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judicam, até certo ponto as outras. Eu não tenho duvida alguma em votar pela proposta do sr. Latino Coelho; roas essa substituição diverge um pouco das outras anteriormente apresentadas. Parece que se quer juntar ás provas do concurso que actualmente se exigem, de mais a mais as provas documentaes; ora em concursos publicos parece-me que a prova documental pouco ou nada vale; porque o juizo do jury que deve assistir ao concurso não póde deixar de recair ou regular-se pelas provas oraes, e não trabalhos anteriormente feitos, dos concorrentes. Quando haja dois individuos póde então dar-se a preferencia áquelle que alem das provas que se exigem agora nos concursos apresente mais as provas documentaes de estudos e trabalhos anteriormente feitos e que pareçam que melhor o habilita para bem desempenhar o logar que se quer preencher; mas isso é muito difficil attentas as condições actualmente existentes como se devem fazer esses concursos e o modo de votar; poisque primeiro se vota sobre o merito do concorrente, e vota-se logo sobre o merito relativo; ora votando-se immediatamente sobre o merito relativo não é facil attender e avaliar as provas documentaes.

Eu sou amigo dos concursos, mas effectivamente tenho visto resultados fataes de alguns d'elles, tanto aqui como n'outras partes. Eu não sei se por a occasião presente a nomeação do governo leria menos inconvenientes do que o concurso; não aproveito esta idéa. não voto por ella, mas tenho minhas duvidas se actualmente isto seria melhor ou não. Portanto, eu proponho que á vista de tudo quanto se tem dito sobre o objecto em discussão, este projecto volte de novo á commissão com todas as emendas, additamentos, substituições ou materia nova que se lenha mandado para a mesa, para que a commissão em vista de tudo redija um novo projecto que esteja mais de accordo com as idéas apresentadas na camara. O sr. José Estevão fallou hontem no sentido de se apresentarem a concurso não só os militares mas tambem os paizanos; eu não sei se pelo modo porque se fazem os concursos nas escolas isso se poderá realisar; talvez que não; tem-se fallado em escola de engenheria civil; não sei se será facil realisar se isso; porque eu tenho visto que em toda a parte ha amor de classes, e certos preconceitos, o que me leva a crer que não será muito facil de realisar o pensamento do illustre deputado. Em lodo o caso, parece-me que o melhor meio a seguir n'estas circumstancias será mandar tudo outra vez á commissão para apresentar um novo projecto, aproveitando não só o que está na mesa, mas mesmo as idéas dos differentes oradores que fallaram na questão.

Por esta occasião direi alguma cousa em resposta a algumas observações apresentadas pelo sr. Latino Coelho. O illustre deputado parece que todas as vezes que falla no conselho superior aproveita a occasião de lhe dirigir censuras, e eu. fazendo parte daquelle corpo, não posso tolerar similhante cousa, e declaro que sempre que vir fazer arguições injustas hei de reagir, e hei de tambem aggredir, porque talvez lenha bastante com que o poder fazer.

Supporá s. ex.ª ou alguem que a sciencia toda se cifra em Lisboa? Supporá s. ex.ª que Lisboa será o unico ponto onde possam progredir as sciencias? Não me persuado que o supponha, mas parece que é esta a sua idéa. Ora, sr. presidente, chamar macrobio ao conselho superior de instrucção publica, e dizer que elle ha de caír por si mesmo, e que só não cairá se uma vez for transportado para Lisboa, é uma censura que se não póde tolerar! eu tenho cabellos brancos, mas apesar d'isso parece-me que tenho professado os mesmos estudos do illustre deputado, e estou prompto, em qualquer occasião que elle quizer, a conversar em particular ou em publico com s. ex.ª, e espero mostrar que apesar d’elle não ter as cans que eu infelizmente tenho, s. ex.ª não me dará muita novidade na sciencia que professa. Eu conheço os defeitos das instituições de Coimbra e conheço igualmente os defeitos das instituições de Lisboa; eu entendo que ha muitas rasões (e o illustre deputado as tem), para fazer mudar o conselho de instrucção superior de Coimbra para Lisboa sem ser necessario desvirtuar o que está; mas suppor que não ha sciencia nem conhecimentos senão em Lisboa e que toda a instituição fóra de Lisboa é macrobia, é fossil antiga e não está a par da sciencia, nego. (Apoiados.) Não têem nada os homens com os defeitos da organisação das instituições; as cabeças são todas as mesmas por todo o paiz; aquelle que nasceu em um ponto, não se segue que lenha uma intelligencia diversa do outro que nasceu em outro ponto. Eu sei que os professores das escolas de Lisboa são muito habeis e intelligentes, são habilissimos, mas sei tambem que ha muita illustração, muita sciencia e muito homem distincto que estudou e se habilitou em Coimbra; (Apoiados.) por consequencia dê-se o seu a seu dono; para acreditar uma instituição não é preciso faze-lo com o descredito de outra.

