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a politica) pelo que toca ao recrutamento e que só neste, que se vai a fazer, não é protegida, que juizo farão do systema que nos rege, o do Corpo legislativo que preside aos destinos da patria? Se a todos é notorio, que em 20, e 26 foram excluidos do recrutamento alguns creados indispensaveis, para o costeamento das lavouras, e creação de gados, que credito lhes merecerá o novo pacto social, que agora lh'os não dispensa? Para dar colorido, e animar mais este quadro, consenti que vos diga, que em todos, até no mais ermo templo da uma vasta diocese do reino, foram os fieis dar graças á providencia pelo vigente systema governativo, cujas vantagens não só espirituaes, mas temporaes, que delle resultam os pastores insinuaram, e desenvolveram á face dos altares. E que dirão agora, vendo que se lhes não concedem, pelo menos, isenções iguaes às que em todas as épocas, e não ha muito gosaram? Que credito lhes merecerão os seus ministros do culto? Como se não prevalescerão desta indisposição os inimigos de nossas instituições, que tantos esforços fazem para as desacreditar? Srs., as sensações são a unica logica das massas; em logar de theorias, querem factos, só estes, e não argumentos a prior os convencem. Eu não me admiro, pois tambem a este respeito sou povo, não quero ver o bello ideal; não me satisfazem republicas imaginarias, ou promessas devermos resuscitar Camões em nossas provincias, não me satisfazem estereis impotentes theorias, quando ellas do gabinete não descem e se verificam na prática. Srs., eu chamo muito vossa attenção a este respeito. Não basta o desgosto de verem os lavradores baldados seus snores, suas fadigas, não podendo dar consumo aos cereaes, pela excessiva escandalosa introducção de contrabandos? Não basta estarem em continnado susto de serem atacados seus montes por bandos de salteadores, e queremos accumular-lhes mais o de arrancar-lhes das lavouras, e creação de gado, creados, que para isto necessitam, e que pouco servem para a tropa; e em uma provincia, em que a falta de braços concorre para a decadencia de sua agricultura?

Srs., eu chamo muito a vossa attenção a este respeito. Acreditemos com nosso comportamento sizudo, e imparcial, acreditemos o Corpo, a que pertencemos. Já que não adjudicamos aos (na frase do Senhor Rei D. Diniz) nervos da republica medalhas, 6 outros premios, como faz essa grande ilha, pelo menos não lhe tiremos a posse de lhes não levarem para a tropa alguns dos seus creados. Já que não podemos, como a Grecia, fazer de cultivadores deozes, sejam pelo menos contemplados na qualidade de primeiro ramo da administração pública, que só em extrema necessidade empunhem as armas: aliás estragaremos este solido manancial de riquezas, que são de mais valor, que o ouro da America, que os diamantes do Glovão; e só animado por esta, e outras medidas, veremos trocados em ferteis campinas inúteis terrenos, e coroar de abundancia asperos desertos. Veremos Portugal, como nos seus bons tempos, exportar pão para os paizes que ora lho fornecem. Lembrai-vos que temos inimigos, e inimigos gigantes, que se aproveitarão da votação, que vamos a fazer, quando contraria ao projecto, para nos indispor na púbica opinião. E será este o ponto da discordia, e não outro de que fallou o nobre orador, que me precedeu. Eu sou filho de lavradores, e depois da alta cathegoria a que a uma eleitoral me elevou, nenhuma julgo mais nobre, do que aquelle tronco de que descendo. Na qualidade da família agricola a que pertenço, devo dizer á Camara, que não é exacta a idéa do sobredito illustre orador, quando pronunciou, que de vinte e cinco para cima é que deviam conservar-se nas lavouras, e por tanto excluídos dessas os de menos idade. De ordinario são rapazes de oito a nove annos que se dedicam a esse exercicio, servindo de ajudas aos ganaderos, e mais exercicios ruraes; e então quando tocam nesta idade e, que estão com perfeito conhecimento das lides