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224-J DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Obidos, porque os animos podem ir alem dos limites. A paciencia humana tem limites e eu mesmo posso não ter força sobre mim e em um momento perder a serenidade; posso perder uma vez a cabeça, como é licito a todo o homem provocado.

Eu desejo aqui, e em toda a parte, mostrar a maior serenidade de espirito, a maior cordura e a maior moderação ; aconselho-a a todo o povo do meu circulo, porque devo ser o primeiro a dar o exemplo, mas acima de tudo preciso verberar o procedimento do governo com a energia, que me dá a indignação de que me acho possuido.

É preciso, que v. exa. comprehenda que o povo portuguez é docil e bom; a questão é saber guial-o; é comprehender quaes são os seus direitos e não attentar contra elles.
Se eu for alguma vez auctoridade administrativa, não preciso de força para governar; quando não poder governar pelo meu prestigio, retiro-me.

"Não se governa com a auctoridade das baionetas! Esta theoria era pouco mais ou menos a do sr. Arroyo na epocha do cavallo omnipotente! Mostrava-se então cheio de indignação e hoje mostra-se jubiloso.

Chegou a convencer-me que era sincero, porque não acreditava que um homem nos primeiros annos da sua vida tivesse já o coração tão empedernido que não tivesse dó idas desgraças do povo.

Não acreditava que falseasse as suas proprias palavras e estevesse aqui a enganar o paiz. Ainda que reprovasse a maior parte dos seus processos, no fundo da minha alma tinha por s. exa. uma profunda admiração; porque suppunha que sendo v. exa. uni homem trabalhador como que deve tudo a si, respeitassemos que trabalham como v. exa. trabalhou.

S. exa. apresentava como lemma do seu credo político, acima de tudo, proteger os homens honrados; e s. exa. falseou este principio, que era e devia ser a aspiração nobre de um rapaz.

Deixei-me muitas vezes arrastar por v exa., pertencendo, como pertenço, a um outro partido político, e combatendo a política do partido regenerador, porque-o acreditei sincero. O governo teve a habilidade de fazer de mim que era um politico platonico um político intransigente. Não o tolero nem posso toleral-o...

O sr. Arroyo é um homem perdido politicamente, creia-o.
O povo do meu circulo, se eu o não souber defender julga-me indigno.
Hei de fazer a diligencia por ter coragem. Para accusar os ministros basta-me os seus actos de todos os dias e tudo quanto têem feito. Só lhes posso dizer que o paiz está abismado de tanta audacia.
Vou terminar.

Peço ao governo que mande cessar aquelle estado bellico e anarchico. E n'este ponto, e só n'este ponto, se s. Exa. quizer posso transigir comsigo: mande s. exa. retirar a força do concelho de obidos, substitua o administrador que ha muito perdeu o prestigio para governar, que eu respondo pela ordem publica. O que aflianço a v. exa. é que, quer queira quer não, hade tirar o administrador, porque elle não tem auctoridade para governar, e se não o tirar será responsavel por tudo quanto acontecer.

N'este ponto faço um accordo com o governo; mas é só n'este ponto, porque com s. exa. nem para o céu.
Se eu lá chegasse e soubesse que s. exa. lá estavam, pedia a S. Pedro que me mandasse para o inferno. (Riso.)

Repito, retire o governo a força e o administrador, que eu respondo pela ordem no concelho de obidos. Qualquer outro administrador que tenha tino e juizo, que este não tem, será respeitado e acatado. Este já não o será.
Peço desculpa aos meus collegas se gastei mais algum tempo n'estas considerações do que desejava, e se proferi alguma palavra que podesso
offender alguem, declaro que a proferi sem o menor espirito de offensa.

Vozes: - Muito bem, muito bem.
(O orador foi muito comprimentado.)