O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

8 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

fenecidos pelos criadores foram adquiridos, a ponto de, segundo ouvi, ter sido necessario fazer rateio entre os credores; se assim é, a importação de cavallos estrangeiros mais aggrava a criação portuguesa; alem d'isso, quando mesmo não haja offertas de cavallos portugueses, isso em parte é devido no baixo preço porque em geral as commissões de remonta pagam os nossos cavallos, e tanto assim e, que eu sei de alguns criadores que preferem fazer a, venda dos seus productos aos carroceiros, que lhos pagam melhor do que o exercito.

Lastimo não estar presente o Sr. Ministro das Obras Publicas para chamar tambem a sua attenção para este assunto, na parte em que elle se liga com as candelarias do Estado. Estou convencido que as caudelarias, como ellas estão estabelecidas no nosso país, não desempenham a verdadeira funcção para que foram estabelecidas; creio que não deviam ser consideradas como fabricas de reproductores pelo preço enorme por que os productos que apresentam vêem a custar. O pessoal, as installações, as pastagens, as manadas de eguas e os cavallos paes que nestas caudelarias é preciso pagar, conservar e manter representam uma despesa tão grande que eu estou convencido que a acquisição de cavallos reproductores no estrangeiro, por caros que elles sejam (como de facto são), seria comtudo preferivel economicamente á producção d'elles nas nossas coudelarias. Alem d'isso os leilões que se fazem dos productos de refugo, que sempre abundara, constituem uma concorrencia aos productos inferiores dos productores, que os cavallos vendidos nas coudelarias vão substituir.

Tambem queria chamar a attenção do illustre. Ministro das Obras Publicas para o estado em que se encontram algumas estradas do districto que tenho a honra de representar no Parlamento, e a cuja reparação é necessario acudir.

Entre outras citarei a reparação da estrada de SantAnna ao Cartaxo, que se acha num estado verdadeiramente deploravel, bem como a estrada perto de Torres Novas para quem vae de Pernes, a estrada de Salvaterra a Coruche, etc.

Alem d'estas desejo referir-me á urgente necessidade, da conclusão da estrada importantissima que devia ligar Santarem a Evora que está absolutamente interceptada entre Coruche e Montemor.

Esta estrada que liga o norte com o sul do país é de uma grande importancia, e é uma vergonha que se não conclua. Outra tambem de não pequena importancia é a que deve ligar o Couço com o caminho de ferro que vae do Setil a Vendas Novas, e muitas outras de grande utilidade publica em que se empregariam braços actualmente sem trabalho. (Apoiados).

Tocando neste assunto, não posso deixar de frisar tambem a urgente necessidade de se attender a uma representação que foi dirigida ao Governo pela Camara Municipal de Salvaterra e de que tenho copia, a qual trata da urgente necessidade de se dar seguimento, ás obras do limpeza da valia de Salvaterra.
Esta obra que está parada ha cerca de dois meses, e em que já se gastou uma verba de relativa importancia, perder-se-hia completamente se se não continuar já a referida limpeza, que constituo uma verdadeira necessidade para o transporte de generos d'aquella localidade e povoações vizinhas. (Apoiados).

Vou terminar, Sr. Presidente, mas quero antes, disso dizer ao illustre Ministro da Fazenda que recebi uma reclamação da Associação Commercial de Santarem, a qual vou mandar para a mesa, contra os vendedores ambulantes. Estes negociantes, não pagando contribuições, fazem uma concorrencia desleal ao commercio estabelecido. Espero que S. Exa. attenda no que for justo a esta reclamação.

Finalmente dirijo-me ao Sr. Presidente do Conselho pedindo providencias acêrca da questão das carnes. O que se está passando não deve continuar, porque se está vendendo a carne pelo mesmo preço por que se vendia quando havia uma tabella em que se chegava a pagar a carne lina a 4$200 réis, e agora os marchantes conluiados não a pagam a mais de 3$200 réis a arroba chegando ultimamente a pagar-se apenas a 3$000 réis. (Apoiados).

A lavoura está soffrendo um grande prejuizo, obrigada a vender porque não tem quem lha pague por mais de este preço, e o consumidor nada tem ganho porque continua a pagar nos talhos a carne pelo mesmo preço. (Muitos apoiados.)

Reservo-me para opportunamente tratar d'esta questão, e limito por hoje, as minhas considerações pedindo ao illustre Presidente do Conselho e Ministro do Reino que não descure este importante assunto.

(Apoiados - Vozes: - Muito bem).

(O orador não reviu).

O Sr. Ministro da Guerra (Sebastião Telles): - Sr. Presidente: pedi a palavra para responder ás considerações feitas pelo illustre Deputado Sr. Visconde de Coruche sobre factos que dizem respeito á pasta da Guerra, aproveitando, tambem, a occasião de estar com a palavra para dizer o que me suggeriram as observações apresentadas a respeito da crise vinicola, sobre a qual S. Exa. mandou para a mesa um protesto contra as reclamações trazidas pela commissão do Douro.

S. Exa., que pediu ao Governo as necessarias providencias, conhece qual é a situação da questão vinicola; que um decreto da ditadura sobre esta questão estava juntamente com os outros decretos ditatoriaes sujeito á revisão, e que o Governo separou-o para, sobre elle, especialmente, incidir a sua attenção, fazendo lhe as alterações indispensaveis para o tornar adaptavel á situação actual, e nas mesmas condições como questão aberta para qualquer Deputado apresentar as suas ideias. (Muitos apoiados).

Nestes termos, o Governo não pode fazer mais pela questão vinicola; quem pode fazer alguma cousa é a Camara. (Apoiados).

Creio que o illustre Deputado se deve dar por satisfeito, porque não se pode exigir mais do Governo. Muito felizes nos devemos considerar se pudermos fazer alguma cousa para attenuar quanto possivel as suas difficuldades. (Apoiados).

O Sr. Visconde de Coruche: - O que estimaria é que, desde já, a Camara affirmasse que jamais votaria qualquer medida que representasse um privilegio para qualquer região.

O Orador: - Quis definir o estado da questão e o que pensava o Governo sobre ella.

Desde o momento em que a questão está entregue á Camara só ella deve deliberar.
Como é que a Camara, sem ter estudado o assunto, pode já ter uma opinião formada?

Referiu-se tambem o illustre Deputado á importação de cavallos da Republica Argentina.

Não li a noticia a que S. Exa. se referiu, mas posso dizer que, com effeito, o Ministerio da Guerra adquiriu gado argentino.

Havendo falta de cavallos no país, o exercito precisando d'elles e tendo nos ainda verba, que não fora esgotada, entendi que poderia com vantagem adquirir gado argentino.

A commissão de remonta foi não só ás feiras a que é obrigada, mas a muitas outras, comprou tudo quanto havia, chegou mesmo a comprar cavallos de tres annos, mas não bastava.

Um particular prontificou-se a adquiri-los no estrangeiro, a apresentá-los á commissão de remonta por um preço