamente provocado pelo sinistrado ou provier de seu acto ou omissão, que importe violação,

sem causa justificativa, das condições de segurança estabelecidas pelo empregador ou previstas na lei;

b) Provier exclusivamente de negligência grosseira do sinistrado;

c) Resultar da privação permanente ou acidental do uso da razão do sinistrado, nos termos do Código Civil,

salvo se tal privação derivar da própria prestação do trabalho, for independente da vontade do sinistrado ou se

o empregador ou o seu representante, conhecendo o estado do sinistrado, consentir na prestação.

2 — Para efeitos do disposto na alínea a) do número anterior, considera-se que existe causa justificativa da

violação das condições de segurança se o acidente de trabalho resultar de incumprimento de norma legal ou

estabelecida pelo empregador da qual o trabalhador, face ao seu grau de instrução ou de acesso à

informação, dificilmente teria conhecimento ou, tendo-o, lhe fosse manifestamente difícil entendê-la.

3 — Entende-se por negligência grosseira o comportamento temerário em alto e relevante grau, que não se

consubstancie em acto ou omissão resultante da habitualidade ao perigo do trabalho executado, da confiança

na experiência profissional ou dos usos da profissão.

Artigo 15.º

Força maior

1 — O empregador não tem de reparar o acidente que provier de motivo de força maior.

2 — Só se considera motivo de força maior o que, sendo devido a forças inevitáveis da natureza,

independentes de intervenção humana, não constitua risco criado pelas condições de trabalho nem se

produza ao executar serviço expressamente ordenado pelo empregador em condições de perigo evidente.

Artigo 16.º

Situações especiais

1 — Não há igualmente obrigação de reparar o acidente ocorrido na prestação de serviços eventuais ou

ocasionais, de curta duração, a pessoas singulares em actividades que não tenham por objecto exploração

lucrativa.

2 — As exclusões previstas no número anterior não abrangem o acidente que resulte da utilização de

máquinas e de outros equipamentos de especial perigosidade.

Artigo 17.º

Acidente causado por outro trabalhador ou por terceiro

1 — Quando o acidente for causado por outro trabalhador ou por terceiro, o direito à reparação devida pelo

empregador não prejudica o direito de acção contra aqueles, nos termos gerais.

2 — Se o sinistrado em acidente receber de outro trabalhador ou de terceiro indemnização superior à

devida pelo empregador, este considera-se desonerado da respectiva obrigação e tem direito a ser

reembolsado pelo sinistrado das quantias que tiver pago ou despendido.

3 — Se a indemnização arbitrada ao sinistrado ou aos seus representantes for de montante inferior ao dos

benefícios conferidos em consequência do acidente, a exclusão da responsabilidade é limitada àquele

montante.

Página 10

SEPARATA — NÚMERO 104

10

4 — O empregador ou a sua seguradora que houver pago a indemnização pelo acidente, pode subrogar-se

no direito do lesado contra os responsáveis referidos no n.º 1, se o sinistrado não lhes tiver exigido

judicialmente a indemnização no prazo de um ano a contar da data do acidente.

5 — O empregador e a sua seguradora também são titulares do direito de intervir como parte principal no

processo em que o sinistrado exigir aos responsáveis a indemnização pelo acidente a que se refere este artigo.

SECÇÃO IV

Agravamento da responsabilidade

Artigo 18.º

Actuação culposa do empregador

1 — Quando o acidente tiver sido provocado pelo empregador, seu representante ou entidade por aquele

contratada, ou resultar de falta de observação, por aqueles, das regras sobre segurança e saúde no trabalho,

a indemnização abrange a totalidade dos prejuízos, patrimoniais e não patrimoniais, sofridos pelo trabalhador

e seus familiares, nos termos gerais.

2 — O disposto no número anterior não prejudica a responsabilidade criminal em que o empregador, ou o

seu representante, tenha incorrido.

3 — Se, nas condições previstas neste artigo, o acidente tiver sido provocado pelo representante do

empregador, este terá direito de regresso contra aquele.

4 — No caso previsto no presente artigo, e sem prejuízo do ressarcimento dos prejuízos patrimoniais e dos

prejuízos não patrimoniais, bem como das demais prestações devidas por actuação não culposa, é devida

uma pensão anual, destinada a reparar a redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte, fixada

segundo as regras seguintes:

a) Nos casos de incapacidade permanente absoluta para todo e qualquer trabalho, ou incapacidade

temporária absoluta, e de morte, igual à retribuição;

b) Nos casos de incapacidade permanente absoluta para o trabalho habitual, compreendida entre 70% e

100% da retribuição, conforme a maior ou menor capacidade funcional residual para o exercício de outra

profissão compatível;

c) Nos casos de incapacidade parcial, permanente ou temporária, tendo por base a redução da capacidade

resultante do acidente.

5 — No caso de morte, a pensão prevista no número anterior é repartida pelos beneficiários do sinistrado,

de acordo com as proporções previstas nos artigos 58.º a 60.º.

6 — No caso de se verificar uma alteração na situação dos beneficiários, a pensão é modificada, de acordo

com as regras previstas no número anterior.

SECÇÃO V

Natureza, determinação e graduação da incapacidade

Artigo 19.º

Natureza da incapacidade

1 — O acidente de trabalho pode determinar incapacidade temporária ou permanente para o trabalho.

2 — A incapacidade temporária pode ser parcial ou absoluta.

Página 11

30 DE MAIO DE 2009

11

3 — A incapacidade permanente pode ser parcial, absoluta para o trabalho habitual ou absoluta para todo e

qualquer trabalho.

Artigo 20.º

Determinação da incapacidade

A determinação da incapacidade é efectuada de acordo com a Tabela Nacional de Incapacidades por

Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, elaborada e actualizada por uma comissão nacional, cuja

composição, competência e modo de funcionamento são fixados em diploma próprio.

Artigo 21.º

Avaliação e graduação da incapacidade

1 — O grau de incapacidade resultante do acidente define-se, em todos os casos, por coeficientes

expressos em percentagens e determinados em função da natureza e da gravidade da lesão, do estado geral

do sinistrado, da sua idade e profissão, bem como da maior ou menor capacidade funcional residual para o

exercício de outra profissão compatível e das demais circunstâncias que possam influir na sua capacidade de

trabalho ou de ganho.

2 — O grau de incapacidade é expresso pela unidade quando se verifique disfunção total com

incapacidade permanente absoluta para todo e qualquer trabalho.

3 — O coeficiente de incapacidade é fixado por aplicação das regras definidas na Tabela Nacional de

Incapacidades por Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, em vigor à data do acidente.

4 — Sempre que haja lugar à aplicação do disposto na alínea b) do n.º 3 do artigo 47.º e no artigo 52.º o

juiz pode requisitar parecer prévio de peritos especializados, designadamente dos serviços competentes do

ministério responsável pela área laboral.

Artigo 22.º

Conversão da incapacidade temporária em permanente

1 — A incapacidade temporária converte-se em permanente decorridos 18 meses consecutivos, devendo o

perito médico do tribunal reavaliar o respectivo grau de incapacidade.

2 — Verificando-se que ao sinistrado está a ser prestado o tratamento clínico necessário, o Ministério

Público pode prorrogar o prazo fixado no número anterior, até ao máximo de 30 meses, a requerimento da

entidade responsável e ou do sinistrado.

SECÇÃO VI

Reparação

SUBSECÇÃO I

Disposições gerais

Artigo 23.º

Princípio geral

O direito à reparação compreende as seguintes prestações:

Página 12

SEPARATA — NÚMERO 104

12

a) Em espécie: prestações de natureza médica, cirúrgica, farmacêutica, hospitalar e quaisquer outras, seja

qual for a sua forma, desde que necessárias e adequadas ao restabelecimento do estado de saúde e da

capacidade de trabalho ou de ganho do sinistrado e à sua recuperação para a vida activa;

b) Em dinheiro: indemnizações, pensões, prestações e subsídios previstos na presente lei.

Artigo 24.º

Recidiva ou agravamento

1 — Nos casos de recidiva ou agravamento, o direito às prestações previstas na alínea a) do artigo anterior

mantém-se após a alta, seja qual for a situação nesta definida, e abrange as doenças relacionadas com as

consequências do acidente.

2 — O direito à indemnização por incapacidade temporária absoluta ou parcial para o trabalho, previsto na

alínea b) do artigo anterior, em caso de recidiva ou agravamento, mantém-se:

a) Após a atribuição ao sinistrado de nova baixa;

b) Entre a data da alta e a da nova baixa seguinte, se esta última vier a ser dada no prazo de oito dias.

3 — Para efeitos do disposto no número anterior, é considerado o valor da retribuição à data do acidente

actualizado pelo aumento percentual da retribuição mínima mensal garantida.

SUBSECÇÃO II

Prestações em espécie

Artigo 25.º

Modalidades das prestações

1 — As prestações em espécie previstas na alínea a) do artigo 23.º compreendem:

a) A assistência médica e cirúrgica, geral ou especializada, incluindo todos os elementos de diagnóstico e

de tratamento que forem necessários, bem como as visitas domiciliárias;

b) A assistência medicamentosa e farmacêutica;

c) Os cuidados de enfermagem;

d) A hospitalização e os tratamentos termais;

e) A hospedagem;

f) Os transportes para observação, tratamento ou comparência a actos judiciais;

g) O fornecimento de ajudas técnicas e outros dispositivos técnicos de compensação das limitações

funcionais, bem como a sua renovação e reparação;

h) Os serviços de reabilitação e reintegração profissional e social, incluindo a adaptação do posto do

trabalho;

i) Os serviços de reabilitação médica ou funcional para a vida activa;

j) Apoio psicoterapêutico, sempre que necessário, à família do sinistrado.

2 — A assistência a que se refere as alíneas a) e j) do número anterior inclui a assistência psicológica e

psiquiátrica, quando reconhecida como necessária pelo médico assistente.

Página 13

30 DE MAIO DE 2009

13

Artigo 26.º

Primeiros socorros

1 — A verificação das circunstâncias previstas nos artigos 15.º e 16.º não dispensa o empregador da

prestação dos primeiros socorros ao trabalhador e do seu transporte para o local onde possa ser clinicamente

socorrido.

2 — O empregador ou quem o represente na direcção ou fiscalização do trabalho deve, logo que tenha

conhecimento do acidente, assegurar os imediatos e indispensáveis socorros médicos e farmacêuticos ao

sinistrado, bem como o transporte mais adequado para tais efeitos.

3 — O transporte e socorros referidos no número anterior são prestados independentemente de qualquer

apreciação das condições legais da reparação.

Artigo 27.º

Lugar de prestação da assistência clínica

1 — A assistência clínica deve ser prestada na localidade onde o sinistrado reside ou na sua própria

habitação, se tal for indispensável.

2 — Essa assistência pode, no entanto, ser prestada em qualquer outro local por determinação do médico

assistente ou mediante acordo entre o sinistrado e a entidade responsável.

Artigo 28.º

Médico assistente

1 — A entidade responsável tem o direito de designar o médico assistente do sinistrado.

2 — O sinistrado pode recorrer a qualquer médico nos seguintes casos:

a) Se o empregador ou quem o represente não se encontrar no local do acidente e houver urgência nos

socorros;

b) Se a entidade responsável não nomear médico assistente ou enquanto o não fizer;

c) Se a entidade responsável renunciar ao direito de escolher o médico assistente;

d) Se lhe for dada alta sem estar curado, devendo, neste caso, requerer exame pelo perito do tribunal.

3 — Enquanto não houver médico assistente designado, é como tal considerado, para todos os efeitos

legais, o médico que tratar o sinistrado.

Artigo 29.º

Dever de assistência clínica

Nenhum médico pode negar-se a prestar assistência clínica a sinistrado do trabalho, quando solicitada pela

entidade responsável ou pelo próprio sinistrado, no caso em que lhe é permitida a escolha do médico

assistente.

Artigo 30.º

Observância de prescrições clínicas e cirúrgicas

1 — O sinistrado em acidente deve submeter-se ao tratamento e observar as prescrições clínicas e

cirúrgicas do médico designado pela entidade responsável, necessárias à cura da lesão ou doença e à

recuperação da capacidade de trabalho, sem prejuízo do direito a solicitar o exame pericial do tribunal.

Página 14

SEPARATA — NÚMERO 104

14

2 — Sendo a incapacidade ou o agravamento do dano consequência de injustificada recusa ou falta de

observância das prescrições clínicas ou cirúrgicas, a indemnização pode ser reduzida ou excluída nos termos

gerais.

3 — Considera-se sempre justificada a recusa de intervenção cirúrgica quando, pela sua natureza ou pelo

estado do sinistrado, ponha em risco a vida deste.

Artigo 31.º

Substituição legal do médico assistente

1 — Durante o internamento em hospital, o médico assistente é substituído nas suas funções pelos

médicos do mesmo hospital, embora com o direito de acompanhar o tratamento do sinistrado, conforme os

respectivos regulamentos internos ou, na falta ou insuficiência destes, segundo as determinações do director

clínico.

2 — O direito de acompanhar o tratamento do sinistrado contempla, nomeadamente, a faculdade de o

médico assistente ter acesso a toda a documentação clínica respeitante ao sinistrado em poder do

estabelecimento hospitalar.

Artigo 32.º

Escolha do médico cirurgião

Nos casos em que deva ser submetido a intervenção cirúrgica de alto risco o sinistrado tem direito a

escolher o médico cirurgião.

Artigo 33.º

Contestação das resoluções do médico assistente

O sinistrado ou a entidade responsável têm o direito de não se conformar com as resoluções do médico

assistente ou de quem legalmente o substituir.

Artigo 34.º

Solução de divergências

1 — Qualquer divergência sobre as matérias reguladas nos artigos 31.º, 32.º e 33.º, ou outra de natureza

clínica, pode ser resolvida por simples conferência de médicos, da iniciativa do sinistrado, da entidade

responsável ou do médico assistente, bem como do substituto legal deste.

2 — Se a divergência não for resolvida nos termos do número anterior, é solucionada:

a) Havendo internamento hospitalar, pelo respectivo director clínico ou pelo médico que o deva substituir,

se ele for o médico assistente;

b) Não havendo internamento hospitalar, pelo perito médico do tribunal do trabalho da área onde o

sinistrado se encontra, por determinação do Ministério Público, a solicitação de qualquer dos interessados.

3 — As resoluções dos médicos referidos nas alíneas do número anterior ficam a constar de documento

escrito e o interessado pode delas reclamar, mediante requerimento fundamentado, para o juiz do tribunal do

trabalho da área onde o sinistrado se encontra, que decide definitivamente.

4 — Nos casos previstos na alínea b) do n.º 2 e no n.º 3, se vier a ter lugar processo emergente de

acidente de trabalho, o processado é apenso a este.

Página 15

30 DE MAIO DE 2009

15

Artigo 35.º

Boletins de exame e alta

1 — No começo do tratamento do sinistrado, o médico assistente emite um boletim de exame, em que

descreve as doenças ou lesões que lhe encontrar e a sintomatologia apresentada com descrição

pormenorizada das lesões referidas pelo mesmo como resultantes do acidente.

2 — No final do tratamento do sinistrado, quer por este se encontrar curado ou em condições de trabalhar

quer por qualquer outro motivo, o médico assistente emite um boletim de alta clínica, em que declare a causa

da cessação do tratamento e o grau de incapacidade permanente ou temporária, bem como as razões

justificativas das suas conclusões.

3 — Entende-se por alta clínica a situação em que a lesão desapareceu totalmente ou se apresenta como

insusceptível de modificação com terapêutica adequada.

4 — O boletim de exame é emitido em triplicado e o de alta em duplicado.

