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mens, mas de 80$. Concluo pois, dizendo, quanto á materia do artigo, quando muito o que se deve fazer he, recommendar ao Governo que faça o recrutamento para que estão passadas as ordena, e em quanto á redacção do artigo não póde passar assim, porque se oppõe á Constituição. E que tendo de fixar-se o maximo da força, a que o exercito deve ser levado, este seja não de 60$, porem de 80$.

O Sr. Moura: - Sr. Presidente, eu imagino, que ainda os que combatem o artigo, estão de acordo com elle mesmo. O Congresso fixou as forças do exercito em tempo de paz; agora ameaça-nos uma guerra, trata por isso de as fixar para tempo de guerra: estas forças, segundo dizem alguns Senhores, devem subir a 56 ou 57 mil homens; mas a Commissão foi de opinião que ella se fixasse em 60 mil homens; pequena he a differença, e uma leve modificação nos porá de acordo, e parece-me que nisto não resta senão votar.

Porém como ha alguns Senhores que involvem nesta questão o estado de nossos meios, e se esforção a mostrar a desproporção, concluindo que a força he desmarcada, e que vai gravar excessivamente os povos, ou direi que a respeito dos illustres Deputados que produzirão esta opinião sempre tenho a fazer alguma observação. - Parece incrivel que membros tão respeitaveis deste Congresso, que tantas vezes tem corajosamente pugnado pelos principios constitucionaes, e que são conhecidos por seu zelo, pela sua sinceridade absolutamente patriotica, e por opiniões que não tem outro fim senão a prosperidade da Nação, e cujas opiniões tão quasi sempre as minhas: admiro, digo, que ellas venhão a coincidir nisto com os raciocinios dos nossos inimigos internos! Os nossos inimigos internos espalhão por toda a parte que não temos nem gente, nem armas, nem dinheiro para nos defender: mas com que imprudencia, com que tibieza de zelo patriotico se emprehende considerar a sangue frio o estado dos nossos meios? He por ventura este o tempo de considerar as regras de proporção? Quando se trata da independencia nacional qual devem ser os nossos esforços? Todos: Quaes são os meios que se devem proporcionar? Todos: Quaes devem ser as forças para a nossa defeza? Todas, Não são só 60$ homens que devemos apresentar, são todos os braços, todo o sangue, todos os bens, todos os meios, todas as vidas, em fim, dos Portuguezes constitucionaes, dos amigos da patria. (Apoiado, apoiado). E não devemos guardar tão necessarios sacrificios para ámanhã. Quando ha de ser Hoje, he hoje que os devemos fazer, nem devemos perder um só instante. Senhores; felizmente devemos alegrar-nos porque toda a Europa adopta a nossa causa; quando observamos a differença da fala do Rei de Inglaterra na abertura do parlamento, dessa que repetiu o Rei de França na camara dos Pares; agora que a Nação ingleza sympathisa comnosco (oh nação classica da liberdade, que em tudo nos dás exemplos, sempre tens sido a nosso favor, e o serás agora nesta lide!) Havemos nós não sympathisar comnosco mesmo? Não deverá unir-se a Nação ao Governo, e o Governo á Nação para se auxiliarem mutuamente? E diremos ainda que não temos gente? Temos gente, dinheiro, braços, e sangue, digão o que quizerem os déspotas.... Tudo havemos de converter em nossa defeza.

(O Congresso repetiu muitas vezes no decurso desta fala signaes de approvação, e concluida ella o illustre Deputado foi geralmente apoiado, e das galerias foi applaudido até com palmas; em razão de que o Sr. Presidente as chamou á ordem, e o illustre Deputado lhes dirigiu a palavra dizendo). Eu quero ver o rosto dos meus concidadãos alegre, e estimo muito a sympathia, que me mostrão, mas não quero ver bater as palmas.

O Sr. João Victorino: - Sr. Presidente, perdoe V. Exca., não posso deixar de levantar-me para me lavar do odioso, que talvez, sem tenção alguma disso, o discurso do illustre Preopinante poderia lançar sobre mim, e sobre alguns dos Senhores, que me precedêrão, e falárão em sentido por fórma alguma menos constitucional; porem differentes do que elle acaba dá fazer. Não, os negocios tão importantes, tão serios, e de tanta transcendencia, nunca se levão por declamações. Os oradores não as devem excitar nos Congressos legislativos. Os negocios exigem muito sangue frio: aliás a Nação será despenhada. Solon tinha dito, e os Athenienses tinhão gravado sobre o portal do Senado de Athenas esta importante maxima = sem exordio, e sem affectos. = As discussões da Inglaterra, he preciso não as conhecer, para não pasmar o sangue frio, a sisudeza, a reflexão, a prudencia, e a madureza com que ali se tratão os negocios da nação. Eu declaro... (aqui foi fortemente chamado á ordem) e se calou.

O Sr. Moura. - Protesto que não tive intenção de atacar até aqui ninguem, nem tal são minhas tenções, e só sim as de auxiliar a causa da liberdade.

O Sr. Franzini: - A meu ver o Sr. Deputado Serpa Pinto tocou exactamente considerou todos os objectos da presente discussão; e eu não cançaria o Congresso com novas reflexões, senão se tivessem suscitado duvidas sobre alguns delles. Digo que em quanto ao 2.º artigo, eu o approvaria com a seguinte emenda (leu-a): o Governo deve ser autorizado a ir recrutando progressivamente, e com proporção ás forças pecuniarias do thesouro. He necessario não perder de vista que um recrutamento de 30 mil homens, além de ser muito violento exige 4 ao milhões de cruzados, por consequencia he preciso dar aquella liberdade ao Governo; pois devemos considerar que além do recrutamento a que se vai proceder para o exercito de primeira linha, temos para completar os corpos de milicias, e guardas nacionaes; por isso proponho a minha emenda que remetto para a meza. (O Sr. Presidente advertiu o illustre Deputado que já lá havia outra quasi similhante). Apoio a lembrança das remissões (continuou o Sr. Franzini), que julgo deve ser bem recebida pela Nação, e que a muita gente vai offerecer um meio mais facil que o das substituições, mas a taxa de 100 mil réis parece-me excessiva, porque realmente um soldado não faz de despeza mais de 50$ réis por anno; por tanto 80$ réis serão talvez sufficientes. Quanto aos privilegios de isenção sou igualmente de opinião, que se deve alterar a lei já sanccionada, em attenção ás urgentes circuns-