O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

10 Diário das Sessões do Senado

Sr. Presidente: na ocasião em que S. Exa. foi Ministro da Guerra, no Govêrno da União Sagrada, tive a honra, como Sub-Secretário das Colónias, de seguir um pouco de perto a obra do Sr. Norton de Matos como organizador do exército não só com relação às tropas que partiam para o campo de batalha da Europa, mas tambêm com relação às que partiam para o campo de batalha da África.

Não desejo e não posso fazer apreciações sôbre a maneira como S. Exa. organizou e preparou o nosso exército, senão fazendo minhas as considerações apresentadas pelo Sr. Ministro da Guerra.

Todas as nações beligerantes têm louvado e recompensado os homens que como Norton de Matos tiveram a seu cargo a alta e espinhosa missão de cuidarem da organização das suas forcas militares de campanha, que tantas vezes tiveram de ser de verdadeira improvização, como entre nó= efectivamente sucedeu.

Não hesitaram mesmo em trilhar por igual procedimento alguns países, que havendo-se declarado de facto beligerantes, não houveram todavia tempo para efectivar nos campos de batalha essa sua beligerância.

O acerto das disposições tomadas, os esforços de preparação iniciados bastaram, por vezes, para o cumprimento de distinções merecidas, e por nenhum dos seus concidadãos menos apreciadas.

Norton de Matos é considerado lá para, ouvi-o eu a parlamentares e militares estrangeiros, como o grande organizado do exército português.

O mesmo tem sido reconhecido por muitos portugueses militares que estiveram nos campos de batalha de França o da África.

Igual era tambêm o conceito em que foi tido pelos oficiais do exército inglês mais em contacto com as tropas portuguesas em campanha, e ainda em todos os meios militares ingleses da convivência dos mesmos nossos oficiais.

As considerações e distinções que a Norton de Matos, foram concedidas pelo Govêrno Inglês mostram bem o alto conceito em que foi tido, sempre, nos ditos meios militares da grande nação nossa aliada.

Não devemos, portanto, ser nós os portugueses que hesitaremos, um momento
sequer, em prestar iguais considerações e distinções a êste alto patriota, cujas faculdades de organizador, tenacidade e dedicação, conseguiram que Portugal levasse a efeito o seu grande empreendimento do tomar parte, à altura das suas tradições e dos seus recursos, na grande guerra europeia em prol da humanidade, do direito da civilização ameaçada de violento retrocesso.

Contarei a V. Exa., ao Senado e ao país o que talvez se possa considerar quási uma inconfidência, que não o é todavia, pois tudo se passou em mera conversa, ainda, que pela sua índole especial dai possam resultar melindres para as susceptibilidades do Sr. Norton de Matos.

Estas palavras são da minha única responsabilidade.

Um dia em que eu estava conversando com o Sr. Norton de Matos no seu gabinete ministerial, sôbre assuntos relacionados com o Corpo Espedicionário Português, entre os quais o da partida de tropas para França como reforços mensais ao mesmo Corpo Espedicionário Português, isto talvez em Setembro ou Outubro de 1917 e a propósito dumas considerações minhas ouvi dizer a Norton de Matos, com uma serenidade que não esquece, pouco mais ou meros o seguinte:

As verdadeiras dificuldades para continuação da nossa acção nos campos de batalha do França, tenho a certeza que aia da se hão-de desenvolver dia a dia. Doravante, não sei mesmo se a minha vida estava segura, seja porêm como for, nada me fará recuar, irei até o fim.

E foi, pois que só a sua saída forçada para o exílio o fez interromper a missão a que se havia dedicado de alma e coração.

Tenho dito.

O Sr. Mendes dos Reis: — Sr. Presidente: pedi a palavra como relator da comissão de guerra e propositadamente o não fiz logo de começo da discussão porque quis ouvir o que sôbre o Sr. coronel Norton de Matos os Srs. Senadores diriam.

Nada tenho a acrescentar aos elogios feitos pelos Srs. Senadores ao Sr. Norton do Matos. A obra dêste oficial foi colossal; foi devido à sua tenacidade e à sua alta competência que Portugal pôde cooperar na grande guerra.