5 — No prazo de 30 dias após a realização dos actos é entregue um exemplar do boletim ao sinistrado e

remetido ao tribunal, se for caso disso, bem como enviado o terceiro exemplar do boletim de exame à entidade

responsável.

6 — Tratando-se de sinistrado a cargo de seguradora, da administração central, regional, local ou de outra

entidade dispensada de transferir a responsabilidade por acidente de trabalho, o boletim apenas é remetido a

juízo quando haja de se proceder a exame médico, quando o tribunal o requisite ou tenha de acompanhar a

participação do acidente.

7 — Imediatamente após a realização dos actos a seguradora entrega ao sinistrado um documento

informativo que indique os períodos de incapacidade temporária e respectivo grau, bem como, se for o caso, a

data da alta e a causa da cessação do tratamento.

Artigo 36.º

Requisição pelo tribunal

A entidade responsável, os estabelecimentos hospitalares, os serviços competentes da segurança social e

os médicos são obrigados a fornecer aos tribunais do trabalho todos os esclarecimentos e documentos que

lhes sejam requisitados relativamente a observações e tratamentos feitos a sinistrados ou, por qualquer outro

modo, relacionados com o acidente.

Artigo 37.º

Estabelecimento de saúde

1 — O internamento e os tratamentos previstos na alínea a) do artigo 23.º devem ser feitos em

estabelecimento de saúde adequado ao restabelecimento e reabilitação do sinistrado.

2 — O recurso, quando necessário, a estabelecimento de saúde fora do território nacional será feito após

parecer de junta médica comprovando a impossibilidade de tratamento em hospital no território nacional.

3 — A entidade responsável deve assinar termo de responsabilidade para garantia do pagamento das

despesas com o internamento e os tratamentos previstos na alínea a) do artigo 23.º.

4 — Se aquela entidade se recusar a assinar o termo de responsabilidade, não pode, com esse

fundamento, ser negado o tratamento ou o internamento do sinistrado, sempre que a gravidade do seu estado

o imponha.

5 — No caso previsto no número anterior, o estabelecimento de saúde deve juntar ao respectivo processo

a nota das despesas efectuadas para efeito de pagamento.

6 — O estabelecimento de saúde que, injustificadamente, deixar de cumprir as obrigações do tratamento

ou do internamento urgente referidos no n.º 4 é responsável pelo agravamento das lesões do sinistrado,

reconhecido judicialmente como consequência de tais factos.

Página 16

SEPARATA — NÚMERO 104

16

7 — Entende-se por estabelecimento de saúde o hospital, casa de saúde, casa de repouso ou de

convalescença.

Artigo 38.º

Transporte e estada

1 — O sinistrado tem direito ao fornecimento ou ao pagamento de transporte e estada, que devem

obedecer às condições de comodidade impostas pela natureza da lesão ou da doença.

2 — O fornecimento ou o pagamento referidos no número anterior abrange as deslocações e permanência

necessárias à observação e tratamento, e as exigidas pela comparência a actos judiciais, salvo, quanto a

estas, se for consequência de pedido do sinistrado que venha a ser julgado improcedente.

3 — O sinistrado utiliza os transportes colectivos, salvo não os havendo ou se outro for mais indicado pela

urgência do tratamento, por determinação do médico assistente ou por outras razões ponderosas atendíveis.

4 — Quando o sinistrado for menor de 16 anos ou quando a natureza da lesão ou da doença ou outras

circunstâncias especiais o exigirem, o direito a transporte e estada é extensivo à pessoa que o acompanhar.

5 — As categorias e classe da estada devem ajustar-se às prescrições do médico assistente ou dos

clínicos que em tribunal derem parecer.

6 — O pagamento de transporte é, igualmente, extensivo ao beneficiário legal do sinistrado sempre que for

exigida a sua comparência em tribunal e em exames necessários á determinação da sua incapacidade.

Artigo 39.º

Responsabilidade pelo transporte e estada

1 — Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a entidade responsável só é obrigada a despender o

menor custo das prestações de transporte e estada que obedeçam às condições de comodidade impostas

pela natureza da lesão.

2 — A entidade responsável deve assumir previamente, perante os fornecedores de transporte e estada, a

responsabilidade pelo pagamento das despesas ou adiantar a sua importância.

Artigo 40.º

Ajudas técnicas em geral

1 — As ajudas técnicas e outros dispositivos técnicos de compensação das limitações funcionais devem

ser, em cada caso, os considerados adequados ao fim a que se destinam pelo médico assistente.

2 — O direito às ajudas técnicas e outros dispositivos técnicos de compensação das limitações funcionais

abrange ainda os destinados à correcção ou compensação visual, auditiva ou outra, bem como a prótese

dentária.

3 — Quando houver divergências sobre a natureza, qualidade ou adequação das ajudas técnicas e outros

dispositivos técnicos de compensação das limitações funcionais ou sobre a obrigatoriedade ou necessidade da

sua renovação ou reparação, o Ministério Público, por sua iniciativa ou a pedido do sinistrado, solicita parecer

ao perito médico do tribunal de trabalho da área de residência do sinistrado.

Artigo 41.º

Opção do sinistrado

1 — O sinistrado pode optar pela importância correspondente ao valor das ajudas técnicas e outros

dispositivos técnicos de compensação das limitações funcionais indicados pelo médico assistente ou pelo

tribunal, quando pretenda adquirir ajudas técnicas de custo superior.

Página 17

30 DE MAIO DE 2009

17

2 — No caso previsto no número anterior, a entidade responsável deposita a referida importância à ordem

do tribunal, no prazo que este fixar para ser paga à entidade fornecedora depois de verificada a aplicação da

ajuda técnica.

Artigo 42.º

Reparação e renovação das ajudas técnicas em geral

1 — Sempre que um acidente de trabalho inutilize ou danifique ajudas técnicas e outros dispositivos

técnicos de compensação das limitações funcionais de que o sinistrado já era portador:

a) Ficam a cargo da entidade responsável por aquele acidente as despesas necessárias à renovação ou

reparação das mencionadas ajudas técnicas;

b) Há lugar, se for caso disso, ao pagamento de indemnização correspondente à incapacidade daí

resultante.

2 — Tratando-se de renovação, o respectivo encargo não pode ser superior ao custo de ajuda técnica igual

à inutilizada, salvo se existir outra ajuda técnica mais adequada.

3 — As despesas de reparação ou renovação de ajudas técnicas e outros dispositivos técnicos de

compensação das limitações funcionais usados por força de acidente de trabalho e deteriorados em

consequência de uso ou desgaste normal ficam a cargo da entidade responsável pelo acidente que

determinou a respectiva utilização.

4 — Durante o período de reparação ou renovação das ajudas técnicas e outros dispositivos técnicos, a

entidade responsável deve, sempre que possível, assegurar ao sinistrado a substituição dos mesmos.

Artigo 43.º

Reabilitação profissional e adaptação do posto de trabalho

1 — O empregador deve assegurar a reabilitação profissional do trabalhador e a adaptação do posto de

trabalho que sejam necessárias ao exercício das funções.

2 — A reabilitação profissional a que se refere o número anterior deve ser assegurada pelo empregador

sem prejuízo do número mínimo de horas anuais de formação certificada a que o trabalhador tem direito.

Artigo 44.º

Notificação judicial e execução

1 — Se a entidade responsável, injustificadamente, recusar ou protelar o fornecimento, renovação ou

reparação das ajudas técnicas e outros dispositivos técnicos de compensação das limitações funcionais ou

não efectuar o depósito referido no n.º 2 do artigo 41.º, o juiz profere decisão, ordenando a notificação daquela

entidade para, no prazo de 10 dias, depositar à sua ordem a importância que for devida.

2 — O responsável que não cumpra a decisão é executado para o pagamento do valor de depósito,

seguindo-se os termos da execução baseada em sentença de condenação em quantia certa.

3 — Pelo produto da execução, o tribunal paga as despesas das ajudas técnicas e outros dispositivos

técnicos de compensação das limitações funcionais à entidade que os forneceu ou reparou, depois de

verificada a sua correcta aplicação.

Artigo 45.º

Perda do direito a renovação ou reparação

O sinistrado perde o direito à renovação ou reparação das ajudas técnicas e outros dispositivos técnicos de

compensação das limitações funcionais que se deteriorem ou inutilizem devido a negligência grosseira da sua parte.

Página 18

SEPARATA — NÚMERO 104

18

SUBSECÇÃO III

Prestações em dinheiro

DIVISÃO I

Modalidades das prestações

Artigo 46.º

Modalidades

1 — As prestações em dinheiro previstas na alínea b) do artigo 23.º compreendem:

a) A indemnização por incapacidade temporária para o trabalho;

b) A pensão provisória;

c) A indemnização em capital e pensão por incapacidade permanente para o trabalho;

d) O subsídio por situação de elevada incapacidade permanente;

e) O subsídio por morte;

f) O subsídio por despesas de funeral;

g) A pensão por morte;

h) A prestação suplementar para assistência de terceira pessoa;

i) O subsídio para readaptação de habitação;

j) O subsídio para a frequência de acções no âmbito da reabilitação profissional necessários e adequadas à

reintegração do sinistrado no mercado de trabalho.

2 — O subsídio previsto na alínea j) é cumulável com as prestações referidas nas alíneas a), b) c) e i) do

número anterior, não podendo no seu conjunto ultrapassar, mensalmente, o montante equivalente a seis vezes

o valor de 1,1 do Indexante de Apoios Sociais (IAS).

3 — A indemnização em capital, o subsídio por situação de elevada incapacidade permanente, os

subsídios por morte e despesas de funeral e o subsídio para readaptação de habitação são prestações de

atribuição única, sendo de atribuição continuada ou periódica todas as restantes prestações previstas no n.º 1.

DIVISÃO II

Prestações por incapacidade

Artigo 47.º

Prestações

1 — A indemnização por incapacidade temporária para o trabalho destina-se a compensar o sinistrado,

durante um período de tempo limitado, pela perda ou redução da capacidade de trabalho ou de ganho,

resultante de acidente de trabalho.

2 — A indemnização em capital e a pensão por incapacidade permanente e o subsídio de elevada

incapacidade permanente são prestações destinadas a compensar o sinistrado pela perda ou redução

permanente da sua capacidade de trabalho ou de ganho resultante de acidente de trabalho.

3 — Se do acidente resultar redução na capacidade de trabalho ou de ganho do sinistrado, este tem direito

às seguintes prestações:

a) Por incapacidade permanente absoluta para todo e qualquer trabalho: pensão anual e vitalícia igual a

80% da retribuição, acrescida de 10% desta, por cada pessoa a cargo, até ao limite da retribuição;

Página 19

30 DE MAIO DE 2009

19

b) Por incapacidade permanente absoluta para o trabalho habitual: pensão anual e vitalícia compreendida

entre 50% e 70% da retribuição, conforme a maior ou menor capacidade funcional residual para o exercício de

outra profissão compatível;

c) Por incapacidade permanente parcial: pensão anual e vitalícia correspondente a 70% da redução sofrida

na capacidade geral de ganho ou capital de remição da pensão nos termos previstos no artigo 74.º;

d) Por incapacidade temporária absoluta: indemnização diária igual a 70% da retribuição, nos primeiros 12

meses e de 75%, no período subsequente;

e) Por incapacidade temporária parcial: indemnização diária igual a 70% da redução sofrida na capacidade

geral de ganho.

4 — A indemnização por incapacidade temporária é devida enquanto o sinistrado estiver em regime de

tratamento ambulatório ou de reabilitação profissional, sendo reduzida a 45% durante o período de

internamento hospitalar ou durante o tempo em que correm por conta da entidade responsável as despesas

com a assistência clínica e os alimentos do sinistrado, desde que este não tenha qualquer pessoa a seu cargo.

Artigo 48.º

Pessoa a cargo

Para efeitos do disposto na alínea a) do n.º 3 do artigo anterior, considera-se pessoa a cargo do sinistrado:

a) Pessoa que com ele viva em comunhão de mesa e habitação, com rendimentos mensais inferiores ao

valor da pensão social;

b) Cônjuge ou pessoa que com ele viva em união de facto com rendimentos mensais inferiores ao valor da

pensão social;

c) Descendente nos termos previstos no n.º 1 do artigo 59.°;

d) Ascendente com rendimentos individuais de valor mensal inferior ao valor da pensão social ou, que

conjuntamente com os do seu conjugue ou de pessoa que com ele viva em união de facto, não exceda o

dobro deste valor.

2 — É equiparado a descendente do sinistrado, para efeitos do disposto no número anterior:

a) Enteado;

b) Tutelado;

c) Adoptado;

d) Menor que, mediante confiança judicial ou administrativa, se encontre a seu cargo com vista a futura

adopção;

e) Menor que lhe esteja confiado por decisão do tribunal ou de entidade ou serviço legalmente competente

para o efeito.

3 — É equiparado a ascendente do sinistrado, para efeitos do disposto no n.º 1:

a) Padrasto e madrasta;

b) Adoptante;

c) Afim compreendido na linha recta ascendente.

4 — A pedido da entidade responsável, o beneficiário deve fazer prova anual da manutenção dos requisitos

que lhes conferem o direito à pensão, sob pena de o respectivo pagamento ser suspenso 60 dias após a data

Página 20

SEPARATA — NÚMERO 104

20

do pedido, sendo admitidos os tipos de prova regulamentados por norma do Instituto de Seguros de Portugal

cujos custos, caso existam, são suportados pela entidade responsável.

Artigo 49.º

Modo de fixação da incapacidade temporária e permanente

1 — A indemnização por incapacidade temporária é paga em relação a todos os dias, incluindo os de

descanso e feriados, e começa a vencer-se no dia seguinte ao do acidente.

2 — A pensão por incapacidade permanente é fixada em montante anual e começa a vencer-se no dia

seguinte ao da alta do sinistrado.

3 — Na incapacidade temporária superior a 30 dias é paga a parte proporcional correspondente aos

subsídios de férias e de Natal, determinada em função da percentagem da prestação prevista nas alíneas d) e

e) do n.º 3 do artigo 47.º.

Artigo 50.º

Suspensão ou redução da pensão

1 — A pensão por incapacidade permanente não pode ser suspensa ou reduzida, mesmo que o sinistrado

venha a auferir retribuição superior à que tinha antes do acidente, salvo em consequência de revisão da

pensão.

2 — A pensão por incapacidade permanente é cumulável com qualquer outra.

Artigo 51.º

Pensão provisória

1 — Sem prejuízo do disposto no Código de Processo do Trabalho, é estabelecida uma pensão provisória

por incapacidade permanente entre o dia seguinte ao da alta e o momento de fixação da pensão definitiva.

2 — A pensão provisória destina-se a garantir uma protecção atempada e adequada nos casos de

incapacidade permanente, sempre que haja razões determinantes do retardamento da atribuição das

prestações.

3 — A pensão provisória, por incapacidade permanente inferior a 30%, é atribuída pela entidade

responsável e calculada nos termos da alínea c) do n.º 3 do artigo 47.º, com base na desvalorização definida

pelo médico assistente e na retribuição garantida.

4 — A pensão provisória por incapacidade permanente igual ou superior a 30%, é atribuída pela entidade

responsável, sendo de montante igual ao valor mensal da indemnização prevista na alínea e) do n.º 3 do artigo

47.º, tendo por base a desvalorização definida pelo médico assistente e a retribuição garantida.

5 — Os montantes pagos nos termos dos números anteriores são considerados aquando da fixação final

dos respectivos direitos.

Artigo 52.º

Prestação suplementar para assistência a terceira pessoa

1 — A prestação suplementar da pensão destina-se a compensar os encargos com assistência de terceira

pessoa em face da situação de dependência em que se encontre ou venha a encontrar o sinistrado por

incapacidade permanente para o trabalho, em consequência de lesão resultante de acidente.

