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9 | I Série - Número: 071 | 24 de Junho de 2010

Embora fazendo algumas vezes «estalar o verniz», José Saramago obteve o que pretendia: polemizar, obrigar à reflexão, criar ideias, preencher vazios, encontrar novos caminhos, obter respostas diferentes, não só para si mas também, e principalmente, para o povo de onde vinha e onde sempre quis estar.
Termino deixando à família enlutada — em especial, à sua mulher e à sua filha — os nossos sentidos pêsames e a todos uma breve citação daquela que considero uma das suas obras maiores, O Ano da Morte de Ricardo Reis: «Um homem deve ler de tudo, um pouco ou o que puder, não se lhe exija mais do que tanto, vista a curteza das vidas e a prolixidade do mundo».

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.

A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente: O voto de pesar pelo falecimento de José Saramago é também um voto de pesar pela nossa imensa perda.
Saramago ofereceu-nos a força mais pura da criação, reflectindo o mundo para nos devolver um outro, renovado e humano, nas suas limitações e deslumbramentos. Nos livros e na vida — nas palavras, em suma — , José Saramago confrontou-se e confrontou-nos com a tragédia de existir, com o amor a ditar-nos a vida, com as marcas que a História feita por ditadores minúsculos deixou em homens e mulheres, aos quais a História nunca deu rosto ou tamanho.
E essa façanha implicou também olhar Deus de frente, encarar de frente o País e a sua mesquinhez, mas também a sua grandeza. O que ele disse mais ninguém escreveria.
E essa coragem deve também agora ser celebrada, para que os tiranetes sejam cada vez menos, para que a tacanhez seja vencida, em nome do espírito livre e de um País que seja mais do que uma organização económica e que não renegue o seu povo, a sua história, a sua cultura. Um País que, agora ainda mais, deverá demonstrar que mereceu esta obra de um homem só sobre muito mais do que um povo só.
Saramago, que soube quebrar todas as fronteiras — fronteiras de língua e de país pelo enorme reconhecimento internacional que teve, mas, mais ainda, fronteiras de linguagens e imaginários — , torna-nos, mais e mais, acompanhados.
Hoje, são parte do que somos todos — e tantos que somos! — o amor de Baltazar e Blimunda, uma península feita jangada, um país de morte suspensa, um deus à semelhança do homem.
Quem nos dera saber contar uma vida assim!

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Medeiros.

A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Quero começar por saudar os familiares e os próximos de José Saramago aqui presentes.
É sempre difícil encontrar as palavras certas e dignas para homenagear um grande fazedor de palavras como era José Saramago. Ficarão sempre aquém daquilo que era a sua arte. O melhor é procurar nas suas próprias palavras ou nas dos seus pares as boas formulações para exprimir todos os sentimentos, de dor e até de revolta, que a morte de um grande escritor provoca, mesmo sabendo que a sua obra é eterna.
Uma obra não é dissociável do seu autor, ela transforma-o, ela, de alguma forma, cria-o.
Um dos momentos mais sensíveis do discurso de José Saramago, quando da entrega do Prémio Nobel, em 1998, foi justamente quando o escritor agradece à sua obra e às suas personagens terem feito dele o homem em que se tornou. E, por isso, passo a citar: «As personagens que viesse a inventar iriam fabricar e trazer-me os materiais e as ferramentas que, finalmente, no bom e no menos bom, no bastante e no insuficiente, no ganho e no perdido, naquele que é defeito mas também naquele que é excesso, acabariam por fazer de mim a pessoa que ainda hoje me reconheço, criador dessas personagens, mas ao mesmo tempo criatura delas. Letra a letra, palavra a palavra, página a página, livro a livro, tenho vindo a implantar no homem que fui as personagens que criei. Creio que sem elas não seria a pessoa que sou hoje, a minha vida não tivesse logrado ser mais do que um esboço impreciso, uma promessa como tantas outras, que de promessas

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