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Discurso que devia ser transcripto a pag. 199, col. 1.ª, lin. 23.ª do Diario de Lisboa, na sessão de 20 de janeiro

O sr. Ministro da Fazenda (Lobo d'Avila): — Sr. presidente, o adiantado da hora não me permitte responder tão cabalmente, como desejo, ao nobre deputado, nem n'estas circumstancias me é possivel concentrar as minhas idéas nos diversos pontos que elle tocou, de modo que possa completamente explicar o procedimento do governo e desvanecer todo o effeito das arguições que lhe foram dirigidas.

Sr. presidente, em primeiro logar devo fazer justiça á placidez e urbanidade com que o nobre deputado se houve n'esta discussão (apoiados); o nobre deputado, embora não possa querer que o julgue completamente esquivo e alheio ao influxo das paixões politicas, todavia é certo que formulou as suas arguições, posto que injustas e infundadas, de um modo consentaneo ás conveniencias parlamentares (apoiados).

Eu folgo muito que elle tivesse chamado a attenção da camara sobre todos os pontos a que se referiu, para que eu tivesse occasião de reduzir as accusações improcedentes que foram dirigidas ao governo, e sobretudo a mim, ás suas justas proporções (apoiados), e para que se veja que ellas não têem o minimo fundamento. E já que o illustre deputado, com a benevolencia que o caracterisa para comigo, sentiu que eu tivesse commettido alguns erros, algumas faltas, fazendo-me a justiça de as não attribuir ás minhas intenções...

O sr. Antonio de Serpa: — Apoiado.

O Orador: — Permitta-me tambem que eu sinta que o nobre deputado, de certo só inspirado pelo desejo de prestar um serviço ao paiz, e descobrir a verdade, involuntariamente se prestasse a ser instrumento de capitalistas despeitados, cujos intuitos foram mallogrados (apoiados).

O sr. Antonio de Serpa: — Peço a palavra.

O Orador: — Ora a grande questão perante o parlamento não é saber se tal ou tal capitalista ganhou ou deixou de ganhar (apoiados); a grande questão é saber se a negociação foi feita nas condições mais avantajadas para o paiz (apoiados), avaliadas e apreciadas as circumstancias em que o governo se achou (apoiados).

Agora se houve ou deixou de haver deferencia para com um ou outro capitalista, se se receberam visitas de um ou de outro, etc. estes ditos, estas revelações, estas conversações, e estas recriminações, tudo isto é uma cousa inteiramente alheia ao interesse do paiz (apoiados), e que julgo se não devia trazer para o parlamento (apoiados). Foi por isso que dei um caracter puramente particular, e de inconveniente desabafo áquellas cartas do sr. Knowles & Foster, que estavam despeitados por não terem ficado com o emprestimo, e irritados por não serem encarregados da venda dos brilhantes, e não publiquei esses documentos. Todos os homens que fazem negocios desejam ganhar, não os crimino por isso, estão no seu direito, mas irritam se quando um negocio lhes foge de casa e vae parar a outras mãos (apoiados); isso é natural, não é de estranhar, mas o que é necessario é não dar a estes desabafos, comquanto sejam naturaes, uma importancia e caracter de verdade, contra os quaes não ha cousa alguma que possa nem que valha (apoiados).

Para que qualquer tenha a pretensão de ter auctoridade sobre uma dada questão é preciso que a sua opinião não seja suspeita de parcial, e para isso é necessario que não tenha interesse directo na questão. Por conseguinte os documen-