2 — A atribuição da prestação suplementar depende de o sinistrado não poder, por si só, prover à

satisfação das suas necessidades básicas diárias, carecendo de assistência permanente de terceira pessoa.

3 — O familiar do sinistrado que lhe preste assistência permanente é equiparado a terceira pessoa.

Página 21

30 DE MAIO DE 2009

21

4 — Não pode ser considerada terceira pessoa quem se encontre igualmente carecido de autonomia para

a realização dos actos básicos da vida diária.

5 — Para efeitos do n.º 2 são considerados, nomeadamente, os actos relativos a cuidados de higiene

pessoal, alimentação e locomoção.

6 — A assistência pode ser assegurada através da participação sucessiva e conjugada de várias pessoas,

incluindo a prestação no âmbito do apoio domiciliário, durante o período mínimo de seis horas diárias.

Artigo 53.º

Montante da prestação suplementar para assistência a terceira pessoa

1 — A prestação suplementar da pensão prevista no artigo anterior é fixada em montante mensal e tem

como limite máximo o valor de 1,1 IAS.

2 — Quando o médico assistente entender que o sinistrado não pode dispensar a assistência de uma

terceira pessoa, deve ser-lhe atribuída, a partir do dia seguinte ao da alta e até ao momento da fixação da

pensão definitiva, uma prestação suplementar provisória equivalente ao montante previsto no número anterior.

3 — Os montantes pagos nos termos do número anterior são considerados aquando da fixação final dos

respectivos direitos.

4 — A prestação suplementar é anualmente actualizável na mesma percentagem em que o for o IAS.

Artigo 54.º

Suspensão da prestação suplementar para assistência de terceira pessoa

A prestação suplementar da pensão suspende-se sempre que se verifique o internamento do sinistrado em

hospital, ou estabelecimento similar, por período de tempo superior a 30 dias e durante o tempo em que os

custos corram por conta da entidade responsável.

DIVISÃO III

Prestações por morte

Artigo 55.º

Modo de fixação da pensão

1 — A pensão por morte é fixada em montante anual.

2 — A pensão por morte, incluindo a devida a nascituro, vence-se a partir do dia seguinte ao do falecimento

do sinistrado e cumula-se com quaisquer outras.

Artigo 56.º

Titulares do direito à pensão por morte

1 — Em caso de morte, a pensão é devida aos seguintes familiares e equiparados do sinistrado:

a) Cônjuge ou pessoa que com ele vivia em união de facto;

b) Ex-cônjuge ou cônjuge judicialmente separado à data da morte do sinistrado e com direito a alimentos;

c) Filhos, ainda que nascituros, e os adoptados, à data da morte do sinistrado, se estiverem nas condições

previstas no n.º 1 do artigo 59.º;

d) Ascendentes que, à data da morte do sinistrado se encontrem nas condições previstas na alínea d) do

n.º 1 do artigo 48.º;

Página 22

SEPARATA — NÚMERO 104

22

e) Outros parentes sucessíveis que, à data da morte do sinistrado, com ele vivam em comunhão de mesa e

habitação e se encontrem nas condições previstas no n.º 1 do artigo 59.º.

2 — Para efeitos de reconhecimento do direito é equiparado a filho o enteado do sinistrado, desde que este

estivesse obrigado à prestação de alimentos.

3 — É considerada pessoa que vivia em união de facto a que preencha os requisitos do artigo 2020.º do

Código Civil.

4 — A pedido da entidade responsável, os familiares e equiparados referidos no n.º 1, devem fazer prova

anual da manutenção dos requisitos que lhe conferem o direito à pensão, nos termos e para os efeitos

previstos no n.º 4 do artigo 48.º.

Artigo 57.º

Situações de nulidade, anulabilidade, indignidade e deserdação

1 — Em caso de casamento declarado nulo ou anulado, tem direito às prestações por morte a pessoa que

tenha celebrado o casamento de boa fé com o sinistrado e, à data da sua morte, receba pensão de alimentos

decretada ou homologada judicialmente, ou quando esta não lhe tiver sido atribuída pelo tribunal por falta de

capacidade económica do falecido para a prestar.

2 — Não tem direito às prestações por morte, a pessoa que careça de capacidade sucessória por motivo

de indignidade, salvo se tiver sido reabilitada pelo sinistrado, ou de deserdação.

Artigo 58.º

Pensão ao cônjuge, ex-cônjuge e pessoa que vivia em união de facto com o sinistrado

1— Se do acidente resultar a morte do sinistrado, a pensão é a seguinte:

a) Ao cônjuge ou a pessoa que com ele vivia em união de facto: 30% da retribuição do sinistrado até

perfazer a idade de reforma por velhice e 40% a partir daquela idade ou da verificação de deficiência ou

doença crónica que afecte sensivelmente a sua capacidade para o trabalho;

b) Ao ex-cônjuge ou cônjuge judicialmente separado e com direito a alimentos: a pensão estabelecida na

alínea anterior e nos mesmos termos, até ao limite do montante dos alimentos fixados judicialmente.

2 — Se por morte do sinistrado houver concorrência entre os beneficiários referidos no número anterior, a

pensão é repartida na proporção dos respectivos direitos.

3 — Qualquer das pessoas referidas no n.º 1 que contraia casamento ou passe a viver em união de facto

recebe, por uma só vez, o triplo do valor da pensão anual, excepto se já tiver ocorrido a remição total da

pensão.

Artigo 59.º

Pensão aos filhos

1 — Se do acidente resultar a morte, têm direito à pensão os filhos que se encontrem nas seguintes

condições:

a) Idade inferior a 18 anos;

b) Entre os 18 e os 22 anos enquanto frequentarem o ensino secundário ou curso equiparado;

c) Entre os 18 e os 25 anos, enquanto frequentarem curso de nível superior ou equiparado;

Página 23

30 DE MAIO DE 2009

23

d) Sem limite de idade, quando afectados de deficiência ou doença crónica que afecte sensivelmente a sua

capacidade para o trabalho.

2 — O montante da pensão dos filhos é o de 20% da retribuição do sinistrado se for apenas um, 40% se

forem dois, 50% se forem três ou mais, recebendo o dobro destes montantes, até ao limite de 80% da

retribuição do sinistrado, se forem órfãos de pai e mãe.

Artigo 60.º

Pensão aos ascendentes e outros parentes sucessíveis

1 — Se do acidente resultar a morte do sinistrado, o montante da pensão dos ascendentes e quaisquer

parentes sucessíveis é, para cada, de 10% da retribuição do sinistrado, não podendo o total das pensões

exceder 30% desta.

2 — Na ausência de titulares referidos nas alíneas a) a c) do n.º 1 do artigo 56.º, os beneficiários referidos

no número anterior recebem, cada um, 15% da retribuição do sinistrado, até perfazerem a idade de reforma

por velhice, e 20% a partir desta idade ou no caso de deficiência ou doença crónica que afecte sensivelmente

a sua capacidade para o trabalho.

3 — O total das pensões previstas no número anterior não pode exceder 80% da retribuição do sinistrado,

procedendo-se a rateio, se necessário.

Artigo 61.º

Deficiência ou doença crónica do beneficiário legal

1 — Para os fins previstos nos artigos 58.º, 59.º e 60.º considera-se com capacidade para o trabalho

sensivelmente afectada, o beneficiário legal do sinistrado que sofra de deficiência ou doença crónica que lhe

reduza definitivamente a sua capacidade geral de ganho em mais de 75%.

2 — Tem-se por definitiva a incapacidade de ganho mencionada no número anterior quando seja de

presumir que a doença não terá evolução favorável nos três anos subsequentes à data do seu

reconhecimento.

3 — Surgindo dúvidas sobre a incapacidade referida nos números anteriores, esta é fixada pelo tribunal.

Artigo 62.º

Ausência de beneficiários

Se não houver beneficiários com direito a pensão reverte para o Fundo de Acidentes de Trabalho uma

importância igual ao triplo da retribuição anual.

Artigo 63.º

Acumulação e rateio da pensão por morte

1 — As pensões por morte são cumuláveis, mas o seu total não pode exceder 80% da retribuição do

sinistrado.

2 — Se as pensões referidas nos artigos 58.º a 60.º excederem 80% da retribuição do sinistrado, são

sujeitas a rateio, enquanto esse montante se mostrar excedido.

3 — Se durante o período em que a pensão for devida aos filhos, qualquer um deles ficar órfão de pai e

mãe, a respectiva pensão é aumentada para o dobro, até ao limite máximo de 80% da retribuição do

sinistrado.

Página 24

SEPARATA — NÚMERO 104

24

4 — As pensões dos filhos do sinistrado são, em cada mês, as correspondentes ao número dos que têm

direito a pensão nesse mês.

DIVISÃO IV

Subsídios

Artigo 64.º

Subsídio por morte

1 — O subsídio por morte destina-se a compensar os encargos decorrentes do falecimento do sinistrado.

2 — O subsídio por morte é igual a 12 vezes o valor de 1,1 IAS à data da morte, sendo atribuído:

a) Metade ao cônjuge, ex-cônjuge, cônjuge separado judicialmente ou à pessoa que com o sinistrado vivia

em união de facto, e metade aos filhos que tiverem direito a pensão;

b) Por inteiro ao cônjuge, ex-cônjuge, cônjuge separado judicialmente ou à pessoa que com o sinistrado

vivia em união de facto, ou aos filhos previstos na alínea anterior, quando concorrem isoladamente.

3 — O subsídio a atribuir ao ex-cônjuge e ao cônjuge separado judicialmente depende de este ter direito a

alimentos do sinistrado, não podendo exceder 12 vezes a pensão mensal que estiver a receber.

4 — O subsídio por morte não é devido se o sinistrado não deixar beneficiários referidos no n.º 2.

Artigo 65.º

Subsídio por despesas de funeral

1 — O subsídio por despesas de funeral destina-se a compensar as despesas efectuadas com o funeral do

sinistrado.

2 — O subsídio por despesas de funeral é igual ao montante das despesas efectuadas com o mesmo, com

o limite de quatro vezes o valor de 1,1 IAS, aumentado para o dobro, se houver trasladação.

3 — O direito ao subsídio por despesas de funeral pode ser reconhecido a pessoas distintas dos familiares

e equiparados do sinistrado.

4 — Tem direito ao subsídio por despesas de funeral quem comprovadamente tiver efectuado o pagamento

destas.

5 — O prazo para requerer o subsídio por despesas de funeral é de um ano a partir da realização da

respectiva despesa.

Artigo 66.º

Subsídio por situações de elevada incapacidade permanente

1 — O subsídio por situações de elevada incapacidade permanente destina-se a compensar o sinistrado,

com incapacidade permanente absoluta ou incapacidade permanente parcial igual ou superior a 70%, pela

perda ou elevada redução permanente da sua capacidade de trabalho ou de ganho resultante de acidente de

trabalho.

2 — A incapacidade permanente absoluta para todo e qualquer trabalho confere ao sinistrado o direito a

um subsídio igual a 12 vezes o valor de 1,1 IAS.

3 — A incapacidade permanente absoluta para o trabalho habitual confere ao beneficiário direito a um

subsídio fixado entre 70% e 100% de 12 vezes o valor de 1,1 IAS, tendo em conta a capacidade funcional

residual para o exercício de outra profissão compatível.

Página 25

30 DE MAIO DE 2009

25

4 — A incapacidade permanente parcial igual ou superior a 70% confere ao beneficiário o direito a um

subsídio correspondente ao produto entre 12 vezes o valor de 1,1 IAS e o grau de incapacidade fixado.

5 — O valor IAS previsto nos números anteriores corresponde ao que estiver em vigor à data do acidente.

6 — Nos casos em que se verifique cumulação de incapacidades, serve de base à ponderação o grau de

incapacidade global fixado nos termos legais.

Artigo 67.º

Subsídio para readaptação de habitação

1 — O subsídio para readaptação de habitação destina-se ao pagamento de despesas com a readaptação

da habitação do sinistrado por incapacidade permanente para o trabalho que dela necessite, em função da sua

incapacidade.

2 — No caso previsto no número anterior, o sinistrado tem direito ao pagamento das despesas suportadas

com a readaptação de habitação, até ao limite de 12 vezes o valor de 1,1 IAS à data do acidente.

Artigo 68.º

Subsídio para frequência de acções no âmbito da reabilitação profissional

1 — O subsídio para frequência de acções no âmbito da reabilitação profissional destina-se ao pagamento

de despesas com acções que tenham por objectivo restabelecer as aptidões e capacidades profissionais do

sinistrado sempre que a gravidade das lesões ou outras circunstâncias especiais o justifiquem.

2 — A atribuição do subsídio para a frequência de acções no âmbito da reabilitação profissional depende

de o sinistrado reunir, cumulativamente as seguintes condições:

a) Ter capacidade remanescente adequada ao desempenho da profissão a que se refere as acções de

reabilitação profissional;

b) Ter direito a indemnização ou pensão por incapacidade resultante do acidente de trabalho ou doença

profissional;

c) Ter requerido a frequência de acção ou curso ou aceite proposta do Instituto do Emprego e Formação

Profissional ou de outra instituição por este certificada;

d) Obter parecer favorável do perito médico responsável pela avaliação e determinação da incapacidade.

3 — O montante do subsídio para a frequência de acções no âmbito da reabilitação profissional

corresponde ao montante das despesas efectuadas com a frequência do mesmo, sem prejuízo, caso se trate

de acção ou curso organizado por entidade diversa do Instituto do Emprego e Formação Profissional, do limite

do valor mensal correspondente ao valor de 1,1 IAS.

4 — O subsídio para frequência de acções no âmbito da reabilitação profissional é devido a partir da data

do início efectivo da frequência das mesmas, não podendo a sua duração, seguida ou interpolada, ter duração

superior a 36 meses, salvo em situações excepcionais devidamente fundamentadas.

DIVISÃO V

Revisão das prestações

Artigo 69.º

Revisão

1 — Quando se verifique uma modificação na capacidade de trabalho ou de ganho do sinistrado

proveniente de agravamento, recidiva, recaída ou melhoria da lesão ou doença que deu origem à reparação,

Página 26

SEPARATA — NÚMERO 104

26

ou de intervenção clínica ou aplicação, de ajudas técnicas e outros dispositivos técnicos de compensação das

limitações funcionais ou ainda de reabilitação e reintegração profissional e readaptação ao trabalho, a

prestação pode ser alterada ou extinta, de harmonia com a modificação verificada.

2 — A revisão pode ser efectuada a requerimento do sinistrado ou do responsável pelo pagamento.

3 — A revisão pode ser requerida uma vez em cada ano civil.

DIVISÃO VI

Cálculo e pagamento das prestações

Artigo 70.º

Cálculo

1 — A indemnização por incapacidade temporária e a pensão por morte e por incapacidade permanente,

absoluta ou parcial, são calculadas com base na retribuição anual ilíquida normalmente devida ao sinistrado, à

data do acidente.

2 — Entende-se por retribuição mensal todas as prestações recebidas com carácter de regularidade que

não se destinem a compensar o sinistrado por custos aleatórios.

3 — Entende-se por retribuição anual o produto de 12 vezes a retribuição mensal acrescida dos subsídios

de Natal e de férias e outras prestações anuais a que o sinistrado tenha direito com carácter de regularidade.

4 — Se a retribuição correspondente ao dia do acidente for diferente da retribuição normal, esta é calculada

pela média dos dias de trabalho e a respectiva retribuição auferida pelo sinistrado no período de um ano

anterior ao acidente.

5 — Na falta dos elementos indicados nos números anteriores o cálculo faz-se segundo o prudente arbítrio

do juiz, tendo em atenção a natureza dos serviços prestados, a categoria profissional do sinistrado e os usos.

6 — A retribuição correspondente ao dia do acidente é paga pelo empregador.

