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APPENDICE A SESSÃO DE 26 DE MARÇO DE 1888 938-A

O sr. Serpa Pinto: - Autos de entrar no assumpto para que pedi a palavra e para que já a tinha pedido ha alguns dias sem conseguir obtel-a mando para a mesa um requerimento do sr. Antonio Avellar Castro Guedes, tenente coronel de infanteria 8, pedindo que lhe seja contada uma certa antiguidade para a reforma a que tem direito. Peço a v. exa. que o mande á commissão de guerra, esperando que esta o tomará na devida consideração.
Mando mais vinte e quatro requerimentos de officiaes reformados, pedindo a approvação do projecto apresentado pelo sr. Baracho.
Em uma das ultimas sessões um illustre membro da commissão de guerra declarou á camara que ella se occupava d'este assumpto; satisfizeram-me as declarações do illustre deputado, mas peço-lhe, e á commissão de guerra, que se apresse o mais possível a dar parecer sobre aquelle projecto, porque os offciaes reformados já não têem futuro diante de si; quando se é novo e se enceta uma carreira póde-se esperar alguma cousa; mas o official que é velho e está perto da sepultura não póde esperar nada.
Lembro isto á commissão de guerra, pedindo-lhe que no mais curto praso dê parecer sobre esse projecto, ao qual o sr. ministro da guerra já declarou que não se oppunha.
Agora, sr. presidente, vou entrar no assumpto para que principalmente pedi a palavra, e que julgo grave.
Quando no discurso da corôa pedi a palavra, tencionava tratar, entre outras cousas, a questão do caminho de ferro de Cascaes, mas não pude por falta de saude estar na camara no dia em que a palavra me competia. Já depois d'isso por umas poucas de vezes antes da ordem do dia tenho pedido a palavra, mas nunca a pude obter.
Na discussão da resposta á mensagem real desejava eu fallar unica e exclusivamente na questão do caminho de ferro de Cascaes olhada pelo seu lado technico; mas n'essa discussão dois deputados d'este lado da camara, um d'elles o meu amigo sr. João Pinto Rodrigues dos Santos e o outro o meu amigo sr. Ruivo Godinho, alludindo á questão do caminho de ferro de Cascaes alliaram este facto a um outro a que eu de certo não alludiria porque o ignorava até, qual era o de n'essa occasião o sr ministro da guerra ser nomeado membro do conselho fiscal da companhi dos caminhos de ferro do norte e leste.
Na sexta feira, quando se discutia o projecto das penitenciarias, o sr. deputado Arroyo, meu amigo e correligionario, tornou a repetir o mesmo ponto, mas de uma maneira muito mais grave. S. exa. disse n'esta casa que era verdade que o sr. ministro da guerra á consulta da commissão de defeza tinha juntado a sua adhesão, e que pouco depois fôra nomeado membro do conselho fiscal da companhia dos caminhos de ferro do norte e leste, e dias depois, esquecendo-se de que se tinha conformado com o parecer da commissão de defeza, s. exa. se tinha conformado com o parecer da commissão de obras publicas, ao que se seguira a adopção do traçado desejado pela companhia.
Esta accusação é gravíssima, porque envolve mais do que um acto ministerial.
Eu, preciso lembrar á camara, fallando n'este assumpto, um facto que se deu em 1880, que foi quando o sr. visconde de S. Januario entrou para o ministerio da marinha em substituição do sr. marquez de Sabugosa, os jornaes que representavam as idéas d'este lado da camara apoiavam mais s. exa. do que os jornaes progressistas. N'esse tempo eu e sr. Baracho redigíamos o jornal Diario illustrado; de que deixámos de fazer parte, e defendemos sempre os actos do sr. visconde de S. Januario, quando os jornaes progressistas se calavam diante d'aquelles actos. Isto mostra a v. exa. que o sr. visconde de S. Januario merecia toda a sympathia d'esta lado da camara, como me parece que ainda merece. (Apoiados.) E isto vinha talvez mais da muita consideração e sympathia que por aquelle cavalheiro tinha o nosso chefe o sr. Fontes Pereira de Mello.
Quando um homem que debaixo da farda de ministro veste outra, não menos nobre, de soldado, soffre accusações de tal gravidade, deve correr apressado a esta sala, a destruir uma a uma as bases d'essas accusações.
Não bastam os gritos de indignação, e as exclamações palavrosas em assumptos d'estes, é peior ainda o desprezo e o silencio.
É preciso que s. exa. venha repellir com provas uma accusação tão grave, e eu, pela muita amisade e muito respeito que tenho por s. exa., peço-lhe que se defenda; eu, que não privo com o governo; eu que não sei se o facto é verdadeiro, eu que tive medo de o indagar e que conservo a esperança de que s. exa. poderá provar que é menos exacto.
É por isto que venho pedir ao sr. ministro da guerra que venha á camara desmentir o facto explicar, o seu procedimento, para que esta camara possa ficar satisfeita, e os seus camaradas não poderem suppor que a sua nomeação de membro do conselho fiscal da companhia do caminho de ferro de norte e leste influíra em s. exa. para desprezar o parecer da commissão de defeza.
Não faço ao sr. ministro da guerra similhante suspeita, não, mas quero que elle venha defender-se da accusação mais grave que se tem feito n'esta casa.
O sr. Serpa Pinto: - Sr. presidente, eu não levantei a questão hoje: a questão foi levantada na sexta feira e fiquei admirado de não ver no sabbado defender-se o sr. visconde de S. Januario.
Quando n'esse dia pedi a palavra para antes da ordem do dia, e mesmo para antes de se encerrar a sessão, era para estranhar que s. exa. não viesse defender-se.
Disse o sr. ministro da fazenda que o sr. ministro da guerra não fugia á discussão; mas os factos provam o contrario, e por isso é que tomei hoje a palavra.
Por agora não digo mais nada.

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