campestres: roubados a ellas, vem a causar um prejuizo enorme á agricultura, sem que aproveitem ao estado pegando nas armas; pois a experiencia tem feito ver que são máos soldados. Não sejam es pais da patria quem vibre o profundo golpe, e abram mais uma ferida na agricultura, que o governo intruso quasi reduziu a esqueleto; se porém na vosso alta sabedoria decidireis que se rejeite o projecto, que se não deve fazer caso das representações das Camaras municipais, e larradores da Estremadura, e Alemtejo; eu requeiro que sejam discutidos na Camara os decretos de 25, e 30 de Novembro, para o Congresso decidir, se devem admittir-se excepções, e quaes; e neste sentido mandarei para a mesa um additamento, ou se necessario for proporei um projecto do lei. (Apoiado, apoiado)

O Sr. Midosi: - Sr. Presidente, quando se tratou neste Congresso de discutir o projecto, que devia isentar os Açores do recrutamento, não se fallou noutra cousa senão no odioso da idéa excepcional: os oradores, que combateram aquelle projecto, matisaram o campo das metamorphoses de tal maneira, que eu mesmo fiquei quasi seduzido com obrilhantismo de suas theorias, e senão estivesse tão forte em convicção, vacilaria se fé devia fazer aquelle acto de justiça. Notou-se então quanto eram odiosas as excepções, e que por isso se não deviam fazer; allegou-se com o pernicioso do exemplo, e esgotaram-se os argumentos contra a proposta. Eu depois de concluida a discussão, votei na minoria, porque apoiei o parecer; porque me pareceu que elle era um acto de justiça, e porque julguei que devia ser grato. O Congresso decidiu o contrario; respeitei como devia sua decisão, que que me tornou lei. O Congresso collocou-me na posição de ser coherente, e obrigou-me a rejeitar agora este parecer, pelas proprias razões, que os impugnadores do outro projecto produziram. Nesta discussão tem se por diversos modos apresentado a questão, e tem-se feito diversas reflexões; uma é que citamos em tempo de paz, e que por consequencia na posição da podermos proteger a agricultura, dispensando-a deste encargo sem grave inconveniente; porque se no tempo de guerra seria necessario fazer effectivo a todas as classes o recrutamento: este mesmo argumento foi apresentado, quando se tratava do projecto para os Açores, e então disse-se, que por isso que era pouco pesado, não tinha inconveniente: ora se o não tiniu para os Açores, não o tem tambem para a agricultura, e então a regra está marcada. Disse-se mais, que ha excepções no decreto, que mandou proceder a este recrutamento, e que então seria uma grande injustiça não exceptuar tambem a classe agricola: é certo que no decreto da recrutamento ha muitas excepções; mas não vejo razão para se augmentar o mal; porque ha muitas, não se segue que deva haver muitas mais. Eu sou contra essas excepções, e abundo na opinião do illustre Deputado, que me precedeu fallando, e que quer que o decreto venha a este Congresso, para ser discutido, e approvado. Digo que sou dessa opinião, porque entendo que a nação em geral, e com igualdade deve contribuir para este tributo, como contribue para os mais; isto como se faz em outros paizes, nomeadamente em França: o homem recrutado póde muito bem, seja de que classe fôr fazer-se substituir por alguem e assim fica satisfeita a lei, é igual a contribuição, e ninguem tem da que queixar-se. As excepções, por mais que se sofisme, são sempre odiosas; nós como Deputados da nação portugueza, temos por primeira de toda:; as obrigações, o ser justos, e fazer repartir os tributos com igualdade, e justiça por todas as classes da sociedade. Notou-se tambem que o lavrador estava muito sobrecarregado com encargos e tributos; e pergunto eu , as outras classes estão menos gravadas? Não por certo. A agricultura merece sem dúvida a consideração, e protecção que lhe é devida pela muita importancia, que tem na sociedade; mas as outras classes não a merecerão da mesma maneira? A agricultura, Srs., seja dito com verdade, tem recebido mais