7 — Se o sinistrado for praticante, aprendiz ou estagiário, ou nas demais situações que devam considerar-

se de formação profissional, a indemnização é calculada com base na retribuição anual média ilíquida de um

trabalhador da mesma empresa ou empresa similar e que exerça actividade correspondente à formação,

aprendizagem ou estágio.

8 — O disposto nos n.os

4 e 5 é aplicável ao trabalho não regular e ao trabalhador a tempo parcial vinculado

a mais de um empregador.

9 — O cálculo das prestações para trabalhadores a tempo parcial tem como base a retribuição que

aufeririam se trabalhassem a tempo inteiro.

10 — A ausência ao trabalho para efectuar quaisquer exames com o fim de caracterizar o acidente ou a

doença, ou para o seu tratamento, ou ainda para a aquisição, substituição ou arranjo de ajudas técnicas e

outros dispositivos técnicos de compensação das limitações funcionais, não determina perda de retribuição.

Artigo 71.º

Pagamento da indemnização, da pensão e da prestação suplementar

1 — A pensão anual por incapacidade permanente ou morte é paga, adiantada e mensalmente, até ao

terceiro dia de cada mês, correspondendo cada prestação a 1/14 da pensão anual.

2 — Os subsídios de férias e de Natal, cada um no valor de 1/14 da pensão anual são, respectivamente,

pagos nos meses de Junho e Novembro.

3 — A indemnização por incapacidade temporária é paga mensalmente.

Página 27

30 DE MAIO DE 2009

27

4 — O pagamento da prestação suplementar para assistência de terceira pessoa acompanha o pagamento

mensal da pensão anual e dos subsídios de férias e de Natal.

5 — Os interessados podem acordar que o pagamento seja efectuado com periodicidade diferente da

indicada nos números anteriores.

Artigo 72.º

Lugar do pagamento das prestações

1 — O pagamento das prestações previstas na alínea b) do artigo 23.º é efectuado no lugar da residência

do sinistrado ou dos seus familiares, se outro não for acordado.

2 — Se o credor das prestações se ausentar para o estrangeiro, o pagamento é efectuado no local

acordado, sem prejuízo do disposto em convenções internacionais ou acordos de reciprocidade.

Artigo 73.º

Dedução do acréscimo de despesas

1 — Quando seja acordado, a pedido do sinistrado ou do beneficiário legal para o pagamento das

prestações lugar diferente do da residência daqueles, a entidade responsável pode deduzir no montante das

mesmas o acréscimo das despesas daí resultantes.

2 — O acordo sobre o lugar ou periodicidade do pagamento só é válido se revestir a forma escrita.

SECÇÃO VII

Remição de pensões

Artigo 74.º

Condições de remição

1 — É obrigatoriamente remida a pensão anual vitalícia devida a sinistrado com incapacidade permanente

parcial inferior a 30%, e a pensão anual vitalícia devida a beneficiário legal, desde que, em qualquer um dos

casos, o valor da pensão anual não seja superior a seis vezes o valor da retribuição mínima mensal garantida,

em vigor no dia seguinte à data da alta ou da morte.

2 — Pode ser parcialmente remida, a requerimento do sinistrado ou do beneficiário legal, a pensão anual

vitalícia correspondente a incapacidade igual ou superior a 30% ou a pensão anual vitalícia de beneficiário

legal, desde que, cumulativamente respeite os seguintes limites:

a) A pensão anual sobrante não pode ser inferior a seis vezes o valor da retribuição mínima mensal

garantida em vigor à data da autorização da remição;

b) O capital da remição não pode ser superior ao que resultaria de uma pensão calculada com base numa

incapacidade de 30%.

3 — Em caso de acidente de trabalho sofrido por trabalhador estrangeiro, do qual resulte incapacidade

permanente ou morte, a pensão anual vitalícia pode ser remida em capital, por acordo entre a entidade

responsável e o beneficiário da pensão, se este optar por deixar definitivamente Portugal.

4 — Excluí-se da aplicação do disposto nos números anteriores o beneficiário legal de pensão anual

vitalícia que sofra de deficiência ou doença crónica que lhe reduza definitivamente a sua capacidade geral de

ganho em mais de 75%.

Página 28

SEPARATA — NÚMERO 104

28

5 — No caso do sinistrado sofrer vários acidentes a pensão a remir é a global.

Artigo 75.º

Cálculo do capital

1 — A indemnização em capital é calculada por aplicação das bases técnicas do capital da remição, bem

como das respectivas tabelas práticas.

2 — As bases técnicas e as tabelas práticas referidas no número anterior são aprovadas por portaria do

membro do Governo responsável pela área das finanças.

Artigo76.º

Direitos não afectados pela remição

A remição não prejudica:

a) O direito às prestações em espécie;

b) O direito de o sinistrado requerer a revisão da prestação;

c) Os direitos atribuídos aos beneficiários legais do sinistrado, se este vier a falecer em consequência do

acidente;

d) A actualização da pensão remanescente no caso de remição parcial ou resultante de revisão de pensão.

SECÇÃO VIII

Garantia de cumprimento

Artigo 77.º

Inalienabilidade, impenhorabilidade, irrenunciabilidade dos créditos e garantias

Os créditos provenientes do direito à reparação estabelecida na presente lei são inalienáveis,

impenhoráveis e irrenunciáveis e gozam das garantias consignadas no Código do Trabalho.

Artigo 78.º

Sistema e unidade de seguro

1 — O empregador é obrigado a transferir a responsabilidade pela reparação prevista na presente lei para

entidades legalmente autorizadas a realizar este seguro.

2 — A obrigação prevista no número anterior vale igualmente em relação ao empregador que contrate

trabalhadores exclusivamente para prestar trabalho noutras empresas.

3 — Verificando-se alguma das situações referidas no n.º 1 do artigo 18.º, a responsabilidade nela prevista,

dependendo das circunstâncias, recai sobre o empregador ou sobre a empresa utilizadora de mão-de-obra,

sendo a seguradora apenas subsidiariamente responsável pelas prestações que seriam devidas caso não

houvesse actuação culposa.

4 — Quando a retribuição declarada para efeito do prémio de seguro for inferior à real, a seguradora só é

responsável em relação àquela retribuição, que não pode ser inferior à retribuição mínima mensal garantida.

5 — No caso previsto no número anterior, o empregador responde pela diferença relativa às indemnizações

por incapacidade temporária e pensões devidas, bem como pelas despesas efectuadas com a hospitalização

e assistência clínica, na respectiva proporção.

Página 29

30 DE MAIO DE 2009

29

Artigo 79.º

Dispensa de transferência de responsabilidade

As obrigações impostas pelo artigo anterior não abrangem a administração central, regional e local e as

demais entidades na medida em que os respectivos funcionários e agentes sejam abrangidos pelo regime de

acidentes em serviço ou outro regime legal com o mesmo âmbito.

Artigo 80.º

Apólice uniforme

1 — A apólice uniforme do seguro de acidentes de trabalho adequada às diferentes profissões e

actividades, de harmonia com os princípios estabelecidos na presente lei e respectiva legislação regulamentar,

é aprovada por portaria conjunta dos Ministros responsáveis pelas áreas das finanças e laboral, sob proposta

do Instituto de Seguros de Portugal, ouvidas as associações representativas das empresas de seguros e

mediante parecer prévio do Conselho Económico e Social.

2 — A apólice uniforme obedece ao princípio da graduação dos prémios de seguro em função do grau de

risco do acidente, tidas em conta a natureza da actividade e as condições de prevenção implantadas nos

locais de trabalho.

3 — Deve ser prevista na apólice uniforme a revisão do valor do prémio, por iniciativa da seguradora ou a

pedido do empregador, com base na modificação efectiva das condições de prevenção de acidentes nos

locais de trabalho.

4 — São nulas as cláusulas adicionais que contrariem os direitos ou garantias estabelecidos na apólice

uniforme prevista neste artigo.

Artigo 81.º

Garantia e actualização de pensões

1 — A garantia do pagamento das pensões estabelecidas na presente lei que não possam ser pagas pela

entidade responsável, nomeadamente por motivo de incapacidade económica, é assumida e suportada pelo

Fundo de Acidentes de Trabalho, nos termos regulamentados em legislação especial.

2 — São igualmente da responsabilidade do fundo referido no número anterior as actualizações do valor

das pensões devidas por incapacidade permanente igual ou superior a 30% ou por morte e outras

responsabilidades nos termos regulamentados em legislação especial.

3 — O fundo referido nos números anteriores constitui-se credor da entidade economicamente incapaz, ou

da respectiva massa falida, cabendo aos seus créditos, caso a entidade incapaz seja uma empresa de

seguros, graduação idêntica à dos credores específicos de seguros.

4 — Se no âmbito de um processo de recuperação de empresa esta se encontrar impossibilitada de pagar

os prémios dos seguros de acidentes de trabalho dos respectivos trabalhadores, o gestor da empresa deve

comunicar tal impossibilidade ao fundo referido nos números anteriores 60 dias antes do vencimento do

contrato, por forma a que o fundo, querendo, possa substituir-se à empresa nesse pagamento, sendo neste

caso aplicável o disposto no n.º 3.

Artigo 82.º

Riscos recusados

1 — O Instituto de Seguros de Portugal estabelece por norma regulamentar as disposições relativas à

colocação dos riscos recusados pelas seguradoras.

2 — O Instituto de Seguros de Portugal pode ressegurar e retroceder os riscos recusados.

Página 30

SEPARATA — NÚMERO 104

30

3 — Relativamente aos riscos recusados, o Instituto de Seguros de Portugal pode requerer às entidades

competentes, certificados de conformidade com as regras de segurança em vigor.

Artigo 83.º

Obrigação de caucionamento

1 — O empregador é obrigado a caucionar o pagamento de pensões por acidente de trabalho em que

tenha sido condenado, ou a que se tenha obrigado por acordo homologado, quando não haja ou seja

insuficiente o seguro, salvo se celebrar com uma seguradora um contrato específico de seguro de pensões.

2 — A caução pode ser feita por depósito de numerário, títulos da dívida pública, afectação ou hipoteca de

imóveis ou garantia bancária.

3 — O caucionamento é feito à ordem do juiz do tribunal do trabalho respectivo, ou a seu favor, no prazo

que ele designar.

4 — Os títulos da dívida pública são avaliados, para efeitos de caucionamento, pela última cotação na

bolsa e os imóveis e empréstimos hipotecários pelo valor matricial corrigido dos respectivos prédios,

competindo ao Ministério Público apreciar e dar parecer sobre a idoneidade do caucionamento.

5 — Os imóveis sujeitos a este risco são obrigatoriamente seguros contra incêndio.

6 — O caucionamento deve ser reforçado sempre que se verifique que é insuficiente, aplicando-se, com as

devidas adaptações, o disposto nos números anteriores.

7 — Verificado o incumprimento, que se prolongue por período superior a 15 dias, deve o pagamento das

pensões em dívida iniciar-se pelas importâncias caucionadas, sem necessidade de execução.

Artigo 84.º

Instituto de Seguros de Portugal

1 — Compete ao Instituto de Seguros de Portugal determinar o valor do caucionamento das pensões,

quando não exista ou seja insuficiente o seguro das responsabilidades do empregador.

2 — Compete igualmente ao Instituto de Seguros de Portugal dar parecer sobre a transferência de

responsabilidade das pensões por acidentes de trabalho para as seguradoras.

3 — Os valores de caucionamento das pensões são calculados de acordo com as tabelas práticas a que se

refere o artigo 75.º, acrescidas de 10%.

SECÇÃO IX

Participação de acidente de trabalho

Artigo 85.º

Sinistrado e beneficiários legais

1 — O sinistrado ou os beneficiários legais, em caso de morte, devem participar o acidente de trabalho,

verbalmente ou por escrito, nas 48 horas seguintes, ao empregador, salvo se este o tiver presenciado ou dele

vier a ter conhecimento no mesmo período.

2 — Se o estado do sinistrado ou outra circunstância, devidamente comprovada, não permitir o

cumprimento do disposto no número anterior, o prazo neste fixado conta-se a partir da cessação do

impedimento.

3 — Se a lesão se revelar ou for reconhecida em data posterior à do acidente, o prazo conta-se a partir da

data da revelação ou do reconhecimento.

Página 31

30 DE MAIO DE 2009

31

4 — Quando o sinistrado não participar o acidente tempestivamente e por tal motivo tiver sido impossível

ao empregador ou a quem o represente na direcção do trabalho prestar-lhe a assistência necessária, a

incapacidade judicialmente reconhecida como consequência daquela falta não confere direito às prestações

estabelecidas na lei, na medida em que dela tenha resultado.

Artigo 86.º

Empregador com responsabilidade transferida

1 — O empregador que tenha transferido a responsabilidade deve, sob pena de responder por perdas e

danos, participar à seguradora a ocorrência do acidente, no prazo de 24 horas, a partir da data do

conhecimento.

2 — A participação deve ser remetida à seguradora por meio informático, nomeadamente em suporte

digital ou correio electrónico, salvo o disposto no número seguinte.

3 — No caso de micro empresa, o empregador pode remeter a participação em suporte de papel.

Artigo 87.º

Empregador sem responsabilidade transferida

1 — O empregador cuja responsabilidade não esteja transferida deve participar o acidente ao tribunal

competente, por escrito, independentemente de qualquer apreciação das condições legais da reparação.

2 — O prazo para a participação é de oito dias a partir da data do acidente ou do seu conhecimento.

3 — No caso de morte, o acidente é participado de imediato ao tribunal competente, por correio electrónico

ou por telecópia, sem prejuízo do disposto nos números anteriores.

Artigo 88.º

Trabalho a bordo

1 — Sendo o sinistrado inscrito marítimo, a participação é feita ao órgão local do sistema de autoridade

marítima do porto do território nacional onde o acidente ocorreu, sem prejuízo de outras notificações previstas

em legislação especial.

2 — Se o acidente ocorrer a bordo de navio português, no alto mar ou no estrangeiro, a participação é feita

ao órgão local do sistema de autoridade marítima do primeiro porto nacional escalado após o acidente.

3 — As participações previstas nos números anteriores devem ser efectuadas, no prazo de dois dias a

contar da data do acidente ou da chegada do navio, e remetida imediatamente ao tribunal competente pelo

órgão local do sistema de autoridade marítima, se a responsabilidade não estiver transferida ou se do acidente

tiver resultado a morte, e à seguradora nos restantes casos.

Artigo 89.º

Seguradora

1 — A seguradora participa ao tribunal competente, por escrito, no prazo de oito dias a contar da alta

clínica, o acidente de que tenha resultado incapacidade permanente e, imediatamente, após o seu

conhecimento, por correio electrónico, telecópia ou outra via com o mesmo efeito de registo escrito de

mensagens, o acidente de que tenha resultado a morte.

Página 32

SEPARATA — NÚMERO 104

32

2 — A participação por correio electrónico, telecópia ou outra via com o mesmo efeito de registo de

mensagens não dispensa a participação formal que deve ser feita no prazo de oito dias contados do

falecimento ou do seu conhecimento.

3 — A seguradora participa ainda ao tribunal competente, por escrito, no prazo de oito dias a contar da sua

verificação, todos os casos de incapacidade temporária que, consecutiva ou conjuntamente, ultrapassem 12 meses.

Artigo 90.º

Comunicação obrigatória em caso de morte

1 — O director de estabelecimento hospitalar, assistencial ou prisional comunica de imediato ao tribunal

competente e à entidade responsável, por telecópia ou outra via com o mesmo efeito de registo de

mensagens, o falecimento, em consequência de acidente, de trabalhador ali internado.

2 — Igual obrigação tem qualquer outra pessoa ou entidade a cujo cuidado o sinistrado estiver.

