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9 DE JUNHO DE 1983 17

cia de que este Parlamento tem a seu cargo, sobre os seus ombros, pesadas responsabilidades, a responsabilidade de corresponder ao seu papel acrescido pela revisão constitucional, a responsabilidade de ser capaz de responder às exigências que em relação a ela formula o povo português, que tem os deputados como seus representantes e que por isso tem a consciência e a exigência do que eles devem ser e do que eles precisam de ser. Não tem V. Ex.ª uma tarefa fácil à sua frente, mas pode V. Ex.ª contar com os nossos melhores votos e também - e creio que isso lhe aprazerá - com a nossa exigência, porque todas as colaborações só são válidas quando exigentes. A nossa sê-lo-á, mas V. Ex.ª poderá contar com a nossa lealdade e com essa exigente colaboração. Outra V. Ex.ª não mereceria, outra não seria - perdoe-se-me a imodéstia! - digna de nós. Essa lhe prestaremos com o maior entusiasmo, porque estamos certos de que do nosso trabalho conjunto de todos nós, deputados e Mesa eleita, depende em boa parte não só o prestígio desta Assembleia como, muito acima desse prestígio pessoal ou colectivo de uma instituição, o interesse dessa mesma instituição, que, como comecei por dizer, e essencial à democracia e tem a democracia como seu fundamento, sua exigência, sua esperança e seu limite.
Sr. Presidente, Srs. Deputados, saudamos os novos eleitos, saudamos todos os deputados, e desta nova legislatura esperamos que ela cumpra as exigências democráticas que o povo português nela põe.

Aplausos da ASDI, do PS. do PSD, do CDS e d« UEDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Mário Soares.

O Sr. Mário Soares (PS):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em nome do Grupo Parlamentar do Partido Socialista associo-me gostosamente a esta homenagem que acaba de ser prestada ao Presidente eleito da Assembleia da República.
Penso que demos hoje aqui um exemplo de convivência cívica, de autêntica democracia, e que, para além das divergências naturais que existem num parlamento plural, como é o nosso, podemos todos convergir em alguns pontos fundamentais na defesa da instituição parlamentar e também na defesa da democracia pluralista que temos.
Quero saudar e cumprimentar o Sr. Deputado Leonardo Ribeiro de Almeida, de quem tenho a honra de ser amigo, que conheci nestas funções de deputado e depois nas de Presidente da Assembleia da República e que desempenhou o seu alto cargo com rara dignidade.
Desejo também, aproveitando, aliás, uma referência tão justa que foi feita pelo Presidente eleito Tito de Morais a um outro antigo Presidente desta Assembleia, que está aqui presente connosco, que é lambem deputado, cumprimentar o meu querido amigo e grande antifascista Teófilo Carvalho dos Santos, que foi um grande Presidente desta Assembleia da República.
Desejaria depois cumprimentar e augurar as melhores felicidades no desempenho das suas missões a todos os Vice-Presidentes que acabam de ser eleitos, Dr. Fernando do Amaral, Sr. José Vitoriano, Dr. Basílio Horta e, finalmente, do meu querido amigo e grande parlamentar desta Assembleia, que muito contribuiu para a Constituição da República em momentos em que era difícil exercer o seu mandato de deputado, que e o meu camarada e amigo José Luís Nunes, que deu também uma contribuição destacada aos trabalhos de revisão constitucional e, particularmente, à Lei de Defesa Nacional.
Finalmente, e porque, como é hábito, os últimos são os primeiros, quero dizer uma palavra de homenagem ao nosso Presidente eleito, Manuel Alfredo Tito de Morais.
Faço-o, como todos certamente compreenderão, com uma enorme comoção. De todos os deputados presentes sou certamente aquele que há mais tempo e mais intimamente está ligado solidariamente com Manuel Tito de Morais, que foi fundador da Acção Socialista Portuguesa e depois fundador também do Partido Socialista.
Manuel Tito de Morais, que conheci quando era jovem, em 1945, no Movimento de Unidade Democrática, com o qual me encontrei algumas vezes nas cadeias da ditadura, teve sempre um combate destacado em Portugal, em Angola e nos seus longos anos de exílio.
Dizia-lhe há pouco que é para todos os antifascistas e para todos os democratas, não só para os socialistas, uma grande satisfação e uma grande honra ver como segunda personalidade do Estado Português um homem como Manuel Tito de Morais. Um homem íntegro, um homem pobre, um homem que nunca tratou da sua vida e que sempre pôs, desde a sua juventude, acima de tudo a causa da Pátria, a causa da liberdade e a causa do socialismo democrático.
A Tito de Morais as minhas saudações, a minha homenagem e o meu apoio total de sempre.

Aplausos do PS, do PSD, da UEDS, da ASDI e do MDP/CDE.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Gonzalez.

O Sr. António Gonzalez (Ind.): - Sr. Presidente, Srs. Deputados, membros da comunicação social: Como representante dos verdes.

O Sr. António Lacerda (PSD): - Verdes ou vermelhos?!

O Orador: - ... e de todos aqueles que pretendem uma modificação qualitativa do nosso tipo de vida, trago uma saudação muito simples e o desejo de que o trabalho aqui desenvolvido seja dirigido, de um modo novo, aos problemas concretos deste país, que está muito pior ecologicamente do que o seu atraso industrial poderia indicar. Aqui, e principalmente lá fora, daremos o melhor de nós para que esse trabalho, que se quer colectivo, e os velhos problemas sejam vistos com olhos novos e se combata principalmente a poluição mental que realça aquilo que nos separa e esbate aquilo que nos une. Não temos tradições ainda, não podemos falar do nosso passado, só podemos dizer que há muita gente que não está aqui representada e que não acredita nesta estrutura. Penso que todos nós devemos pensar com olhos novos todos os problemas que nos rodeiam e que se amontoam à nossa volta. Não convém descurar nada disso.