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I SÉRIE — NÚMERO 88

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Claro que a situação comportava, também, desequilíbrios e riscos importantes. Sabemos que tínhamos e

temos ainda um desemprego demasiado elevado, que temos níveis de dívida pública e privada significativos —

e isso deixa-nos sempre menos margem para cometer erros e, infelizmente, menos margem do que precisamos

para investir no futuro —, o que significa, portanto, que, numa visão de médio e de longo prazo e olhando para

a situação macroeconómica do País, os grandes objetivos deviam ser razoavelmente inquestionáveis. O País

devia seguir uma via de desendividamento,…

A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Muito bem!

O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — … aproveitando, sobretudo, as oportunidades da política monetária

prosseguida pelo Banco Central Europeu.

O Sr. João Galamba (PS): — Aquela contra a qual o senhor era?!

O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — Devíamos aprofundar as reformas estruturais de maneira a ter uma

economia ainda mais aberta, mais competitiva, com certeza, baseada no conhecimento, na investigação, na

inovação, sempre aspetos que, estruturalmente, exigem mais paciência, para citar o Sr. Ministro das Finanças,

mas que são essenciais se queremos, realmente, mudar alguma coisa para futuro.

Precisávamos de atrair e dinamizar o investimento e de intensificar o emprego, de reforçar a poupança, de

prosseguir o saneamento financeiro e a consolidação das finanças públicas.

Risos do Deputado do PCP Miguel Tiago.

Tudo isto nos permitiria de uma forma sólida enfrentar desafios fundamentais que não puderam ser

convenientemente endereçados nos tempos de emergência financeira, em particular o combate às

desigualdades económicas e sociais, a reforma do sistema público previdencial de segurança social, que está

em desequilíbrio, e a inversão de uma natalidade recessiva.

Foi justamente por todas estas razões que, na altura, tendo saído das eleições, com o melhor resultado

eleitoral de cada uma das forças que se apresentou a sufrágio, tive ocasião de convidar o Dr. António Costa e

o Partido Socialista para o Governo do País. Sabia, nessa altura, que era importante não desperdiçar as

oportunidades que tínhamos para futuro e garantir, o mais possível, que enfrentaríamos os riscos externos,

cobrindo-nos com um escudo estável e coerente para prosseguir estes objetivos.

O que é que, no entanto, esta maioria, que tem sido coerente e estável, tem feito? E quais são os resultados

que podemos observar?

Em vez de se focar nos objetivos de longo prazo, estratégicos, o Governo e a sua maioria fixaram-se, nesta

Legislatura, no curto prazo e, sim, na retórica da inversão da austeridade. Prometeram também um modelo de

crescimento económico que era dinamizado, no essencial, pelo consumo e que permitiria, pelos multiplicadores

macroeconómicos, um crescimento económico assente também no investimento público que geraria uma

economia mais pujante e mais criação de emprego.

Hoje olhamos para os resultados e sabemos que o desendividamento não chegou a acontecer — os últimos

dados mostram um endividamento crescente do Estado.

As reformas estruturais importantes e para as quais era preciso tanta paciência para se observarem

resultados, umas têm sido revertidas e, em relação a outras, há promessas de reversão. O investimento tem

caído a pique…

O Sr. João Galamba (PS): — Caído a pique?! Isso é mentira!

O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — … e o emprego ou estagna ou destrói-se.

Exacerbamos riscos orçamentais, adiamos despesa, aumentam os atrasos nos pagamentos. Só em maio…

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Atenção ao tempo, Sr. Deputado.