Artigo 91.º

Faculdade de participação a tribunal

A participação do acidente ao tribunal competente pode ser feita:

a) Pelo sinistrado, directamente ou por interposta pessoa;

b) Pelo familiar ou equiparado do sinistrado;

c) Por qualquer entidade com direito a receber o valor de prestações;

d) Pela autoridade policial ou administrativa que tenha tomado conhecimento do acidente;

e) Pelo director do estabelecimento hospitalar, assistencial ou prisional onde o sinistrado esteja internado,

tendo o acidente ocorrido ao serviço de outra entidade.

CAPÍTULO III

Doenças profissionais

SECÇÃO I

Protecção nas doenças profissionais

SUBSECÇÃO I

Protecção da eventualidade

Artigo 92.º

Âmbito

1 — A protecção da eventualidade de doenças profissionais integra-se no âmbito material do regime geral

de segurança social dos trabalhadores vinculados por contrato de trabalho e dos trabalhadores independentes

e dos que sendo apenas cobertos por algumas eventualidades, efectuem descontos nas respectivas

contribuições com vista a serem protegidos pelo regime das doenças profissionais.

2 — Podem, ainda, ser abrangidos pelo regime previsto no presente capítulo os trabalhadores aos quais,

sendo apenas cobertos por algumas eventualidades, a taxa contributiva que lhes é aplicável integre o custo da

protecção nas doenças profissionais.

Página 33

30 DE MAIO DE 2009

33

Artigo 93.º

Lista das doenças profissionais

1 — A elaboração e actualização da lista das doenças profissionais prevista no n.º 2 do artigo 283.º do

Código do Trabalho é realizada por uma comissão nacional, cuja composição, competência e funcionamento

são fixados em legislação especial.

2 — A lesão corporal, perturbação funcional ou a doença não incluídas na lista a que se refere o número

anterior são indemnizáveis desde que se prove serem consequência necessária e directa da actividade

exercida e não representem normal desgaste do organismo.

Artigo 94.º

Direito à reparação

O direito à reparação emergente de doenças profissionais previstas no n.º 1 do artigo anterior pressupõe

que, cumulativamente, se verifiquem as seguintes condições:

a) Estar o trabalhador afectado pela correspondente doença profissional;

b) Ter estado o trabalhador exposto ao respectivo risco pela natureza da indústria, actividade ou condições,

ambiente e técnicas do trabalho habitual.

Artigo 95.

Avaliação, graduação e reparação das doenças profissionais

A avaliação, graduação e reparação das doenças profissionais diagnosticadas é da exclusiva

responsabilidade do serviço com competências na área da protecção contra os riscos profissionais.

Artigo 96.º

Natureza da incapacidade

1 — A doença profissional pode determinar incapacidade temporária ou permanente para o trabalho, nos

termos definidos no artigo 19.º.

2 — A incapacidade temporária de duração superior a 18 meses considera-se como permanente, devendo

ser fixado o respectivo grau de incapacidade, salvo parecer clínico em contrário, não podendo, no entanto,

aquela incapacidade ultrapassar os 30 meses.

3 — O parecer clínico referido no número anterior pode propor a continuidade da incapacidade temporária

ou a atribuição de pensão provisória.

Artigo 97.º

Protecção da eventualidade

1 — A protecção nas doenças profissionais é assegurada pelo desenvolvimento articulado e sistemático

das actuações no campo da prevenção, pela atribuição de prestações pecuniárias e em espécie tendo em

vista, em conjunto com as intervenções de reabilitação e reintegração profissional, a adaptação ao trabalho e a

reparação dos danos emergentes da eventualidade.

2 — As prestações em espécie revestem, com as devidas adaptações, as modalidades referidas no

capítulo anterior, bem como as previstas no artigo seguinte.

3 — As prestações pecuniárias revestem, com as devidas adaptações, as modalidades referidas no

capítulo anterior.

Página 34

SEPARATA — NÚMERO 104

34

Artigo 98.º

Modalidades das prestações em espécie

Constituem ainda prestações em espécie o reembolso das despesas de deslocação, de alimentação e de

alojamento indispensáveis à concretização das prestações previstas no artigo 25.º, bem como quaisquer

outras, seja qual for a forma que revistam, desde que necessárias e adequadas ao restabelecimento do estado

de saúde e da capacidade de trabalho ou de ganho do trabalhador e à sua recuperação para a vida activa.

SUBSECÇÃO II

Titularidade dos direitos

Artigo 99.º

Titulares do direito às prestações por doença profissional

1 — O direito às prestações é reconhecido ao beneficiário que seja portador de doença profissional.

2 — O direito às prestações por morte de beneficiário que seja portador de doença profissional é

reconhecido aos familiares ou pessoas equiparadas, previstos no artigo 56.º.

Artigo 100.º

Familiar a cargo

O conceito de familiar a cargo, para efeito de titularidade ou montante das prestações reguladas no

presente capítulo, corresponde ao previsto no regime geral de segurança social para a protecção da

eventualidade morte.

SECÇÃO II

Prestações

SUBSECÇÃO I

Prestações pecuniárias

Artigo 101.º

Pensão e subsídios por morte e por despesas de funeral

1 — Para efeitos de atribuição da pensão por morte, dos subsídios por morte e por despesas de funeral,

considera-se o falecimento que decorra de doença profissional.

2 — A atribuição das prestações referidas no número anterior, em caso de falecimento por causa natural do

beneficiário portador de doença profissional, depende de os seus familiares ou terceiros não terem direito a

prestações equivalentes concedidas por qualquer outro regime de protecção social obrigatório.

Artigo 102.º

Prestações adicionais

Nos meses de Junho e Novembro de cada ano, os titulares de pensões têm direito a receber, além da

prestação mensal que lhes corresponda, um montante adicional de igual valor.

Página 35

30 DE MAIO DE 2009

35

SUBSECÇÃO II

Prestações em espécie

Artigo 103.º

Prestações em espécie

1 — As prestações em espécie são asseguradas, em regra, através de reembolsos das respectivas

despesas, nos termos dos números seguintes.

2 — Os reembolsos das despesas com cuidados de saúde destinam-se a compensar, na totalidade, os

gastos efectuados pelo beneficiário com assistência médica, cirúrgica, de enfermagem, medicamentosa e

farmacêutica, decorrentes de doença profissional.

3 — Os reembolsos das despesas com deslocações destinam-se a compensar, nos termos prescritos, as

despesas de deslocação efectuadas pelo beneficiário, resultantes de recurso a cuidados de saúde, a exames

de avaliação de incapacidade e a serviços de reabilitação e reintegração profissional, bem como de frequência

de cursos de formação profissional.

4 — Os reembolsos das despesas com alojamento e alimentação destinam-se a compensar, nos termos

prescritos, os gastos efectuados pelo beneficiário decorrentes do recurso a prestações em espécie que

impliquem deslocação do local da residência.

SECÇÃO III

Condições de atribuição de prestação

SUBSECÇÃO I

Condições gerais

Artigo 104.º

Condições relativas à doença profissional

1 — Para efeitos da alínea b) do artigo 94.º são tomadas em conta, na medida do necessário, as

actividades susceptíveis de provocarem o risco em causa, exercidas nos termos da legislação de outro

Estado, se tal estiver previsto em instrumento internacional de segurança social a que Portugal se encontre

vinculado.

2 — Se o interessado tiver estado exposto ao mesmo risco nos termos do regime geral e da legislação de

outro Estado ao qual Portugal se encontre vinculado por instrumento internacional, as prestações são

concedidas de acordo com o disposto neste instrumento.

Artigo 105.º

Prazo de garantia

As prestações são atribuídas independentemente da verificação de qualquer prazo de garantia.

Página 36

SEPARATA — NÚMERO 104

36

SUBSECÇÃO II

Condições especiais

Artigo 106.º

Pensão provisória

1 — A atribuição da pensão provisória por incapacidade permanente depende de parecer clínico, nos casos

previstos pelos n.os

2 e 3 do artigo 96.º.

2 — A atribuição da pensão provisória por morte depende ainda de não se considerar caracterizada a

causa da morte, bem como de os respectivos interessados reunirem os condicionalismos legalmente previstos

para o reconhecimento do respectivo direito e não se encontrarem em qualquer das seguintes situações:

a) Exercício de actividade profissional remunerada;

b) Pré-reforma;

c) Pensionista de qualquer sistema de protecção social.

3 — Pode ser atribuído um montante provisório de pensão por incapacidade permanente ou morte sempre

que, verificadas as condições determinantes do direito, por razões de ordem administrativa ou técnica, não

imputáveis aos beneficiários, seja inviável a atribuição de pensão definitiva no prazo de três meses a partir da

data de entrada do requerimento.

Artigo 107.º

Subsídio para frequência de acções no âmbito da reabilitação profissional

A atribuição do subsídio para a frequência de acções no âmbito da reabilitação profissional depende de o

beneficiário reunir, cumulativamente, os condicionalismos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 68.º,

bem como os seguintes:

a) Ter requerido a frequência de acção ou curso ou aceite proposta do serviço com competências na área

da protecção contra os riscos profissionais;

b) Obter parecer favorável dos serviços médicos responsáveis pela avaliação das incapacidades por

doenças profissionais.

Artigo 108.º

Prestações em espécie

O reembolso das despesas com prestações em espécie, previsto no artigo 103.°, depende, conforme o

caso:

a) De prova da impossibilidade de recurso aos serviços oficiais e de autorização do serviço com

competências na área da protecção contra os riscos profissionais para acesso a serviços privados;

b) Da necessidade de deslocação e permanência fora do local habitual da residência do beneficiário;

c) De parecer de junta médica, quanto à necessidade de cuidados de saúde e da sua impossibilidade de

tratamento no território nacional.

Página 37

30 DE MAIO DE 2009

37

SECÇÃO IV

Montante da prestação

SUBSECÇÃO I

Determinação dos montantes

Artigo 109.º

Disposição geral

1 — O montante das prestações referidas nas alíneas a) a c) e g) do n.º 1 do artigo 46.º é determinado pela

aplicação da percentagem legalmente fixada à retribuição de referência.

2 — O montante das demais prestações referidas no n.º 1 do artigo 46.º é determinado em função das

despesas realizadas ou por indexação a determinados valores.

Artigo 110.º

Determinação da retribuição de referência

1 — Na reparação de doença profissional, a retribuição de referência a considerar no cálculo das

indemnizações e pensões corresponde à retribuição anual ilíquida devida ao beneficiário nos 12 meses

anteriores à cessação da exposição ao risco, ou à data da certificação da doença que determine incapacidade,

se esta a preceder.

2 — No caso de trabalho não regular e trabalho a tempo parcial com vinculação a mais de um empregador,

bem como nos demais casos em que não seja aplicável o n.º 1, a retribuição de referência é calculada pela

média dos dias de trabalho e correspondentes retribuições auferidas pelo beneficiário no período de um ano

anterior à certificação da doença profissional, ou no período em que houve efectiva prestação de trabalho.

3 — Na falta dos elementos referidos no número anterior, e tendo em atenção a natureza dos serviços

prestados, a categoria profissional do beneficiário e os usos, a retribuição é definida pelo serviço com

competências na área da protecção contra os riscos profissionais.

4 — Para a determinação da retribuição de referência considera-se como:

a) Retribuição anual, as 12 retribuições mensais ilíquidas acrescidas dos subsídios de Natal e de férias e

outras retribuições anuais a que o trabalhador tenha direito com carácter de regularidade, nos 12 meses

anteriores à cessação da exposição ao risco, ou à data da certificação da doença que determine incapacidade,

se esta a preceder;

b) Retribuição diária, a que se obtém pela divisão da retribuição anual pelo número de dias com registo de

retribuições.

Artigo 111.º

Retribuição convencional

Quando a base de incidência contributiva tiver em conta retribuição convencional, a retribuição de

referência corresponde ao valor que serve de base à incidência contributiva, sem prejuízo do disposto no

artigo anterior.

Página 38

SEPARATA — NÚMERO 104

38

Artigo 112.º

Retribuição de referência no caso de alteração de grau de incapacidade

1 — No caso de o beneficiário, ao contrair uma doença profissional, estar já afectado de incapacidade

permanente resultante de acidente de trabalho ou outra doença profissional, a reparação é apenas a

correspondente à diferença entre a incapacidade anterior e a que for calculada como se toda a incapacidade

fosse imputada à última doença profissional.

2 — São tomadas em conta para efeitos do número anterior as incapacidades profissionais anteriores

verificadas nos termos da legislação de outro Estado ao qual Portugal se encontre vinculado por instrumento

internacional de segurança social.

3 — Na reparação prevista nos termos do n.º 1 é considerada a retribuição correspondente à última doença

profissional, salvo se a anterior incapacidade igualmente decorrer de doença profissional e a correspondente

prestação tiver por base retribuição superior, caso em que é esta a considerada.

4 — Para efeitos de aplicação deste artigo, e nos casos de incapacidade permanente absoluta para o

trabalho habitual, deve ser determinado um grau de incapacidade.

5 — O disposto no n.º 3 aplica-se também aos casos de revisão em que haja agravamento de

incapacidade.

SUBSECÇÃO II

Prestações por incapacidade

DIVISÃO I

Indemnização por incapacidade temporária

Artigo 113.º

Indemnização por pneumoconiose associada à tuberculose

1 — O montante diário da indemnização por incapacidade temporária do beneficiário portador de

pneumoconioses associadas à tuberculose é igual a 80% da retribuição de referência acrescida de 10% desta

por cada pessoa a cargo, até ao limite da retribuição.

2 — O disposto no número anterior é aplicável independentemente das datas de diagnóstico da

pneumoconiose e da tuberculose.

3 — Após a alta por tuberculose, o beneficiário é sujeito a exame médico para efeitos de determinação do

grau de incapacidade por doença profissional.

DIVISÃO II

Prestações por incapacidade permanente

Artigo 114.º

Pensão por incapacidade permanente absoluta para o trabalho habitual

Na incapacidade permanente absoluta para o trabalho habitual, o montante da pensão mensal é fixado

entre 50% e 70% da retribuição de referência, conforme a maior ou menor capacidade funcional residual para

o exercício de outra profissão compatível.

Página 39

30 DE MAIO DE 2009

39

Artigo 115.º

Bonificação da pensão por incapacidade permanente

1 — A pensão por incapacidade permanente é bonificada em 20% do seu valor relativamente a pensionista

que, cessando a sua actividade profissional, se encontre afectado por:

a) Pneumoconiose com grau de incapacidade permanente não inferior a 50%, e em que o coeficiente de

desvalorização referido nos elementos radiográficos seja 10%, quando completar 50 anos de idade;

b) Doença profissional com um grau de incapacidade permanente não inferior a 70%, quando completar 50

anos de idade;

c) Doença profissional com um grau de incapacidade permanente não inferior a 80%, independentemente

da sua idade.

2 — O montante da pensão bonificada não pode exceder o valor da retribuição de referência que serve de

base ao cálculo da pensão.

Artigo 116.º

Subsídios por elevada incapacidade permanente e para readaptação de habitação

O valor a ter em conta para a atribuição dos subsídios por elevada incapacidade permanente e para a

readaptação de habitação, previstos nos artigos 66.º e 67.º, é o que estiver em vigor à data da certificação da

incapacidade.

SUBSECÇÃO III

Prestações por morte

DIVISÃO I

Pensão provisória

Artigo 117.º

Pensão provisória por morte

1 — O montante da pensão provisória por morte é igual ao que resulta da aplicação das percentagens de

cálculo da pensão por morte ao valor definido no n.º 1 do artigo 110.º.

2 — Atribuída a pensão definitiva, há lugar ao acerto de contas entre esta e o montante provisório de

pensão.

DIVISÃO II

Subsídio por morte

Artigo 118.º

Subsídio

1 — Ao subsídio por morte, é aplicável o disposto no artigo 64.º.