Sr. presidente, estas accusações fazem-se como ainda hontem se fez uma. O sr. Thomás de Carvalho, que ás vezes no calor da discussão, e com aquella facúndia que lhe é proprio, cáe em certos descuidos queixou se hontem muito do conselho superior, por não adoptar um programma que a escola medico-cirurgica de Lisboa desejava que se adoptasse para o concurso dos candidatos ás cadeiras da escola. É verdade que o conselho superior não adoptou essa proposta, e fez muito bem, porque cumpriu a lei. A lei feita em 1853, quando falla da habilitação para os concursos, diz o seguinte. '(Leu.)

No relatorio que precede o regulamento de 1854, que é o regulamento dos concursos, lá está = que o governo, attentendo ás informações que tinha do claustro da universidade, ' do conselho das escolas medico-cirurgicas de Lisboa e Porto, e do conselho superior de instrucção publica, decreta o seguinte, etc. =; por consequencia, se ha defeito n'isto, não é culpa só do conselho superior de instrucção publica, mas sim do conselho superior, do governo, da secção administrativa do conselho d'estado, que tambem foi consultado, e das escolas medico-cirurgica de Lisboa e Porto. Se ha defeito poise de todas, e não se deve lançar a censura só sobre uma corporação. Esta é que é a verdade, e aqui esta como ás vezes de leve se fazem censuras immerecidas. O conselho superior não approvou o programma a que se referiu o illustre deputado, é verdade, mas não o approvou porque não estava isso na sua mão, não lh'o permittiu o seu regulamento, não o podia fazer; o conselho cumpre sempre a lei, e se não faz tudo quanto se quer, é porque o seu regulamento lh'o não permitte, e por isso não póde ser digno de censura.

Não tenho mais nada a dizer, e mando para a mesa a minha proposta de adiamento.

É a seguinte Proposta.

Proponho que o projecto volte de novo á commissão, com todas as emendas e additamentos que se tem feito. = Fernandes Thomás.

Foi apoiado. — E ficou em discussão.

O sr. Pegado: — Eu tambem sou de opinião que o parecer com todas as emendas volte á commissão, com a differença que esse projecto deve irá commissão de guerra, que é onde devia ler ido logo da primeira vez, embora fosse ouvida a commissão de instrucção publica; por consequencia a modificação que eu apresento á proposta do sr. Fernandes Thomás, é que o parecer volte á commissão de guerra, ouvida a commissão de instrucção publica. Mas agora devo dizer ao sr. deputado Fernandes Thomás que eu não percebi no discurso do meu collega o sr. Latino Coelho nem uma só palavra allusiva ao pessoal, (Apoiados.) de fórma nenhuma, e em tudo o que a illustre deputado dissesse, para repellir qualquer allusão desfavoravel se a houvesse, eu estava de accordo com o illustre deputado: em todas as nossas repartições publica ha professores muito habeis. Até onde percebi foi allusão á organisação daquelle tribunal e nada mais; e julgo por isso que o illustre deputado não linha muita rasão para se queixar.

O sr. Latino Coelho..............................

O sr. Fernandes Thomás: — Sr. presidente, as observações que eu fiz nasceram de suppor que o sr. deputado linha confundido as instituições com os homens. O illustre