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148 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

fiar que a minha memoria me atraiçoava, quando ouvi que s. exas. affirmaram que nunca tal tinham dito; e na duvida julguei por dever meu não os contrariar terminantemente, declarando que examinaria o extracto da sessão a que me tinha referido, e que viria aqui depois, ou sustentar a proposição que tinha avançado, ou confessar que s. exas. tinham rasão, e que eu tinha percebido mal.

Só hoje pude ler os discursos dos illustres deputados, e por isso só agora posso comprir a minha promessa, e afiançando a v. exa. e á camara, que pouco tempo lhes tomarei, peço licença para lhes ler alguns periodos d'aquelles discursos, que julgo ser o bastante para provar á evidencia que a rasão estava do meu lado, e que eu tinha ouvido bem, ficando assim completamente esclarecido este assumpto.

Desejo sempre proceder com a maior franqueza, e por isso amimo a v. exa., que não encontrei as palavras ladrões, roubos, ladroeiras, etc. de que aqui me servi, mas em phrases elegantes e em estylo empolado os illustres deputados disseram o equivalente, e isso me basta.

Na sessão de 20 de maio do anno passado, discutia-se a interpellação feita pelo sr. deputado Arrobas ao nobre ministro das obras publicas a proposito das muitas gratificações que accumulava um empregado d'aquelle ministerio, e tomando parte n'ella o sr. Mariano de Carvalho, fez ver á camara o estado desgraçado em que se encontrava a administração geral das matas, e n'essa occasião disse s. exa. o seguinte:

(Leu.)

Não preciso ler mais. A camara acaba de ouvir as palavras que aqui pronunciou o sr. Mariano de Carvalho, e por isso não póde deixar do ficar convencida, que s. exa. affirmou, que no pinhal do Leiria, dependencia d'aquella administração, se tinham praticado repetidos e importantes roubos de madeiras, e que era indispensavel proceder por fórma a fazer cessar aquellas delapidações.

É agora occasião, sr. presidente, de fazer uma rectificação.

Na sessão do dia l5 disse eu tambem que sentia que não tivesse feito parte da commissão de inquerito ao ministerio das obras publicas o sr. conselheiro Arrobas, e tanto mais, por que me parecia que o nobre ministro do reino ]he tinha aqui feito aquella promessa; estava enganado, sr. presidente, não foi o nobre ministro, mas sim o sr. Mariano de Carvalho, quem declarou que aquelle illustre deputado da opposição deveria entrar n'ella quando se nomeasse, e como é neste mesmo dia e anno que isso se acha consignado, eu leio á camara o periodo em que se trata este assumpto, para que isto fique bem esclarecido.

(Leu.)

Como v. exa. vê, o sr. Mariano de Carvalho não assegurou ao sr. conselheiro Arrobas que entraria na commissão, disse que empregaria esforços para que fosse nomeado, e eu acredito que s. exa. fez toda a diligencia para o conseguir, mas que por qualquer circumstancia que ignora, a camara lhe não quiz satisfazer a pretensão.

E como isto é muito differente do que aqui affirmei, não tenho duvida em declarar que estava enganado, e creio que a camara me desculpará, reconhecendo que não havia intenção da minha parte em alterar a verdade. (Apoiados.)

Sentindo não ver presente o mau amigo o illustre deputado o sr. Candido do Moro os, vou ler alguns periodos do seu discurso, para provar á camara que s. exa. tambem affirmou que no pinhal do Leiria se tinha roubado muito, e que por conseguinte estava enganado quando na sessão de 15 declarou que tal não tinha dito.

Aquelle illustre deputado, depois do fazer largas considerações tendentes a demonstrar o estado anarchico em que encontrou a administração geral das matas, disse.

(Leu.)

Ora, se o pinhal de Leiria era considerado pelo sr. João Candido de Moraes como roupa de francezes, parece-me que me não excedi, declarando que tinha aqui ouvido dizer a s. exa. que na administração a seu cargo se tinha roubado muito, e que o enganado não era eu, mas s. exa.

Creio ter restabelecido a verdade dos factos, e nenhumas considerações farei sobre o assumpto, por julgar não ser occasião propria. (Apoiados.)

Mando para a mesa um requerimento, pedindo que pelo ministerio da fazenda sejam mandados a esta camara alguns documentos que julgo indispensaveis para me esclarecer n'outra questão.

É o seguinte:

Requerimento

Roqueiro que, pelo ministerio da fazenda, seja mandada a esta camara com a maxima urgencia toda a correspondercia trocada entre a direcção geral das alfandegas e a alfandega grande de Lisboa a proposito de um requerimento apresentado n'esta casa fiscal por um tal Alves, em que pedia para que fossem isentos de direitos varios volumes de mobilia. = O deputado por Cuba, Fialho Machado.

Mandou-se expedir.

O sr. Sarrea Prado: - Mando para a mesa uma declaração.

É a seguinte:

Declaração

Declaro que tenho faltado por incommodo de saude ás sessões anteriores. = A de Sarrea Prado.

Para a secretaria.

O sr. Elvino de Brito: - Mando para a mesa um requerimento do coronel reformado, Vito Jeronymo de Oliveira, pedindo melhoria da reforma, quasi forçada, que lhe acaba de ser dada.

Factos como este repetem-se frequentes vezes no ultramar.

Este militar estava commandando um dos corpos creio que da provincia de Moçambique, e sendo o primeiro da classe, foi preterido pelo seu immediato, na promoção ao posto de coronel, com offensa de direitos consignados na carta do lei de... de abril de 1870.

Em seguida foi mandado apresentar á junta na metropole, que o julgou incapaz do serviço, naturalmente por qualquer das rasões que são applicaveis aos funccionarios do continente, e que em geral não podem ter applicação para os do ultramar.

Julgado, pois, incapaz este militar, em vez de ser reformado no posto de general, apenas o foi no de coronel, soffrendo grave prejuizo nos sons direitos.

Se estivesse presente o sr. ministro da marinha e ultramar, pediria, uma vez que o acto está consummado, e sou de opinião d'aquelles que entendem, que um decreto depois de publicado á força armada não póde ser revogado, pediria a s. exa.; repito, para conjunctamente com a commissão respectiva melhorar tanto quanto fosse possivel a reforma daquelle militar.

Aproveito a occasião para dizer ainda uma vez ao sr. Fialho Machado que, na qualidade de membro da commissão de inquerito parlamentar ao ministerio das obras publicas, posso asseverar a s. exa., muito terminantemente, que em todos os trabalhos de que a mesma commissão se tem occupado, com relação á administração das matas, não tem encontrado absolutamente cousa alguma que se possa parecer com o roubo.

O sr. Fialho Machado: - Não fui eu que o disse; v. exa. não me ouviu ler os trechos do decurso do illustre deputado? O sr. director geral é que o disse.

O Orador: - sr. presidente, não tenho grande pratica da vida parlamentar, e por isso não sei se é das praxes das commissões de inquerito o convidar quaesquer cavalheiros a examinarem os seus trabalhos, quando assim o desejem. Sc assim é, e os meus collegas se não oppozerem ao meu desejo, desde já convido o illustre deputado a ir á secretaria da commissão, onde poderá consultar todos os