2 — Na falta de qualquer dos titulares previstos no artigo 64.º, o montante reverte para o fundo de

assistência do serviço com competências na área da protecção contra os riscos profissionais.

Página 40

SEPARATA — NÚMERO 104

40

SUBSECÇÃO IV

Montante das prestações comuns às pensões

Artigo 119.º

Prestação suplementar da pensão para assistência a terceira pessoa

1 — O montante da prestação prevista no artigo 53.º corresponde ao valor da retribuição paga à pessoa

que presta assistência, com o limite aí fixado.

2 — Na falta de prova da retribuição, o montante da prestação corresponde ao valor estabelecido para

prestação idêntica, no âmbito do regime geral e, no caso de haver vários, ao mais elevado.

Artigo 120.º

Prestações adicionais

As prestações adicionais são de montante igual ao das pensões respeitantes aos meses de Junho e

Novembro, respectivamente, incluindo o valor da prestação suplementar para assistência de terceira pessoa,

quando a esta haja lugar.

Artigo 121.º

Montante provisório de pensões

1 — A pensão provisória mensal por incapacidade permanente e o montante provisório da mesma são

iguais ao valor mensal da indemnização por incapacidade temporária absoluta que estava a ser atribuída ou

seria atribuível.

2 — Atribuída a pensão definitiva, há lugar ao acerto de contas entre esta e o montante provisório de

pensão.

SUBSECÇÃO V

Montante das prestações em espécie

Artigo 122.º

Reembolsos

1 — Os reembolsos relativos às despesas de cuidados de saúde a que haja lugar correspondem à

totalidade das mesmas.

2 — Os reembolsos relativos às despesas de deslocação, alojamento e alimentação efectuados pelo

beneficiário e seus acompanhantes que impliquem deslocação do local da residência, são efectuados,

mediante documento comprovativo nos seguintes termos:

a) Pelo montante integral correspondente à utilização de transporte colectivo público ou o custo decorrente

do recurso a outro meio de transporte, quando aquele não exista ou não seja adequado ao estado de saúde

do beneficiário, desde que devidamente comprovado por declaração médica ou por outras razões ponderosas

atendíveis;

b) Até ao limite do menor valor de ajudas de custo para os funcionários e agentes da Administração

Pública, e nos respectivos termos.

Página 41

30 DE MAIO DE 2009

41

3 — O pagamento das despesas do acompanhante do beneficiário depende do estado de saúde do

beneficiário o exigir, devidamente comprovado por declaração médica.

SUBSECÇÃO VI

Garantia e actualização das pensões

Artigo 123.º

Actualização

Os valores das pensões reguladas neste capítulo são periodicamente actualizados nos termos fixados no

diploma de actualização das demais pensões do regime geral.

Artigo 124.º

Garantia do pagamento

1 — O pagamento, das pensões por incapacidade permanente ou morte e das indemnizações por

incapacidade temporária que não possam ser pagas pela entidade legalmente autorizada a não transferir a

responsabilidade da cobertura do risco por motivo de incapacidade económica objectivamente caracterizada

em processo de insolvência e recuperação de empresas ou por motivo de ausência, desaparecimento ou

impossibilidade de identificação, é suportado pelo serviço com competências na área da protecção contra os

riscos profissionais.

2 — O serviço com competências na área da protecção contra os riscos profissionais fica constituído credor

da entidade economicamente incapaz ou da respectiva massa insolvente, cabendo aos seus créditos, caso a

entidade incapaz seja uma seguradora, graduação idêntica à dos credores específicos de seguros.

SECÇÃO V

Duração das prestações

SUBSECÇÃO I

Início das prestações

Artigo 125.º

Início da indemnização por incapacidade temporária

1 — A indemnização por incapacidade temporária absoluta é devida a partir do primeiro dia de

incapacidade sem prestação de trabalho.

2 — A indemnização por incapacidade temporária parcial é devida a partir da data da redução do trabalho e

da correspondente certificação.

Artigo 126.º

Início da pensão provisória

1 — A pensão provisória é devida a partir do dia seguinte àquele em que deixou de haver lugar à

indemnização por incapacidade temporária.

2 — O montante provisório da pensão é devido a partir da data do requerimento, da participação obrigatória

ou da morte do beneficiário, conforme o caso.

Página 42

SEPARATA — NÚMERO 104

42

Artigo 127.º

Pensão por incapacidade permanente

1 — A pensão por incapacidade permanente é devida a partir da data a que se reporta a certificação da

respectiva situação, não podendo ser anterior à data do requerimento ou da participação obrigatória, salvo se,

comprovadamente, se confirmar que a doença se reporta a data anterior.

2 — A pensão por incapacidade permanente é devida a partir do mês seguinte ao do requerimento, nos

seguintes casos:

a) Na impossibilidade de a certificação médica reportar a incapacidade a essa data, caso em que a mesma

se considera presumida;

b) Se o beneficiário não instruiu o processo com o respectivo requerimento para avaliação de incapacidade

permanente por doença profissional no prazo de um ano a contar da data da comunicação do serviço com

competências na área da protecção contra os riscos profissionais, para esse mesmo efeito.

3 — No caso da alínea a) do número anterior, a incapacidade é considerada a partir da data da

participação obrigatória, se anterior ao requerimento.

4 — A pensão por incapacidade permanente absoluta para todo e qualquer trabalho sequencial à

incapacidade temporária sem prestação de trabalho é devida a partir do primeiro dia em relação ao qual a

mesma é certificada, não podendo, contudo, ser anterior ao primeiro dia de incapacidade temporária.

5 — Tratando-se de pensão bonificada, a bonificação é devida a partir do mês seguinte ao da

apresentação da documentação exigida para o efeito.

6 — O subsídio por situações de elevada incapacidade permanente é devido a partir da data da fixação da

incapacidade.

Artigo 128.º

Pensão por morte

1 — A pensão por morte é devida a partir do mês seguinte ao do falecimento do beneficiário no caso de ser

requerida nos 12 meses imediatos ou a partir do mês seguinte ao do requerimento, em caso contrário.

2 — A alteração dos montantes das pensões resultante da modificação do número de titulares tem lugar no

mês seguinte ao da verificação do facto que a determinou.

Artigo 129.º

Prestação suplementar para assistência a terceira pessoa

A prestação suplementar para assistência a terceira pessoa reporta-se à data do respectivo requerimento,

se for feita prova de que o requerente já necessitava de assistência de terceira pessoa e dela dispunha ou,

caso contrário, à data em que se verificar esse condicionalismo.

SUBSECÇÃO II

Suspensão das prestações

Artigo 130.º

Suspensão da bonificação das pensões

A bonificação da pensão é suspensa enquanto o pensionista exercer actividade sujeita ao risco da doença

ou doenças profissionais em relação às quais é pensionista.

Página 43

30 DE MAIO DE 2009

43

SUBSECÇÃO III

Cessação das prestações

Artigo 131.º

Cessação do direito à indemnização por incapacidade temporária

O direito à indemnização por incapacidade temporária cessa com a alta clínica do beneficiário ou com a

certificação da incapacidade permanente.

Artigo 132.º

Cessação da pensão provisória

1 — A pensão provisória cessa na data da fixação definitiva da pensão ou da não verificação dos

condicionalismos da atribuição desta prestação.

2 — A não verificação dos condicionalismos de atribuição da pensão não dá lugar à restituição das

pensões provisórias pagas.

Artigo 133.º

Cessação do direito à pensão

1 — O direito à pensão cessa nos termos gerais de cessação das correspondentes pensões do regime

geral.

2 — O direito à pensão por morte cessa, em especial, com:

a) O casamento ou a união de facto do cônjuge sobrevivo, do ex-cônjuge do beneficiário falecido ou da

pessoa que vivia com o beneficiário em união de facto;

b) O trânsito em julgado de sentença de condenação do pensionista como autor, cúmplice ou encobridor do

crime de homicídio voluntário, ainda que não consumado, na pessoa do beneficiário ou de outrem que

concorra na respectiva pensão de sobrevivência, salvo se o ofendido o tiver reabilitado nos termos da lei civil;

c) A declaração judicial de indignidade do pensionista, salvo se o beneficiário o tiver reabilitado e no caso

de deserdação por parte do beneficiário, salvo se o pensionista for reabilitado, mediante acção de impugnação

da deserdação.

Artigo 134.º

Remição

1 — Pode ser remida, mediante requerimento do interessado ou por decisão judicial, a pensão devida por

doença profissional sem carácter evolutivo, correspondente a incapacidade permanente parcial inferior a 30%.

2 — Pode ser parcialmente remida, mediante requerimento ou por decisão judicial, a pensão devida por

doença profissional sem carácter evolutivo, correspondente a incapacidade permanente parcial igual ou

superior a 30%, desde que a pensão sobrante seja igual ou superior a 50% do valor de 1,1 IAS.

3 — O capital de remição é calculado nos termos do disposto em legislação especial.

SECÇÃO VI

Acumulação e coordenação de prestações

Artigo 135.º

Acumulação das prestações com rendimentos de trabalho

Não são acumuláveis com a retribuição resultante de actividade profissional as seguintes prestações:

Página 44

SEPARATA — NÚMERO 104

44

a) A indemnização por incapacidade temporária absoluta;

b) A bonificação da pensão, caso se verifique a situação prevista no artigo 130.º;

c) A pensão por incapacidade permanente absoluta para todo e qualquer trabalho e a pensão por

incapacidade permanente absoluta para o trabalho habitual, desde que, quanto a esta, a retribuição decorra do

exercício do mesmo trabalho ou actividade sujeita ao risco da doença profissional em relação à qual é

pensionista.

Artigo 136.º

Acumulação de pensão por doença profissional com outras pensões

A pensão por incapacidade permanente por doença profissional é acumulável com a pensão atribuída por

invalidez ou velhice, no âmbito de regimes de protecção social obrigatória, sem prejuízo das regras de

acumulação próprias destes regimes.

SECÇÃO VII

Certificação das incapacidades

Artigo 137.º

Princípios gerais

1 — A certificação das incapacidades abrange o diagnóstico da doença, a sua caracterização como doença

profissional e a graduação da incapacidade, bem como, se for o caso, a declaração da necessidade de

assistência permanente de terceira pessoa para efeitos de prestação suplementar.

2 — A caracterização da doença profissional e graduação da incapacidade permanente pode ser revista

pelo serviço com competências na área da protecção contra os riscos profissionais, oficiosamente, ou a

requerimento do beneficiário, independentemente da entidade que a tenha fixado.

3 — A certificação e a revisão das incapacidades é da exclusiva responsabilidade do serviço com

competências na área da protecção contra os riscos profissionais, sem prejuízo do diagnóstico presuntivo

pelos médicos dos serviços de saúde, para efeitos da atribuição da indemnização por incapacidade

temporária.

Artigo 138.º

Equiparação da qualidade de pensionista

A qualidade de pensionista por doença profissional com grau de incapacidade permanente igual ou

superior a 50% é equiparada à qualidade de pensionista por invalidez do regime geral.

SECÇÃO VIII

Administração

SUBSECÇÃO I

Gestão do regime

Artigo 139.º

Aplicação do regime

1 — A aplicação do regime previsto no presente capítulo compete aos serviços com competências na área

da protecção contra os riscos profissionais.

Página 45

30 DE MAIO DE 2009

45

2 — As demais instituições de segurança social, no âmbito das respectivas funções, colaboram com o

serviço com competências na área da protecção contra os riscos profissionais no desenvolvimento da

competência prevista no número anterior.

Artigo 140.º

Articulação entre instituições e serviços

1 — O serviço com competências na área da protecção contra os riscos profissionais deve estabelecer

normas de articulação adequadas com outros serviços, designadamente instituições de segurança social,

serviços de saúde, emprego e formação profissional, relações laborais e tutela das várias áreas de actividade,

tendo em vista assegurar a máxima eficiência e eficácia na prevenção e reparação das doenças profissionais.

2 — As medidas de reconversão profissional e reabilitação que se mostrem convenientes podem ser

asseguradas pelos serviços competentes de emprego e formação profissional, mediante a celebração de

acordos de cooperação, nos termos e condições prescritos no Capítulo IV.

Artigo 141.º

Participação obrigatória

1 — O médico participa ao serviço com competências na área da protecção contra os riscos profissionais

todos os casos clínicos em que seja de presumir a existência de doença profissional.

2 — O diagnóstico presuntivo de doença profissional pelos serviços a que se refere o n.º 3 do artigo 137.º e

o eventual reconhecimento de incapacidade temporária por doença profissional não dispensam os médicos

dos respectivos serviços da participação obrigatória prevista no presente artigo.

3 — A participação deve ser remetida no prazo de oito dias a contar da data do diagnóstico ou de

presunção da existência de doença profissional.

4 — O modelo de participação referida neste artigo é aprovado por despacho conjunto dos ministros

responsáveis pelas áreas laboral e da segurança social.

Artigo 142.º

Comunicação obrigatória

1 — O serviço com competências na área da protecção contra os riscos profissionais comunica os casos

confirmados de doença profissional ao serviço competente em matéria de prevenção da segurança e saúde no

trabalho e fiscalização das condições de trabalho à Direcção-Geral da Saúde e ao empregador, bem como,

consoante o local onde, presumivelmente, se tenha originado ou agravado a doença, aos serviços regionais de

saúde e aos centros regionais de segurança social.

2 — A comunicação a que se refere o número anterior deve ser antecipada, a fim de poder determinar as

correspondentes medidas de prevenção, nos casos em que concorram indícios inequívocos de especial

gravidade da situação laboral.

SUBSECÇÃO II

Organização dos processos

Artigo 143.º

Requerimento das prestações

1 — As prestações pecuniárias previstas no presente capítulo são objecto de requerimento, salvo no que

se refere às prestações previstas nas alíneas a) e i) do n.º 1 do artigo 25.º.

Página 46

SEPARATA — NÚMERO 104

46

2 — As prestações em espécie que dêem lugar a reembolso são igualmente requeridas.

3 — Os requerimentos previstos nos números anteriores são dirigidos ao serviço com competências na

área da protecção contra os riscos profissionais.

Artigo 144.º

Requerentes

1 — As prestações são requeridas pelo interessado ou seus representantes legais.

2 — A prestação por morte a favor de menor ou incapaz pode ainda ser requerida pela pessoa que prove

tê-lo a seu cargo ou que aguarde decisão judicial de suprimento da incapacidade.

Artigo 145.º

Instrução do requerimento da pensão

1 — A pensão por incapacidade permanente é requerida em modelo próprio, entregue no serviço com

competências na área da protecção contra os riscos profissionais ou nos serviços competentes da segurança

social.

2 — O requerimento deve ser acompanhado de informação médica, designadamente dos serviços oficiais

de saúde e do médico do serviço de medicina do trabalho do respectivo empregador.

3 — No caso de impossibilidade de o requerente dispor dos elementos comprovativos os exames médicos

devem ser efectuados no serviço com competências na área da protecção contra os riscos profissionais ou

requisitados por este à entidade competente.

Artigo 146.º

Instrução do requerimento de pensão bonificada

A bonificação da pensão depende de requerimento do beneficiário instruído com declaração de cessação

do exercício da actividade ou actividades profissionais determinantes da incapacidade permanente.

Artigo 147.º

Instrução do requerimento das prestações por morte

1 — As prestações por morte são atribuídas a requerimento do interessado ou dos seus representantes

legais, o qual deve ser instruído com os documentos comprovativos dos factos condicionantes da sua

atribuição.

2 — No caso de união de facto, o requerimento da pensão deve ser instruído com certidão de sentença

judicial proferida em acção de alimentos interposta contra a herança do falecido ou em acção declarativa

contra a instituição de segurança social, da qual resulte o reconhecimento de que o requerente reúne as

condições de facto legalmente exigidas para a atribuição dos alimentos.

