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SESSÃO DE 10 DE MARÇO DE 1883 629

dicam a este assumpto. Em presença das reformas feitas em França não era licito persistir na bifurcação.
Terminada, porém, a bifurcação, vejamos o que fica.
Já disse que não comprehendo perfeitamente os estabelecimentos mencionados n'este projecto, por isso precisava recorrer ao capitulo 2.°; e disse depois que, recorrendo a esse capitulo, ficava ainda com um conhecimento imperfeito.
Vamos a ver porquê. Os lyceus são de tres ordens. Lyceus centraes, tendo todas aquellas disciplinas, e alem d'isso o grego e o allemão, como disciplinas facultativas. Depois do lyceu que não e central, ternos o de l.ª classe. Se é de l.ª classe e não se parece com o central tambem de l.ª classe, pedia ao illustre relator da commissão que lhe desse outro nome para que não haja confusão. Chamar lyceus de l.ª classe a uns, e a outros de l.ª classe centraes, quando uns têem ura certo numero de disciplinas e os outros têem um numero differente, não me parece acertado. Que avareza é esta de nomes? Escusamos ser avaros n'este ponto.
Chamemos aos primeiros centraes, e aos outros, que são aquelles que estão aqui como de l.ª classe, estabelecidos em algumas capitães de districto, denominemol-os de l.ª classe, e de 2.ª classe, quando estabelecidos em capitães de outros districtos, ou chamemol-os todos de uma só classe.
Chamemos aos primeiros lyceus centraes ou de l.ª classe, e designemos todos os outros com identica classificação, no caso de quererem que continue a existencia dos aqui estão como de 1.ª classe em certas terras, e digo - no caso de quererem que estes lyceus continuem a existir, porque o sr. Bernardino Machado propoz a suppressão d'elles por uma rasão muitissimo justificada, e é, porque ainda se não disse claramente, como era indispensavel, o motivo por que ha de haver lyceus de l.ª classe n'umas terras e de 2.ª neutras, quando ellas, têem igual categoria.
Effectivamente, porque é que ha de haver lyceus de l.ª classe n'umas capitães de districto, e não em todas as outras?
Esta differença não tem rasão de ser.
Por consequencia façamos lyceus centraes nas tres cidades - Lisboa, Porto e Coimbra, como s. ex.ª disse, não por privilegio para estas cidades, porque s. ex.ª não quer privilegios para ellas, mas porque o interesse do nosso progresso litterario nos leva a isso.
S. ex.ª não faz differença para estas tres cidades, mas quer que a cabeça do paiz seja illuminada e illustrada, quer que as faculdades do cerebro da nação sejam desenvolvidas, e por isso quer nas tres capitães, por assim dizer, tres lyceus centraes, devendo os outros ficar n'uma classe inferior mas igualados.
Eu concordo com s. ex.ª Façamos tres lyceus centraes nas tres capitães e os outros igualemol-os todos.
Chamemos aos primeiros centraes e aos outros de primeira classe, ou aos primeiros de primeira classe e aos outros de segunda classe.
S. ex.ª estabeleceu o principio bom e completamente acceitavel de que o ensino secundario é preparatorio.
S. ex.ª disse que este ensino, sendo encyclopedico, era comtudo, de diversos graus; e disse a verdade.
Conforme é o preparatorio para este ou para aquelle curso, assim é de um ou de outro grau. É preparatorio em todo o caso este ensino, mas prepara em um certo grau para uns estabelecimentos, e prepara em outro grau para outros.
Por consequencia, diz o illustre deputado, e eu concordo com s. ex.ª, sejam todos os lyceus das capitães de districto iguaes. Chamemos aos de Lisboa, Porto e Coimbra centraes e aos outros de primeira classe, ou a uns de primeira classe e a outros de segunda classe, por que isto é uma questão de pura convenção. Assim ficamos, e ficamos bem com duas ordens apenas de lyceus, uma superior e outra inferior.
