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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS 217

mo não póde ainda comparecer á sessão de hoje por incommodo de saude. = Julio de Abreu e Sousa.

Para a secretaria.

O sr. Abreu Castello Branco: - Mando para a mesa a seguinte declaração.

Leu-se na mesa a seguinte:

Declaração

Participo a v. exa. e á camara que por motivo justo deixei de assistir ás sessões que tiveram logar na semana passada. = J. F. Abreu Castello Branco.

Para a secretaria.

O sr. Fernando Caldeira: - Mando para a mesa uma declaração.

Leu-se na mesa a seguinte:

Declaração

Declaro que o illustre deputado sr. Nobre de Carvalho, por justificado motivo, falta á sessão de hojc e faltará a mais algumas. = Fumando Caldeira.

Para a secretaria.

O sr. Paim de Bruges: - Mando para a mesa a nota da constituição da commissão de instrucção.

Leu-se na mesa o seguinte:

Participação

Participo que se constituiu a commissão de infracções, nomeando para presidente o sr. barão de Paçô Vieira, para secretario o sr. Gallas e a mim para relator geral. = Paim de Bruges.

Para a secretaria.

O sr. Filippe Simões: - Tinha podido a palavra para fallar sobre a catastrophe occorrida em Alcobaça.

Depois das observações feitas pelo sr. Crespo e das explicações dadas pelo sr. ministro da justiça, desistiria do meu proposito e não faria mais reflexões a este respeito, se não visse já presente o Pr. ministro das obras publicas, cuja attenção peço para este assumpto.

Se o desmoronamento se realisou nas condições que dizem, se a torre caía sobre a abobada da igreja, vejo imminente a ruina, talvez completa, d'este grande edificio, um dos mais magestosos do nosso paiz, não só pela sua altuosa architectura, mas tambem pela sua enorme vastidão.

A perda da igreja de Alcobaça seria uma perda nacional.

Aquella igreja é um dos monumentos mais notaveis da architectura, não do seculo XII, como geralmente se tem escripto, mas do seculo XIV; e contem dentro de seus muros os tumulos de alguns dos reis da primeira dynastia. E basta estarem ali os monumentos sepulchraes de D. Pedro I e de D. Ignez de Castro para se justificar qualquer sacrificio que tivesse do se fazer para salvar o templo da ruina que parece imminente.

Esta reclamação não é só do sr. Crespo e minha, julgo ser de toda a camara, (Apoiados.) de todo o paiz, porque a todo o paiz interessa a conservação dos monumentos nacionaes. (Apoiados.)

A falta da igreja de Alcobaça seria irreparavel, porque é um monumento tão importante para a historia da arte como a Sé Velha de Coimbra, a Sé do Lisboa, a Batalha, Thomar, Belem, Mafra e a Estrella. Não devemos pois deixar supprimir este elo importante, este monumento que nos mostra claramente a evolução da arte portugueza numa epocha determinada.

Sr. presidente, ha quarenta annos que o nosso grande historiador Alexandre Herculano escreveu um artigo notabilissimo no Panorama, intitulado Um brado a favor dos monumentos nacionaes; a voz do Alexandre Herculano infelizmente n'este e outros pontos tem sido quasi como se clamasse no deserto.

É tempo de attendermos aos seus justos clamores com o cuidado que merece este assumpto o que de certo nos elevará aos olhos dos povos cultos, e muito contribuirá para desenvolver o sentimento esthetieo e o gosto das artes no nosso paiz.

E o que tenho a dizer.

Vozes: - Muito bem.

ORDEM DO DIA

Continuação dá discussão do projecto de resposta ao discurso da corôa

O sr. Presidente: - Tem a palavra o sr. Dias Ferreira.

O sr. Dias Ferreira: - Sr. presidente, não estão nos seus legares, afastados de certo por deveres do seu cargo, os unicos dos srs. ministros a quem tenho de me dirigir.

(Entrou o sr. ministro da guerra.)

Chega o sr. ministro da guerra; e cessa assim, até certo ponto, a rasão das minhas observações.

Eu estava na resolução de não tomar mais á palavra no debate, desde que nem o governo nem os oradores da maioria defendiam o gabinete das accusações que lhe têem sido feitas por parte da opposição parlamentar. Desde que os srs. ministros não justificaram de modo concludente é satisfactorio a ultima fornada que fizeram para modificar a situação da camara alta, escusado era insistir n'este assumpto, porque ás opposições parlamentares não é dado o direito de determinar aos srs. ministros a fórma de se defenderem, e a falta de resposta da parte de s. exas. ás accusações da opposição é tambem um facto, que ha de ser devidamente avaliado pelo paiz. (Apoiados)

Sr. presidente, parece que a culpa de tudo quanto têem feito os srs. ministros é a opposição. Os srs. ministros fizeram uma fornada de pares porque a opposição em outras epochas fez pares tambem. Os srs. ministros apresentaram ás côrtes propostas augmentando o numero dos empregados publicos, que já são de mais e que nós precisâmos de diminuir em vez de augmentar, porque a opposição já em tempo augmentou o numero dos empregados publicos. Finalmente, os srs. ministros fazem uma fornada de coroneis ou de generaes, e a culpa d'esse facto, d'esse enormissimo attentado, foi um decreto publicado ha onze annos e ao qual o meu nome está vinculado!

O sr. ministro da guerra, que eu não tinha a honra de conhecer, mas que reputo um cavalheiro illustrado e digno, em pouco tempo aprendeu o systema de responder dos seus collegas.

O systema dos srs. ministros a respeito dos seus actos é o silencio.

Reputam-se, umas pombas (Riso.} que estão n'aquelles logares, sem macula de especie alguma. Os srs. ministros nunca commetteram um peccado, nunca faltaram ao respeito devido ás leis, segundo as suas declarações. Mas quando a opposição parlamentar os accusa, no uso impreterivel dos seus devores, e em nome do paiz, que lhes está pedindo estreitas contas pela sua gerencia politica e administrativa, deixam o pleito pendente, não se defendem, e vão procurar nos exercicios findos, e nas causas já sentenceadas e julgadas pelo paiz, a justificação dos seus actos. Ainda mais. Vão procurar os actos mais odiosos ou taxados de menos regulares, praticados pelos seus antecessores, para fazerem parallelo com os actos da sua administração, e defenderem assim o seu procedimento.

Perguntou-se ao governo a rasão por que tinha modificado a situação da camara alta. Nenhuma resposta obtivemos; e as respostas dos oradores da maioria foram tão singulares, que não sei como o governo as perfilha. Eu respeito muito as opiniões dos meus illustres collegas, e nem me refiro por agora ao discurso do illustre deputado o sr. Antonio Candido, porque s. exa. não está presente, comquanto não achasse inconveniente em lhe responder desde já, porque nem eu podia referir-me áquelle illustre deputado senão com louvor, nem costumo dirigir a pessoa alguma observações que não possa fazer na sua ausencia.

Sessão de 24 de janeiro de 1881