Artigo 148.º

Instrução do requerimento do subsídio por despesas de funeral

O requerimento do subsídio por despesas de funeral é instruído com documento comprovativo de o

requerente ter efectuado o respectivo pagamento.

Página 47

30 DE MAIO DE 2009

47

Artigo 149.º

Requerimento da prestação suplementar de terceira pessoa

1 — A prestação suplementar é requerida pelo beneficiário, sendo o processo instruído com os seguintes

documentos:

a) Declaração do requerente da qual conste a existência da pessoa que presta ou se dispõe a prestar

assistência, com especificação das condições em que a mesma é ou vai ser prestada;

b) Parecer dos serviços médicos do serviço com competências na área da protecção contra os riscos

profissionais que ateste a situação de dependência.

2 — O serviço com competências na área da protecção contra os riscos profissionais pode desencadear os

procedimentos que julgue adequados à comprovação da veracidade da declaração referida na alínea a) do

número anterior, directamente ou através de outras instituições.

Artigo 150.º

Prazo de requerimento

1 — O prazo para requerer o subsídio por despesas de funeral e as prestações em espécie, na forma de

reembolso, é de um ano a partir da realização da respectiva despesa.

2 — O prazo para requerer a pensão e o subsídio por morte é de cinco anos a partir da data do falecimento

do beneficiário.

Artigo 151.º

Contagem do prazo de prescrição

Para efeitos de prescrição do direito às prestações, a contagem do respectivo prazo inicia-se no dia

seguinte àquele em que a prestação foi posta a pagamento, com conhecimento do credor.

Artigo 152.º

Deveres

1 — O titular de pensão bonificada que exerça actividade sujeita ao risco de doença ou doenças

profissionais determinantes da sua situação de pensionista é obrigado a dar, do facto, conhecimento ao

serviço com competências na área da protecção contra os riscos profissionais, no prazo de 10 dias

subsequentes ao respectivo início.

2 — O pensionista por morte que celebre casamento ou inicie união de facto é obrigado a dar

conhecimento ao serviço com competências na área da protecção contra os riscos profissionais, nos 30 dias

subsequentes à respectiva verificação.

3 — Os familiares são obrigados a comunicar o óbito do beneficiário ao serviço com competência na área

da protecção contra os riscos profissionais, no prazo de 60 dias, após a ocorrência.

Página 48

SEPARATA — NÚMERO 104

48

CAPÍTULO IV

Reabilitação e reintegração profissional

SECÇÃO I

Âmbito

Artigo 153.º

Âmbito

O presente capítulo regula o regime relativo à reabilitação e reintegração profissional de trabalhador

sinistrado por acidente de trabalho ou afectado por doença profissional de que tenha resultado incapacidade

temporária parcial, ou incapacidade permanente, parcial ou absoluta para o trabalho habitual.

SECÇÃO II

Reabilitação e reintegração profissional

Artigo 154.º

Ocupação e reabilitação

1 — O empregador é obrigado a ocupar o trabalhador que, ao seu serviço, ainda que a título de contrato a

termo, sofreu acidente de trabalho ou contraiu doença profissional, de que tenha resultado qualquer das

incapacidades previstas no artigo anterior, em funções e condições de trabalho compatíveis com o respectivo

estado, nos termos previstos na presente lei.

2 — Ao trabalhador referido no número anterior é assegurada, pelo empregador, a formação profissional, a

adaptação do posto de trabalho, o trabalho a tempo parcial e a licença para formação ou novo emprego, nos

termos previstos na presente lei.

3 — O Governo deve criar serviços de adaptação ou readaptação profissionais e de colocação, garantindo

a coordenação entre esses serviços e os já existentes, quer do Estado, quer das instituições, quer dos

empregadores e seguradoras, e utilizando esses serviços tanto quanto possível.

Artigo 155.º

Ocupação obrigatória

1 — A obrigação prevista no n.º 1 do artigo anterior cessa se, injustificadamente, o trabalhador não se

apresentar ao empregador, no prazo de 10 dias após a comunicação da incapacidade fixada.

2 — O empregador que não cumprir a obrigação de ocupação efectiva, e sem prejuízo de outras

prestações devidas por lei ou por instrumento de regulamentação colectiva, tem de pagar ao trabalhador a

retribuição prevista no n.º 2 do artigo seguinte, salvo se, entretanto, o contrato tiver cessado nos termos legais.

Artigo 156.º

Condições especiais de trabalho

1 — O trabalhador com capacidade de trabalho reduzida resultante de acidente de trabalho ou de doença

profissional, a quem o empregador, ao serviço do qual ocorreu o acidente ou a doença foi contraída, assegure

ocupação em funções compatíveis, durante o período de incapacidade, tem direito a dispensa de horários de

trabalho com adaptabilidade, de trabalho suplementar e de trabalho no período nocturno.

Página 49

30 DE MAIO DE 2009

49

2 — A retribuição devida ao trabalhador sinistrado por acidente de trabalho ou afectado por doença

profissional ocupado em funções compatíveis, incluindo durante o período de incapacidade permanente, tem

por base a do dia do acidente, excepto se entretanto a retribuição da categoria correspondente tiver sido

objecto de alteração, caso em que é esta a considerada.

3 — A retribuição a que alude o número anterior nunca é inferior à devida pela capacidade restante.

4 — O despedimento sem justa causa de trabalhador temporariamente incapacitado em resultado de

acidente de trabalho ou de doença profissional confere àquele, sem prejuízo de outros direitos consagrados no

Código do Trabalho, caso não opte pela reintegração, o direito a uma indemnização igual ao dobro da que lhe

competiria por despedimento ilícito.

Artigo 157.º

Trabalho a tempo parcial e licença para formação ou novo emprego

1 — O trabalhador, que exerça funções compatíveis de acordo com a sua incapacidade permanente, tem

direito a trabalhar a tempo parcial e a licença para formação ou novo emprego, nos termos dos números

seguintes.

2 — Salvo acordo em contrário, o período normal de trabalho a tempo parcial corresponde a metade do

praticado a tempo completo numa situação comparável, e é prestado diariamente, de manhã ou de tarde, ou

em três dias por semana, conforme o pedido do trabalhador.

3 — A licença para formação pode ser concedida para frequência de curso de formação ministrado sob

responsabilidade de uma instituição de ensino ou de formação profissional ou no âmbito de programa

específico aprovado por autoridade competente e executado sob o seu controlo pedagógico, ou para

frequência de curso ministrado em estabelecimento de ensino.

4 — A licença para novo emprego pode ser concedida a trabalhador que pretenda celebrar contrato de

trabalho com outro empregador, por período corresponde à duração do período experimental.

5 — A concessão da licença para formação ou novo emprego determina a suspensão do contrato de

trabalho, com os efeitos previstos no n.º 4 do artigo 317.º do Código do Trabalho.

6 — O trabalhador deve solicitar ao empregador a passagem à prestação de trabalho a tempo parcial ou a

licença para formação ou novo emprego, com a antecedência de 30 dias relativamente ao seu início, por

escrito e com as seguintes indicações:

a) No caso da prestação de trabalho a tempo parcial, o respectivo período de duração e a repartição

semanal do período normal de trabalho pretendidos;

b) No caso de licença para formação, o curso que pretende frequentar e a sua duração;

c) No caso de licença para novo emprego, a duração do período experimental correspondente.

7 — O empregador apenas pode recusar qualquer dos pedidos referidos no número anterior com

fundamento em razões imperiosas e objectivas ligadas ao funcionamento da empresa ou serviço, ou à

impossibilidade de substituir o trabalhador caso este seja indispensável.

Artigo 158.º

Avaliação

1 — Quando for considerado necessário o esclarecimento de dúvidas sobre as incapacidades referidas no

artigo 153.º ou sobre o emprego do trabalhador incapacitado em funções compatíveis com o seu estado, pode

ser solicitado o parecer de peritos do serviço público competente na área do emprego e formação profissional.

2 — Quando o empregador assegure a ocupação compatível com o estado do trabalhador, pode requerer

ao serviço público competente na área do emprego e formação profissional a avaliação da situação do

Página 50

SEPARATA — NÚMERO 104

50

trabalhador, tendo em vista a adaptação do seu posto de trabalho e disponibilização de formação profissional

adequada à ocupação e função a desempenhar.

3 — O serviço público competente na área do emprego e formação profissional, através do centro de

emprego da área geográfica do local de trabalho, procede à avaliação da situação do trabalhador e à

promoção de eventuais adaptações necessárias à ocupação do respectivo posto de trabalho mediante a

disponibilização de intervenções técnicas consideradas necessárias, recorrendo, nomeadamente, à sua rede

de centros de recursos especializados.

4 — Por acordo entre o empregador e o trabalhador pode, igualmente, ser requerida a avaliação a que se

refere o n.º 1, nos casos em que a ocupação compatível com o respectivo estado seja assegurada por um

outro empregador.

Artigo 159.º

Apoios técnicos e financeiros

1 — Além do apoio técnico necessário para a adaptação do posto de trabalho às necessidades do

trabalhador sinistrado ou afectado por doença profissional, o empregador que assegure ocupação compatível,

nos termos referidos nos n.º 1 do artigo 154.º e n.º 3 do artigo anterior, pode beneficiar do apoio técnico e

financeiro concedido pelo serviço público competente na área do emprego e formação profissional a

programas relativos à reabilitação profissional de pessoas com deficiência, desde que reúna os respectivos

requisitos.

2 — O empregador que promova a reabilitação profissional do trabalhador também pode beneficiar dos

apoios técnicos e financeiros previstos no número anterior.

Artigo 160.º

Impossibilidade de assegurar ocupação compatível

1 — Quando o empregador declare a impossibilidade de assegurar ocupação e função compatível com o

estado do trabalhador, a situação deve ser avaliada e confirmada pelo serviço público competente na área do

emprego e formação profissional nos termos previstos no presente capítulo.

2 — Se o serviço público competente na área do emprego e formação profissional concluir pela viabilidade

da ocupação de um posto de trabalho na empresa ao serviço da qual ocorreu o acidente de trabalho ou foi

contraída a doença profissional, diligencia junto do empregador no sentido de colocar o trabalhador em

ocupação e função compatíveis, sugerindo-lhe, se for caso disso, que solicite ao centro de emprego da área

geográfica do local de trabalho os apoios previstos no artigo anterior.

3 — Caso o serviço público competente na área do emprego e formação profissional conclua pela

impossibilidade da ocupação de um posto de trabalho na empresa ao serviço da qual ocorreu o acidente de

trabalho ou foi contraída a doença profissional, solicita a intervenção do centro de emprego da área geográfica

da residência do trabalhador, no sentido de o apoiar a encontrar soluções alternativas com vista à sua

reabilitação e reintegração profissional.

Artigo 161.º

Plano de reintegração profissional

1 — No âmbito do apoio preconizado nos n.os

1 e 2 do artigo 159.º e nos n.os

2 e 3 do artigo anterior, o

serviço público competente na área do emprego e formação profissional, através do centro de emprego

competente e recorrendo à sua rede de centros de recursos especializados, define um plano de intervenção

visando a reintegração profissional do trabalhador sinistrado ou afectado por doença profissional,

equacionando os meios que devem ser disponibilizados.

Página 51

30 DE MAIO DE 2009

51

2 — O plano de intervenção a que se refere o número anterior é definido conjuntamente com o trabalhador

e consensualizado com:

a) O empregador que assegurar ocupação e função compatível;

b) Os demais serviços intervenientes na concretização do plano, se for caso disso.

3 — A intervenção do serviço público competente na área do emprego e formação profissional realiza-se a

partir do momento em que o processo de reabilitação clínica permita o início do processo de reintegração

profissional.

4 — Sempre que o serviço público competente na área do emprego e formação profissional verifique, no

âmbito da sua intervenção, que não possui respostas adequadas para a reintegração do trabalhador, pode

propor o recurso a outras entidades com competência para o efeito.

5 — O serviço público competente na área do emprego e formação profissional assegura o

acompanhamento do processo de reintegração profissional.

Artigo 162.º

Encargos com reintegração profissional

1 — Os encargos com a reintegração profissional, no âmbito do disposto no n.º 2 do artigo 154.º, são

assumidos pelo empregador nas situações em que o trabalhador se mantenha na empresa ao serviço da qual

sofreu o acidente ou contraiu a doença profissional, sem prejuízo dos n.os

1 e 2 do artigo 160.º.

2 — Os encargos com a reintegração profissional de trabalhadores a quem o empregador não tenha podido

assegurar ocupação compatível são assumidos por este e pelo serviço público competente na área do

emprego e formação profissional, no caso de acidente de trabalho, ou pelo empregador e pelo serviço com

competências na área da protecção contra os riscos profissionais, no caso de doença profissional.

3 — Os encargos assumidos pelo empregador, previstos no número anterior, são assegurados até valor

igual ao dobro da indemnização que lhe competiria por despedimento ilícito.

4 — Em situações excepcionais, devidamente fundamentadas e documentadas, o serviço público

competente na área do emprego e formação profissional ou os serviços com competências na área da

protecção contra os riscos profissionais, conforme se trate de acidente de trabalho ou de doença profissional,

podem participar no financiamento de 50% dos encargos referidos nos números anteriores até ao valor limite

correspondente:

a) A 12 vezes o valor de 1,1 IAS, na aquisição de bens;

b) Ao valor de 1,1 IAS, na aquisição de serviços de pagamento periódico.

5 — Os encargos com a reintegração profissional são calculados com base em valor unitário por hora de

intervenção, a estabelecer por acordo de cooperação entre o empregador ou os serviços com competências

na área da protecção contra os riscos profissionais, conforme se trate de acidente de trabalho ou de doença

profissional, e o serviço público competente na área do emprego e formação profissional.

6 — Os encargos assumidos pelo empregador ou pelos serviços com competências na área da protecção

contra os riscos profissionais, conforme se trate de acidente de trabalho ou de doença profissional, são

assegurados, através de prestações em espécie, no âmbito do disposto na alínea h) do n.º 1 do artigo 25.º.

7 — As despesas de deslocação, alimentação e alojamento a que se refere o artigo 98.º são pagas de

acordo com o estabelecido no n.º 2 do artigo 122.°.

8 — Os encargos do empregador referidos no presente artigo, atinentes a sinistrados de acidentes de

trabalho, enquadram-se no âmbito da responsabilidade transferida do empregador para a seguradora.

Página 52

SEPARATA — NÚMERO 104

52

Artigo 163.º

Acordos de cooperação

1 — Os serviços com competências na área da protecção contra os riscos profissionais podem celebrar

acordos de cooperação com o serviço público competente na área do emprego e formação profissional e

outras entidades, públicas ou privadas, com vista à reintegração profissional dos trabalhadores afectados por

doença profissional.

2 — O serviço público competente na área do emprego e formação profissional pode celebrar acordos de

cooperação com o empregador, a respectiva seguradora, ou outras entidades, públicas ou privadas, com vista

à reintegração profissional do sinistrado de acidente de trabalho.

3 — Os acordos de cooperação devem conter, designadamente:

a) Descrição e finalidades da intervenção;

b) Tipologia das acções a desenvolver;

c) Meios técnicos, humanos e financeiros a disponibilizar;

d) Competências das entidades intervenientes;

e) Período de vigência.

4 — Os acordos têm a duração máxima de dois anos, com possibilidade de renovação.

5 — A execução do acordo é objecto de um relatório anual de avaliação, elaborado conjuntamente pelas

entidades intervenientes.