Se por acaso se obedecesse ao pensamento do relator da commissão de 1880, sabíamos perfeitamente para que eram, estas duas especies de lyceus, porque então dizia-se - os lyceus centraes de Lisboa. Porto e Coimbra preparam para estabelecimentos superiores de uma certa ordem, e os lyceus nacionaes preparam para todas as profissões, ecclesiasticas, militares, commerciaes, industriaes, nauticas, etc.
Sabia se então perfeitamente o destino dos lyceus, porque se dizia claramente-os tres lyceus centraes, ou de 1.ª classe, são como que os lyceus classicos, embora estejam tambem admittidas as sciencias no quadro das suas disciplinas, são lyceus que preparam para as artes liberaes; os outros são scientificos, iguaes ás escolas reaes de que se tem fallado, e preparam para certas e determinadas profissões, preparatorio que se completa n'essas profissões.
E o que vemos é que na lei de 1880 havia ainda as escolas municipaes secundarias que podiam preparar nos dois primeiros annos dos lyceus nacionaes emquanto que, na legislação actual, as escolas secundarias não entram com esta feição.
Os francezes, como disse, constituiram os seus lyceus de modo que tem o ensino das linguas antigas e das modernas, são propriamente o que se chama typo classico, e ao mesmo tempo tem o ensino das sciencias. Sc compararmos, os quadros das disciplinas seguidas nos lyceus francezes, com os quadros das disciplinas nos gymnasios allemães, que tem um typo classico, vemos que os lyceus francezes não tem o typo classico tão assentuado.
O typo classico é dado pela maior força do estudo do latim e do grego, pelo maior numero de lições em cada semana. Ora nos gymnasios allemães o grego e o latim são ensinados em proporção maior do que nos lyceus francezes.
Nos lyceus francezes o estudo das linguas antigas, que é a parte que dá aos lyceus o caracter de classicos, foi enfraquecido, realisando-se assim o desejo do sr. Jules Simon, que foi o primeiro a cortar na superabundancia do estudo do latim e do grego. Foi por este motivo que se levantaram contra elle! e n'outras occasiões, por motivos diversos, se levantaram tambem censuras aquelle espirito, tão lúcido, e tão bello; mas qualquer que seja a sorte d'aquelle grande vulto, eu jamais deixarei de prestar-lhe homenagem e profundo respeito.
O lyceu francez adopta o typo classico, sem deixar em outros estabelecimentos o typo scientifico. Casaram-se as sciencias e as letras, e nunca, mais se descasaram desde então.
A bifurcação deixou de existir. Os alumnos seguem o mesmo curso, todos adquirem a mesma instrucção; mas e evidente que se reuniram ali os dois typos de institutos que ha na Allemanha.
Era natural que entre nós se fizesse o mesmo, e não faziamos mais do que seguir um pouco o trilho da França.
Reuniamos no nosso instituto secundario o ensino classico e o scientifico; faziamos com que estivessem ali reunidas as sciencias e as letras.
D'este modo constituiamos o curso dos nossos lyceus com cinco, seis ou sete annos, ou quantos fossem, uma vez que se designassem as disciplinas.
Assim, como disse, os lyceus tinham uma feição preparatoria igual para todos.
Tem-se dito mais de uma vez, e eu inclino-me a acceitar essa opinião, que é de grandissima utilidade fazer com que nos estabelecimentos preparatorios se ensinem as mesmas disciplinas, e n'este ponto refiro-me á allusão feita pelo sr. Bernardino Machado na sessão passada, allusão em que s. ex.ª notava não ser pela residencia que se conhece o grau da instrucção.
Reunidos os alumnos no mesmo estabelecimento ou seguem todos as mesmas disciplinas, ou pelo menos convivem emquanto estudam cada um as suas. É de grande vantagem que ao chegarmos a certa idade, e ao encontrar-nos em