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lido logar, uns determinados por parte do governo, e oulros por acto próprio e natural da auctoridadc n'aquella província.
O governo portuguez não trata agora, nem Irala ha muilos annos, de fazer conquistas na Afiica, mas lem Iratado de sustentar os limites do seu território, dc se fazer respeitar perante os potentados visinhos, de conservar a influencia de que tem gosado, e bem assim de atlender ás conveniências que resultam do commercio com a metrópole.
O governo portuguez portanto necessitava manter esta influencia legal, c manter sobretudo a integridade do território e as fronteiras legaes. Procedeu-se^o movimento de tropas ao norle da provincia; ao principio foram felizes, mas n'uma occasião dada foram infelicitados por um pequeno desastre que soffreram.
Quando depois de uns certos movimentos militares em que entrou uma pequena força, acontece que é morto o commandante, c mais ou menos se desmoralisa a tropa que o acompanha, não é islo caso para suppor em risco a provincia de Angola; islo são pequenos acontecimentos que se dão em iodas as guerras, tanto mais que era uma pequena porção de tropa que ía combater numerosas hordas de gentios ainda que sem disciplina.
Em consequência d'isto seguiram-se oulras pequenas infelicidades, e ultimamente uma retirada a que alludiu o meu illustre collega o sr. ministro da marinha, da força que eslava no llcmbe para o Ambriz, na qual se afogaram a passar o Loge cem pessoas. Mas podia seguir-se d'aqui também que estivesse em risco a provincia de Angola, e que seja preciso mandar até mil homens para occorrer aquellas difficuldades? De certo que não.
O que é necessário é que haja perseverança c boa vontade da parle das auctoridades; que haja zelo da parte d'ellas, e da parte da metrópole lambem o necessário cuidado para abastecer com os meios que sejam indispensáveis aquelles que lêem de defender a honra nacional n'aquéllas distantes e longi-quas paragens, c mais nada.
Aconleceu ao mesmo tempo proximamente uma demonstração armada dos povos do sul da provincia. Se o governo podesse colher dos documentos que foram submetlidos ao seu exame que havia alguma analogia entre a revolução do sul e os acontecimentos do norle lomava um caracter de gravidade muito differente, porque se podia suppor que era um levantamento dos sertões contra a provincia; mas pelo exame cir-cumspecto dos documentos vê-se que é assumpto completamente estranho, e não podia deixar de o ser pela distancia dos logares que são lhealro d'esses mesmos acontecimentos, e por consequência não podem inDuir no animo do governo e dos poderes publicos para fazerem receiar um resullado mais grave e mais perigoso para a provincia. As guerras que tiveram logar da parle do sul da provincia de Angola não eram guerras entre os gentios e colonos portuguezes, mas entre uns e outros gentios, brigando entre si para se disputarem certo numero de cabeças dc ga lo, juntando-se numerosas hordas para atacarem umas as oulras. Aquelles que eram vas-sallos da coroa de Portugal acolheram-se aos seus naluraes defensores, mas d'aqui resultou cnvolverem-se alé certo ponto as forças, e de todas eslas guerras resultaram meia dúzia de homens mortos e outros lanlos feridos. Parece-me que não exagero, porque realmente é tão pequeno o.numero de desastres, chamando desastres a estas mortes e ferimentos, que não se pôde dar a islo proporções, que aliás vejo inclinados muitos srs. deputados a pretenderem dar-lhe.
Portanto sem pretender de modo algum actuar no animo da camara para que descure tão importante objecto, procurando pelo contrario excitar o seu zelo, o que não é preciso, mas acompanhar, direi melhor, o seu zelo n'este negocio tão grave, desejo comtudo que se entenda qual é a verdadeira gravidade das circumslancias, a fim dc que não cruzemos os braços diante dos mesmos acontecimentos que valem alguma cousa bastante para que o governo e as cortes não ficarem inertes; mas lambem para que não nos assustemos e preoceupemos de forma que julguemos cm perigo a exis- i
lencia da provincia de Angola; não senhor, muito longe d'isso.
Ora, sr. presidente, pagar tudo quanlo se deve em Angola, mandar-lhe muitos reforços de homens e de dinheiro, seria o melhor de todos os expedientes, mas é preciso ver alé onde se pódc rasoavelmentc chegar.-Nós não pagámos todas as dividas que temos no continente, devemos muito em Portugal e cá vamos vivendo, e ninguém propoz ainda que fossemos pagar ludo quanlo se deve em Portugal a todos os particulares e cofres. Por consequência não podemos fazer para Angola mais do que fazemos no continente, isto é, collocar o lhesouro da provincia nas circumslancias de poder pagar em dia aos seus fúnecionarios, em circumstancias dc poder pagar em dia ás tropas indígenas que lá estão, c poder fazer o mesmo sem gravame do thesouro provincial, ás tropas qued'aqui vão. Éesla a nossa obrigação, é este o nosso dever, é quanlo o governo julga necessário. Se fossemos alem d'islo, confrontando este nosso proceder com o modo porque olhámos para outras províncias do ultramar e mesmo do continente, de cerlo que apparecia uma desproporção muito notável.
Ora o governo antes que fosse perguntado na camara, (note bem a assembléa) por qualquer medida que pretendesse tomar a respeito dos acontecimentos dc Angola, por meu órgão, sendo enlão minislro da marinha, ou acabando de o ser, declarou que já linha mandado preparar uma corveta a vapor, que tinha mandado embarcar 200 homens que iam immediatamenle reforçar a guarnição d'aquella provincia. Não era um exercito sem duvida, nem nós podíamos mandar um exercito, nem era preciso manda-lo, mas era uma força que se reputava sufficiente n'aquellas circumstancias para occorrer ás difficuldades da provincia. Depois as circumslancias aggravaram-se c o governo entendeu que era necessário munir-se de auclorisações do corpo legislativo para poder cocorrer mais efficazmenle ás difficuldades cm que se achava aquella colónia. Para isso fez diversas proposlas ás cortes e n'este momento já partiram 400 homens para reforçar a guarnição da provincia de Angola; devem parlir oulros 400 dentro de seis dias; estão promplos os navios e vão-se preparar mais 200 homens porque o governo já deu ordem para isso e devem parlir no menor lempo possível. Alem do armamento que lem a tropa estão já encaixotados mil armamentos completos; o governo já mandou preparar outros mil armamentos que devem estar promptos para partirem também nos mesmos vapores, o governo mandou preparar oito bocas de fogo de campanha, das quaes quatro já estão embarcadas e as outras hão de ser embarcadas; n'uma palavra lem satisfeilo completamente a ludo quanto requer a aucloridade local, a fim de fazer respeitar n'aquella provincia o decoro e a dignidade portugueza. Que mais podíamos nós fazer? Que mais era preciso fazer! O governo deu também ordem para se mandarem alguns cavallos que devem reforçar o esquadrão de Loanda.
Isto parece á primeira vista uma cousa insignificante, (Vozes:— Não é.) mas é bastante importante porque os prelos tèem muito medo de cavallaria ; ás vezes vaiem mais dez homens de cavallo do que duzentos ou trezentos infantes. Por consequência eslão dadas Iodas as providencias possíveis, e no meio de tudo isto creio eu que a camara deve reconhecer que o governo lem procedido n'este objeclo com zelo e lealdade, com dedicação á causa publica, como era do seu dever em circumstancias similhantes.