SECÇÃO III

Garantia de ocupação e exercício de funções compatíveis com a capacidade do trabalhador

Artigo 164.º

Competências

O serviço público competente na área do emprego e formação profissional, assegura:

a) A verificação da possibilidade de o empregador, ao serviço do qual ocorreu o acidente de trabalho ou foi

contraída a doença, assegurar a ocupação e função compatíveis com a capacidade do trabalhador, nos

termos dos artigos 154.º e 155.º;

b) A intermediação entre o trabalhador, o empregador e os serviços de emprego e de formação

profissional;

c) O encaminhamento das situações decorrentes da reintegração do trabalhador no mesmo ou num novo

posto de trabalho.

Artigo 165.º

Procedimento

1 — O serviço público competente na área do emprego e formação profissional, ouvidos os serviços

competentes para a protecção contra os riscos profissionais e para a reabilitação e integração das pessoas

com deficiência, aprecia a situação, elaborando parecer fundamentado, e indicando se o empregador tem

possibilidade de assegurar ocupação e função compatíveis com o estado do trabalhador.

2 — O parecer referido no número anterior, avalia também a possibilidade de o empregador assegurar o

processo de reintegração profissional, designadamente a formação profissional para adaptação ao posto de

Página 53

30 DE MAIO DE 2009

53

trabalho, por si ou em colaboração com entidades públicas ou privadas, indicando, quando for o caso, as

entidades públicas com competência para intervir.

3 — Quer o empregador quer o trabalhador podem indicar um representante de associação patronal ou

sindical do sector, consoante os casos, para ser ouvido no âmbito do n.º 1.

4 — O parecer referido no n.º 1 tem natureza vinculativa, sendo comunicado ao empregador e ao

trabalhador no prazo máximo de 30 dias após a declaração referida no n.º 1 do artigo 145.º.

CAPÍTULO V

Responsabilidade contra-ordenacional

SECÇÃO I

Regime geral

Artigo 166.º

Regime geral

O regime geral previsto nos artigos 548.º a 565.º do Código do Trabalho aplica-se às infracções

decorrentes da violação dos artigos previstos na presente lei.

Artigo 167.º

Competência para o procedimento e aplicação das coimas

1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, o procedimento das contra-ordenações previstas nesta

lei, bem como a aplicação das respectivas coimas, compete ao serviço com competência para a fiscalização

das condições de trabalho.

2 — O procedimento das contra-ordenações e a aplicação das correspondentes coimas competem ao

Instituto de Seguros de Portugal, no caso de o agente da infracção ser uma entidade sujeita à sua supervisão.

Artigo 168.º

Produto das coimas

1 — O produto das coimas resultante de violação das normas de acidente de trabalho reverte em 60% para

os cofres do Estado e em 40% para o Fundo de Acidentes de Trabalho.

2 — Aplica-se o disposto no artigo 566.º do Código do Trabalho ao produto das restantes coimas aplicadas.

Artigo 169.º

Cumulação de responsabilidades

A responsabilidade contra-ordenacional não prejudica a eventual responsabilidade civil ou criminal.

SECÇÃO II

Contra-ordenações em especial

Artigo 170.º

Acidente de trabalho

1 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação do disposto no artigo 26.º e nos n.os

1 e 2 do artigo

78.º.

Página 54

SEPARATA — NÚMERO 104

54

2 — Constitui contra-ordenação grave:

a) A omissão ou insuficiências nas declarações quanto ao pessoal e às retribuições com vista ao não

cumprimento do disposto no artigo 78.º;

b) Fazer tratar ou internar um sinistrado sem declarar a situação deste, para efeitos de se eximir ao

pagamento das respectivas despesas;

c) A prática dos actos referidos nos artigos 13.º e 18.º.

3 — Constitui ainda contra-ordenação grave, a infracção ao disposto nos artigos 29.º, nos n.os

3 e 4 do

artigo 37.º, no n.º 2 do artigo 38.º, no n.º 1 do artigo 83.º, nos artigos 86.º a 89.º e no artigo 176.º.

Artigo 171.º

Doença profissional

Constitui contra-ordenação grave o incumprimento dos deveres previstos no artigo 152.º, as falsas

declarações e a utilização de qualquer outro meio de que resulte concessão indevida de prestações ou do

respectivo montante.

Artigo 172.º

Ocupação compatível

Constitui contra-ordenação grave a violação do disposto no n.º 1 do artigo 154.º, no n.º 1 do artigo 155.º e

no n.º 1 do artigo 157.º.

CAPÍTULO VI

Disposições finais

Artigo 173.º

Modelos oficiais e apólices uniformes

A entrada em vigor da presente lei não prejudica a validade de:

a) Modelos de declarações, participações e mapas anteriormente existentes;

b) Apólices uniformes anteriormente em vigor.

Artigo 174.º

Formulários obrigatórios

1 — As participações, os boletins de exame e alta e os outros formulários referidos nesta lei, que podem

ser impressos por meios informáticos, obedecem aos modelos aprovados oficialmente.

2 — O não cumprimento do disposto no número anterior equivale à falta de tais documentos, podendo

ainda o tribunal ordenar a sua substituição.

3 — Os centros de saúde remetem aos serviços competentes da segurança social os certificados de

incapacidade temporária (CIT), por via electrónica, nos termos a definir em portaria conjunta dos membros do

Governo responsáveis pelas áreas da segurança social e da saúde, deixando a sua entrega de ser exigível

aos utentes.

Página 55

30 DE MAIO DE 2009

55

Artigo 175.º

Isenções

1 — Está isento de emolumentos, custas e taxas todo o documento necessário ao cumprimento das

normas relativas aos acidentes de trabalho e doenças profissionais, independentemente da respectiva

natureza e da repartição por onde haja passado ou haja de transitar para a sua legalização, salvo o disposto

no Regulamento Emolumentar dos Registos e do Notariado.

2 — As isenções compreendidas no número anterior não abrangem a constituição de mandatário judicial.

Artigo 176.º

Afixação e informação obrigatórias

1— A empresa deve afixar, nos respectivos estabelecimentos e em lugar bem visível, as disposições do

Código do Trabalho e da presente lei referentes aos direitos e obrigações do sinistrado e dos responsáveis.

2 — Os recibos de retribuição devem identificar a seguradora para a qual o risco se encontra transferido à

data da sua emissão.

Artigo 177.º

Estatísticas

Sem prejuízo do regime previsto para a informação estatística sobre acidentes de trabalho e doenças

profissionais, o Instituto de Seguros de Portugal pode estabelecer estatísticas específicas destinadas ao

controlo e supervisão dos riscos profissionais.

Artigo 178.º

Caducidade e prescrição

1 — O direito de acção respeitante às prestações fixadas na presente lei caduca no prazo de um ano a

contar da data da alta clínica formalmente comunicada ao sinistrado ou, se do evento resultar a morte, a

contar desta.

2 — As prestações estabelecidas por decisão judicial ou pelo serviço com competências na área da

protecção contra os riscos profissionais, prescrevem no prazo de cinco anos a partir da data do seu

vencimento.

3 — O prazo de prescrição não começa a correr enquanto os beneficiários não tiverem conhecimento

pessoal da fixação das prestações.

Artigo 179.º

Contagem de prazos

Os prazos fixados para as normas relativas aos acidentes de trabalho contam-se nos termos previstos no

Código de Processo Civil e os previstos para as doenças profissionais são contados nos termos do Código do

Procedimento Administrativo.

Página 56

SEPARATA — NÚMERO 104

56

Artigo 180.º

Norma remissiva

As remissões de normas contidas em diplomas legislativos para a legislação revogada com a entrada em

vigor da presente lei, consideram-se referidas às disposições correspondentes do Código do Trabalho e da

presente lei.

Artigo 181.º

Cartão de pensionista

O modelo do cartão para uso dos pensionistas do serviço com competências na área da protecção contra

os riscos profissionais é aprovado por portaria do membro do Governo responsável pelas áreas laboral e da

segurança social.

Artigo 182.º

Actualização das pensões unificadas

As pensões unificadas atribuídas ao abrigo da Portaria n.º 642/83, de 1 de Junho, são actualizadas no

diploma que proceda à actualização das demais pensões do regime geral de segurança social.

Artigo 183.º

Trabalhadores independentes

A regulamentação relativa ao regime do seguro obrigatório de acidentes de trabalho dos trabalhadores

independentes consta de diploma próprio.

Artigo 184.º

Regiões autónomas

Na aplicação da presente lei às regiões autónomas são tidas em conta as competências legais atribuídas

aos respectivos órgãos e serviços regionais.

Artigo 185.º

Norma revogatória

Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, com a entrada em vigor da presente lei são revogados os

seguintes diplomas:

a) Lei n.º 100/97, de 13 de Setembro (Lei dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais);

b) Decreto-Lei n.º 143/99, de 30 de Abril (Regulamento dos acidentes de trabalho);

c) Decreto-Lei n.º 248/99, de 2 de Julho (Regulamento das doenças profissionais).

Página 57

30 DE MAIO DE 2009

57

Artigo 186.º

Norma de aplicação no tempo

1 — O disposto no Capítulo II aplica-se a acidentes de trabalho ocorridos após a entrada em vigor da

presente lei.

2 — O disposto no Capítulo III aplica-se a doenças profissionais cujo diagnóstico final seja posterior à

entrada em vigor da presente lei, bem como a alteração da graduação de incapacidade relativamente a

doença profissional já diagnosticada.

Artigo 187.º

Entrada em vigor

Sem prejuízo do referido no artigo anterior, a presente lei entra em vigor no dia 1 de Janeiro de 2010.

Os Deputados do PS: Jorge Strecht — Esmeralda Salero Ramires — Maria José Gamboa — Isabel

Coutinho.

A DIVISÃO DE REDACÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.

Página 58

SEPARATA — NÚMERO 104

58

APRECIAÇÃO PÚBLICA

Diploma:

Proposta de lei n.º _____/X (4.ª) Projecto de lei n.º _____/X (4.ª)

Identificação do sujeito ou entidade (a)

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

Morada ou Sede:

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

Local ________________________________________________________________________________

Código Postal _________________________________________________________________________

Endereço Electrónico ___________________________________________________________________

Contributo:

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

Data ________________________________________________________________________________

Assinatura ____________________________________________________________________________

(a) Comissão de trabalhadores, comissão coordenadora, associação sindical, ou associação de empregadores, etc.

Página 59

30 DE MAIO DE 2009

59

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA

Artigo 54.º Comissões de trabalhadores

5. Constituem direitos das comissões de trabalhadores:

d) Participar na elaboração da legislação do trabalho e dos planos económico-sociais que contemplem o respectivo sector;

Artigo 56.º Direitos das associações sindicais e contratação colectiva

2. Constituem direitos das associações sindicais:

a) Participar na elaboração da legislação do trabalho;

REGIMENTO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Artigo 134.º Legislação do trabalho

1 — Tratando-se de legislação do trabalho, a comissão

parlamentar promove a apreciação do projecto ou proposta de lei, para efeitos da alínea d) do n.º 5 do artigo 54.º e da alínea a) do n.º 2 do artigo 56.º da Constituição.

2 — As comissões de trabalhadores, as associações sindicais e as associações de empregadores podem enviar à comissão

parlamentar, no prazo por ela fixado, nos termos da lei, as sugestões que entenderem convenientes e solicitar a audição de representantes seus.

3 — Para efeitos do disposto nos números anteriores, os projectos e propostas de lei são publicados previamente em separata electrónica do Diário.

4 — A data da separata é a da sua publicação, coincidente com a do seu anúncio, entendendo-se como tal o dia em que fica disponível no portal da Assembleia da República na Internet.

Lei n.º 7/2009

de 12 de Fevereiro

APROVA A REVISÃO DO CÓDIGO DO TRABALHO

CAPÍTULO II Participação na elaboração da legislação do trabalho

Artigo 469.º Noção de legislação do trabalho

1 — Entende-se por legislação do trabalho a que regula os direitos e obrigações dos trabalhadores e empregadores, enquanto tais, e as suas organizações.

2 — São considerados legislação do trabalho os diplomas que regulam, nomeadamente, as seguintes matérias:

a) Contrato de trabalho; b) Direito colectivo de trabalho; c) Segurança e saúde no trabalho; d) Acidentes de trabalho e doenças profissionais; e) Formação profissional; f) Processo do trabalho.

3 — Considera-se igualmente matéria de legislação de trabalho o processo de aprovação para ratificação das convenções da Organização Internacional do Trabalho.

Artigo 470.º Precedência de discussão

Qualquer projecto ou proposta de lei, projecto de decreto-lei ou projecto ou proposta de decreto regional relativo a legislação do trabalho só pode ser discutido e votado pela Assembleia da República, pelo Governo da República, pelas Assembleias Legislativas das regiões autónomas e pelos Governos Regionais depois de as comissões de trabalhadores ou as respectivas comissões coordenadoras, as associações sindicais e as associações de empregadores se terem podido pronunciar sobre ele.

Artigo 471.º Participação da Comissão Permanente de Concertação Social

A Comissão Permanente de Concertação Social pode pronunciar-se sobre qualquer projecto ou proposta de legislação do trabalho, podendo ser convocada por decisão do presidente mediante requerimento de qualquer dos seus membros.

Artigo 472.º Publicação dos projectos e propostas

1 — Para efeitos do disposto no artigo 470.º, os projectos e propostas são publicados em separata das seguintes publicações oficiais:

a) Diário da Assembleia da República, tratando-se de legislação a aprovar pela Assembleia da República;

b) Boletim do Trabalho e Emprego, tratando-se de legislação a aprovar pelo Governo da República;

c) Diários das Assembleias Regionais, tratando-se de legislação a aprovar pelas Assembleias Legislativas das regiões autónomas;

d) Jornal Oficial, tratando-se de legislação a aprovar por

Governo Regional.

2 — As separatas referidas no número anterior contêm, obrigatoriamente:

a) O texto integral das propostas ou projectos, com os respectivos números;

b) A designação sintética da matéria da proposta ou projecto; c) O prazo para apreciação pública.

3 — A Assembleia da República, o Governo da República, a Assembleia Legislativa de região autónoma ou o Governo Regional faz anunciar, através dos órgãos de comunicação social, a publicação da separata e a designação das matérias que se encontram em fase de apreciação pública.

Artigo 473.º Prazo de apreciação pública

1 — O prazo de apreciação pública não pode ser inferior a 30 dias.

2 — O prazo pode ser reduzido para 20 dias, a título excepcional e por motivo de urgência devidamente justificado no acto que determina a publicação.

Artigo 474.º Pareceres e audições das organizações representativas

1 — Durante o prazo de apreciação pública, as entidades referidas no artigo 470.º podem pronunciar-se sobre o projecto ou proposta e solicitar audição oral à Assembleia da República, ao Governo da República, à Assembleia Legislativa de região autónoma ou ao Governo Regional, nos termos da regulamentação própria de cada um destes órgãos.

2 — O parecer da entidade que se pronuncia deve conter:

a) Identificação do projecto ou proposta; b) Identificação da comissão de trabalhadores, comissão

coordenadora, associação sindical ou associação de empregadores que se pronuncia;

c) Âmbito subjectivo, objectivo e geográfico ou, tratando-se de comissão de trabalhadores ou comissão coordenadora, o sector de actividade e a área geográfica da empresa ou empresas;

d) Número de trabalhadores ou de empregadores representados;

e) Data, assinatura de quem legalmente represente a entidade ou de todos os seus membros e carimbo da mesma.

Artigo 475.º Resultados da apreciação pública

1 — As posições das entidades que se pronunciam em pareceres ou audições são tidas em conta pelo legislador como elementos de trabalho.

2 — O resultado da apreciação pública consta:

a) Do preâmbulo do decreto-lei ou do decreto regional; b) De relatório anexo a parecer de comissão especializada da

Assembleia da República ou da Assembleia Legislativa de região autónoma.

Descarregar páginas

Página Inicial Inválida
Página Final Inválida

×